16º Domingo do Tempo Comum, Ano C, São Lucas

 

⇒ Intenções do Santo Padre, o Papa Francisco: Pelos idosos ⇐

 

Leituras: Gn 18,1-10a; Sl 14(15),2-3ab.4ab.5 (R. 1a); Cl 1,24-28; Lc 10,38-42

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

 

O Equilíbrio entre a Oração, a Contemplação e a Ação

Lc 10,38-42

 

Meus irmãos e irmãs, a Liturgia do 16º Domingo do Tempo Comum nos motiva a contemplar dois aspectos da piedade na humanidade refletida em Marta e Maria: a ansiedade de estar com tudo pronto para estar com Deus e a verdade de que, como disse Santo Agostinho, o nosso coração só descansa diante de Deus(1) . E o Evangelho desta Liturgia está em Lc 10,38-42, sequência do Domingo passado.

Na Liturgia de hoje, vemos Marta e Maria acolhendo Nosso Senhor em casa. Duas mulheres, irmãs, que se apresentam com comportamentos diferentes diante do Rabí, que quer dizer Mestre.

Maria está aos pés do Senhor para escutá-lo; Marta está preocupada em preparar a ceia, com a visita do Senhor. Jesus chama a atenção de Marta dizendo: “Marta, Marta! Tu te preocupas e andas agitada por muitas coisas.” (Lc 10,41). E em seguida ainda fala: “Porém, uma só coisa é necessária. Maria escolheu a melhor parte e esta não lhe será tirada.” (Lc 10,42).

Escutando estas palavras de Jesus podemos também meditar: Vivemos sempre numa realidade de tantos compromissos, afazeres inacabáveis, preocupações que nos tiram a atenção e até mesmo a paz. Atividades e mais atividades que nos desviam daquilo que é essencial para a nossa vida. Somos mais Marta do que Maria e esquecemos que precisamos unir estas duas características bíblicas, estas duas personalidades para vivermos bem e assumirmos a experiência de discípulos na missão do Reino de Deus no mundo.

O que Jesus chama atenção em Marta não é com relação ao trabalho, pois ela tem a melhor das intenções na preparação das coisas para acolhê-lo, mas por que ela está sem o foco no essencial, que é a atenção à sua Palavra. Marta está sem harmonia nos seus afazeres, a ponto de repreender a sua irmã.

Assim também acontece conosco, às vezes nos afogamos no ativismo da vida pastoral ou nas nossas preocupações particulares, que nem sempre temos tempo de fazer nossas orações pessoais, de ir à celebração da comunidade e por isso perdemos o foco principal na Palavra e na Eucaristia que nos conforta e nos nutre na caminhada da nossa vida diária. E ainda: até repreendemos os irmãos e irmãs acusando-os de estarem rezando demais.

Portanto, irmãos e irmãs, na vida cristã devemos buscar o equilíbrio entre a ação (Marta) e a oração e contemplação (Maria), para não cairmos nos extremos do ativismo ou do intimismo.

Outro tema desta Liturgia é o da acolhida. Na primeira leitura, Abraão recebe Deus (cf. Gn 18,1) na pessoa de três homens e que a tradição da Igreja(2), desde os Padres da Igreja, interpretou como sendo a Santíssima Trindade. Depois temos, no próprio Evangelho, Jesus sendo acolhido pelas irmãs Marta e Maria, em Betânia. Naquela casa Jesus foi acolhido várias vezes, inclusive quando ressuscitou Lázaro (cf. Jo 11,42-45).

O que nos fará verdadeiros discípulos numa experiência de equilíbrio entre a espiritualidade e a missão é exatamente a acolhida ao Senhor na nossa vida (a nossa morada), acolhida que se estenderá no cuidado aos peregrinos, aos que sofrem e aos que precisam de nossa atenção. A nossa fé se alimentará e será uma expressão de equilíbrio entre contemplação e ação, quando estivermos atentos à Palavra de Deus e quando estivermos dispostos a acolher o Senhor na paz e no amor, atitudes que nos impulsionam à vida plena. Amém.

*   *   *
(1) SANTO AGOSTINHO. Confissões. São Paulo: Paulus, 2010. 22 ed. Livro I, Capítulo 1, p. 15.
(2) MATEO-SECO L. F. Deus Uno y Trino. Navarra: EUNSA, 2005. Parte Terceira, Capítulo 2.

 

*   *   *

 

⇒ POESIA ⇐

Escolher a Melhor Parte

 

Está sempre com o Senhor,
Na vida de oração,
Atento à sua Palavra,
Vivendo a contemplação
É assim que deve ser,
Quando queremos crescer,
Como um autêntico cristão.
*
Escolher a melhor parte,
É amar a Eucaristia,
Estar aos pés do Senhor,
Com fé e muita alegria,
É querer sempre rezar,
Firme sem desanimar,
Toda noite e todo dia.
*
É também viver a missão,
Pedido de Nosso Senhor,
Sempre atento ao que Ele diz,
Como um filho servidor,
Não viver na ilusão,
Ou estar na distração,
Sem contemplar o amor.
*
Somos Marta e Maria,
Juntas, sem se separar,
Orando e também agindo,
Sem o Senhor desprezar,
Só fazendo deste jeito,
Seremos cristãos perfeitos,
No mundo a testemunhar.
*
Nesta nossa caminhada,
Precisamos refletir,
Que os afazeres da vida,
Não nos levem a fugir,
A melhor parte é o Senhor.
Sua Palavra e seu amor,
Nós queremos repartir.

*   *   *

 

Obra: “Jesus, Maria Madalena e Marta em Betânia”, de J. Tissot (1836-1902). In brooklynmuseum.org.

 

 

⇒ Que a Palavra e a Luz de Nosso Senhor Jesus Cristo, que nos ensina sobre a contemplação e a missão, ilumine o seu caminho! 

 

 

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