VI DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO C, SÃO LUCAS

 

Leituras: Jr 17,5-8; Sl 1; 1Cor 12.16-20,1-11; Lc 6,17.20-26

 

⇒ POESIA ⇐

MERGULHO NO MAIS PROFUNDO DA VIDA

 

Como a raiz da árvore próxima ao rio,
Buscando a energia e a força vital,
Assim é o homem que busca ao Senhor,
Vivendo sua essência original,
Com os pés no chão da vida, firmando,
Com segurança ele vai caminhando,
Sendo mensageiro, e, para o mundo um sinal.

Seguir o caminho da vida aventurada,
Na busca do verdadeiro sentido,
Nos propósitos das bem-aventuranças,
Com o caminho iluminado e fortalecido,
Sem se render a uma posição superficial,
Mas mergulhando na Palavra que é sinal,
E no abraço de um Deus amor e Pai querido!

O Senhor nos alerta a viver a felicidade,
Que se constrói pela nossa conversão,
Que se constrói na coerência e bondade,
Porque ele nos ensina a compaixão,
Nos motiva a vivermos no sumo bem,
Abraçados pela sua misericórdia também,
Porque ele nos oferece a redenção.

A Palavra do Senhor é também alimento,
Para os peregrinos da paz e da alegria,
Para os que promovem a justiça e a vida,
Na realidade da criação, a cada dia,
Porque Deus nos criou para a felicidade,
Para comunhão, o encontro e a fraternidade,
Como Pai amoroso nos fortalece e nos sacia!

 

⇒ HOMILIA ⇐

A felicidade que não se acaba

Lc 6,17.20-26

 

A liturgia deste Domingo nos apresenta Jesus descendo do monte e pregando as bem-aventuranças para as multidões e, especialmente, para os discípulos. A palavra de Jesus se dirige aos pobres, aos que passam fome, os que choram e aos que são odiados (cf. Lc 6,20-22). Esta realidade era percebida por Jesus no seu contato com o povo e na sua realidade conflituosa com os chefes políticos e religiosos da sua época.

A pregação de Jesus denuncia a realidade de pobreza, de fome, de angústia e de hostilidade em que o povo era vítima. Ele traz um alento e ajuda às pessoas a fim de que acreditem que as realidades de sofrimento humanas e terrenos podem passar. Outra realidade surgirá após esta vida. Jesus ao contemplar a realidade de seu povo traz a esperança e a segurança de que Deus está com os que sofrem e que ele quer construir um mundo de justiça, de paz e de alegria já neste mundo.

Os que buscam experiência da confiança no Senhor e que lutam por um mundo melhor são como a árvore plantada junto às águas, que estendem as raízes em busca de umidade (cf. Jr 17,8). Por essa razão, as pessoas que buscam o Senhor encontram força quando são atingidos pelo sofrimento, provindo da pobreza, da opressão e das calúnias que poderiam vir como consequência do discipulado.

A Palavra do Senhor será sempre o alimento que fortalece e a seta que orienta o cristão a seguir em frente. E, portanto, quem coloca sua existência numa busca do sentido mais profundo entenderá o significado das bem-aventuranças pregadas por Jesus. Os discípulos que acolheram o seu chamado entenderam que era preciso viver a experiência de desprendimento (pobreza) e, neste sentido, seriam também os bem-aventurados, os que encontraram em Deus o significado pleno de suas existências.

Num segundo momento a Palavra de Jesus também é dirigida a outro grupo: “Aí de vós ricos, porque já tende vossa consolação… Ai de vós que agora rides, porque tereis luto e lágrimas!” (Lc 6,24.25). Jesus alerta e provoca os que usam as suas riquezas com arrogância, aqueles que zombam dos que sofrem. Os “ais” de Jesus podem estimular a conversão dos avarentos, desumanos e zombadores. Sua voz pode ressoar como um apelo a uma mudança de vida em direção ao amor, à fraternidade e, sobretudo, a caridade.

Os cristãos podem se perguntar se no dia a dia de suas vidas não reproduzem as atitudes e posições desumanas e incoerentes ao evangelho. A cada encontro com o Senhor através de sua Palavra somos convidados a refletir sobre o sentido das bem-aventuranças.

Cabe nos perguntar sobre a provocação que as palavras de Jesus produzem no coração daqueles que se colocaram numa posição de opressão, de injustiça e firmam sua confiança unicamente nas obras e ações humanas, na adoração aos bens materiais, realidade que não possibilitam estabilidade à manutenção da essência do homem.

Precisamos entender que as bem-aventuranças não são uma apologia ao sofrimento, mas uma forma de dizer que a vontade de Deus seja presente e que o ser humano encontre a verdadeira felicidade. As bem-aventuranças nos apontam para a vida eterna, onde tudo é permanente passará e a vida será plena em Deus.

Portanto podemos nos perguntar: como está nossa vida de seguidor e servidor de Cristo?            Como procedemos e agimos no nosso dia a dia? Em quem depositamos nossa confiança? Para responder estas questões é importante vivermos em profundidade a experiência da fé no Ressuscitado e na nossa ressurreição, pois Cristo é o fundamento que nos faz seguir vivendo como peregrinos neste mundo em busca de uma vida de aventurança plena.

São Paulo escreve na sua carta aos coríntios: “… na realidade, Cristo ressuscitou dos mortos como primícias dos que morrem. Nossa fé cristã deve se fundamentar na verdade destas palavras do apóstolo” (1Cor 15,20). Somente com esta confiança e esta certeza na ressurreição, podemos prosseguir com segurança nossa vida de discípulos e colocarmos nossos dons e testemunho a serviço do Reino de Deus, o qual já se inicia aqui pela nossa vivência fraterna, digna e coerente com o Evangelho. Amém!

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