29º Domingo do Tempo Comum, Ano C, São Lucas

Intenções do Santo Padre, o Papa Francisco: Por uma Igreja aberta a todos ⇐
⇒ Ciclo das Rosas: 25º ano da atribuição do título de doutora da Igreja a Santa Teresinha, em 19 de outubro de 1997 
⇒ Mês do Rosário 
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» Lema: “Sereis minhas testemunhas” (At 1,8) «

 

Leituras: Ex 17,8-13; Sl 120(121),1-2.3-4.5-6.7-8 (R. cf. 2); 2Tm 3,14-4,2; Hb 4,12; Lc 18,1-8

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

 

Oração Perseverante

Lc 18,1-8

 

Meus irmãos e irmãs, estamos no 29º Domingo do Tempo Comum, o terceiro Domingo do Mês do Rosário e também do Mês Missionário, que tem como tema “A Igreja é missão” e como lema “Sereis minhas testemunhas” (At 1,8). Também coloquemos em nossas orações as intenções do Santo Padre, que neste mês, e em consonância com o espírito da sinodalidade (ou da comunhão da Igreja), roga por uma Igreja aberta a todos.

A Liturgia do 29º Domingo do Tempo Comum nos motiva a contemplar uma atitude de oração constante e de perseverança (cf. Lc 18,1). E o Evangelho desta Liturgia está em Lc 18,1-8.

Na Liturgia da Palavra deste Domingo, a Igreja nos oferta a parábola do juiz iníquo e da viúva inoportuna em que Nosso Senhor Jesus Cristo conta a seus discípulos “para mostrar-lhes a necessidade de rezar sempre, e nunca desistir” (Lc 18,1).

O sucesso na experiência de oração acontecerá exatamente quando houver a perseverança e a percepção da necessidade de sempre rezar. A oração, portanto, é este encontro com o Mistério, que é santo e infinito, o nosso Deus verdadeiro que está sempre pronto a nos encontrar e nos escutar.

Quando buscamos aprofundamento nos mestres espirituais, percebemos que rezar está muito além das petições, ou seja, dos pedidos, dos louvores, das fórmulas e dos textos decorados. Vemos que a oração é um diálogo com Deus, numa atitude filial, numa postura interior e de total confiança e entrega aos braços divinos. Claro que quando rezamos a Ave Maria ou o Pai-Nosso as palavras que proferimos são resultado de uma fórmula, mas o que Deus quer é que tomemos posse daquelas palavras e busquemos, no nosso coração orante, o fundamento e o sentido maior destas orações para nós cristãos.

A parábola do juiz iníquo e da viúva inoportuna nos ensina também que se deve orar suplicando a Deus sem cessar, porque Ele escuta o clamor dos seus filhos os quais confiam no seu amor, pois Ele fará justiça à todos que lhes suplicam dia e noite.

Na Primeira Leitura desta Liturgia, obtida no livro Êxodo (cf. 17,8-13), temos a experiência de Moisés na sua luta contra o inimigo, pois, para vencer, ele precisou ser forte e até mesmo necessitou do apoio do povo para manter seus braços erguidos na oração para que Israel vencesse os amalecitas.

Muitas vezes, também precisamos contar com a ajuda e as orações dos outros para nos mantermos firmes, perseverantes e obtermos a vitória. Portanto, irmãos e irmãs, temos um modelo de oração no sentido bíblico, para nos mostrar que é a fé no Deus verdadeiro, a perseverança e a força, também nossa, é que nos mantém na luta contra o mal.

Diante destas reflexões podemos nos perguntar: Como está a minha experiência de oração pessoal e comunitária? Qual a qualidade dos meus momentos de encontro com Deus? A nossa oração também suplica a justiça de Deus em favor dos irmãos que sofrem descriminação, desprezo, desemprego e muitos outros sofrimentos?

Como cristãos, discípulos do Senhor, devemos sempre nos perguntar se a nossa vida está marcada por uma atitude de oração pessoal e comunitária, tendo como base a Eucaristia, a meditação da Palavra do Senhor e a comunhão com os irmãos.

Devemos viver os momentos litúrgicos e eclesiais como combustíveis que nos alimentam e nos motivam em nossa caminhada diária, na nossa vida familiar, no nosso trabalho, nas interações sociais, na vida de comunidade e na nossa missão de ser sal e luz, em vista de um mundo mais fraterno e justo.

Recordamos que no próximo dia 23 de outubro a Igreja estará voltada para o Dia Mundial das Missões e da Infância Missionária e que nos dias 22 e 23 de outubro acontecerá a Coleta Missionária 2022-2023 e cada um de nós é responsável por propagar esse acontecimento, contribuindo assim para que a Igreja continue exercendo sua vocação missionária.

Que neste mês das missões possamos refletir que sem a oração verdadeira o discípulo não terá sucesso na evangelização, pois a oração fortalece o missionário e, ao mesmo tempo, o coloca consciente de sua caminhada em meio a tantos desafios a serem superados, sendo com amor e perseverança testemunhas do Senhor Jesus (cf. At 1,8). Amém.

 

*   *   *

 

⇒ POESIA ⇐

Necessitados da Oração

 

Deixemos que o Senhor
Ensine-nos a rezar,
Com Sua santa Palavra viva,
Que ensina e incentiva,
Que anima a nossa vida,
Nas chegadas e partidas,
Com Sua força sem cessar.
*
Deixemos que o Senhor
Abra o nosso coração,
Com a força do Seu amor,
Com o Seu forte fervor,
Fazendo-nos perseverar,
Nossa vida iluminar,
Em profunda oração.
*
Façamos com o Senhor
Nossa forte oração,
Sem medo, sem desanimar,
Sempre e sempre a caminhar,
Na vida missionária,
Na vida também solidária,
Com e para os irmãos.
*
Fiquemos com o Senhor
A cada passo realizando,
Numa presença constante,
Caminheiro e caminhante,
Amigos em sinceridade,
Diálogo de lealdade,
Sempre, sempre retomando.
*
Sejamos com o Senhor,
Discípulos perseverantes,
Caminhando na esperança,
Em oração de confiança,
Nos braços do Deus amado,
Entregues e em nada reservados,
Totalmente confiantes.

 

*   *   *

 

Obras: (1) Fotos: © FreeBibleimages – CC BY-SA 4.0. In freebibleimages.org/photos/persistent-widow. (2) Imagem da Rosa: In gratispng.com/png-uj22en.

 

 

⇒ Que a Palavra e a Luz de Nosso Senhor Jesus Cristo, que nos ensina e nos motiva a contemplar uma atitude de oração constante e perseverante, ilumine o seu caminho! 

 

 

XXVIII Domingo do Tempo Comum, Ano B, São Marcos

⇒ Ano de São José (2020/2021) ⇐
Mês do Rosário ⇐
Mês Missionário 2021 ⇐
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» Lema: “Não podemos deixar de falar sobre o que vimos e ouvimos” (At 4,20) «

 

Leituras: Sb 7,7-11; Sl 90(89); Hb 4,12-13; Mc 10,17-30

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

Viver além dos Preceitos

Mc 10,17-30

 

Meus irmãos e irmãs, a Liturgia do XXVIII Domingo do Tempo Comum, o segundo Domingo do Mês Missionário e do Mês do Rosário, neste Ano de São José, nos motiva a desejar ardorosamente seguir Jesus, o modo de ganhar a vida eterna. E o Evangelho desta Liturgia está em Mc 10,17-30, sequência do Domingo passado.

Nesta Liturgia, Jesus retoma o Seu caminho quando é abordado por um homem que, em reverência, ajoelha-se aos Seus pés e pergunta: “que devo fazer para ganhar a vida eterna?” (Mc 10,17). Jesus responde que deve seguir os mandamentos (cf. Mc 10,18-19) e o homem diz que já cumpre desde a sua juventude (cf. Mc 10,20).

Então Jesus o exorta: “Vai vende tudo o que tens e dá aos pobres, e terás um tesouro no céu. Depois vem e segue-me!” (Mc 10,21). Jesus pede o desprendimento de tudo o que é obstáculo ou que desvia do Caminho e que partilhe com os que nada têm. Depois destas condições, poderá segui-Lo. Diante da exigência que Jesus apresenta, aquele homem desiste “porque era muito rico” (Mc 10,22).

Seguir a Jesus exige uma reflexão constante sobre o desprendimento das coisas (materiais e não materiais), as quais, muitas vezes, são obstáculos ao discipulado. A primeira leitura desta Liturgia, do livro da Sabedoria, nos diz: “Preferi a Sabedoria aos cetros e tronos e, em comparação com ela, julguei sem valor a riqueza” (Sb 7,8). E Jesus, nas conversas com os discípulos, aborda a temática dos ricos e, neste momento, eles se espantam a ponto de duvidarem que alguém possa ser salvo (cf. Mc 10,26).

Diante das dificuldades dos discípulos sobre as exigências em vista da salvação e do discipulado, Jesus diz que ser salvo não é possível para os homens, mas para Deus tudo é possível (cf. Mc 10,27). E segui-Lo, muitas vezes, implica em deixar casa, irmãos, mãe, pai, filhos e campos em favor do Evangelho (cf. Mc 10,29-30). Depois o autor da Carta aos Hebreus, na segunda leitura desta Liturgia, alerta que a Palavra de Deus, quando entra em nosso coração, transforma nossas atitudes egoístas e também, quando necessário, nos desconstrói (cf. Hb 4,12-13). Purificados, podemos viver a conversão no nosso cotidiano.

Portanto, as leituras desta Liturgia nos remetem aos temas da vida missionária e secular. A vida missionária nas vocações específicas, tais como a vida consagrada e ordenada, muitas vezes exigem, do homem ou da mulher, o deixar a família, o emprego e até a sua terra. Já a vida secular (na sua dimensão profissional, conjugal, como leigos em geral) tem, do mesmo modo, suas exigências e requer autenticidade nas diversas realidades. Para os leigos, os bens materiais, usados de forma adequada, são necessários, pois cada realidade familiar há necessidades que devem ser assistidas.

No entanto, a partilha é igualmente realizada quando disponibilizamos casa, carro, instrumentos musicais para animar as atividades pastorais, litúrgicas, abraçando o que nos indicou os Bispos no Documento de Aparecida: promover uma conversão pastoral no qual os grupos passem de atividades de conservação para atividades missionárias (cf. DAp, n. 370) ou como nos falou o Papa Francisco, na Evangelli Gaudium, sendo “uma Igreja ‘em saída’ ” numa “pastoral em conversão” (Evangelli Gaudium, n. 20-33).

E ao nos aproximarmos da Solenidade de Nossa Senhora Aparecida, padroeira de Brasília e do Brasil, no próximo dia 12, peçamos, à “advogada nossa”, a sua graça medianeira para sermos cada vez mais Povo de Deus, membros do Corpo Místico que tem como cabeça Cristo, “Salvador e Redentor nosso”(1) .

Que o Divino Espírito Santo nos fortaleça para que sejamos desprendidos na partilha e sigamos o discipulado com o coração livre, isto é, pautados na Palavra viva que nos transforma e nos orienta ao chamado e ao mandato de Cristo, os quais estão além da observância dos preceitos. Amém.

*   *   *
(1) Trecho do ato de consagração aos pés da imagem do Cristo Redentor. Disponível em: <https://www.vaticannews.va/pt/igreja/news/2020-04/coronavirus-consagracao-brasil-cristo-redentor-rio-de-janeiro.html>. Publicado em: 14 abr. 2020. Acesso em: 5 out. 2021.

*   *   *

 

⇒ POESIA ⇐

Como Ganhar a Vida Eterna?

Ansiando a vida eterna
Alguém a Jesus procurou,
Dos mandamentos sabia,
Mas isso não lhe bastou
Precisava algo mais:
Deixar os bens materiais
Para seguir o Senhor.
*
Jesus logo respondeu
O que era preciso:
Viver o desprendimento
E não ficar indeciso.
Mas o homem desistiu,
E muito triste saiu,
Abatido e sem sorriso.

*
Vender todos os seus bens
Não estava nos seus planos.
Jesus foi muito exigente
Sem mostrar nem um engano.
Para ser Seu seguidor,
Tem que Lhe prestar amor
Sem desvio ao profano.

*
Pra Deus tudo é possível.
Jesus então respondeu,
Ter uma mudança de vida,
Ao rico Ele esclareceu.
Viver o desprendimento,
Ir além dos mandamentos,
Vencer o egoísmo seu!
*
Olhando esta narração
Que nos leva ao seguimento
Precisamos refletir
Sobre o desprendimento.
A Jesus o amor primeiro,
As coisas por derradeiro,
Sem apego e fingimento.
*
O nosso discipulado
É marcado pelo amor.
Tem Jesus por primeiro,
Mesmo diante da dor.
Pois pra ter a Salvação,
Temos que amar o irmão
Sem reserva e sem rancor.
*
Buscar a Sabedoria
Que vem da fonte divina
Para ser um bom discípulo,
Como Jesus nos ensina.
Estar aos pés do Senhor
Para não perder o ardor,
Sem deixar a disciplina.
*
Também desprendimento
Dos métodos ultrapassados,
Fazem parte do roteiro
Do nosso discipulado,
A conversão pastoral
Sem desprezo ao social,
Atenção e amor doado.
*
Peçamos as luzes divinas
Supremas do Deus Trindade,
Para a nossa caminhada.
Que nos dê a santidade,
E que a nossa missão,
Palavra em vida e ação
Nos leve à Eternidade.

 

*   *   *

 

Referência da imagem: J. Tissot (1836-1902), In brooklynmuseum.org.

 

 

Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que nos chama a praticar o desapego em prol da vida eterna, ilumine o seu caminho!