13º Domingo do Tempo Comum, Ano C, São Lucas

 

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⇒ Intenções do Santo Padre, o Papa Francisco: Pelas famílias cristãs ⇐

 

Leituras: 1Rs 19,16b.19-21; Sl 15(16),1-2a.5.7-8.9-10.11 (R. cf. 5a); Gl 3,26-29; Lc 9,51-62

 

⇒ HOMILIA ⇐

 

O Caminho de Jesus

Lc 9,51-62

 

Meus irmãos e irmãs, a Liturgia deste 13º Domingo do Tempo Comum nos ensina como caminhar com Jesus e segui-Lo de coração desprendido, cheio de paz, atento e entregue em favor do Reino de Deus. E o Evangelho desta Liturgia está Lc 9, 51-62.

A Liturgia deste Domingo, portanto, nos fala de chamado, de escolhas, de decisão, de envio, de caminhada. Jesus, prestes a iniciar Sua caminhada para Jerusalém, envia mensageiros à sua frente para preparar hospedagem.

No primeiro momento Jesus não é acolhido em Samaria. Tiago e João não acolhem muito bem negativa dos samaritanos e querem reagir com vingança, mas nesse momento são repreendidos por Jesus (cf. Lc 9, 54-55). Para caminhar com Jesus faz-se necessário que o discípulo esteja preparado para lidar com as rejeições, com as frustrações e os obstáculos que vão surgindo na caminhada. Não pode carregar um coração vingativo e violento, pois isso desvirtua o foco do discipulado e se perde o objetivo da missão em favor do Reino de Deus.

Jesus caminha para Jerusalém e não caminhará sozinho, contará sim, com os seus discípulos. Mas, também ao longo desta caminhada Ele contará com outros pretendentes ao discipulado, que, com diversas atitudes querem O seguir. Um se dispõe com muita euforia, para seguir Jesus, mas o Mestre o adverte das exigências desse compromisso (cf. Lc 9,58).

A outro Jesus chama, mas, este quer deixar seu pai morrer primeiro para depois se decidir e seguir o Senhor. Jesus alerta sobre a necessidade e urgência do anúncio do Reino de Deus (cf. Lc 9,59-60). E ainda há outra pessoa quer caminhar como discípulo, porém, depois que se despedir de seus familiares. A esse Jesus responde: “quem põe a mão no arado e olha para trás não está apto para o Reino de Deus. Portanto, não há tempo, não é possível, não se está apto aquele que põe seu olhar para trás, pois para seguir o Senhor é preciso olhar para frente e seguir o caminho com o Mestre.

Na primeira leitura desta Liturgia, Eliseu pediu a Elias para beijar seu pai e sua mãe primeiro para se despedir e depois seguir. Elias permitiu, mas, ao mesmo tempo, foi enfático, ao dizer que, retornasse logo. E Eliseu teve uma atitude de desprendimento muito relevante: se desfez da junta de boi, e usou a lenha do arado e da canga a fim de fazer um churrasco para o seu povo (cf. 1Rs 19,21). Nada ficou para trás, Eliseu, herdou o manto de Elias e seguiu em frente, seguiu em liberdade e em missão, sendo um grande profeta de Deus (cf.Rs 19,19).

A liberdade em Cristo é a grande dádiva que faz o discípulo seguir desprendido, com coragem e amor, no caminho com o Senhor. São Paulo na sua carta aos Gálatas nos fala da liberdade conduzida pelo Espírito (cf. Gl 5,18) e não a liberdade determinada pelos desejos, vontades e desvios irracionais.

Na atualidade, há a concepção de uma liberdade segundo nossos instintos, desejos e vontades disfuncionais. Trata-se de uma concepção que desvirtua o verdadeiro conceito humano da liberdade a qual faz cada pessoa decidir sobre o que dá sentido e direção à sua vida, à sua vocação e a sua missão neste mundo. A liberdade segundo o Espírito orienta a pessoa para o equilíbrio e a justa medida na sua existência.

Portanto, irmão e irmãs, seguir o caminho de Jesus, exige do discípulo desprendimento, foco nas escolhas, coração cheio de paz e sem rancor, com atitudes de liberdade, guiadas pelo o Espírito Santo de Deus. Busquemos a luz e a força do Espírito Santo para buscarmos seguir o caminho com o Senhor com inteira liberdade que vem d’Ele pelo Seu amor e Sua graça! Amém!

 

*   *   *

 

⇒ POESIA ⇐

Seguir para Frente com o Senhor

 

Seguir ao Senhor,
Exige certeza,
Um olhar para frente,
Não apego ao passado,
Caminho focado,
De discípulo crente,
Amor exigente,
Com o Bem-Amado!
*
Seguir ao Senhor,
É perseverança,
Forte decisão,
Força criativa,
Uma missão viva,
Sem acomodação,
Amor decisão,
Caminhar que cativa!
*
Seguir o Senhor,
Pé firme no chão,
Livre como o passarinho,
No amor e na acolhida,
Nas questões da vida,
Sem ficar sozinho,
Focando o caminho,
Sem contar a despedida.
*
Seguir ao Senhor,
Com real liberdade,
E o Espírito guiando,
Enchendo o coração,
Com paz e gratidão,
Em frente caminhando,
O Reino anunciando,
Quão sublime missão!

*   *   *

 

Obra: “With Passover Approaching, Jesus Goes Up to Jerusalem”, de J. Tissot (1836-1902). In brooklynmuseum.org.

 

⇒ Que a Palavra e a Luz de Nosso Senhor Jesus Cristo, que nos ensina a segui-Lo de coração desprendido e cheio de paz em favor do Reino de Deus, ilumine o seu caminho! 

 

 

12º Domingo do Tempo Comum, Ano C, São Lucas

 

⇒ Ano “Família Amoris Lætitia” (2021/2022) ⇐
⇒ Intenções do Santo Padre, o Papa Francisco: Pelas famílias cristãs ⇐

 

Leituras: Zc 12,10-11; 13,1; Sl 62(63),2abcd.2e-4.5-6.8-9 (R. 2ce); Gl 3,26-29; Lc 9,18-24

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

 

A Identidade de Jesus

Lc 9,18-24

 

Meus irmãos e irmãs, a Liturgia do  do 12º Domingo do Tempo Comum, nos motiva a contemplar Jesus, “verdadeiro Deus e verdadeiro homem” (cf. CIgC 464) quando está em oração com os Seus discípulos. E o Evangelho desta Liturgia está em Lc 9,18-24, sequência do Evangelho da Solenidade de Corpus Christi e última passagem, neste Ano Litúrgico, da quarta parte do Evangelho Segundo São Lucas intitulada “Ministério de Jesus na Galileia” (cf. Lc 4,14-9,50).

Nesta Liturgia, Nosso Senhor está em algum lugar entre um deserto próximo de Betsaida (cf. Lc 9,10) e o território de Cesareia de Filipe (cf. Mt 16,13; Mc 8,27), no extremo norte da Terra Prometida e distante sessenta quilômetros de Damasco.

Nesta Liturgia, portanto, a Igreja nos coloca novamente em um Domingo do Tempo Comum, agora na segunda etapa, que é um tempo em que revivemos tudo o que Jesus ensinou e praticou para nossa salvação. Consequentemente a espiritualidade nos impele à vivência do Reino de Deus e nos ensina que os cristãos são sinais do Reino de Deus.

No Evangelho de hoje, evangelista São Lucas nos apresenta duas perguntas concretas sobre a pessoa de Jesus (cf. Lc 9,18-24). Primeiro: o que as pessoas dizem sobre Ele? Depois, Ele se dirige aos discípulos e pergunta: E vós, quem dizeis que Eu Sou? Neste trecho podemos constatar o testemunho de Pedro na sua profissão de fé quando responde a Jesus: “és o Cristo de Deus” (Lc 9,20). Em outras palavras: és o Ungido, o Escolhido ou o Enviado do Pai.

O Evangelho prossegue com mais dois momentos bem distintos: Jesus apresenta o primeiro anúncio da sua paixão, morte e Ressurreição – “O Filho do Homem deve sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e doutores da Lei, deve ser morto e ressuscitar no terceiro dia” (cf. Lc 9,22). Depois Jesus fala para os discípulos sobre as condições para segui-Lo (cf. Lc 9,23-24). Para quem quer segui-Lo, deve saber que neste caminho encontrará o sofrimento, a perseguição, a cruz.

No tempo dos discípulos, naquele momento, a pergunta era mais para Jesus na Sua natureza humana entre os homens (o Jesus histórico) do que para a natureza divina (o enviado do Pai). Necessariamente se teria uma resposta da parte dos que estavam convivendo com Ele na sua caminhada (os discípulos) e outra resposta da parte dos que viam Jesus de longe, nas Suas pregações, milagres e curas ou os que ouviam falar d’Ele.

Os curados ou convertidos conseguiam vê-Lo como um grande profeta e os fariseus e outras autoridades religiosas tinham Jesus como um blasfemo, um agitador do povo. Mesmo as Escrituras mostrando sobre a vinda de Deus aos homens; mesmo os profetas anunciando a realidade da qual Jesus viveria, não era suficiente, não era possível acolher a mensagem do Filho de Deus. O profeta Zacarias, na primeira leitura de hoje, faz referência ao que Jesus iria passar (a cruz): “Naquele dia, haverá um grande pranto em Jerusalém” (Zc 12,11).

Quanto à resposta de Pedro [“és o Cristo de Deus” (Lc 9,20)], esta deve ser também a resposta dos que hoje vivem a experiência do Ressuscitado na comunidade dos batizados, dos que buscam viver mais fortemente a comunhão. Ou seja, os que vivem a experiência de oração com o Senhor, na Eucaristia, na escuta da Palavra e o veem como o Deus que salva, que os ama e que está glorificado, Ressuscitado, para glorificar todos aqueles que abraçaram o Seu amor e se abriram para o infinito da vida celestial.

Porém existem muitos que o enxerga como o “reencarnado”, o “curandeiro”, o “mago”, o “psicólogo”, o “sociólogo”, o “grande profeta” etc… Menos como “verdadeiro Deus e verdadeiro homem” (CIgC 464). Isto é o que lemos como títulos de diversos livros e outras publicações espalhados pelas redes sociais.

Agora podemos também nos perguntar: quem é Jesus para nós enquanto batizados? Como acolhemos a sua proposta de vida em nosso caminhar, na claridade dos nossos dias e também nas nossas “noites escuras”?

É importante refletir que a nossa vida de cristãos tem estas três dimensões espirituais e humanas apontadas no Evangelho de Lucas: a oração com o Senhor; a fé na sua Ressurreição e consequentemente na nossa; e a consciência de que no caminho do Senhor sempre teremos cruz. Sempre teremos desafios a superar, mas temos uma certeza: Ele está conosco nos fazendo uma comunidade fraterna, nos tornando irmãos e irmãs como referência para a paz e a fraternidade no mundo e, ao mesmo tempo, nos encaminhando para a vitória, nos conduzindo e nos preparando para o Céu.

Esta experiência de compromisso nasce do nosso batismo como nos fala são Paulo na segunda leitura desta Liturgia: “Vós todos que fostes batizados em Cristo vos revestistes de Cristo” (Gl 3,27). Portanto, irmãos e irmãs, aos batizados que vivem a experiência de comunidade têm o compromisso de viverem as mesmas atitudes de Cristo, porque são revestidos da Sua presença e vida. E aos que estão de fora também o nosso mandato de anunciarmos a Boa-Nova do Reino, para que estes possam viver um reencontro com Senhor, um encontro com o Senhor, pois que somente n’Ele encontramos a liberdade, a paz e a felicidade perfeita.

A nossa adesão perseverante e consciente ao seu caminho é nossa melhor resposta ao que ele nos perguntou: “E vós, quem dizeis que Eu Sou?” E os cristãos darão sempre uma resposta de fé e que deve ser de plena convicção, quando na oração Eucarística o sacerdote anuncia o mistério da fé e nós respondemos: “Todas as vezes que comemos deste pão e bebemos deste cálice, anunciamos, Senhor, a vossa morte, enquanto esperamos a vossa vinda!”

Peçamos a intercessão da Virgem de Nazaré, Mãe de Deus e Nossa, para que possamos ser humildes e perseverantes diante das tentações que buscam nos afastar de Nosso Senhor Jesus Cristo, “verdadeiro Deus e verdadeiro homem”. Amém.

 

*   *   *

 

⇒ POESIA ⇐

Quem é este Senhor?

 

Quem é este Senhor?
Repleto de paz,
Que o amor nos traz,
Que nos questiona,
Mas não nos aprisiona,
Que nos mostra o caminho,
E não nos deixa sozinho.
*
Quem é este Senhor?
Primeiro vivente,
Que de repente,
Faz-me parar,
Para meditar,
E vai me perguntando,
Quando eu vou caminhando.
*
Quem é este Senhor?
Que me é sincero,
Quando não espero,
Fazendo-me rezar,
Para a cruz carregar,
Sem decepção,
Rumo à redenção.
*
Ele é a Verdade,
N’Ele está a Vida,
Dando-nos a medida,
Para o bem viver,
Para na fé crescer,
Todos que a Ele ama,
E não se desengana.
*
Ele é o vencedor,
O Ressuscitado,
Nosso Bem-Amado,
Que nos tira da morte,
Com Ele somos fortes,
E nas diversas dores,
Faze-nos vencedores.

 

*   *   *

 

Obra: “O Primado de São Pedro”, de J. Tissot (1836-1902). In brooklynmuseum.org.

 

⇒ Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, “verdadeiro Deus e verdadeiro homem”, ilumine o seu caminho!