III Domingo da Quaresma, Ano B, São Marcos

 

*** Ano de São José (2020/2021) ***

 

Leituras: Ex 20,1-17; Sl 19(18); 1Cor 1,22-25; Jo 2,13-25

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

O Novo Mandamento e o Novo Culto

Jo 2,12-25

 

Meus irmãos e irmãs, o mistério pascal da Liturgia do III Domingo da Quaresma nos motiva a contemplar o novo culto e o novo mandamento. E o Evangelho desta Liturgia está em Jo 2,12-25.

Sobre o novo culto, o evangelista João nos apresenta Jesus como o templo vivo onde há o culto verdadeiro, a Igreja. Já o novo mandamento, o ponto de partida é a Antiga Aliança, como percurso para que todos pudessem andar de acordo com a vontade divina, não como imposição, mas como o cuidado carinhoso de um Deus que ama o seu povo e quer que viva no amor e na obediência à sua vontade.

Refletindo sobre o novo mandamento, vemos na primeira leitura que Deus faz memória da sua ação salvadora que libertou o povo da casa da escravidão (cf. Ex 20,2) e que tem uma história na caminhada do seu povo.

Os mandamentos são como os sinais de trânsitos que orientam sobre o limite da velocidade e o percurso. A desobedece-los poderemos causar um desastre e até a morte dos envolvidos e de inocentes. No caso dos mandamentos, desobedece-los poderá significar a perdição da alma. É Jesus quem nos apresenta a Lei maior: o amor. O amor que se direciona ao outro. E amar o outro não é apenas não matar, não trair, não roubar, não ser falso, mas sim, também, defender a sua vida, lutar pela justiça em seu favor.

O Evangelista nos apresenta Jesus expulsando os vendedores do Templo. Haviam, em função da celebração da Páscoa, muitos peregrinos de toda a Israel e também do estrangeiro. São pessoas que durante muito tempo juntaram dinheiro para ir prestar o culto a Deus. No Templo, Deus habita. Ali existem os sacerdotes que aconselham os peregrinos. Mas também há os que ganham muito dinheiro explorando os pobres com a venda dos animais para o sacrifício e com o câmbio das moedas oficiais para serem colocadas nos cofres do Templo e comprar as vítimas para o sacrifício.

É nesse contexto que Jesus percebe que o lugar onde Deus deve ser adorado em espírito e verdade está sendo profanado pela corrupção e exploração realizada pelas próprias lideranças da religião. A casa de Deus não é um lugar de comércio e exploração (cf. Jo 2,16). O ambiente do culto ao Senhor Deus que caminhou com o seu povo, é o lugar do sacrifício verdadeiro e da oração que sobe aos céus.

Quando vamos à Missa devemos abrir o nosso coração para o mandamento novo e com isso toque a nossa alma para que fiquemos cada vez mais perto dele. E que, após a Missa, possamos ter uma relação sadia com os bem materiais, sabendo que o desemprego e o consequente sofrimento são formas contemporâneas de ação dos “vendilhões”.

A segunda frase de Jesus, a mais importante e falada diante da pergunta dos judeus: “ ‘que sinal nos mostras para agires assim?’ Respondeu-lhes Jesus: ‘Destruí este santuário, e em três dias eu o levantarei’.” (Jo 2,19-20). Ninguém entendeu tais palavras. Inclusive os discípulos só entenderam após a Ressurreição.

Nós formamos a Igreja, Corpo Místico de Cristo, Templo vivo de Deus, onde habita o Espírito Santo. Quando nos dirigimos à Igreja de pedra devemos sempre pensar: nós somos o sentido maior do verdadeiro culto, porque nos reunimos “em Cristo, com Cristo e por Cristo”, livres das explorações e corrupções humanas.

Os cristãos são os que seguem a Cristo em espírito e verdade. Não devem pensar como os judeus do tempo de Jesus. Eles esperavam um rei poderoso, prepotente, milagreiro e rico. Por isso a crucificação de Jesus para eles é escândalo. Quanto aos gregos, que confiavam na sabedoria humana, a razão era tudo para eles (cf. 1Cor 1,23) e a morte de Jesus não se enquadra dentro de nenhuma lógica humana: por isso é uma autêntica loucura[1].

Que a nossa oração e o nosso culto sejam autênticos e que a Eucaristia nos fortifique a vivermos como verdadeiro adoradores de Deus. E neste ano, em que a Campanha da Fraternidade nos motiva sobre a paz, o diálogo e o compromisso de amor, sejamos testemunhas do amor, do diálogo e do acolhimento ao irmão diferente. E vivamos a santidade no mundo como verdadeiros templos santos neste tempo quaresmal, quando devemos intensificar a prática da caridade, da oração e do jejum.

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[1] Cf. ARMALLINI, Fernando. Celebrando a palavra: Ano B. São Paulo: Ave Maria.

 

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⇒ POESIA ⇐

Nós, Templos Santos

 

Somos templos do Senhor,
Moradas do divino amor,
Da verdade e sinceridade,
Sem nada de opressão,
Morada do amor e do perdão,
Templo da santa bondade.

Somos templos do Senhor,
Na vivência do temor,
Com um culto verdadeiro,
Sem a tal da falsidade,
Mas com a pura verdade,
E uma entrega por inteiro.

Somos templos do Senhor,
Vivendo o fiel ardor,
Pelos santos mandamentos,
Como setas definidas,
Para proteger a vida,
Livre de tantos tormentos.

Somos templos do Senhor,
E da verdade esplendor,
Igreja, Corpo Vivo e Santo,
Para firmes encontrar,
O alimento do altar,
Que alivia o nosso pranto.

Somos templos do Senhor,
Com a justiça a favor,
Da verdade que liberta.
Na missão do sumo bem,
Pois, o Espírito nos mantém,
Com a paz do Redentor.

Templos da Eucaristia,
Nós, Igreja de todo o dia,
Que se nutre da união,
Festa da vida e do amor,
Que fortifica o ardor,
No encontro e comunhão.

 

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**** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, verdadeiro culto e portador do novo mandamento, ilumine o seu caminho! ***

 

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