30º Domingo do Tempo Comum, Ano C, São Lucas

Intenções do Santo Padre, o Papa Francisco: Por uma Igreja aberta a todos ⇐
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» Lema: “Sereis minhas testemunhas” (At 1,8) «
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Leituras: Eclo 35,15b-17.20-22a (gr. 12-14.16-18); Sl 33(34),2-3.17-18.19.23 (R. 7a.23a); 2Tm 4,6-8.16-18; 2Cor 5,19; Lc 18,9-14

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

 

Modelo de Oração

Lc 18,9-14

 

Meus irmãos e minhas irmãs, estamos no 30º Domingo do Tempo Comum, o quarto Domingo do Mês do Rosário e também do Mês Missionário, que tem como tema “A Igreja é missão” e como lema “Sereis minhas testemunhas” (At 1,8). Também coloquemos em nossas orações as intenções do Santo Padre, que neste mês, e em consonância com o espírito da sinodalidade (ou da comunhão da Igreja), roga por uma Igreja aberta a todos.

A Liturgia do 30º Domingo do Tempo Comum nos motiva a contemplar a atitude de humildade do publicano no ato da oração. E o Evangelho desta Liturgia está em Lc 18,9-14, sequência do Domingo passado.

Na Liturgia da Palavra deste Domingo, a Igreja nos oferta mais uma parábola, hoje é a parábola do fariseu e do publicano, em que Nosso Senhor conta para alguns que confiam na própria justiça.

Assim, continuamos ainda no tema da oração e a Palavra de Deus nos coloca diante de duas posturas do homem orante diante do Altíssimo. A Liturgia nos apresenta dois modelos de oração para nos ensinar que o centro da oração não somos nós mesmos, mas, da parte de Deus, a gratuidade e a misericórdia e, da nossa parte, a humildade.

Neste sentido, mesmo cumprindo todos os mandamentos, jejuando duas vezes por semana, participando diariamente da Missa, rezando o Terço, novenas, fazendo momentos de adoração e louvor, não podemos nos colocar na posição e no direito de julgar o outro, dizendo: não somos como os outros … (cf. Lc 18,11).

Nosso Senhor não está pedindo que deixemos nossas práticas espirituais e nem está elogiando os que não vivem a vida cristã e por isso levam uma vida moralmente incoerente. Contudo, Ele quer mostrar que o centro da oração deve ser sempre Deus, com Sua misericórdia e não as culpas do outro e, ao mesmo tempo, o nosso autoelogio.

Deus nos ensina sobre a nossa oração humilde, como nos fala o Eclesiástico: “A prece do humilde atravessa as nuvens: enquanto não chegar não terá repouso; e não descansará até que o Altíssimo intervenha e faça justiça aos justos e execute o julgamento” (Eclo 35,21-22).

Devemos refletir que, mesmo quando somos fiéis aos nossos compromissos e práticas orantes, continuamos pecadores e necessitados da misericórdia de Deus. Será que muitas vezes nos comportamos como aquele fariseu citado no Evangelho de hoje? Uma atitude de quem se considera o mais responsável, o mais correto, honesto e cumpridor das leis morais e se dizendo que não é como aqueles outros…

Ter uma vida moral e religiosamente correta é nosso dever, pois somos chamados pelo Batismo a ser sal e luz do mundo, um mundo que precisa da nossa presença com uma vida reta, que tenha sentido e que possa ajudar os outros a caminharem em direção à vivência da Palavra, no cultivo da justiça, do amor e da paz.

A postura do fariseu nos lembra o início das nossas celebrações, quando somos convidados a fazer um exame de consciência para dignamente ouvirmos a Palavra e nos alimentarmos do Corpo e Sangue do Senhor. Neste constante olhar sobre nós, numa postura e espírito de humildade, vamos crescendo na experiência do amor misericordioso de Deus. A nossa verdadeira oração está numa vida de humildade, de não julgamento dos outros, de escuta do Senhor e de confiança em Deus.

Já a Segunda Leitura desta Liturgia nos diz que será nossa felicidade e nossa graça chegarmos ao final da nossa caminhada terrestre e dizermos como São Paulo: “Combati o bom combate, completei a corrida, guardei a fé. Agora está reservada para mim a coroa da justiça, que o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos que esperam com amor a sua manifestação gloriosa.” (2Tm 4,7-8).

E hoje, Dia Mundial das Missões e da Infância Missionária, ainda no mês do Rosário, rezemos por todos os missionários, os que estão perto de casa e os que estão longe de sua terra, talvez em outra nação, fazendo a Igreja ser missão e sendo testemunhas de Cristo (cf. At 1,8). Amém.

 

*   *   *

 

⇒ POESIA ⇐

Dignos da Mesa do Senhor

 

A mesa do Senhor,
Tira-nos a autossuficiência,
Nos coloca em humildade
Questiona nossa consciência,
Alivia também nosso sofrer,
Purifica-nos para o bem viver,
No fundamento do Seu amor.
*
A mesa do Senhor,
Ensina-nos por onde prosseguir,
Dela o encontro com o Caminho,
E os passos do nosso existir,
Alimenta-nos com a Sua caridade,
Com a Palavra da fraternidade,
Livrando-nos do nosso rancor.
*
A casa do Senhor,
Convida-nos para nos encontrar,
Encontro de perfeita igualdade
Para pedir perdão em vez de julgar,
Para a pequenez reconhecer,
Na humildade que faz crescer,
Para voltar ao nosso labor.
*
No altar do Senhor,
Nossa oração se faz escutar,
Do mais profundo do nosso coração,
Porque o Senhor quer nos encontrar,
Num clima livre e de humildade,
Além das regras e legalidades,
Deve o coração está no fervor.
*
Que essa mesa e esse altar,
Ensine-nos, a autêntica oração,
Um olhar para nós mesmos
Na graça de Deus que é doação.
Que desapeguemos da prepotência,
E olhemos o outro na nossa prudência,
Deixemos que o Senhor possa justificar.
*
Que o nosso discipulado,
Seja construído na humildade,
Sem fingimentos e ilusões
Num caminhar de santa irmandade,
Que o outro seja sempre nosso irmão,
Para nos encontrar na comunhão,
Para por Deus sermos justificados.
*
Do farisaísmo Senhor, livrai-nos
Que proclamemos em nós a verdade,
Nosso ser e nossa essência,
Aquilo que é nossa espiritualidade,
Que afastemos nosso egoísmo,
E também nosso individualismo,
Do autojulgamento purificai-nos.

 

*   *   *

 

Obra: “The Pharisee and the Publican”, por J. Tissot (1836-1902). In brooklynmuseum.org

 

⇒ Que a Palavra e a Luz de Nosso Senhor Jesus Cristo, que nos ensina a contemplarmos a humildade na vida de oração, ilumine o seu caminho! 

 

 

XXX Domingo do Tempo Comum, Ano B, São Marcos

⇒ Ano de São José (2020/2021) ⇐
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Dia Mundial das Missões e Infância Missionária ⇐

 

Leituras: Jr 31,7-9; Sl 126(125); Hb 5,1-6; Mc 10,46-52

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

O Caminho de Jesus nos Leva à Conversão e ao Discipulado

Mc 10,46-52

 

Meus irmãos e irmãs, a Liturgia do XXX Domingo do Tempo Comum nos motiva a largar o “manto” que nos prende a velhos hábitos para abraçar a Boa-Nova de Cristo. E o Evangelho desta Liturgia, na sequência do Domingo passado, está em Mc 10,46-52, passagem que conclui a terceira parte do Evangelho segundo São Marcos, intitulada “Viagens de Jesus fora da Galileia”.

Nesta Liturgia, Jesus, seguido pelos Seus discípulos e por uma multidão, está saindo de Jericó, restando apenas 30 quilômetros para chegar em Jerusalém. À beira do caminho, um cego mendicante, conhecido como Bartimeu (ou “filho de Timeu”), que percebendo a presença divina, grita: “Jesus, filho de Davi, tem piedade de mim!” (Mc 10,47).

Muitos tentaram calá-lo, mas ele perseverou e Jesus mandou chamá-lo. O interessante é que o chamado é feito por um grupo que emprega dois imperativos: “coragem levanta-te, Jesus te chama!” (Mc 10,49). Em resposta ele joga o manto para trás e vai até Jesus (cf. Mc 10,50), recebe a cura, Jesus manda ele ir embora, mas ele fica como seguidor (cf. Mc 10,52).

O evangelista Marcos nos apresenta um leque de reflexões para a nossa vivência, pessoal e comunitária. Na dimensão pessoal, precisamos, muitas vezes, que o Senhor nos faça enxergar os Seus caminhos para depois segui-Lo. Já na dimensão comunitária, precisamos abrir os olhos para as opressões que colocam muitos à “beira do caminho” e sem a iluminação de Cristo, às vezes, queremos calar as pessoas, dizendo que a vida é assim e que precisamos nos conformar e, por isso, não devemos lutar por uma vida digna e justa.

Quantas vezes criticamos os que lutam por dignidade e justiça social ou quantos de nós desconhecemos a importância da proposta da Doutrina Social da Igreja ou hostilizamos iniciativas como o grito dos excluídos (no mês de setembro), a Cáritas, a Campanha da Fraternidade, além de muitas outras ações da Igreja. Bartimeu também representa os que perseveram mesmo diante das repreensões de alguns que caminham com Jesus.

Este texto também nos motiva a professarmos a confiança em Deus: “Jesus, filho de Davi, tem piedade de mim!” (Mc 10,47), pois Bartimeu, mesmo antes do milagre, já tinha fé no messianismo de Jesus. Outra motivação é o largar o “manto”, que nos faz omissos, e tudo o que nos impede de seguir o Senhor, rompendo a paralisia e saltando em direção ao Redentor.

Na primeira leitura desta Liturgia, Jeremias profetiza a ação salvífica de Cristo, que conduz pelos Seus caminhos os sofredores (cf. Jr 31,8-9). Já na segunda leitura, a Carta aos Hebreus, confirma que Cristo é o sumo sacerdote desejado pelo Pai (cf. Hb 5,5), assumindo a nossa humanidade, exceto no pecado.

No início deste ciclo litúrgico do Ano B tivemos a graça fazer memória do 150° aniversário da declaração de São José como Padroeiro da Igreja, quando o Papa Francisco publicou Carta Patris Corde (ou “Coração de Pai”)(1) , que foi fortemente motivada pelos sofrimentos dos primeiros meses da pandemia. Na Carta, o Papa agradece a presença discreta de muitos profissionais, numa semelhança a São José. Nos próximos três Domingos apresentaremos alguns aspectos da Carta Patris Corde.

Recordamos também que hoje é o Dia Mundial das Missões, ápice do Mês Missionário. Neste ano, a arte da Campanha Missionária nos apresenta uma janela (de esperança), tendo, como destaque, Jesus curando um cego e, abaixo, algumas ações simbolizando o amor ao próximo.

Peçamos ao Espírito Santo a graça de tirar dos nossos olhos tudo o que nos impede de enxergar a realidade com a vontade de Deus. Agradeçamos, pois Ele nos chama e nos traz a realização plena, rezando com o salmista: “Maravilhas fez conosco o Senhor, exultemos de alegria!”. Amém.

 

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(1) Disponível em: <https://www.vatican.va/content/francesco/pt/apost_letters/documents/papa-francesco-lettera-ap_20201208_patris-corde.html>. Publicado em: 8 dez. 2020. Acesso em: 15 out. 2021.

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⇒ POESIA ⇐

Um Certo Bartimeu

À beira do caminho
Tinha um certo Bartimeu
Que gritava com insistência,
Sendo filho de Timeu.
O seu grito foi ouvido,
Por Jesus foi atendido,
Pois a cura aconteceu.
*
No caminho de Jesus
Aquele homem foi seguindo
Tornou-se um discípulo Seu,
Missionário foi agindo.
Proclamou a sua fé
Sempre disposto e de pé
Mundo novo construindo.

*
Nos caminhos do Senhor
Precisamos de coragem,
Viver a perseverança,
Partir para outras margens
Passos firmes a caminhar,
A fé sempre a professar
Para levar a mensagem.

*
Precisamos estar atentos
Para o mundo em que estamos,
Ouvir o grito dos pobres,
Que nem sempre escutamos
Viver fé e caridade,
Construir fraternidade
No chão onde nós pisamos.
*
Jesus, Mestre querido,
Sacerdote, eterno amor,
Curai todos os sofredores
Que padecem muita dor,
Mudai os acomodados,
Abri os olhos fechados,
Pois só Vós, sois o Senhor.

 

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Referência da imagem: Eustache Le Sueur (1617-1655), In pt.wikipedia.org.

 

Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que nos motiva a largar o “manto” que nos prende a velhos hábitos e comodidades, ilumine o seu caminho!