III Domingo da Quaresma, Ano A, São Mateus

 

Leituras: Ex 17,3-7; Sl 94(95); Rm 5,1-2.5-8; Jo 4,5-42

 

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⇒ HOMILIA ⇐

Busquemos a fonte Viva e Eterna

Jo 4,5-42

 

Neste 3º Domingo da Quaresma, a liturgia nos apresenta o texto do Evangelho de João (4,5-42), que narra o encontro de Jesus com uma samaritana. Em plena luz do dia, marcado pelo sol escaldante da Galileia, Jesus senta-se junto à fonte de Jacó (cf. Jo 4,6). Cansado fisicamente da caminhada de peregrino, vai ao poço e aí acontece um encontro com uma mulher samaritana, sem nome, que, com certeza, sempre ia para aquele poço buscar água.

Aquela mulher viverá uma experiência de encontro, nunca esperado, pois aquele meio dia não foi comum como os outros. Algo mudou a sua vida completamente. Ela era de um grupo de pessoas descriminadas pelos judeus e, por isso, nunca esperaria um encontro com um mestre de Israel, um profeta, tão próximo, que lhe ouvisse e até ousasse pedir-lhe água para beber.

Para os discípulos também foi uma surpresa, porque, ao chegarem junto a Jesus, não entendem aquela conversa (cf. Jo 4,27). A aproximação de Jesus e o seu diálogo com aquela mulher nos mostra a ação de um Deus que vem ao encontro do humano para oferecer a sua vida. Ele é a fonte de água viva e infinita, que sacia a sede de todos os que o buscam e o encontram.

A presença de Jesus junto à samaritana mudou o jeito dela enxergar a sua existência, o seu caminhar, seus conceitos, suas concepções culturais e religiosas. De conceber a presença de Deus na sua vida, de buscar os anseios mais profundos da sua alma, pois, agora Deus se coloca no mesmo nível do ser humano, para poder se comunicar com ela e oferecer-lhe o sentido verdadeiro da vida.

Alimentada e motivada pela experiência de diálogo junto ao Mestre, convencida da chegada do Messias ao mundo, a samaritana tornar-se missionária e vai anunciar à sua cidade as maravilhas deste encontro com Jesus. (cf. Jo 4,28-29).

A ação de Jesus em oferecer a verdadeira água, a fonte da vida, para os samaritanos, nos lembra o povo no deserto, quando falta a água, reclama da sede, e, diante de Moisés, murmura chegando a duvidar de Deus (cf. Ex 17,7). E da rocha firme Deus faz brotar a água para saciar a sede do seu povo (cf. Ex 17,6). Moisés é o intercessor, que o escuta e dirige a Deus a sua súplica a favor do povo para solucionar os diversos problemas que vão surgindo na caminhada pelo deserto.

Também a samaritana foi esta ponte, esta intercessora, esta missionária, entre o seu grupo e Jesus. Foi por causa do seu anúncio sobre o Senhor, que muitos correram ao encontro da fonte (Jesus), mudaram de vida e buscaram matar a sede de amor e superar os tantos vazios e discriminações sofridas por parte dos judeus, os quais se destacam aqui, os doutores da lei e os fariseus.

Jesus é a nossa fonte de água viva e eterna, na caminhada do deserto de nossa existência, quando muitas vezes nos sentimos cansados, com sede e com pouca força para continuar nossa peregrinação terrestre. Nele encontramos a esperança e a salvação e com ele anunciamos o Reino de Deus.

Pela água somos inseridos no novo povo de Deus, através do Batismo, por ela somos purificados do pecado original e nela somos mergulhados, para nascermos de novo, nos tornarmos irmãos, filhos do mesmo Pai Divino, missionários do seu amor, e caminheiros neste mundo em vista da eternidade. O Senhor é a fonte verdadeira que sacia a nossa sede, nos dando forças, nos acolhendo e nos saciando com o seu amor e sua misericórdia, quando nos vem o cansaço a e nossa aridez.

Os cristãos são chamados a deixar resplandecer, em suas atitudes, o rosto amável de Cristo junto aos irmãos necessitados. Àqueles que precisam não somente de pão material mas também são carentes da água viva que dá sentido e força ao existir de todos que peregrinam neste mundo.

Supliquemos ao Espírito Santo que a sua luz e o seu amor se derrame sobre nós, para que sejamos discípulos missionários de Jesus Cristo e que perseveremos no nosso caminhar com ele e, dos nossos corações, possa brotar a oração verdadeira, como reza o salmo 94(95): “Vinde, exultemos de alegria no Senhor, aclamemos o Rochedo que nos salva! Ao seu encontro caminhemos com louvores, e com cantos de alegria o celebremos!” Amém!

 

***

⇒ POESIA ⇐

Dai-me desta água viva

 

Senhor é bom ficarmos aqui,
Na comodidade do teu amor,
No transfigurar da tua beleza,
No encontro da tua mesa,
Num encontro em que não há dor,
Presença divina em tua fortaleza.

Senhor é bom ficarmos aqui,
Como corpo e membros amados,
Como amigos de caminhada,
Presentes à mesa sempre preparada,
Para nos fazer saciados,
Para continuar a jornada.

Senhor é bom ficarmos aqui…
Mas é preciso continuar,
O caminho do discipulado,
Nos passos do teu chamado,
Para o teu Reino anunciar,
Nos sentindo sempre auxiliados.

Senhor é bom ficarmos aqui…
Porém, tu nos chamas a levantar,
E com coragem te seguir,
Para aos outros se unir,
E Reino em comunhão anunciar,
Perseverantes, sem desistir.

Senhor, queremos seguir em frente,
Sairmos do nosso intimismo
Da montanha do medo descer,
Para contigo aprender.
Deixando a redoma do comodismo,
E fazermos a missão florescer.

 

*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, o Filho amado do Pai, ilumine o seu caminho! ***

 

III DOMINGO DA QUARESMA, Ano A

Leituras: Ex 17,3-7; Sl 94(95); Rm 5,1-2.5-8; Jo 4,5-42

POESIA

DAI-ME DESTA ÁGUA VIVA

Senhor,
Dai-me desta água viva
Que sacia e me alivia,
Deixando-me forte,
Vencendo a morte,
Para chegar ao céu.

Senhor,
Dai-me desta água viva,
Que muda a minha vida,
E me faz caminhar,
Sem desanimar,
Rumo a tua fonte.

Senhor,
Dai-me desta água viva,
Que me faz sair,
E aos outros anunciar,
Sempre proclamar,
Tuas maravilhas.

Senhor,
Dai-me desta água viva,
Que me preenche,
Muda minha vida,
Amor sem medida,
Além do meu chão.

Esta água viva,
Quero sempre buscar,
Para purificação,
E a comunhão,
Que me dá sentido,
Sempre encontrar.

Esta água viva,
É tua Palavra eterna,
Que gera alimento,
E nos dá o sustento,
Para ir ao mundo,
Numa atitude fraterna.

HOMILIA

 Busquemos a fonte Viva e Eterna

Quem beber da água que eu lhe darei, esse nunca mais terá sede. E a água que eu lhe der se tornará nele uma fonte de água que jorra para a vida eterna” (Jo 4,14).

Neste 3º Domingo da Quaresma o evangelista João nos apresenta Jesus em plena luz do dia, marcado pelo sol escaldante da Galileia, a beira do poço de Jacó. Cansado fisicamente da caminhada de peregrino, vai ao poço e aí acontece um encontro com uma mulher samaritana que, com certeza, sempre ia para aquele poço buscar água.

Aquela mulher viverá uma experiência de encontro, nunca esperada, pois, aquele meio dia, não foi comum como os outros. Algo mudou a sua vida completamente. Ela era de um grupo de pessoas descriminadas pelos judeus e, por isso, nunca esperaria um encontro com um mestre de Israel, um profeta, tão próximo, que lhe ouvisse e até ousasse pedir-lhe água para beber.

Para os discípulos também foi uma surpresa, porque, ao chegarem junto a Jesus, não entendem aquela conversa (cf. Jo 4,27). A aproximação de Jesus e o diálogo dele com a samaritana apresentam a ação de Deus que vem ao encontro das pessoas para oferecer a sua vida. Ele é a fonte de água viva e infinita, que sacia a sede de todos os que o buscam e o encontram.

A presença de Jesus junto àquela mulher mudou o jeito dela enxergar o seu caminho, de conceber a presença de Deus na sua vida, de buscar os anseios mais profundos da sua alma, pois, agora Deus se coloca no mesmo nível dela para poder se comunicar com ela e oferecer-lhe o sentido verdadeiro da vida.

Alimentada com o encontro e a experiência junto a Jesus, convencida da chegado do Messias ao mundo, a samaritana tornar-se missionária e vai anunciar. Imediatamente foi à sua cidade comunicar o encontro mais importante e mais marcante da sua existência, e de tão convicta que estava daquela realidade, fez o povo também ir a Jesus (cf. Jo 4,30;40-42).

A ação de Jesus em oferecer a verdadeira água para os samaritanos, nos lembra o povo no deserto, quando falta a água, reclama da sede, e, diante de Moisés, murmura chegando a duvidar de Deus (cf. Ex 17,7). Da rocha firme Deus faz brotar a água para saciar a sede do povo (cf. Ex 17,6). Moisés é o intercessor do povo, que o escuta e dirige a Deus em oração a sua súplica a favor do povo para solucionar os problemas que vão surgindo na caminhada pelo deserto.

Também a samaritana foi à ponte entre o seu grupo e Jesus. Foi por causa do seu anúncio sobre o Senhor que muitos correram ao encontro de Jesus, para matar a sede de amor e superar os tantos vazios e discriminações sofridas por parte dos doutores da lei e fariseus.

Jesus é a nossa fonte de água viva e eterna, na caminhada do deserto de nossa vida, quando muitas vezes sentimo-nos cansados, com sede e pouca força para continuar. Nele encontramos a esperança e a salvação e com ele anunciamos o Reino de Deus.

Pela água somos inseridos no novo povo de Deus através do Batismo, por ela somos purificados do pecado original e nelas somos mergulhados para nascermos de novo e desta vez para a eternidade. O Senhor é a fonte verdadeira que sacia a nossa sede existencial. O Batismo nos dá a dignidade de sermos filhos de Deus e de caminharmos com ele na nossa missão de falar para os outros do encontro que fizemos através da escuta da sua Palavra e do saciar-se do seu corpo e sangue.

Marcados pelo encontro com o Senhor, somos motivados a falar para os irmãos e irmãs como falou São Paulo aos Romanos: “E a esperança não decepciona, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado.” (Rm 5,5).

Portanto, nesta quaresma somos convidados a meditar sobre a nossa experiência de conversão a que fomos chamados na quarta-feira de cinzas. Fomos chamados a vivermos o jejum, a oração e a esmola, como gestos e práticas que nos preparam para a Páscoa.

Os cristãos são chamados a deixar resplandecer, em suas atitudes, o rosto amável de Cristo junto aos irmãos necessitados. Àqueles que precisam não somente de pão material, mas também são carentes da água viva que dá sentido e força ao existir de todos que peregrinam neste mundo.

Rezemos por todos os cristãos para que sejam discípulos missionários de Jesus Cristo e, sobretudo, pelos que fizeram uma experiência de encontro recente com ele para que perseverem no seu caminhar com o Senhor e que rezem sempre como o salmo 94(95): “Vinde, exultemos de alegria no Senhor, aclamemos o Rochedo que nos salva! Ao seu encontro caminhemos com louvores, e com cantos de alegria o celebremos!” Amém.