II DOMINGO DO ADVENTO

Leituras: Is 40,1-5.9-11; Sl 85(84); 2Pd 3,8-14; Mc 1,1-8

POESIA

NOSSOS CAMINHOS COM O SENHOR

Nos caminhos tortuosos,
Cheios de grandes defeitos,
Vem o Senhor concertar,
Para se tronarem direitos,
Uma voz em nossos desertos,
Ensina os caminhos certos,
Que não foram ainda feitos.

Esse caminho é refeito,
Pela nossa conversão,
Precisa de escuta e fé,
De silêncio e oração.
Pois para bem celebrar
O Natal que vai chegar,
Precisa-se dedicação.

A espera é importante,
Sendo alegre e prudente,
Numa busca bem atenta,
Vivendo o amor paciente,
Praticando a caridade,
A Paz e a solidariedade,
No agora, no presente.

Novos céus e uma nova terra,
É o que nós esperamos,
Na paz com os nossos irmãos,
Sempre que nos encontramos.
Para o Natal acontecer,
Devemos nos envolver,
É o que nós precisamos,

Ao redor da Santa Mesa,
De todos os caminheiros,
Que buscam endireitar,
Sua vida por inteiro,
Buscando a conversão,
Que leva à redenção,
Para o Reino verdadeiro

Peçamos a Santa Mãe,
Que soube bem esperar,
Para que nos auxilie,
Neste nosso caminhar,
Ela que silenciou,
E perseverante rezou,
Ensine-nos a rezar.

 

HOMILIA

O Senhor vem para endireitar nossos caminhos

Na liturgia deste 2º Domingo do Advento, a Igreja nos apresenta os primeiros versículos do evangelista Marcos, dizendo: “Princípio do Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus.” (1,1). Parece óbvio começar um livro com esta expressão, mas não é por acaso que o evangelista faz questão de falar do “princípio” ou “início” e de “Jesus Cristo, Filho de Deus”.

Segundo os estudos bíblicos, os textos de Marcos são os mais antigos e poderão nos mostrar o início da pregação de Jesus no mundo ou o começo da pregação escrita pelo evangelista sobre a ação salvífica de Cristo. Isso, porque até aquele momento o testemunho sobre a experiência do seguimento a Jesus e o conhecimento da sua pessoa e da sua história eram apenas oral.

A outra designação que se torna mais forte e que não podemos deixar de refletirmos é: “Jesus Cristo, Filho de Deus”. Falar de Jesus como sendo o filho de Maria e de José é delimitá-lo como homem histórico, mas falar “Jesus Cristo, Filho de Deus” é algo que exige um conhecimento maior. Trata-se de uma compreensão mais profunda de Jesus, pois a palavra Cristo é um nome que só é compreendido de forma completa após a experiência da Cruz e da ressurreição.

O evangelista também nos apresenta um acréscimo importante: “Filho de Deus”. O homem que foi crucificado pelos romanos, que chamava a Deus de Pai, comprova que de fato Deus é Pai e que ele (Jesus) é verdadeiramente o Filho muito amado, desde o princípio (cf. Jo 1,1). Em Jesus há a natureza humana e divina, por isso ele nos traz a salvação e mostra-nos de verdade a face misericordiosa do Divino Pai Eterno.

Voltando-nos a liturgia de hoje, podemos agora entender as palavras de João Batista: “Depois de mim, vem aquele que é mais forte do que eu, de quem não sou digno de, abaixando-me, desatar a correia das sandálias.” (Mc 1,7). O último profeta antes de Jesus, João Batista, tinha a compreensão de que Jesus era o enviado do Pai. Ele é verdadeiramente Deus e foi verdadeiro homem na carne.

Em função disso o Batista não se sente digno nem de se aproximar, porque o seu batismo é Santo e será com fogo[1] do Santo Espírito. Ele é aquele do qual o profeta Isaías anuncia ao povo de Israel quando estava escravo na Babilônia.

É interessante que o evangelista Marcos lê Isaías e o apresenta no início do seu texto para dizer que João Batista irá preparar a chegada do Ungido de Deus. É preciso que o povo busque a conversão, faça penitência para acolhê-lo. Será necessária uma preparação para que não ignorem a encarnação do verbo de Deus no meio do mundo.

A não conversão, a não aceitação da pregação do Batista ou a não escuta de sua mensagem preparatória, talvez tenham impedindo que muitos reconhecessem Jesus como o Cristo de Deus. Faz-se necessário ir ao deserto, longe dos poderes humanos para escutar a voz profética e o chamado à mudança de vida.

Hoje precisamos ouvir a Igreja como mensageira da vinda de Deus em nossas vidas. Precisamos viver a conversão e a reconciliação. Ouvir a Palavra proclamada e acreditar preparando os nossos caminhos para que Deus renasça em nossas vidas.

Ao mesmo tempo devemos ser como João Batista: preparar o mundo para celebrar o Natal para que esta festa não tenha muitas vezes, uma expressão folclórica, como muitas pessoas a entendem.

Talvez existam muitas distorções do sentido do Natal exatamente por falta de profetas, que faça a preparação ajudando ao povo sobre a vinda do Senhor. Nesse sentido é muito importante a Novena de Natal, a participação assídua e atenta nas liturgias com o objetivo de compreender e viver espiritualmente a experiência da espera alegre do Senhor, que quer renascer em nossa vida.

Cristo quer endireitar nossos caminhos o quais, muitas vezes são tortuosos. Ele quer reconstruir nossas relações de amizades e de companheirismo com os nossos irmãos que muitas vezes são desgastadas pela nossa displicência e nossas ocupações demasiadas e surtos de egoísmo.

Peçamos a Nossa Senhora que nos ensine a esperarmos na perseverança e no silêncio do coração, como ela mesma esperou na sua carne e no seu espírito a encarnação do Verbo. Esperarmos novos céus e uma nova terra, onde habitará a justiça (cf. 2Pd 3,13). Amém.

[1] Expressão usada pelo evangelista Mateus (cf. 3,11).