XIV DOMINGO DO TEMPO COMUM

ANO NACIONAL DO LAICATO

Leituras: Ez 2,2-5; Sl 122; 2Cor 12,7-10; Mc 6,1-6

 

POESIA

UM OLHAR ALÉM DO HUMANO

Ele não é para nós somente,
O Jesus de Nazaré,
Que viveu perto da gente,
Que nos diz quem Ele é.
Ele é o Verbo prometido,
Mas não é bem acolhido,
Porque a muitos falta fé.

Ele não é tão somente,
O homem espetacular,
O prodigioso e admirado,
Que a alguns veio curar.
É o Messias esperado,
Por muitos, ignorado:
Por seu povo e seu lugar.

Ele caminhou conosco,
Cheio de simplicidade,
Caminhou pelas estradas,
Visitou tantas cidades,
A nossos olhos tocou,
Fez andar e perdoou,
Trouxe-nos dignidade.

Ele é também para nós,
Além do nosso olhar humano,
O filho do Deus vivo,
Que tem para nós um plano,
Plano de reconciliação,
De amor e salvação,
Tirando-nos do desengano.

Ele traz também a nós,
Palavra de transformação,
Viva eficaz e cortante,
Que rasga nosso coração,
Fazendo-nos voltar a traz.
Da guerra para a viva paz,
Seu amor é a revolução.

Veio também pra curar,
Pra pregar e reunir,
Tornando-se nosso irmão,
Sua voz fez-se ouvir.
Venceu a morte e a dor,
É o nosso Salvador,
Vida nova fez surgir.

 

HOMILIA

Ele está no meio de nós

Somos convidados, neste 14º do domingo do tempo comum, a mergulhar na simplicidade humana de Jesus de Nazaré para podermos enxergar a presença do Deus vivo e verdadeiro no meio dos homens. Marcos relata a presença de Jesus em sua cidade natal. Depois de fazer milagres por outros lugares da Galileia ele vem à sinagoga de Nazaré. Todos esperavam o profeta que os chefes da religião tinham nas suas expectativas: Alguém poderoso e cheio de ordem para libertar Israel do poder da escravidão política e manter a ordem em todos os lugares.

A presença de Jesus com sua postura simples e com um discurso na contramão do pensamento vigente, causa espanto e ao mesmo tempo indiferença por parte de seus conterrâneos. Ninguém enxerga o Verbo encarnado, o Filho do Deus vivo, o Reino de Deus entre os homens. Todos veem apenas o filho do carpinteiro, filho de Maria, aquele que morou durante trinta anos em Nazaré fazendo mesas, cadeiras e outros utensílios artesanais próprios da cultura judaica. Por isso, ali ele não fez quase nenhum milagre.

Enxergar Jesus além da natureza humana depende da fé e da experiência aberta a acolher a novidade do Reino. Apenas aqueles que já decidiram segui-lo e caminhavam com ele, tais como os discípulos e algumas pessoas curadas e perdoadas, puderam contemplar a presença viva do Filho de Deus, portador da natureza divina e da natureza humana. Somente Maria e José, no silêncio e na simplicidade, numa escuta atenta de Deus, puderem ter a consciência de que a salvação do mundo, o Reino de Deus, chegara em Israel.

O destino de Jesus diante dos que não o acolheram será como o dos profetas que vieram antes dele, pois alguns foram perseguidos pela religião oficial, outros foram até mesmo assassinados e desacreditados porque faziam a vontade de Deus e não a dos homens. Jesus será perseguido, porque a sua mensagem está a frente ou na contramão dos pensamentos dos fariseus e doutores da lei. Sua pregação é pela plenitude da Lei e não pela distorção.

No mundo de hoje, somos tentados a considerar a presença de Cristo somente nas ações litúrgicas de massas e de grandes dimensões, potencializadas pelo rádio, pela TV e pela Internet. Igualmente no excesso dos ornamentos e alfaias imponentes das nossas celebrações. Também na excessiva valorização dos ministros que aparecem nos meios de comunicação. Esquecemos que a presença de Cristo está na simplicidade e na alegria de todos os que se dedicam com carinho e amor ao Reino de Deus.

A presença de Cristo está em todos que se preocupam com as crianças, com os jovens e famílias para encaminharem no amor de Deus. Também o diácono, o padre, o bispo tem família consanguínea e foram tirados do meio do povo para servirem ao Reino de Deus. Os religiosos, os catequistas, os liturgistas, os missionários e tantas pessoas a serviço das pastorais moram com seus familiares, mas convivem conosco partilhando as alegrias, as tristezas e os sonhos. Em todos está a presença de Cristo pelo amor, pela paz e pela doação, apesar das misérias humanas que cada um carrega.

Enfim todos os batizados carregam a presença do Senhor pelo batismo e formam o Corpo Místico de Cristo. Reunidos em torno da Palavra e da Eucaristia formam a assembleia da Igreja celeste na terra. Estando ao redor do banquete do cordeiro tornam-se sinal da presença do Reino no meio dos homens.

Que possamos sempre caminhar na busca do amor de Deus, na nossa simplicidade e na nossa doação, mesmo sabendo que em alguns momentos da nossa vida somente Deus poderá nos conduzir através do Seu amor misericordioso. Que a nossa fé nos conduza às curas necessárias para merecermos o Céu. Amém.