3º Domingo do Tempo da Quaresma, Ano A, São Mateus

 

⇒ Intenções do Santo Padre, o Papa Francisco: Pelas vítimas de abusos ⇐
⇒ Março: Mês dedicado à São José ⇐
⇒ 3º Ano Vocacional 
» Tema: “Vocação: graça e missão” «
» Lema: “Corações ardentes, pés a caminho” (cf. Lc 24,32-33)
⇒ Campanha da Fraternidade 2023 
» Tema: “Fraternidade e Fome” «
» Lema: “Dai-lhes vós mesmos de comer” (Mt 14,16) «
» Coleta Nacional da Solidariedade: 2 de abril «

 

Leituras: Ex 17,3-7; Sl 94(95),1-2.6-7.8-9 (R. 8); Rm 5,1-2.5-8; cf. Jo 4,42.15; Jo 4,5-42 (mais longo); Jo 4,5-15.19b-26.39a.40-42 (mais breve)

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

Busquemos a fonte viva e eterna

Jo 4,5-42 (mais longo); Jo 4,5-15.19b-26.39a.40-42 (mais breve)

 

Meus irmãos e minhas irmãs, celebramos o 3º Domingo da Quaresma do Ano A e a Igreja nos motiva a contemplarmos o encontro de Jesus com uma samaritana. A Liturgia nos apresenta o texto do Evangelho de João Jo 4,5-42, que narra Jesus junto à fonte de Jacó.

Em plena luz do dia, marcado pelo sol escaldante da Galileia, cansado fisicamente da caminhada de peregrino, Jesus vai ao poço e aí acontece o encontro com a mulher samaritana, sem nome, que, com certeza, sempre ia naquele poço buscar água.

Aquela mulher viverá uma experiência de encontro, nunca esperado, pois aquele “meio- dia” não foi comum como os outros. Algo mudou a sua vida completamente. Ela era de um grupo de pessoas discriminadas pelos judeus e, por isso, nunca esperaria um encontro com um mestre de Israel, um profeta, tão próximo, que lhe ouvisse e até ousasse pedir-lhe água para beber.

Para os discípulos também foi uma surpresa, porque, ao chegarem junto a Jesus, não entendem aquela conversa (cf. Jo 4,27). A aproximação de Jesus e o seu diálogo com aquela mulher nos mostra a ação de um Deus que vem ao encontro do humano para oferecer a sua vida. Ele é a fonte de água viva e infinita, que sacia a sede de todos os que O buscam e O encontram.

E a presença de Jesus junto à samaritana mudou o jeito dela enxergar a sua existência, o seu caminhar, seus conceitos, suas concepções culturais e religiosas, de conceber a presença de Deus na sua vida, de buscar os anseios mais profundos da sua alma, pois, agora Deus se coloca no mesmo nível do ser humano, para poder se comunicar com ela e oferecer-lhe o sentido verdadeiro da vida.

Alimentada e motivada pela experiência de diálogo junto ao Mestre, convencida da chegada do Messias ao mundo, a samaritana tornar-se missionária e vai anunciar à sua cidade as maravilhas deste encontro com Jesus. (cf. Jo 4,28-29).

A ação de Jesus em oferecer a verdadeira água, a fonte da vida, para os samaritanos, nos lembra o povo no deserto, quando falta a água, reclama da sede, e, diante de Moisés, murmura chegando a duvidar de Deus (cf. Ex 17,7). E da rocha firme Deus faz brotar a água para saciar a sede do seu povo (cf. Ex 17,6). Moisés é o intercessor, que o escuta e dirige a Deus a sua súplica a favor do povo para solucionar os diversos problemas que vão surgindo na caminhada pelo deserto.

Também a samaritana foi essa ponte, essa intercessora, essa missionária, entre o seu grupo e Jesus. Foi por causa do seu anúncio sobre o Senhor, que muitos correram ao encontro da fonte (Jesus) e mudaram de vida e buscaram matar a sede de amor e superar os tantos vazios e discriminações sofridas por parte dos judeus, os quais se destacam aqui, os doutores da Lei e os fariseus.

Jesus é a nossa fonte de água viva e eterna, na caminhada do deserto de nossa existência, da nossa vida, quando, muitas vezes, nos sentimos cansados, com sede e com pouca força para continuar nossa peregrinação terrestre. N’Ele encontramos a esperança e a salvação e com Ele anunciamos o Reino de Deus.

Pela água somos inseridos no novo povo de Deus, através do Batismo e por essa água somos purificados do pecado original e nela somos mergulhados, para nascermos de novo, nos tornarmos irmãos, filhos do mesmo Pai divino, missionários do Seu amor, e caminheiros neste mundo em vista da eternidade. O Senhor é a fonte verdadeira que sacia a nossa sede, nos dando forças, nos acolhendo e nos saciando com o Seu amor e Sua misericórdia, quando nos vem o cansaço a e nossa aridez.

Lembremos da Campanha da Fraternidade que, neste ano, nos apresenta o tema “Fraternidade e Fome” e o lema “‘Dai-lhe vos mesmo de comer’ (Mt 14,16)”. A Campanha é mais um elemento de vivência do Tempo da Quaresma, que é parte do grande Ciclo da Páscoa. Por isso, nos encontros semanais, via-sacra, encontros em família, rodas de conversa, nas formações, oração pessoal e nas celebrações somos, todos, convidados a nos envolver com o Credo da nossa fé, no que se refere aos diversos problemas e carências da vida humana, sobretudo onde houver fome de alimento e de fraternidade.

Os cristãos são chamados a deixar resplandecer, em suas atitudes, o rosto amável de Cristo junto aos necessitados, aqueles que precisam não somente de pão material mas também são carentes da água viva que dá sentido e força ao existir de todos que peregrinam neste mundo.

Supliquemos ao Espírito Santo que a Sua luz e o Seu amor se derrame sobre nós, para que sejamos discípulos missionários de Jesus Cristo e que perseveremos no nosso caminhar com Ele e que dos nossos corações possa brotar a oração verdadeira, como reza o salmo 94(95): “Vinde, exultemos de alegria no Senhor, aclamemos o Rochedo que nos salva! Ao seu encontro caminhemos com louvores, e com cantos de alegria o celebremos!” Amém.

 

*   *   *

 

⇒ POESIA ⇐

Dai-me dessa água viva

 

Senhor,
Dai-nos dessa água viva,
Que nos abastece e nos alivia,
Deixando-nos sempre fortes,
Superando as forças da morte,
E o nosso caminho sacia.
*
Senhor,
Dai-nos dessa água viva,
Que muda a nossa vida,
Fazendo-nos firmes a caminhar,
Sem medo e sem desanimar,
Frente aos desafios da lida.
*
Senhor,
Dai-nos dessa água viva,
Para sairmos na noite ou à luz do dia,
E aos outros a novidade levar,
Sempre, sempre a proclamar,
Tua Palavra, na alegria.
*
Senhor,
Dai-nos dessa água viva,
Que muda o nosso caminho,
Deus de amor a nos surpreender,
Que vem a nos preencher,
E nunca nos deixa sozinhos.
*
Essa água viva, Senhor
Nós queremos sim buscar,
Para nossa santificação,
Vida de sentido e comunhão,
Que sempre queremos encontrar.
*
Essa água viva, Senhor
É Tua Palavra eterna,
Gerando divino alimento,
Dando-nos o santo sustento,
Da caminhada fraterna.

 

*   *   *

 

“Cristo e a samaritana”, de Pietro Benvenuti (1769-1844). In <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Samaritana_di_Pietro_Benvenuti.jpg>.

 

⇒ Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, a fonte da água viva, ilumine o seu caminho! 

 

 

2º Domingo do Tempo da Quaresma, Ano A, São Mateus

 

⇒ Intenções do Santo Padre, o Papa Francisco: Pelas vítimas de abusos ⇐
⇒ Março: Mês dedicado à São José ⇐
⇒ 3º Ano Vocacional 
» Tema: “Vocação: graça e missão” «
» Lema: “Corações ardentes, pés a caminho” (cf. Lc 24,32-33)
⇒ Campanha da Fraternidade 2023 
» Tema: “Fraternidade e Fome” «
» Lema: “Dai-lhes vós mesmos de comer” (Mt 14,16) «
» Coleta Nacional da Solidariedade: 2 de abril «

 

Leituras: Gn 12,1-4; Sl 32(33),4-5.18-19.20.22 (R. cf. 22); Tm 1,8b-10; cf. Lc 9,35; Mt 17,1-9

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

Da transfiguração à missão

Mt 17,1-9

 

Meus irmãos e minhas irmãs, celebramos hoje o 2º Domingo da Quaresma do Ano A e a Igreja nos motiva a contemplarmos a transfiguração do Senhor Jesus para que possamos ouvi-Lo, pois Ele é o Filho muito amado do Pai. E o Evangelho desta Liturgia está em Mt 17,1-9. Todos os anos, a Liturgia do 2º Domingo quaresmal recebe o tema da transfiguração e a cada ano com o respectivo evangelista. Neste ano, por exemplo, somos iluminados pelo Evangelista Mateus.

Neste mês as intenções do Santo Padre, o Papa Francisco, estão voltadas às vítimas de abusos. E no mês de março, tradicionalmente dedicamos especial devoção ao glorioso São José.

Diante da transfiguração de Jesus, Pedro foi tentado a se acomodar e ficar somente na glória e não se envolver com a missão após a descida do monte (cf. Mt 17,4). Neste sentido, Deus Pai intervém apresentando o Filho e pedindo que o escutem (cf. Mt 17,5). É preciso viver o discipulado orientado pela Palavra do Senhor.

A presença de Moisés e Elias representa a Lei e os profetas, reafirmando que, em Cristo, a Lei é cumprida plenamente porque Ele é o novo Moisés, aquele que conduz o novo povo de Deus. Em Jesus também está a profecia, o anúncio da justiça e da fraternidade, o dom da vida plena, pois a Palavra de Deus agora está encarnada no meio dos homens.

Os discípulos deliciam-se com a experiência mística da transfiguração e querem ficar lá, com tendas armadas para cada um. Isso confirma a vontade humana de ficarmos sempre num ambiente de conforto. O Papa São Leão Magno (395-461) nos fala que a principal finalidade da transfiguração foi afastar dos discípulos o escândalo da cruz, para que a humilhação da Paixão, voluntariamente suportada, não abalasse a fé daqueles a quem tinha sido revelada a excelência da dignidade oculta de Cristo(1).

Podemos considerar como digno aspirar o bem-estar com a família, com a vida em comunidade, pois precisamos sempre parar um pouco para nos abastecer no aconchego do lar. Será incomparável se pensarmos na Eucaristia: saborear espiritualmente da maravilhosa e edificante força e encontro com o sacramento que é o Corpo de Nosso Senhor. Sempre precisamos louvar e buscar a alegria que preenche o nosso coração, o nosso ser.

Às vezes somos tentados a querer uma vida sem desafios, sem conflitos, sem dor e sem problemas, mas isso não é possível neste mundo. Somos caminheiros da vida em meio aos obstáculos, sofrimentos que vem ao nosso encontro através das enfermidades físicas e mentais, dos lutos, das lutas, dos desesperos e decepções. E o Senhor (que se transfigura na Palavra, na Eucaristia, nos encontros com os irmãos e irmãs) desce do Monte (Altar) para caminhar conosco pelas estradas da nossa vida.

Precisamos nos levantar e, como o Senhor pediu aos seus discípulos, seguir em frente. Faz-se necessário “descer” do monte da transfiguração, para que, iluminados e fortalecidos pela luz do Senhor, continuemos caminhando, prosseguindo com Ele e anunciar o Reino de Deus com esperança, nossa perseverança e nosso testemunho para que o mundo não nos desfigure com tantos brilhos, barulhos, luzes artificiais, filmes, propagandas e outros recursos que podem nos impedir de guardar tesouros no Céu (cf. Mt 6,20).

Para isso, precisamos sair da nossa zona de acomodação, da nossa segurança material e bem-estar pessoal, como fez Abrão, que deixou sua terra e se abriu a uma nova experiência de vida, uma vida transfigurada, de acordo com o que Deus o chamou e, ao mesmo tempo, o enviou (cf. Gn 12,4).

A Quaresma é esse Tempo de rezarmos, silenciarmos, fazermos penitência e aperfeiçoar cada vez mais na nossa vivência cristã através da oração, da penitência, da caridade e do sacramento da confissão, ou seja, a Quaresma é tempo favorável para praticarmos os exercícios da esmola, da oração e do jejum.

No Brasil, principalmente, temos a Campanha da Fraternidade, que neste ano tem como tema “Fraternidade e Fome” e o lema “ ‘Dai-lhes vós mesmos de comer’ (Mt 14,16)”. Por isso, nos encontros semanais (Via-Sacra, encontros em família, rodas de conversa, nas celebrações, formações, oração pessoal) somos convidados a uma atitude de contemplação sobre as realidades sociais como campos de nosso envolvimento e vivência concreta da nossa fé, no que se refere aos diversos problemas humanos, carências, sobretudo onde houver fome de alimento e de fraternidade.

Assim, a Igreja, através da Liturgia, nos motiva a subirmos à montanha como Pedro, Tiago ou João e contemplarmos o rosto transfigurado do Senhor que, como o sol, ilumina, como o Seu amor, todo o ser humano e nos faz santos como o Pai do Céu é santo.

Deixemos que o Espírito Santo venha nos guiar com Sua luz e nos faça obedientes ao que Deus Pai nos pede: Escutar o Filho. Que em nossas subidas e descidas às montanhas de nossa existência possamos estar acompanhados de Cristo e de sua Palavra. E a nossa oração seja sempre voltada ao seguimento fiel de Cristo que nos chama a realizarmos nossa missão a favor de seu Reino de amor e paz. Amém.

*   *   *
(1) cf. Liturgia das Horas: Ofício das Leituras – Domingo do 2º Domingo da Quaresma.

 

*   *   *

 

⇒ POESIA ⇐

É bom ficarmos aqui

 

Senhor, é bom ficarmos aqui,
Na comodidade do Teu amor,
No transfigurar da Tua beleza,
No encontro da Tua mesa,
Num encontro em que não há dor,
Presença divina em Tua fortaleza.
*
Senhor, é bom ficarmos aqui,
Como corpo e membros amados,
Como amigos de caminhada,
Presentes à Mesa sempre preparada,
Para nos fazer saciados,
Para continuar a jornada.
*
Senhor é bom ficarmos aqui…
Mas é preciso continuar,
O caminho do discipulado,
Nos passos do Teu chamado,
Para o Teu Reino anunciar,
Nos sentindo sempre auxiliados.
*
Senhor é bom ficarmos aqui…
Porém, Tu nos chamas a levantar,
E com coragem Te seguir,
Para aos outros se unir,
E o Reino em comunhão anunciar,
Perseverantes, sem desistir.
*
Senhor, queremos seguir em frente,
Sairmos do nosso intimismo
Da montanha do medo descer,
Para contigo aprender.
Deixando a redoma do comodismo,
E fazermos a missão florescer.

 

*   *   *

 

“A transfiguração de Jesus, de C. Bloch (1834-1890) In <https://pt.wikipedia.org/wiki/Transfigura%C3%A7%C3%A3o_de_Jesus>.

 

⇒ Que a Palavra e a Luz de Nosso Senhor Jesus Cristo, o Filho amado do Pai, ilumine o seu caminho!