Leituras: Dt 26,4-10; Sl 90(91); Rm 10,8-13; Lc 4,1-13
⇒ POESIA ⇐
O DESERTO DA VIDA
No deserto desta vida,
Muitas coisas enfrentamos,
Tentações de todo tipo,
Que às vezes duvidamos,
Mas Jesus está com agente,
Caminhando firmemente,
É nele que acreditamos.
Muitas vezes ao caminhar,
O deserto fica quente,
Vem a sede e vem a fome,
Que vai castigando a gente,
Então vem a esperança,
O Senhor é a bonança,
Pois na vida está presente.
Temos tantas tentações,
No nosso mundo atual,
Consumir pra mais da conta,
Cultivando o capital,
Somos tentados a comprar,
E ainda adorar,
O ídolo material.
Não podemos esquecer,
Que a vida do cristão,
Deve ser simplicidade,
Vivendo a contemplação,
Com Jesus sem desistir,
O caminho a prosseguir,
Pra viver a conversão.
A caminhada é longa,
No deserto da existência,
Mas nós vamos aprendendo,
A viver com paciência,
Com jejum e oração,
Caridade em ação,
Santa e viva penitência.
Viver o tempo quaresmal,
Para o cristão é importante,
Faz muito a gente crescer,
E seguir perseverante,
A palavra é fundamento,
Oração como alimento,
Testemunho a todo instante.
⇒ HOMILIA ⇐
As tentações de Jesus e as tentações do cristão
Lc 4,1-13
Iniciamos a nossa caminhada quaresmal, e neste primeiro domingo da quaresma vamos refletir sobre a quaresma de Jesus, apresentada pelo evangelho de Lucas (4,1-13).
No deserto, Jesus vence as três tentações cada uma em um cenário diferente: No deserto quando chega a fome há uma tentação de transformar as pedras em pães (cf. 4,3). Em um segundo momento diante dos reinos do mundo, o diabo promete todas as riquezas para que Jesus as adore (cf. 4,7). Por fim, o tentador coloca Jesus no ponto mais alto e sugere que ele se atire para baixo (cf. 4,8).
Jesus, diante destas tentações contra a sua natureza humana, se faz fiel ao Plano do Pai e por isso tem sempre uma resposta firme perante o tentador, pois é conduzido pelo Espírito.
Na fome ele fala do alimento imperecível que é a sua sintonia com o Pai, ou seja, a oração constante. Pois não é somente o pão material que alimenta o homem. Diante da tentação do poder, Jesus é fiel ao projeto do Reino, pois somente ao Deus verdadeiro se deve adorar e servir (cf. 4,8). Diante da tentação da segurança oferecida pelo demônio, Jesus não se coloca no perigo, pois pela obediência à missão e na observação das Escrituras não se deve tentar a Deus somente para provar que ele é poderoso.
Nós, os cristãos, estamos neste deserto da nossa existência terrena, onde acontecem muitas tentações. Quando nos falta o pão, somos tentados a buscá-lo de forma fácil e nos desesperamos. Não podemos esquecer-nos da tentação do consumismo e do materialismo desnecessário, pois quanto mais leves e despreendidos estivermos das coisas, mais confortamos o nosso coração com as coisas do alto e o Senhor nos dirá: Não só de pão vive o homem, há um alimento que não perece, a sua Palavra, seu corpo e sangue que nos fortalece e nos traz a felicidade e a realização verdadeira.
A segunda tentação apresentada por Lucas: “se te prostrares diante de mim em adoração, tudo isso será teu” (4,7), no faz refletir sobre os nossos ídolos que vamos criando, quando nos falta a fé no Deus verdadeiro. O povo no deserto também passou pela tentação de fabricar um bezerro de ouro para adorá-lo como um novo deus para eles. Podemos nos perguntar: que ídolos costumamos construir nas nossas tentações, quando não entendemos ou não esperamos o projeto de vida que Deus tem para nós? Diante disto Jesus nos dirá: “Adorarás o Senhor teu Deus, e só a ele servirás” (Lc 4,8).
A terceira tentação nos leva a refletir sobre nossas ações para manipular Deus a favor de nosso individualismo, quando buscamos os milagres apenas materiais, tais como a prosperidade baseada no acúmulo de bens e no conforto. São posturas interesseiras onde apostamos na ação de um Deus mágico, triunfalista e espetacular, que se mostra poderoso numa visão mais humana do que divina. Jesus nos diz: “Não tentarás o Senhor teu Deus” (Lc 4,12).
Quantas coisas boas o Senhor nos dá no deserto de nossa existência, quantas lutas, desafios, provações ele nos ajuda a vencer, as quais nos ensinam muito mais do que sucessos mirabolantes baseados apenas em interesses terrenos e exteriores.
A fé cristã é exatamente a consciência de que em cada momento da nossa vida estamos caminhando para a eternidade, pois o Senhor está conosco nos fortalecendo pelos desertos de nossa da vida, nos dando a vitória rumo à libertação e à salvação…
Peçamos ao Espírito Santo a perseverança de caminharmos sempre com Cristo, pois ele venceu as tentações, e nos ensinou a vencê-las, sinalizando a vitória sobre a morte, e nós, com ele também, venceremos as tentações no nosso deserto existencial e com ele ressuscitaremos.
Que a Palavra e a Luz do Bom Pastor ilumine o seu caminho.