XXVIII Domingo do Tempo Comum, Ano B, São Marcos

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Mês do Rosário ⇐
Mês Missionário 2021 ⇐
» Tema: “Jesus Cristo é missão” «
» Lema: “Não podemos deixar de falar sobre o que vimos e ouvimos” (At 4,20) «

 

Leituras: Sb 7,7-11; Sl 90(89); Hb 4,12-13; Mc 10,17-30

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

Viver além dos Preceitos

Mc 10,17-30

 

Meus irmãos e irmãs, a Liturgia do XXVIII Domingo do Tempo Comum, o segundo Domingo do Mês Missionário e do Mês do Rosário, neste Ano de São José, nos motiva a desejar ardorosamente seguir Jesus, o modo de ganhar a vida eterna. E o Evangelho desta Liturgia está em Mc 10,17-30, sequência do Domingo passado.

Nesta Liturgia, Jesus retoma o Seu caminho quando é abordado por um homem que, em reverência, ajoelha-se aos Seus pés e pergunta: “que devo fazer para ganhar a vida eterna?” (Mc 10,17). Jesus responde que deve seguir os mandamentos (cf. Mc 10,18-19) e o homem diz que já cumpre desde a sua juventude (cf. Mc 10,20).

Então Jesus o exorta: “Vai vende tudo o que tens e dá aos pobres, e terás um tesouro no céu. Depois vem e segue-me!” (Mc 10,21). Jesus pede o desprendimento de tudo o que é obstáculo ou que desvia do Caminho e que partilhe com os que nada têm. Depois destas condições, poderá segui-Lo. Diante da exigência que Jesus apresenta, aquele homem desiste “porque era muito rico” (Mc 10,22).

Seguir a Jesus exige uma reflexão constante sobre o desprendimento das coisas (materiais e não materiais), as quais, muitas vezes, são obstáculos ao discipulado. A primeira leitura desta Liturgia, do livro da Sabedoria, nos diz: “Preferi a Sabedoria aos cetros e tronos e, em comparação com ela, julguei sem valor a riqueza” (Sb 7,8). E Jesus, nas conversas com os discípulos, aborda a temática dos ricos e, neste momento, eles se espantam a ponto de duvidarem que alguém possa ser salvo (cf. Mc 10,26).

Diante das dificuldades dos discípulos sobre as exigências em vista da salvação e do discipulado, Jesus diz que ser salvo não é possível para os homens, mas para Deus tudo é possível (cf. Mc 10,27). E segui-Lo, muitas vezes, implica em deixar casa, irmãos, mãe, pai, filhos e campos em favor do Evangelho (cf. Mc 10,29-30). Depois o autor da Carta aos Hebreus, na segunda leitura desta Liturgia, alerta que a Palavra de Deus, quando entra em nosso coração, transforma nossas atitudes egoístas e também, quando necessário, nos desconstrói (cf. Hb 4,12-13). Purificados, podemos viver a conversão no nosso cotidiano.

Portanto, as leituras desta Liturgia nos remetem aos temas da vida missionária e secular. A vida missionária nas vocações específicas, tais como a vida consagrada e ordenada, muitas vezes exigem, do homem ou da mulher, o deixar a família, o emprego e até a sua terra. Já a vida secular (na sua dimensão profissional, conjugal, como leigos em geral) tem, do mesmo modo, suas exigências e requer autenticidade nas diversas realidades. Para os leigos, os bens materiais, usados de forma adequada, são necessários, pois cada realidade familiar há necessidades que devem ser assistidas.

No entanto, a partilha é igualmente realizada quando disponibilizamos casa, carro, instrumentos musicais para animar as atividades pastorais, litúrgicas, abraçando o que nos indicou os Bispos no Documento de Aparecida: promover uma conversão pastoral no qual os grupos passem de atividades de conservação para atividades missionárias (cf. DAp, n. 370) ou como nos falou o Papa Francisco, na Evangelli Gaudium, sendo “uma Igreja ‘em saída’ ” numa “pastoral em conversão” (Evangelli Gaudium, n. 20-33).

E ao nos aproximarmos da Solenidade de Nossa Senhora Aparecida, padroeira de Brasília e do Brasil, no próximo dia 12, peçamos, à “advogada nossa”, a sua graça medianeira para sermos cada vez mais Povo de Deus, membros do Corpo Místico que tem como cabeça Cristo, “Salvador e Redentor nosso”(1) .

Que o Divino Espírito Santo nos fortaleça para que sejamos desprendidos na partilha e sigamos o discipulado com o coração livre, isto é, pautados na Palavra viva que nos transforma e nos orienta ao chamado e ao mandato de Cristo, os quais estão além da observância dos preceitos. Amém.

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(1) Trecho do ato de consagração aos pés da imagem do Cristo Redentor. Disponível em: <https://www.vaticannews.va/pt/igreja/news/2020-04/coronavirus-consagracao-brasil-cristo-redentor-rio-de-janeiro.html>. Publicado em: 14 abr. 2020. Acesso em: 5 out. 2021.

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⇒ POESIA ⇐

Como Ganhar a Vida Eterna?

Ansiando a vida eterna
Alguém a Jesus procurou,
Dos mandamentos sabia,
Mas isso não lhe bastou
Precisava algo mais:
Deixar os bens materiais
Para seguir o Senhor.
*
Jesus logo respondeu
O que era preciso:
Viver o desprendimento
E não ficar indeciso.
Mas o homem desistiu,
E muito triste saiu,
Abatido e sem sorriso.

*
Vender todos os seus bens
Não estava nos seus planos.
Jesus foi muito exigente
Sem mostrar nem um engano.
Para ser Seu seguidor,
Tem que Lhe prestar amor
Sem desvio ao profano.

*
Pra Deus tudo é possível.
Jesus então respondeu,
Ter uma mudança de vida,
Ao rico Ele esclareceu.
Viver o desprendimento,
Ir além dos mandamentos,
Vencer o egoísmo seu!
*
Olhando esta narração
Que nos leva ao seguimento
Precisamos refletir
Sobre o desprendimento.
A Jesus o amor primeiro,
As coisas por derradeiro,
Sem apego e fingimento.
*
O nosso discipulado
É marcado pelo amor.
Tem Jesus por primeiro,
Mesmo diante da dor.
Pois pra ter a Salvação,
Temos que amar o irmão
Sem reserva e sem rancor.
*
Buscar a Sabedoria
Que vem da fonte divina
Para ser um bom discípulo,
Como Jesus nos ensina.
Estar aos pés do Senhor
Para não perder o ardor,
Sem deixar a disciplina.
*
Também desprendimento
Dos métodos ultrapassados,
Fazem parte do roteiro
Do nosso discipulado,
A conversão pastoral
Sem desprezo ao social,
Atenção e amor doado.
*
Peçamos as luzes divinas
Supremas do Deus Trindade,
Para a nossa caminhada.
Que nos dê a santidade,
E que a nossa missão,
Palavra em vida e ação
Nos leve à Eternidade.

 

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Referência da imagem: J. Tissot (1836-1902), In brooklynmuseum.org.

 

 

Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que nos chama a praticar o desapego em prol da vida eterna, ilumine o seu caminho!