⇒ Ano “Família Amoris Lætitia” (2021/2022) ⇐ Leituras: Is 62,1-5; Sl 96(95); 1Cor 12,4-11; Jo 2,1-11 ⇒ HOMILIA ⇐ Jo 2,1-11 Meus irmãos e irmãs, a Liturgia do II Domingo do Tempo Comum nos motiva a contemplar a oração da Virgem Maria que nos indica para fazer tudo o que o Senhor nos disser. E o Evangelho desta Liturgia está em Jo 2,1-11, passagem conhecida como “as bodas de Caná” e que está localizada no anúncio da nova economia da salvação (cf. Jo 1,19-4,54) no início da segunda parte do Evangelho segundo São João, intitulada “O ministério de Jesus” (cf. Jo 1,19-12,50). Nesta Liturgia, Jesus está em Caná, próxima do Mar da Galileia e muito próxima de Nazaré. Na cultura judaica, as festas de casamento duravam em média uma semana e o vinho era a bebida principal, a qual não poderia faltar. Mas naquela festa, faltou vinho. A Virgem Maria, percebendo a situação constrangedora dos noivos e consciente de que Jesus poderia resolver o problema, pede que Ele encontre uma saída e depois diz aos servos da festa que obedecessem ao Senhor (cf. Jo 2,5). E Jesus opera o Seu primeiro milagre, que o evangelista João chama “sinal”, pois a água transformada em vinho é sinal de vida nova ao mesmo tempo em que já aponta para a Sua Ressurreição e a certeza da nossa salvação por meio d’Ele. O vinho novo também se relaciona com a Eucaristia quando é transformado no Corpo e Sangue do Senhor, o sangue da Nova Aliança que nos conduz à nossa redenção. A passagem das bodas de Caná nos fornece alguns pontos para meditação. O primeiro é sobre a intercessão da Virgem Maria, a “nova Eva” que nos conduz à salvação e nos pede para fazermos tudo o que nos manda Cristo (cf. Jo 2,5). O segundo ponto de meditação é o sinal, o milagre em si que resgata o Antigo Testamento, presente na primeira leitura desta Liturgia. A profecia de Isaías diz que “não mais te chamarão Abandonada, e tua terra não mais será chamada Deserta; teu nome será Minha Predileta e tua terra será a Bem-Casada, pois o Senhor agradou-se de ti e tua terra será desposada.” (Is 62,4). Em cumprimento à profecia de Isaías, Jesus é o esposo fiel da Igreja e doa o Seu Corpo e Seu Sangue que alimenta a própria esposa, a Igreja, para que se torne a presença do Reino no mundo. O terceiro ponto é que, segundo o evangelista João, foi o sinal, o milagre que fez com que os discípulos acreditassem em Jesus. A partir do encontro e da vivência com o Senhor devemos testemunhar, como missionários, o próprio Cristo num mundo de tantas controvérsias. Deus é o esposo fiel, mesmo diante das nossas infidelidades. Ele que não deixa acabar o vinho da alegria e do amor na festa da nossa vida. Não podemos esquecer que o Matrimônio é um grande sinal do Reino no mundo, expresso na vida conjugal pelo amor na unidade, no diálogo e na fidelidade. A família que vive tais virtudes é sinal da presença de Deus e do vinho novo transbordado desde Caná. E nesta Liturgia, queremos fazer memória de São Simão e São Judas Tadeu, que são cultuados no dia 28 de outubro. Algumas tradições(1) nos indicam que São Simão é o mestre-sala das bodas de Caná que atestou a qualidade do vinho bom e São Judas o noivo das bodas de Caná. Por fim, roguemos a Nossa Senhora, Mãe de Deus e nossa, que ela interceda por nós e que possamos receber o Espírito Santo, unção de todos os santos, para que tenhamos a atitude dos servos da festa e sejamos obedientes e assíduos na meditação da Palavra de Deus que nos converte, que nos chama e depois pela fé nos torna discípulos missionários de Cristo, como Maria. Amém. * * * * * * ⇒ POESIA ⇐ * * * ⇒ Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que nos dá o alimento novo e a bebida nova, ilumine o seu caminho! ⇐
Fazei Tudo o que o Senhor Vos Disser
(1) Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br.Festa do Vinho Novo
Convidamos o Senhor
Para a festa nova da nossa vida,
Para matar a sede que nos torna tristes,
Para transformar a estrada percorrida,
Superando a barreiras que existem,
E que torna nossa história sofrida.
*
Convidamos a nossa Santa Mãe,
Que percebe nossas dificuldades,
Quando não temos o suficiente,
Para prosseguir o encontro com a verdade.
Pois nem sempre há clareza existente,
Para seguir o caminho da unidade.
*
Convidamos ainda os primeiros seguidores,
Que pela fé aderiram o Senhor,
Para sempre foram anunciadores,
Mesmo diante das barreiras e da dor,
Viveram a santidade como grandes pregadores,
Entregaram a vida com radical amor.
*
Que sejamos servos obedientes,
Quando o Senhor algo nos pedir,
Possamos exercer a liturgia da vida,
Vivendo a santidade agora e aqui,
Que nossa missão nunca seja esquecida,
E que o vinho novo possa sempre existir.
*
Que a mesa santa traga-nos a fraternidade,
E os gestos falem mais do que pronunciamentos,
Trazendo os sinais da transformação,
E a alegria viva como fermento,
A justiça e a paz via de comunhão,
E o amor na vida: sentido e sustento.
Tag: II Domingo do Tempo Comum – Ano C – São Lucas
II Domingo do Tempo Comum – Ano C, São Lucas
Leituras: Is 62,1-5; Sl 95(96); 1Cor 12,4-11; Jo 2,1-11
⇒ POESIA ⇐
FESTA DO VINHO NOVO
Convidamos o Senhor
Para a festa nova da nossa vida,
Para matar a sede que nos torna tristes,
Para transformar a estrada percorrida,
Superando a barreiras que existem,
E que torna nossa história sofrida.
Convidamos a nossa Santa Mãe,
Que percebe nossas dificuldades,
Quando não temos o suficiente,
Para prosseguir o encontro com a verdade.
Pois nem sempre há clareza existente,
Para seguir o caminho da unidade.
Convidamos ainda os primeiros seguidores,
Que pela fé aderiram o Senhor,
Para sempre foram anunciadores,
Mesmo diante das barreiras e da dor,
Viveram a santidade como grandes pregadores,
Entregaram a vida com radical amor.
Que sejamos servos obedientes,
Quando o Senhor algo nos pedir,
Possamos exercer a liturgia da vida,
Vivendo a santidade agora e aqui,
Que nossa missão nunca seja esquecida,
E que o vinho novo possa sempre existir.
Que a mesa santa traga-nos a fraternidade,
E os gestos falem mais do que pronunciamentos,
Trazendo os sinais da transformação,
E a alegria viva como fermento,
A justiça e a paz via de comunhão,
E o amor na vida: sentido e sustento.
⇒ HOMILIA ⇐
Fazei tudo o que o Senhor vos disser
Estamos na primeira parte do Tempo Comum que totaliza cinco semanas até o início da Quaresma. A liturgia da Palavra nos apresenta o evangelista João com o conhecido texto das Bodas de Caná.
Na cultura judaica as festas de casamento duravam em média uma semana e o vinho era a bebida principal a qual não poderia faltar. Mas naquela festa, a qual estavam Jesus, Maria, os discípulos e muitos outros convidados, faltou o vinho. Maria, na sua sensibilidade e percepção da situação, quer livrar os noivos de tão grande constrangimento, ela tem consciência e a certeza que Jesus poderia resolver o problema, por isso o chama, pedindo que encontre uma saída e depois fala para os servos da festa que obedeçam ao que o Senhor disser (cf. Jo 2,5).
E Jesus opera o seu primeiro milagre, que o evangelista João chama de primeiro sinal, pois a água transformada em vinho é sinal de vida nova ao mesmo tempo em que já aponta para a sua ressurreição e a certeza da nossa salvação por meio dele.
O vinho novo também se relaciona com a Eucaristia quando é transformado no corpo e sangue do Senhor, o sangue da Nova Aliança que nos conduz à nossa redenção.
Podemos refletir mais alguns pontos desta passagem do evangelista João: a presença de Maria neste episódio nos leva a meditar que ela é a intercessora diante das nossas necessidades, ela é primeira discípula de Cristo e também quem primeiro nos pede para obedecer à palavra de Deus: “Fazei tudo o que o Senhor vos disser” (Jo 2,5). Depois, o sinal de Jesus realizado numa festa de casamento nos aponta para a primeira leitura, em que o profeta diz que “já não te chamarão ‘Abandonada’, nem chamarão à tua terra ‘Desolação’. Antes, será chamada ‘Meu prazer está nela’, e tua terra, ‘Desposada’. Com efeito, o Senhor terá prazer em ti e se desposará com tua terra.” (Is 62,4). Na caminhada do povo de Israel, Deus é o esposo fiel mesmo diante das infidelidades de seu povo. No Novo Testamento Jesus é o esposo fiel da Igreja que doa seu corpo e seu sangue para que esta seja alimentada e torne-se presença do Reino no mundo.
Outro ponto interessante é que este primeiro sinal de Jesus fez os discípulos crerem nele, significando que a partir daí eles fizeram a adesão verdadeira e seguiram alimentados pela fé no Senhor que os chamou.
O encontro com o Senhor e a vivência da fé nele, deve nos levar para a experiência do discipulado missionário onde devemos testemunhar o próprio Cristo e ser sinal de amor no mundo de tantas controvérsias. O amor de Deus por nós é constante e eterno, ele é o esposo fiel mesmo que haja infidelidade ao longo do caminho que percorremos, ele que não deixa acabar o vinho da alegria na festa da nossa vida.
Não podemos esquecer que o matrimônio é o grande sinal do Reino no mundo, expresso na unidade, na fidelidade, no respeito, no diálogo e sobretudo no amor do casal. A família que vive tais virtudes são sinais da presença de Deus e ao mesmo tempo como em Caná, onde o Senhor faz o milagre do vinho novo símbolo da constante alegria da vida e do amor abundante no mundo.
Há uma presença sensível e auxiliadora na vida dos cristãos, que é a intercessão de Nossa Senhora, Mãe de Deus e nossa. Ela percebe quando falta algo em nossa vida e pede ao Senhor que opere o milagre da restauração e da saciedade. A nós cabe a atitude dos servos da festa: que sejamos obedientes, ou seja, devemos assiduamente ler e meditar a Palavra de Deus que nos converte, nos chama e depois pela fé nos tornamos discípulos missionários de Cristo, como Maria.
Peçamos as bençãos de Deus para uma caminhada marcada pela felicidade em Deus e que Maria interceda sempre por nós quando nos faltar aquilo que mais nos torna firmes na caminhada: a alegria de sermos filhos e filhas de Deus. E que lembrando a Carta de São Paulo aos Coríntios (cf. 12,4-11), possamos ser sinais de serviço ao Reino com os diversos dons que Deus nos concede, sobre a luz do mesmo Espírito, que nos ilumina, nos fortalece e nos capacita em nossa missão para sermos sinais do amor e da alegria no mundo. Amém!