SOLENIDADE DA EPIFANIA DO SENHOR – ANO C, SÃO LUCAS

 

Leituras: Is 60,1-6; Sl 72(71); Ef 3,2-3a.5-6; Mt 2,1-12

 

POESIA

CAMINHAR EM BUSCA DO MENINO

Seguindo a estrela de Belém,
Marcados pelo desejo de encontrar o Senhor
Vão os caminheiros do oriente,
Com o coração ardente,
Prontos para adorar,
E também para ofertar,
Os seus ricos e simbólicos presentes.

O encontro com o Deus menino,
Muda a direção dos curiosos caminheiros,
Seguem um caminho transformado,
As trilhas são de homens renovados,
Que vão levar a divina alegria,
Que pra eles antes não existia,
E agora é um sonho precioso realizado.

Também nós devemos seguir este caminho,
Via que nos leva até o Deus encarnado,
Para sermos discípulos com dons a oferecer,
Adorando o Senhor para na fé crescer,
Num caminho de evangelização,
Marcado pelo amor e a oração,
Convictos de um constante converter.

Não façamos como o rei tirano e solitário,
Que somente quis saber onde nasceu o Salvador,
Não se dispôs trilhar o caminho e até a ele chegar,
Pois teve medo de perder o seu lugar,
Mas o reinado do Senhor é diferente,
É de amor e para todos, como presente,
Para os que querem o encontrar.

Carreguemos o sentido da salvação universal,
Onde todos têm direito aos dons divinos.
Pois, todo homem é chamado à conversão,
De qualquer canto do mundo ou nação,
Basta abrir o coração a grande novidade,
Por que Deus veio morar na humanidade,
Para nos presentear com a salvação.

 

HOMILIA

Os magos do oriente são atraídos pela luz do Senhor

 

A Solenidade da Epifania[1] do Senhor nos traz o texto de Mateus, o qual nos conta o nascimento de Jesus em Belém. O Evangelista nos situa dentro do reinado de Herodes, o qual se sente ameaçado por tal acontecimento e procura encontrar o menino (cf. Mt 2,3).

Os especialistas nas escrituras (mestres da lei) localizam o texto do profeta Miquéias (5,1-4), que cita o nascimento do Messias em Belém. Em cena aparecem também os magos do oriente, que estão curiosos. Eles não têm as escrituras para decifrarem sobre o nascimento do Jesus, mas querem chegar até ele (cf. Mt 2,2). Herodes quer usar os magos para chegar até o menino, mas não consegue. No entanto, os magos são avisados em sonho para voltarem dessa grande jornada de busca e visita ao Messias por outro caminho (cf. Mt 2,12), para que Herodes não tenha a localização do Presépio.

A nossa reflexão mais importante deve se voltar para o significado da visita, das ofertas e da volta dos magos por outro caminho. Em primeiro lugar, a interpretação teológica nos ensina que os magos representam os gentios em sua diversidade racial, buscando e acolhendo a salvação universal que Deus através de seu Filho, Jesus Cristo, o Enviado.

Ir ao encontro do Menino significa a busca dos que querem encontrar-se com Deus. O texto de Mateus nos ensina que a Salvação em Cristo é para todos os homens, como nos fala São Paulo na segunda leitura: “os gentios são co-herdeiros, membros do mesmo Corpo e coparticipantes da Promessa em Cristo Jesus, por meio do Evangelho.” (Ef 3,6).

Um segundo ensinamento sobre a visita dos magos são as ofertas feitas por eles: ouro que é símbolo da realeza de Cristo; incenso, a sua divindade; e mirra, a sua unção no túmulo, no corpo (natureza humana) e a incorruptibilidade do seu corpo que culmina na Ressurreição. Antes mesmo das ofertas, os magos se ajoelham diante do Menino e o adoram (cf. Mt 2,12).

Num terceiro momento podemos lembrar que os visitantes retornaram para sua terra seguindo outro caminho, significando que o encontro com o menino Jesus transforma a vida daqueles que vivem a experiência que o Filho de Deus proporciona, tal como posteriormente aconteceu com a adúltera, com Zaqueu, com a Samaritana, com Bartimeu, com a hemorroíssa. Isso para ficar em apenas alguns relatos dos Evangelhos. Mas teremos inúmeros outros casos de Jesus e daqueles que caminharam em discipulado com ele nos três anos de ministério na Terra Santa. E essa experiência tem sido passada ao longo dos vinte séculos após a passagem do Galileu.

Portanto, a liturgia da Epifania do Senhor deve nos levar a meditar sobre a constante necessidade que temos de encontrar Jesus e renovar nossa caminhada, abrir novos caminhos e avançar na vida de discípulos amados por ele. A nossa vida deve ser de louvor marcada pela alegria que o encontro pode nos proporcionar. Podemos ainda nos perguntar: o que temos para oferecer a Deus? Que dons podemos colocar a serviço do Reino?

A dimensão universal da salvação, proposta em Mateus, pode nos direcionar para o aspecto ecumênico nas nossas ações cristãs em nossos relacionamentos com os irmãos de outras Igrejas e no nosso trabalho social voltado para serviço aos pobres.

Juntemos a nossa prece às das crianças do mundo inteiro, para que percorramos um ano novo cheio de muitas transformações na vida dos que querem encontrar o Senhor, dos que querem fazer uma caminhada marcada pelo crescimento espiritual, daqueles que querem juntamente conosco conhecer e seguir Jesus. Por fim, rezemos com o salmista: “As nações de toda terra hão de adorar-vos, ó Senhor” (Sl 72/71). Amém.

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[1] Do Grego, manifestação.

 

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