2º Domingo do Tempo da Quaresma, Ano A, São Mateus

 

⇒ Intenções do Santo Padre, o Papa Francisco: Pelas vítimas de abusos ⇐
⇒ Março: Mês dedicado à São José ⇐
⇒ 3º Ano Vocacional 
» Tema: “Vocação: graça e missão” «
» Lema: “Corações ardentes, pés a caminho” (cf. Lc 24,32-33)
⇒ Campanha da Fraternidade 2023 
» Tema: “Fraternidade e Fome” «
» Lema: “Dai-lhes vós mesmos de comer” (Mt 14,16) «
» Coleta Nacional da Solidariedade: 2 de abril «

 

Leituras: Gn 12,1-4; Sl 32(33),4-5.18-19.20.22 (R. cf. 22); Tm 1,8b-10; cf. Lc 9,35; Mt 17,1-9

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

Da transfiguração à missão

Mt 17,1-9

 

Meus irmãos e minhas irmãs, celebramos hoje o 2º Domingo da Quaresma do Ano A e a Igreja nos motiva a contemplarmos a transfiguração do Senhor Jesus para que possamos ouvi-Lo, pois Ele é o Filho muito amado do Pai. E o Evangelho desta Liturgia está em Mt 17,1-9. Todos os anos, a Liturgia do 2º Domingo quaresmal recebe o tema da transfiguração e a cada ano com o respectivo evangelista. Neste ano, por exemplo, somos iluminados pelo Evangelista Mateus.

Neste mês as intenções do Santo Padre, o Papa Francisco, estão voltadas às vítimas de abusos. E no mês de março, tradicionalmente dedicamos especial devoção ao glorioso São José.

Diante da transfiguração de Jesus, Pedro foi tentado a se acomodar e ficar somente na glória e não se envolver com a missão após a descida do monte (cf. Mt 17,4). Neste sentido, Deus Pai intervém apresentando o Filho e pedindo que o escutem (cf. Mt 17,5). É preciso viver o discipulado orientado pela Palavra do Senhor.

A presença de Moisés e Elias representa a Lei e os profetas, reafirmando que, em Cristo, a Lei é cumprida plenamente porque Ele é o novo Moisés, aquele que conduz o novo povo de Deus. Em Jesus também está a profecia, o anúncio da justiça e da fraternidade, o dom da vida plena, pois a Palavra de Deus agora está encarnada no meio dos homens.

Os discípulos deliciam-se com a experiência mística da transfiguração e querem ficar lá, com tendas armadas para cada um. Isso confirma a vontade humana de ficarmos sempre num ambiente de conforto. O Papa São Leão Magno (395-461) nos fala que a principal finalidade da transfiguração foi afastar dos discípulos o escândalo da cruz, para que a humilhação da Paixão, voluntariamente suportada, não abalasse a fé daqueles a quem tinha sido revelada a excelência da dignidade oculta de Cristo(1).

Podemos considerar como digno aspirar o bem-estar com a família, com a vida em comunidade, pois precisamos sempre parar um pouco para nos abastecer no aconchego do lar. Será incomparável se pensarmos na Eucaristia: saborear espiritualmente da maravilhosa e edificante força e encontro com o sacramento que é o Corpo de Nosso Senhor. Sempre precisamos louvar e buscar a alegria que preenche o nosso coração, o nosso ser.

Às vezes somos tentados a querer uma vida sem desafios, sem conflitos, sem dor e sem problemas, mas isso não é possível neste mundo. Somos caminheiros da vida em meio aos obstáculos, sofrimentos que vem ao nosso encontro através das enfermidades físicas e mentais, dos lutos, das lutas, dos desesperos e decepções. E o Senhor (que se transfigura na Palavra, na Eucaristia, nos encontros com os irmãos e irmãs) desce do Monte (Altar) para caminhar conosco pelas estradas da nossa vida.

Precisamos nos levantar e, como o Senhor pediu aos seus discípulos, seguir em frente. Faz-se necessário “descer” do monte da transfiguração, para que, iluminados e fortalecidos pela luz do Senhor, continuemos caminhando, prosseguindo com Ele e anunciar o Reino de Deus com esperança, nossa perseverança e nosso testemunho para que o mundo não nos desfigure com tantos brilhos, barulhos, luzes artificiais, filmes, propagandas e outros recursos que podem nos impedir de guardar tesouros no Céu (cf. Mt 6,20).

Para isso, precisamos sair da nossa zona de acomodação, da nossa segurança material e bem-estar pessoal, como fez Abrão, que deixou sua terra e se abriu a uma nova experiência de vida, uma vida transfigurada, de acordo com o que Deus o chamou e, ao mesmo tempo, o enviou (cf. Gn 12,4).

A Quaresma é esse Tempo de rezarmos, silenciarmos, fazermos penitência e aperfeiçoar cada vez mais na nossa vivência cristã através da oração, da penitência, da caridade e do sacramento da confissão, ou seja, a Quaresma é tempo favorável para praticarmos os exercícios da esmola, da oração e do jejum.

No Brasil, principalmente, temos a Campanha da Fraternidade, que neste ano tem como tema “Fraternidade e Fome” e o lema “ ‘Dai-lhes vós mesmos de comer’ (Mt 14,16)”. Por isso, nos encontros semanais (Via-Sacra, encontros em família, rodas de conversa, nas celebrações, formações, oração pessoal) somos convidados a uma atitude de contemplação sobre as realidades sociais como campos de nosso envolvimento e vivência concreta da nossa fé, no que se refere aos diversos problemas humanos, carências, sobretudo onde houver fome de alimento e de fraternidade.

Assim, a Igreja, através da Liturgia, nos motiva a subirmos à montanha como Pedro, Tiago ou João e contemplarmos o rosto transfigurado do Senhor que, como o sol, ilumina, como o Seu amor, todo o ser humano e nos faz santos como o Pai do Céu é santo.

Deixemos que o Espírito Santo venha nos guiar com Sua luz e nos faça obedientes ao que Deus Pai nos pede: Escutar o Filho. Que em nossas subidas e descidas às montanhas de nossa existência possamos estar acompanhados de Cristo e de sua Palavra. E a nossa oração seja sempre voltada ao seguimento fiel de Cristo que nos chama a realizarmos nossa missão a favor de seu Reino de amor e paz. Amém.

*   *   *
(1) cf. Liturgia das Horas: Ofício das Leituras – Domingo do 2º Domingo da Quaresma.

 

*   *   *

 

⇒ POESIA ⇐

É bom ficarmos aqui

 

Senhor, é bom ficarmos aqui,
Na comodidade do Teu amor,
No transfigurar da Tua beleza,
No encontro da Tua mesa,
Num encontro em que não há dor,
Presença divina em Tua fortaleza.
*
Senhor, é bom ficarmos aqui,
Como corpo e membros amados,
Como amigos de caminhada,
Presentes à Mesa sempre preparada,
Para nos fazer saciados,
Para continuar a jornada.
*
Senhor é bom ficarmos aqui…
Mas é preciso continuar,
O caminho do discipulado,
Nos passos do Teu chamado,
Para o Teu Reino anunciar,
Nos sentindo sempre auxiliados.
*
Senhor é bom ficarmos aqui…
Porém, Tu nos chamas a levantar,
E com coragem Te seguir,
Para aos outros se unir,
E o Reino em comunhão anunciar,
Perseverantes, sem desistir.
*
Senhor, queremos seguir em frente,
Sairmos do nosso intimismo
Da montanha do medo descer,
Para contigo aprender.
Deixando a redoma do comodismo,
E fazermos a missão florescer.

 

*   *   *

 

“A transfiguração de Jesus, de C. Bloch (1834-1890) In <https://pt.wikipedia.org/wiki/Transfigura%C3%A7%C3%A3o_de_Jesus>.

 

⇒ Que a Palavra e a Luz de Nosso Senhor Jesus Cristo, o Filho amado do Pai, ilumine o seu caminho! 

 

 

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