Santa Missa da Vigília Pascal, Ano C, São Lucas

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Leituras: 1ª Leitura: Gn 1,1-2,2; Salmo: Sl 16(15); 3ª Leitura: Ex 14,15-15,1; 4ª Leitura: Is 54,5-14; 5ª Leitura: Is 55,1-11; 6ª Leitura: Br 3,9-15.32-4,4; 7ª Leitura: Ez 36,16-17a.18-28; Salmo: Sl 104(103); Salmo: Sl 30(29); Salmo: Is 12; 2ª Leitura: Gn 22,1-18; Leitura do Novo Testamento: Rm 6,3-11; Evangelho: Lc 24,1-12

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

 

Cristo é a Luz da nova Criação

Lc 24,1-12

 

Meus irmãos e irmãs, a celebração da Vigília Pascal faz memória da História da Salvação desde a Criação do mundo e do homem até a Nova Criação em Jesus Cristo. A Nova Aliança que se dá na Última Ceia e se concretiza na Ressurreição do Senhor.

É uma Liturgia repleta de rituais com uma simbologia muito profunda e que nos insere no mistério da vida nova no Senhor. Ele vem como luz da Nova Criação. N’Eele somos banhados pelo batismo para fazermos parte do novo Povo de Deus, como sacerdote, profeta e rei, na dignidade de filhos e filhas de Deus.

Para mergulharmos profundamente no sentido desta Liturgia iremos vivenciar quatro momentos bem definidos. Primeiro adentramos na Liturgia da Luz, que é a celebração da Páscoa cósmica, marcado pela a passagem das trevas para luz. O círio, aceso na fogueira, em frente ou ao lado da igreja, é a luz do Ressuscitado que irá se espalhando por todo o espaço da assembleia, através das nossas velas, as quais nos lembram o dia de nosso batismo, o dia do nosso novo nascimento.

No segundo momento, na Liturgia da Palavra, revivemos pelas leituras bíblicas, a Páscoa histórica, enfatizada nos principais momentos da História da Salvação. A Páscoa do povo Judeu e a Páscoa da Nova Aliança, quando seremos um povo renovado pelo Sangue do Cordeiro de Deus.

Num terceiro momento viveremos a Liturgia batismal, que celebra a Páscoa da Igreja, povo de Deus nascido da fonte batismal. A Igreja batiza e o seu povo renova o compromisso do seu batismo como de discípulos e discípulas de Cristo.

Por fim, a Liturgia Eucarística, que celebra a Páscoa perene e futura quando seremos julgados definitivamente por Cristo no final dos tempos. A Páscoa de todos os dias quando vamos à Missa e mergulhamos no mistério do Banquete do Cordeiro que se oferece como alimento para a festa da vida e da esperança.

Portanto, os elementos da luz, da água, do pão e do vinho, acompanham toda a nossa vida de filhos e filhas de Deus em Cristo Senhor. A cada momento de nossa vida temos esses elementos vitais e sensíveis em nossa caminhada. Em cada celebração, nós renovamos nosso compromisso de caminhar com o Senhor esperando a sua vinda gloriosa.

No Evangelho desta Liturgia, ouvimos o testemunho das mulheres, Maria Madalena e Maria mãe de Tiago, como também de Salomé que vão ao túmulo vazio. A força da vida nova rompeu a pedra que queria impedir a vida. Como grão que arrebenta a terra para nascer, Cristo com sua força salvífica arrebentou as barreiras da morte, da escuridão e da tristeza. Como nos fala são Paulo, na Carta aos Romanos, Cristo ressuscitado dos mortos não morre mais; a morte já não tem pode sobre Ele. (cf. Rm 8,6). As mulheres ainda iam ver o cadáver, Jesus entre os mortos. Queriam ungir o corpo corruptível, mas, ele já se tinha transformado para sempre em um corpo novo e cheio de vida. Nós também, muitas vezes, queremos cultuar um Cristo morto por não querer acreditar que Ele nos trará vida nova e transformada. Queremos visitar os túmulos de nosso pessimismo, de nossas dúvidas e de nossa falta de esperança. No Batismo somos novas criaturas e sinais de Cristo, luz do mundo.

A Páscoa não é um acontecimento do passado, crer em Cristo Ressuscitado é, portanto, acreditar n’Ele agora e para sempre. Não podemos perder esse foco da fé. Cristo é o coração do Mundo, como disse o teólogo K. Ranner (1904-1984). Nele está a nossa esperança de uma existência nova, redimida e transformada já aqui na nossa caminhada terrena.

Ele está em nossas lágrimas, como força, e nas dores como consolo permanente e vitorioso sobre nossos sofrimentos. Ele está em nossos fracassos e impotências como força segura que nos defende. Ele nos visita em nossas depressões, acompanhando-nos na nossa solidão e nas nossas tristezas; Ele age em nossos pecados, nos oferecendo a misericórdia e o Seu perdão como possibilidade de um novo significado para a nossa vida cotidiana e comunitária no caminho da santidade.

A experiência no Ressuscitado significa acreditar que Ele está vivo, aqui e agora entre nós. É acreditar que ele está com a gente na comunidade reunida, na catequese, na liturgia, no Terço dos Homens, nos Terços nas casas, também quando saímos em missão, quando nos encontramos para a Missa e em muitos outros momentos que vivenciamos na nossa comunidade a união e a alegria do Evangelho.

Jesus tem força para ressuscitar e transformar nossa vida, renovar a nossa esperança de nos converter. Não são os bens materiais que nos dão a vida nova, mas a paixão e o amor à vida, alimentada pela mística espiritual do encontro, da partilha e da busca de harmonia com o supremo Deus que nos coloca na dignidade de filhas e filhos muito amados.

Que a experiência da Ressurreição do Senhor nos faça também pessoas pascais, ou seja, marcadas pela vida nova no amor do Senhor e no compromisso com a paz e a justiça do Reino de Deus. Busquemos vencer a morte que está nas tantas realidades humanas – nas guerras, nas injustiças, na nossa conivência com as mentiras deste mundo e nas pobrezas espirituais e materiais.

O Senhor está conosco em todos os dias de nossas vidas até o fim dos tempos (Mt 28,20). Sigamos com a vida e a esperança na força do Ressuscitado, na busca de um mundo novo. Amém.

 

*   *   *

 

⇒ POESIA ⇐

A Páscoa de Cristo em Nós


Acompanhados da Luz do vivente,
Caminhamos como amigos e irmãos,
Vencendo as trevas e iluminados,
Fortes, vencendo a escuridão,
Seguindo-O vamos em frente,
Na procissão como povo crente,
Em busca do altar da comunhão.
*
Pela companhia da Palavra santa,
Vamos ouvindo o novo mandamento,
Aprendendo e caminhando com o Senhor,
Vivendo a salvação como ensinamento,
Não como algo que ficou no passado,
Que aconteceu e ficou desprezado,
Mas no hoje de nossa vida fundamento.
*
Banhados pela água batismal,
Renovando o compromisso que se selou,
Sigamos a mesma fé professando,
Vivendo a nossa páscoa que chegou,
A cantar o cântico dos renascidos
Como discípulos fiéis e redimidos,
Com o Jesus que conosco Ressuscitou.
*
Encontro da mesa e do Vinho novo,
Comungamos do Corpo do Ressuscitado,
Que nos convida e nos oferece a alegria,
Vem trazer a paz aos desanimados,
Na fraternidade sempre a seguir,
Com coragem e sem desistir,
No mundo novo que agora é recriado.


*   *   *

 

Obra: “A Ressurreição”, de J. Tissot. In brooklynmuseum.org.

 

⇒ Que a Palavra e a Luz de Nosso Senhor Jesus Cristo, que nos insere numa vida nova pela Sua Ressurreição, ilumine o seu caminho! 

 

 

XXVII Domingo do Tempo Comum, Ano B, São Marcos

⇒ Ano de São José (2020/2021) ⇐
Mês Missionário 2021 ⇐
» Tema: “Jesus Cristo é missão” «
» Lema: “Não podemos deixar de falar sobre o que vimos e ouvimos” (At 4,20) «

 

Leituras: Gn 2,18-24; Sl 128(127); Hb 2,9-11; Mc 10,2-16

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

O Projeto do Amor de Deus

Mc 10,2-16

 

Meus irmãos e irmãs, o mistério pascal do XXVII Domingo do Tempo Comum, do Ano B, nos motiva a contemplar a família como projeto do amor de Deus. E o Evangelho desta Liturgia está em Mc 10,2-16, passagem que está localizada na terceira parte do Evangelho segundo São Marcos, intitulada “Viagens de Jesus fora da Galileia”.

Nesta Liturgia, Jesus sai de Cafarnaum, onde estava ocultamente, e segue a caminho do território da Judeia e, em movimento, apresenta a proximidade do Reino de Deus em dois momentos distintos: primeiro, na discussão sobre o divórcio com os fariseus (cf. Mc 10,1-12) e, depois, na exortação, aos discípulos, para valorizar a simplicidade das crianças (cf. Mc 10,13-16).

Na passagem sobre o divórcio, Jesus é provado pelos fariseus, mas o próprio Jesus recorda literalmente a passagem do livro do Gênesis que está na primeira leitura desta Liturgia: “Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher, e eles serão uma só carne” (Gn 2,24; cf. Mc 10,7-8). E ainda acrescenta: “o que Deus uniu, o homem não separe!” (Mc 10,9), reforçando que o Matrimônio é uma união indissolúvel e que o rompimento de uma primeira união com o início de uma segunda implica em adultério (cf. Mc 10,12).

Portanto, os casais são chamados a uma vida conjugal sustentada pelo amor e pela fidelidade, sendo concretizada pelo perdão e pelo cuidado mútuos entre os cônjuges. A escuta da Palavra de Deus e a perseverança na Igreja fornecem a santificação necessária para a sintonia sob uma mesma canga, cujo peso é suavizado na caminhada com Jesus (cf. Mt 11,28-30).

Já na passagem sobre as crianças (cf. Mc 10,13-16), Jesus intervém e, aborrecido, orienta os discípulos dizendo que o Reino de Deus é daqueles que se convertem em crianças (cf. Mc 10,14), pois elas são exemplos de inocência e simplicidade. Recordemos que as crianças, naquele contexto cultural de Jesus, não tinham vez e Jesus rompe com esta postura, e Ele acolhe e abençoa; e, desta forma, nos indicando mais um modo de abraçar e ser abraçado pelo mistério do Reino de Deus.

As duas cenas, do Evangelho desta Liturgia, nos levam a refletir sobre a realidade do Matrimônio e dos excluídos. Quanto ao Matrimônio, devemos enfrentar uma mentalidade que esvazia a família e a autoridade dos pais, ferindo os valores semeados por Jesus, pois a vida conjugal é um compromisso de fidelidade como o de Cristo à vontade do Pai. Sobre os excluídos, Jesus acolhe a todos os que buscam nele a redenção, pois o Reino é daqueles que, como as crianças, se entregam sem reservas, diferente dos arrogantes. Deus oferece a Misericórdia e a Salvação a todos, mas requer de todos decisão e colaboração.

E neste Domingo, a Igreja está voltada para o início da animação do Mês Missionário, com o tema “Jesus Cristo é missão” e o lema “Não podemos deixar de falar sobre o que vimos e ouvimos” (At 4,20). Motivamos a todos a rezar a Novena Missionária, que tem como destaque os missionários da compaixão e da esperança.

Peçamos, ao Espírito Santo, a chama do ardor missionário, para testemunharmos a obra de Cristo, sendo assim portadores da fé, da esperança e da caridade em nossos cotidianos e assim possamos proclamar, como salmista, que o Senhor abençoe cada dia de nossa vida. Amém.

 

*   *   *

 

⇒ POESIA ⇐

Criados para o Amor

O Deus de infinita grandeza,
Artista da criação,
Bem da suprema beleza,
Um oleiro em ação,
Na obra que iniciou
Ao homem entregou
Para a contemplação. (cf. Gn 2,18-19).
*
E o homem assim olhou
Para todas as criaturas
E não se identificou
Com nenhuma a sua altura.
Então Deus fez nascer
Um semelhante ser
De beleza e formosura. (cf. Gn 2,22-23).

*
Do homem se fez companheira
A caminhar do seu lado
Pra viver a vida inteira.
Ele então o seu amado
Rompendo a solidão
Foram viver a união
Como Deus tinha pensado. (cf. Gn 2,24).

*
Foram feitos para o amor
E para a fecundidade.
O matrimônio iniciou
O Bem para humanidade.
Uma só carne serão (cf. Gn 2,24b)
Pra viver em união
Sempre em fidelidade.
*
Jesus então confirmou
A santa Instituição.
Aos fariseus contestou,
Fazendo a reprovação. (cf. Mc 10,5)
No início foi assim
E ninguém porá o fim
Nesta sagrada União. (cf. Mc 10,6).
*
Ninguém pode separar
Aquilo que Deus uniu (cf. Mc 10,9)
E também nem desmanchar
O que Ele consentiu.
A União é para sempre.
Temos que ser conscientes
Do que Deus instituiu.
*
O cristão deve zelar
Desta santa União.
Tem sempre que protestar
Quando houver profanação.
A família é o fundamento
Que dará sempre sustento
Pra formar um bom cristão.
*
Quando o lar é bem formado
A moral é respeitada.
Os filhos são educados.
Numa fé fundamentada
Jesus Cristo é amado
E também anunciado.
Se vive o discipulado.
*
É importante a oração
Com a família no lar
Também nossa pregação
Na fé, no testemunhar.
É preciso esperança,
Viver com perseverança
Para não desmoronar.
*
Jesus Cristo, esposo perfeito
Da Igreja, esposa amada,
Confortai os seus eleitos
Que te seguem em caminhada.
Que a Mãe do Salvador
No seu infinito amor
Auxilie na caminhada.

 

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Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que nos motiva a contemplar a família como projeto do amor de Deus, ilumine o seu caminho!