Festa da Sagrada Família de Jesus, Maria e José, Ano C, São Lucas

 

Leituras: Eclo 3,3-7.14-17a; Sl 128(127); Cl 3,12-21; Lc 2,41-52

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

Família Cristã: Chamada a ser Igreja Doméstica

Lc 2,41-52

 

Meus irmãos e irmãs, a Liturgia da Sagrada Família, neste Ano C, que celebramos no Domingo da Oitava de Natal, nos motiva a contemplar a Família de Nazaré como igreja doméstica que, juntos, peregrina a Jerusalém. E o Evangelho desta Liturgia está em Lc 2,41-52, passagem que está localizada na primeira parte do Evangelho segundo São Lucas intitulada “Nascimento e vida oculta de João Batista e de Jesus”.

Nesta Liturgia, o Menino Jesus e seus pais estão no Templo de Jerusalém, cumprindo os preceitos da Lei de Moisés. Finalizada a Festa, que durava sete dias, os peregrinos retornavam em grupo. Ao final do primeiro dia de viagem, Maria e José perceberam a ausência de Jesus. Após três dias de procura, encontraram o Menino Jesus no Templo, entre os doutores da Lei.

Podemos imaginar as palavras do Menino Jesus a respeito das coisas divinas, pois os ouvintes ficaram maravilhados. A resposta aos pais, “não sabíeis que devo estar na casa de meu Pai?” (Lc 2,49), deve ter deixado seus pais intrigados inicialmente, mas depois ambos compreenderam que Jesus já sinalizava Sua divindade e obediência ao Pai do Céu. Após o ocorrido, voltaram a Nazaré e Jesus viveu submisso aos seus pais até o início de sua vida pública.

Esta Liturgia, portanto, nos traz fortes orientações para santidade em família. A primeira leitura, do livro do Eclesiástico, nos indica que: “Quem honra o seu pai, alcança o perdão dos pecados; evita cometê-los (…). Quem respeita a sua mãe é como alguém que ajunta tesouros.” (Eclo 3,4-5). Já na segunda leitura, São Paulo aconselha que sejamos, em relação ao cuidado dos pais, revestidos de misericórdia, mansidão e paciência (cf. Cl 3,12). Diante da desvalorização da referência familiar, Deus nos indica o valor da tradição (conselhos e experiência) como fundamento social e de santificação.

Olhemos para Jesus que, mesmo sendo Deus, era obediente aos pais, sendo amável e paciente no seu ambiente familiar e social. A Virgem Maria, que guardava tudo no seu coração e, desde o anúncio do Anjo, foi fundamental para o amadurecimento humano do Filho de Deus e da Sua missão entre os homens. E para José: fiel ao projeto de Deus, viveu do seu trabalho para a manutenção da casa.

Como nos ensina o Papa Francisco, é um exemplo de família na oração e na peregrinação, uma peregrinação que “não termina quando se alcança a meta do santuário, mas quando se volta para casa e se retoma a vida de todos os dias, fazendo valer os frutos espirituais da experiência vivida”(1).

A tradição cristã reforça que da Sagrada Família emana uma espiritualidade que deve ser referência para o nosso tempo, com os pais evangelizando pelo testemunho: na santidade conjugal e no cuidado da oração, da educação e do convívio social dos filhos. Uma família missionária no cultivo da leitura e da partilha da Palavra de Deus, onde o amor seja o fundamento e a força da existência como instituição sagrada.

Não devemos esquecer que as chagas da sociedade é fruto de uma certa displicência no cuidado e na formação das crianças e dos jovens. Em nosso mundo, predomina o relativismo e a religião é muitas vezes tratado como um “problema” pessoal. Também é verdade que muitos pais carecem de uma formação cristã mais sólida e nem sempre têm consciência de sua missão na transmissão da tradição.

Por fim, peçamos a intercessão da Sagrada Família, asilo de todas as virtudes, para que o Espírito Santo nos livre da inveja contra a graça fraterna e assim possamos vivenciar, em família e em comunidade, o mandamento de amar uns aos outros (cf. Jo 13,33-35). Amém.

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(1) Cf. Homilia do Papa Francisco na Santa Missa para as Família, 27 dez. 2015, Festa da Sagrada Família de Jesus, Maria e José. Disponível em: <https://www.vatican.va/content/francesco/pt/homilies/2015/documents/papa-francesco_20151227_omelia-santa-famiglia.html>. Acesso em: 23 dez. 2021. 

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⇒ POESIA ⇐

A Família Santa de Nazaré


Mãe que escuta e a Deus se entrega,
Para viver um plano de amor exigente,
Que questiona, porém consente,
O peso da imensa missão,
Meditando no seu coração,
O amor de Deus e de sua gente.
*
Pai terreno e obediente ao Pai do Céu,
Discreto no seu silêncio orante,
Que nas dúvidas segue avante,
Ao anjo em sonho escutou,
E firmemente acreditou,
Postura de homem Santo suplicante.
*
Filho, Deus que desce a este mundo,
Presente no meio da multidão,
Rosto de misericórdia e perdão,
Que traz aos homens a esperança,
A vida eterna como herança,
Ressuscita e nos dá a ressurreição.
*
Família, modelo para chegarmos ao Céu,
Santa desde a sua fundação,
Referência para cada lar cristão,
Conduz-nos a evangelizar,
Fazendo-nos firmemente acreditar,
Que o Reino se constrói pela missão.
*
E agora pedimos um auxílio santificador,
Para construirmos uma igreja em nosso lar,
E ao mundo podermos testemunhar,
Uma vida de cuidado e comunhão,
Marcada pela evangelização,
Para as chagas do mundo poder curar.

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Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, nos motiva a contemplar a Família de Nazaré como igreja doméstica e missionária, ilumine o seu caminho!

 

 

XXVII Domingo do Tempo Comum, Ano B, São Marcos

⇒ Ano de São José (2020/2021) ⇐
Mês Missionário 2021 ⇐
» Tema: “Jesus Cristo é missão” «
» Lema: “Não podemos deixar de falar sobre o que vimos e ouvimos” (At 4,20) «

 

Leituras: Gn 2,18-24; Sl 128(127); Hb 2,9-11; Mc 10,2-16

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

O Projeto do Amor de Deus

Mc 10,2-16

 

Meus irmãos e irmãs, o mistério pascal do XXVII Domingo do Tempo Comum, do Ano B, nos motiva a contemplar a família como projeto do amor de Deus. E o Evangelho desta Liturgia está em Mc 10,2-16, passagem que está localizada na terceira parte do Evangelho segundo São Marcos, intitulada “Viagens de Jesus fora da Galileia”.

Nesta Liturgia, Jesus sai de Cafarnaum, onde estava ocultamente, e segue a caminho do território da Judeia e, em movimento, apresenta a proximidade do Reino de Deus em dois momentos distintos: primeiro, na discussão sobre o divórcio com os fariseus (cf. Mc 10,1-12) e, depois, na exortação, aos discípulos, para valorizar a simplicidade das crianças (cf. Mc 10,13-16).

Na passagem sobre o divórcio, Jesus é provado pelos fariseus, mas o próprio Jesus recorda literalmente a passagem do livro do Gênesis que está na primeira leitura desta Liturgia: “Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher, e eles serão uma só carne” (Gn 2,24; cf. Mc 10,7-8). E ainda acrescenta: “o que Deus uniu, o homem não separe!” (Mc 10,9), reforçando que o Matrimônio é uma união indissolúvel e que o rompimento de uma primeira união com o início de uma segunda implica em adultério (cf. Mc 10,12).

Portanto, os casais são chamados a uma vida conjugal sustentada pelo amor e pela fidelidade, sendo concretizada pelo perdão e pelo cuidado mútuos entre os cônjuges. A escuta da Palavra de Deus e a perseverança na Igreja fornecem a santificação necessária para a sintonia sob uma mesma canga, cujo peso é suavizado na caminhada com Jesus (cf. Mt 11,28-30).

Já na passagem sobre as crianças (cf. Mc 10,13-16), Jesus intervém e, aborrecido, orienta os discípulos dizendo que o Reino de Deus é daqueles que se convertem em crianças (cf. Mc 10,14), pois elas são exemplos de inocência e simplicidade. Recordemos que as crianças, naquele contexto cultural de Jesus, não tinham vez e Jesus rompe com esta postura, e Ele acolhe e abençoa; e, desta forma, nos indicando mais um modo de abraçar e ser abraçado pelo mistério do Reino de Deus.

As duas cenas, do Evangelho desta Liturgia, nos levam a refletir sobre a realidade do Matrimônio e dos excluídos. Quanto ao Matrimônio, devemos enfrentar uma mentalidade que esvazia a família e a autoridade dos pais, ferindo os valores semeados por Jesus, pois a vida conjugal é um compromisso de fidelidade como o de Cristo à vontade do Pai. Sobre os excluídos, Jesus acolhe a todos os que buscam nele a redenção, pois o Reino é daqueles que, como as crianças, se entregam sem reservas, diferente dos arrogantes. Deus oferece a Misericórdia e a Salvação a todos, mas requer de todos decisão e colaboração.

E neste Domingo, a Igreja está voltada para o início da animação do Mês Missionário, com o tema “Jesus Cristo é missão” e o lema “Não podemos deixar de falar sobre o que vimos e ouvimos” (At 4,20). Motivamos a todos a rezar a Novena Missionária, que tem como destaque os missionários da compaixão e da esperança.

Peçamos, ao Espírito Santo, a chama do ardor missionário, para testemunharmos a obra de Cristo, sendo assim portadores da fé, da esperança e da caridade em nossos cotidianos e assim possamos proclamar, como salmista, que o Senhor abençoe cada dia de nossa vida. Amém.

 

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⇒ POESIA ⇐

Criados para o Amor

O Deus de infinita grandeza,
Artista da criação,
Bem da suprema beleza,
Um oleiro em ação,
Na obra que iniciou
Ao homem entregou
Para a contemplação. (cf. Gn 2,18-19).
*
E o homem assim olhou
Para todas as criaturas
E não se identificou
Com nenhuma a sua altura.
Então Deus fez nascer
Um semelhante ser
De beleza e formosura. (cf. Gn 2,22-23).

*
Do homem se fez companheira
A caminhar do seu lado
Pra viver a vida inteira.
Ele então o seu amado
Rompendo a solidão
Foram viver a união
Como Deus tinha pensado. (cf. Gn 2,24).

*
Foram feitos para o amor
E para a fecundidade.
O matrimônio iniciou
O Bem para humanidade.
Uma só carne serão (cf. Gn 2,24b)
Pra viver em união
Sempre em fidelidade.
*
Jesus então confirmou
A santa Instituição.
Aos fariseus contestou,
Fazendo a reprovação. (cf. Mc 10,5)
No início foi assim
E ninguém porá o fim
Nesta sagrada União. (cf. Mc 10,6).
*
Ninguém pode separar
Aquilo que Deus uniu (cf. Mc 10,9)
E também nem desmanchar
O que Ele consentiu.
A União é para sempre.
Temos que ser conscientes
Do que Deus instituiu.
*
O cristão deve zelar
Desta santa União.
Tem sempre que protestar
Quando houver profanação.
A família é o fundamento
Que dará sempre sustento
Pra formar um bom cristão.
*
Quando o lar é bem formado
A moral é respeitada.
Os filhos são educados.
Numa fé fundamentada
Jesus Cristo é amado
E também anunciado.
Se vive o discipulado.
*
É importante a oração
Com a família no lar
Também nossa pregação
Na fé, no testemunhar.
É preciso esperança,
Viver com perseverança
Para não desmoronar.
*
Jesus Cristo, esposo perfeito
Da Igreja, esposa amada,
Confortai os seus eleitos
Que te seguem em caminhada.
Que a Mãe do Salvador
No seu infinito amor
Auxilie na caminhada.

 

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Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que nos motiva a contemplar a família como projeto do amor de Deus, ilumine o seu caminho!