XXVII Domingo do Tempo Comum, Ano B, São Marcos

⇒ Ano de São José (2020/2021) ⇐
Mês Missionário 2021 ⇐
» Tema: “Jesus Cristo é missão” «
» Lema: “Não podemos deixar de falar sobre o que vimos e ouvimos” (At 4,20) «

 

Leituras: Gn 2,18-24; Sl 128(127); Hb 2,9-11; Mc 10,2-16

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

O Projeto do Amor de Deus

Mc 10,2-16

 

Meus irmãos e irmãs, o mistério pascal do XXVII Domingo do Tempo Comum, do Ano B, nos motiva a contemplar a família como projeto do amor de Deus. E o Evangelho desta Liturgia está em Mc 10,2-16, passagem que está localizada na terceira parte do Evangelho segundo São Marcos, intitulada “Viagens de Jesus fora da Galileia”.

Nesta Liturgia, Jesus sai de Cafarnaum, onde estava ocultamente, e segue a caminho do território da Judeia e, em movimento, apresenta a proximidade do Reino de Deus em dois momentos distintos: primeiro, na discussão sobre o divórcio com os fariseus (cf. Mc 10,1-12) e, depois, na exortação, aos discípulos, para valorizar a simplicidade das crianças (cf. Mc 10,13-16).

Na passagem sobre o divórcio, Jesus é provado pelos fariseus, mas o próprio Jesus recorda literalmente a passagem do livro do Gênesis que está na primeira leitura desta Liturgia: “Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher, e eles serão uma só carne” (Gn 2,24; cf. Mc 10,7-8). E ainda acrescenta: “o que Deus uniu, o homem não separe!” (Mc 10,9), reforçando que o Matrimônio é uma união indissolúvel e que o rompimento de uma primeira união com o início de uma segunda implica em adultério (cf. Mc 10,12).

Portanto, os casais são chamados a uma vida conjugal sustentada pelo amor e pela fidelidade, sendo concretizada pelo perdão e pelo cuidado mútuos entre os cônjuges. A escuta da Palavra de Deus e a perseverança na Igreja fornecem a santificação necessária para a sintonia sob uma mesma canga, cujo peso é suavizado na caminhada com Jesus (cf. Mt 11,28-30).

Já na passagem sobre as crianças (cf. Mc 10,13-16), Jesus intervém e, aborrecido, orienta os discípulos dizendo que o Reino de Deus é daqueles que se convertem em crianças (cf. Mc 10,14), pois elas são exemplos de inocência e simplicidade. Recordemos que as crianças, naquele contexto cultural de Jesus, não tinham vez e Jesus rompe com esta postura, e Ele acolhe e abençoa; e, desta forma, nos indicando mais um modo de abraçar e ser abraçado pelo mistério do Reino de Deus.

As duas cenas, do Evangelho desta Liturgia, nos levam a refletir sobre a realidade do Matrimônio e dos excluídos. Quanto ao Matrimônio, devemos enfrentar uma mentalidade que esvazia a família e a autoridade dos pais, ferindo os valores semeados por Jesus, pois a vida conjugal é um compromisso de fidelidade como o de Cristo à vontade do Pai. Sobre os excluídos, Jesus acolhe a todos os que buscam nele a redenção, pois o Reino é daqueles que, como as crianças, se entregam sem reservas, diferente dos arrogantes. Deus oferece a Misericórdia e a Salvação a todos, mas requer de todos decisão e colaboração.

E neste Domingo, a Igreja está voltada para o início da animação do Mês Missionário, com o tema “Jesus Cristo é missão” e o lema “Não podemos deixar de falar sobre o que vimos e ouvimos” (At 4,20). Motivamos a todos a rezar a Novena Missionária, que tem como destaque os missionários da compaixão e da esperança.

Peçamos, ao Espírito Santo, a chama do ardor missionário, para testemunharmos a obra de Cristo, sendo assim portadores da fé, da esperança e da caridade em nossos cotidianos e assim possamos proclamar, como salmista, que o Senhor abençoe cada dia de nossa vida. Amém.

 

*   *   *

 

⇒ POESIA ⇐

Criados para o Amor

O Deus de infinita grandeza,
Artista da criação,
Bem da suprema beleza,
Um oleiro em ação,
Na obra que iniciou
Ao homem entregou
Para a contemplação. (cf. Gn 2,18-19).
*
E o homem assim olhou
Para todas as criaturas
E não se identificou
Com nenhuma a sua altura.
Então Deus fez nascer
Um semelhante ser
De beleza e formosura. (cf. Gn 2,22-23).

*
Do homem se fez companheira
A caminhar do seu lado
Pra viver a vida inteira.
Ele então o seu amado
Rompendo a solidão
Foram viver a união
Como Deus tinha pensado. (cf. Gn 2,24).

*
Foram feitos para o amor
E para a fecundidade.
O matrimônio iniciou
O Bem para humanidade.
Uma só carne serão (cf. Gn 2,24b)
Pra viver em união
Sempre em fidelidade.
*
Jesus então confirmou
A santa Instituição.
Aos fariseus contestou,
Fazendo a reprovação. (cf. Mc 10,5)
No início foi assim
E ninguém porá o fim
Nesta sagrada União. (cf. Mc 10,6).
*
Ninguém pode separar
Aquilo que Deus uniu (cf. Mc 10,9)
E também nem desmanchar
O que Ele consentiu.
A União é para sempre.
Temos que ser conscientes
Do que Deus instituiu.
*
O cristão deve zelar
Desta santa União.
Tem sempre que protestar
Quando houver profanação.
A família é o fundamento
Que dará sempre sustento
Pra formar um bom cristão.
*
Quando o lar é bem formado
A moral é respeitada.
Os filhos são educados.
Numa fé fundamentada
Jesus Cristo é amado
E também anunciado.
Se vive o discipulado.
*
É importante a oração
Com a família no lar
Também nossa pregação
Na fé, no testemunhar.
É preciso esperança,
Viver com perseverança
Para não desmoronar.
*
Jesus Cristo, esposo perfeito
Da Igreja, esposa amada,
Confortai os seus eleitos
Que te seguem em caminhada.
Que a Mãe do Salvador
No seu infinito amor
Auxilie na caminhada.

 

*   *   *

 

 

Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que nos motiva a contemplar a família como projeto do amor de Deus, ilumine o seu caminho!

 

 

V Domingo da Páscoa, Ano B, São Marcos

 

*** Ano de São José (2020/2021) ***

 

Leituras: At 9,26-31; Sl 22(21); 1Jo 3,18-24; Jo 15,1-8

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

Cristo é nossa Videira Verdadeira

Jo 15,1-8

 

Meus irmãos e irmãs, o mistério pascal da Liturgia do V Domingo da Páscoa nos motiva a contemplar Jesus Cristo como a verdadeira Videira que nos faz ramos vivos do povo de Deus. E o Evangelho desta Liturgia está em Jo 15,1-8.

Historicamente, Jesus viveu na realidade de plantadores de uvas e nos apresenta o Pai como o agricultor que cuida dos ramos e que tira os ressequidos que impedem a frutificação. A partir da Encarnação de Deus, o Filho nos garante que quem permanecer nEle, desde que aceito, produzirá muitos ramos e frutos (cf. Jo 15,5). Quando Jesus nos fala que é a videira verdadeira, nos vem naturalmente algumas perguntas: O que é a videira falsa? No tempo da promessa (no Antigo Testamento) podemos verificar que Israel foi considerado como uma videira que nem sempre produziu bons frutos e em alguns momentos chegou a produziu uvas inúteis e amargas, como nos fala a parábola dos vinhateiros homicidas (cf. Mc 12,1-12).

Olhando para a Igreja, Corpo Místico de Cristo, nós somos os ramos da videira que precisa de poda (de conversão na caminhada) e se queremos produzir bons frutos devemos permanecer em comunhão com Ele, pois estamos ligados a partir do Batismo. Por isso, precisamos deixar ser podados pelo Agricultor para que tire os ramos ressequidos que nos levam a pecar, mas não somente os pecados mortais, pois são os veniais que nos deixam insensíveis às obras que ferem o Sagrado Coração de Jesus, nos diz Santa Faustina (cf. Diário de Sta Faustina, 1228).

O povo de Deus, cujas raízes estão em Abraão, Moisés e Elias, são os ramos que espalham pelo mundo os frutos nutritivos e doces dos sinais do Jovem Galileu. E a Igreja nos prepara cotidianamente a fonte onde brotam tais frutos: as mesas da Palavra e da Eucaristia. A comunidade cristã, portanto, é o lugar onde nos relacionamos como ramos (como irmãos) para expressar o esplendor da vida, da alegria da nossa comunhão. Isto acontece nas confraternizações, nas orações e nas celebrações e é também onde se realiza a união da vida em Cristo pelo encontro com Ele e com os outros, através da partilha do alimento orgânico e espiritual, inclusive, em tempo de coronavírus, nos grupos de Igreja no whatsapp.

Quanto aos frutos, temos as obras de caridade, as campanhas de ajuda aos famintos e a conscientização política a favor do bem comum, quando os recursos públicos são gastos com justiça e em favor dos que têm direitos ao serviço e também dos pequenos, dos famintos, dos indefesos.

Na segunda leitura, desta Liturgia, o Apóstolo nos adverte: “não amemos só com palavras e de boca, mas com ações e de verdade!” (1Jo 3,18), pois a falta de amor corresponde a videira improdutiva e desliga de Cristo. O amor é praticado quando as nossas atitudes forem coerentes com nossos discursos, que não podem ser puramente teóricos. Sem a presença de Deus em nós, somos como galhos ressequidos. Quantas vezes, com euforia, pregamos tão bonito e no nosso cotidiano somos incoerentes com tudo que falamos. Por isso é importante sempre revermos nossas misérias para que sejamos podados pela graça purificadora de Deus. Se buscarmos o contato com o ser infinito de Deus, nos tornamos mais expressão dEle onde quer que estejamos.

Peçamos ao Espírito Santo que ilumine nosso caminho e nos faça iluminados, porque somos também iluminadores quando estamos unidos a Cristo. Precisamos iluminar o mundo que está em pandemia e que também explora e massacra a Criação, seja o homem ou o meio ambiente.

 

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⇒ POESIA ⇐

Nossa Eterna Videira

 

Cristo nossa videira eterna,
Pela força do amor,
Faz-nos seus ramos vivos.
E o Pai, o agricultor,
Poda-nos pra santidade,
Dá-nos a vivacidade,
A seiva do salvador.

Cristo tronco vivo e eterno,
Igreja ramo a frutificar,
Pelo mundo espalha os frutos,
E as sementes a germinar,
E pelo Pai tendo cuidado,
Pelo Filho muito amado,
Vida nova a regar.

Nem um ramo viverá,
Sem à videira, ligado,
Precisa permanecer,
E ao tronco enxertado,
Para ter vida de paz,
E a seiva, amor que refaz,
Mundo novo instaurado.

Nos unindo como irmãos,
Em Cristo permanecendo,
Somos ramos em evolução,
E muitos frutos oferecendo,
A esperança será constante,
Frutos doces a todo instante
E a vida nova oferecendo.

Seiva que traz o verdor,
E o existir em harmonia,
A vida com seu sentido,
Que floresce na alegria,
Dá sentido à nossa essência,
Motiva nossa existência,
Sendo à noite ou à luz do dia!

Força, fonte e beleza,
Faz os ramos em união,
O encontro à videira tão bela,
Festa que se faz de irmãos,
No encontro de paz e partilha,
Vinha que cresce e que brilha
Povo novo em comunhão.

 

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*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, a Videira que nos faz povo de Deus, ilumine o seu caminho! ***