IV DOMINGO DA QUARESMA, Ano A

Leituras: 1Sm 16,1b.6-7.10-13a; Sl 22(23); Ef 5,8-14; Jo 9,1-41

POESIA

GUIA-NOS COM TUA LUZ

Como Luz em nós,
Faze-nos também brilharmos,
E nos entregarmos,
Para o mundo iluminar,
Com tua Palavra aconselhar,
E com tua bondade,
A nos inundar.

Como pastor supremo,
Que guia o nosso caminho,
Não nos deixa sozinhos,
Orienta-nos Senhor,
Com teu amor,
Com tua luz,
Com teu carinho.

Como Luz perfeita,
Que nos tira a cegueira,
Dá-nos a fé verdadeira,
Para vermos horizonte,
Bebermos em tua fonte
Sempre querendo chegar.
À tua vida inteira.

Como a luz da vida,
Cura-nos das incertezas,
Traz-nos a fortaleza,
Nas dúvidas perigosas,
Nas “verdades” duvidosas,
A nos tirar os horizontes,
Quando nas trilhas tortuosas.

E nas tuas fontes,
Vem com amor nos lavar,
Com suas mãos vem nos moldar,
E em homens novos, recapitulados,
Discípulos fiéis e transformados
E ao redor da tua santa mesa,
Todos os filhos alimentados.

HOMILIA

 O Senhor nos lava e nos molda

Neste 4º Domingo da Quaresma somos convocados a viver o domingo da alegria, pois já se aproxima a páscoa do Senhor, a festa da vida verdadeira e infinita. Somos atraídos pelas luzes infinitas da ressurreição a qual se aproxima, quando no sábado santo viveremos a maior festa do ano litúrgico.

A liturgia da Palavra nos leva a refletir que devemos livrar nossos olhos da cegueira, das miopias, que muitas vezes nos impedem de ver a presença do Senhor em nossas vidas e também os milagres que ele vai operando em nosso caminhar.

Vejamos a ação de Jesus na cura do cego de nascença: “Cuspiu no chão, fez lama com a saliva e colocou-a sobre os olhos do cego. E disse-lhe: ‘Vai lavar-te na piscina de Siloé’. O cego foi, lavou-se e voltou enxergando” (Jo 9,6-7).

O que podemos aprender destes versículos do Evangelho de João? Jesus com a sua saliva e um pouco de terra faz lama. O barro nas mãos de Jesus nos lembra a criação, quando o homem esteve nas mãos de Deus, nosso perfeito artesão, para ser moldado e criado.

Em Jesus, o homem é recriado, recapitulado para sair da primeira cegueira: o pecado de Adão. O Senhor nos faz enxergar e nos refaz além do nosso físico, ou seja, além da nossa visão das cores, das coisas, dos outros. O Senhor nos ilumina com sua luz, para que, como vasos de barro que somos, não sejamos danificados com os perigos que as trevas poderão nos trazer.

Após a cura, o cego foi aconselhado a se lavar na piscina. A água nos lembra de que é através do batismo que somos restaurados e inseridos na multidão dos filhos e filhas, os quais participam da ressurreição do Senhor.

Pelo texto que meditamos neste domingo podemos perceber a tensão que existia no ambiente religioso, social e cultural em que estava aquele cego. Os doutores da lei, cegos da verdade e da luz divina, querendo reprimir o homem que agora enxergava, buscavam explicações nas leis humanas, também de forma obscura. Eles justificaram que em dia de sábado ninguém podia trabalhar, inclusive se fosse para fazer o bem.

Podemos ver que até mesmo os discípulos estavam contaminados pela ideologia dos doutores da lei: “Mestre, quem pecou para que nascesse cego: ele ou os seus pais?” (Jo 9,2). Neste momento Jesus também precisou curar os seus colaboradores da cegueira espiritual que impedia ver a glória de Deus se manifestar.

O plano de Deus nos surpreende, porque ele age fora dos nossos parâmetros. Foi assim que agiu quando Israel precisou ungir o seu rei. O rei Davi aquele que ninguém esperava ser escolhido. Ele estava inclusive pastoreando o rebanho nos campos de Israel. “O Senhor disse: ‘Levanta-te, unge-o: é este!’ Samuel tomou o chifre com óleo e ungiu a Davi na presença de seus irmãos. E a partir daquele dia o espírito do Senhor se apoderou de Davi” (1Sm 16,12-13).

Nós, muitas vezes, caímos nesta limitação humana: enxergamos com nossos parâmetros humanos e agimos segundo nossos critérios. Precisamos deixar que Deus nos ilumine com sua luz, vença nossas trevas. Trevas que aparecem nos nossos pensamentos de autoprestígio, de egoísmos, individualismo e regras preestabelecidas. Assim agiram os doutores da lei, eles tentaram ofuscar a ação de Deus na vida do cego.

Precisamos reconhecer que através do nosso batismo somos iluminados e banhados para sempre pela luz verdadeira e a água da vida que vem do Senhor. Neste sentido, somos convidados a ter em nosso coração a convicção que São Paulo nos fala na sua carta aos Efésios: “Outrora éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor. Vivei como filhos da luz. E o fruto da luz chama-se: bondade, justiça, verdade” (5,8-9).

De acordo com estes versículos, acima, devemos não somente viver na luz de Cristo, mas também vivermos como luz do Senhor, no mundo, através da bondade, justiça e da verdade. O mundo necessita destas virtudes para que seja mais humano e justo.

Peçamos a luz e a força do Espírito Divino para que nos ilumine em nossa peregrinação terrestre. E que o Bom Pastor, luz das nações, nos conduza à vida verdadeira, nos livrando dos perigos que poderão nos levar a nos tirar do caminho do céu. Amém.

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5 Comments

  1. Bela poesia, como um vaso na mão
    Do oleiro, sendo transformado em
    Um vaso novo.⛪⛪??

  2. José Eduardo da Silva Lemos

    Bonita homilia. Onde Jesus é nossa luz.

  3. Linda e profunda meditação.

  4. Maria Divina dos santos

    Amém! Quero aprender a olhar com os de Deus, enxergar as coisas que Ele tem escrito para minha vida! Amém ?

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