XXVII DOMINGO DO TEMPO COMUM

XXVII DOMINGO DO TEMPO COMUM

ANO NACIONAL DO LAICATO

Leituras: Gn 2,18-24; Sl 127(128); Hb 2,9-11; Mc 10,2-16

 

POESIA

CRIADOS PARA O AMOR

O Deus de infinita grandeza,
Artista da criação,
Bem da suprema beleza,
Um oleiro em ação,
Na obra que iniciou
Ao homem entregou
Para a contemplação. (cf. Gn 2,18-19)

E o homem assim olhou
Para todas as criaturas
E não se identificou
Com nenhuma a sua altura.
Então Deus fez nascer
Outro semelhante ser
De beleza e formosura. (cf. Gn 2,22-23)

Do homem se fez companheira
A caminhar do seu lado
Pra viver a vida inteira.
Ele então o seu amado
Rompendo a solidão
Foram viver a união
Como Deus tinha pensado. (cf. Gn 2,24)

Foram feitos para o amor
E para a fecundidade.
O matrimônio iniciou
O Bem para humanidade.
Uma só carne serão (cf. Gn 2,24b)
Pra viver em união
Sempre em fidelidade.

Jesus então confirmou
A santa Instituição.
Aos fariseus contestou,
Fazendo a reprovação. (cf. Mc 10,5)
No início foi assim
E ninguém porá o fim
Nesta sagrada união. (cf. Mc 10,6)

Ninguém pode separar
Aquilo que Deus uniu (cf. Mc 10,9)
E também nem desmanchar
O que Deus instituiu.
A união é para sempre.
Temos que ser conscientes
Do que Deus instituiu.

O cristão deve zelar
Desta santa união.
Tem sempre que protestar
Quando houver profanação.
A família é o fundamento
Que dará sempre sustento
Pra formar um bom cristão.

Quando o lar é bem formado
A Moral é respeitada.
Os filhos são educados.
Numa fé fundamentada
Jesus Cristo é amado
E também anunciado.
Se vive o discipulado.

É importante a oração
Com a família no lar
Também nossa pregação
Na fé, no testemunhar.
É preciso esperança,
Viver com perseverança
Para não desmoronar.

Jesus, esposo perfeito
Da Igreja, esposa amada,
Confortai os seus eleitos
Que te seguem em caminhada.
Que a Mãe do salvador
No seu infinito amor
Auxilie na caminhada.

 

HOMILIA

O projeto de amor de Deus

O Evangelho deste domingo, segundo Marcos, nos apresentará dois momentos bem distintos: no primeiro há o encontro de Jesus com os fariseus, vem colocá-lo à prova quanto ao tema do divórcio. Jesus irá recordar literalmente aquilo que está na primeira leitura: “Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher, e eles serão uma só carne” (Gn 2,24). E acrescentará: “O que Deus uniu o homem não pode separar” (Mc 10,9). Jesus conversará com os discípulos reforçando a indissolubilidade da união conjugal, deixando bem claro que o rompimento de uma primeira união e o início de uma segunda implicará em adultério. (cf. Mc 10,12).

Portanto homem e mulher são chamados a vivência de uma relação indissolúvel, pois se trata de uma união sacramentada, santificada. Os elementos que darão sustentação ao matrimônio serão o amor e a fidelidade, que serão vividos através no dia a dia através do perdão, do cuidado, do companheirismo e da admiração entre os cônjuges, e, ao mesmo tempo, alimentados pela escuta da palavra e pela perseverança. O adultério quebrará essa preciosidade do matrimônio e poderá causar como consequência, ao homem e à mulher, uma vida de tristezas e muitas vezes grandes desastres existenciais na união conjugal.

Quanto ao segundo momento do evangelho, constatamos a postura dos discípulos diante das crianças (cf. Mc 10,13). Jesus mais uma vez fará a intervenção e, aborrecido, orientará os seus discípulos dizendo que o Reino de Deus é daqueles que se convertem em crianças (cf. Mc 10,15), pois elas são exemplos de inocência e simplicidade. As crianças naquela cultura eram excluídas, uma espécie de pobre, ou seja, não tinham vez e não eram acolhidas. Jesus rompe com esta postura, abraçando e abençoando-as, e, desta forma, apontando uma nova atitude e exemplo para entrar no Reino de Deus.

Diante destas duas cenas do evangelho podemos refletir como está o mundo de hoje diante das realidades do matrimônio e dos pobres: quanto ao sacramento do matrimônio enfrentamos uma mentalidade de inversão de valores, onde a instituição família é banalizada e, ao mesmo, tempo bombardeada pelos meios de comunicação com os valores que ferem a vida cristã. O pior é que, muitas vezes, aqueles que querem assumir um compromisso matrimonial também são atingidos pela cultura do relativismo referente às uniões conjugais. Muitos, quando são orientados para uma preparação adequada para o casamento religioso, se possível, fogem dessas responsabilidades.

O Sacramento do matrimônio é uma entrega, uma vocação e um compromisso de fidelidade como a entrega de Cristo à cruz, a caminho da ressurreição em favor de todos, como cita a carta aos hebreus (cf. Hb 2,9), e também como seu amor a Igreja esposa.

Ainda referente à segunda cena do Evangelho, vemos Jesus que acolhe, abraça e abençoa as crianças, como sinal do abraço a todos que buscam nele a redenção. Esta opção de amor aos simples de coração e pobres é o grande sinal de que nós cristãos devemos também estar atentos e vivê-lo na nossa prática. O Reino de Deus é daqueles que acolhem, amam e que se tornam como crianças e não dos arrogantes que se fecham no mundo do individualismo e do egoísmo. É interessante refletir que Deus é misericordioso e sua misericórdia e a sua salvação é para todos, porém não de forma impositiva e automática, mas com a nossa colaboração de acolhermos a sua graça. Santo Agostinho falará exatamente desta nossa colaboração na nossa caminhada: “Deus, que te criou sem ti, não te salvará sem ti.”[1]

Peçamos a graça e a perseverança da vivência da caridade cristã em que estamos inseridos como discípulos e missionários de Cristo e que o nosso amor a ele seja fiel e constante. E então possamos proclamar como salmista: “O Senhor nos abençoe cada dia de nossa vida.” Amém!

 

 

[1] Santo Agostinho de Hipona – Religioso e teólogo cristão. Doutor da Igreja sistematizou a doutrina cristã com enfoque neoplatônico. Foi o primeiro filósofo a refletir sobre o sentido da história, mas tornou-se acima de tudo o arquiteto do projeto intelectual da Igreja Católica.