12º Domingo do Tempo Comum, Ano C, São Lucas

 

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Leituras: Zc 12,10-11; 13,1; Sl 62(63),2abcd.2e-4.5-6.8-9 (R. 2ce); Gl 3,26-29; Lc 9,18-24

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

 

A Identidade de Jesus

Lc 9,18-24

 

Meus irmãos e irmãs, a Liturgia do  do 12º Domingo do Tempo Comum, nos motiva a contemplar Jesus, “verdadeiro Deus e verdadeiro homem” (cf. CIgC 464) quando está em oração com os Seus discípulos. E o Evangelho desta Liturgia está em Lc 9,18-24, sequência do Evangelho da Solenidade de Corpus Christi e última passagem, neste Ano Litúrgico, da quarta parte do Evangelho Segundo São Lucas intitulada “Ministério de Jesus na Galileia” (cf. Lc 4,14-9,50).

Nesta Liturgia, Nosso Senhor está em algum lugar entre um deserto próximo de Betsaida (cf. Lc 9,10) e o território de Cesareia de Filipe (cf. Mt 16,13; Mc 8,27), no extremo norte da Terra Prometida e distante sessenta quilômetros de Damasco.

Nesta Liturgia, portanto, a Igreja nos coloca novamente em um Domingo do Tempo Comum, agora na segunda etapa, que é um tempo em que revivemos tudo o que Jesus ensinou e praticou para nossa salvação. Consequentemente a espiritualidade nos impele à vivência do Reino de Deus e nos ensina que os cristãos são sinais do Reino de Deus.

No Evangelho de hoje, evangelista São Lucas nos apresenta duas perguntas concretas sobre a pessoa de Jesus (cf. Lc 9,18-24). Primeiro: o que as pessoas dizem sobre Ele? Depois, Ele se dirige aos discípulos e pergunta: E vós, quem dizeis que Eu Sou? Neste trecho podemos constatar o testemunho de Pedro na sua profissão de fé quando responde a Jesus: “és o Cristo de Deus” (Lc 9,20). Em outras palavras: és o Ungido, o Escolhido ou o Enviado do Pai.

O Evangelho prossegue com mais dois momentos bem distintos: Jesus apresenta o primeiro anúncio da sua paixão, morte e Ressurreição – “O Filho do Homem deve sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e doutores da Lei, deve ser morto e ressuscitar no terceiro dia” (cf. Lc 9,22). Depois Jesus fala para os discípulos sobre as condições para segui-Lo (cf. Lc 9,23-24). Para quem quer segui-Lo, deve saber que neste caminho encontrará o sofrimento, a perseguição, a cruz.

No tempo dos discípulos, naquele momento, a pergunta era mais para Jesus na Sua natureza humana entre os homens (o Jesus histórico) do que para a natureza divina (o enviado do Pai). Necessariamente se teria uma resposta da parte dos que estavam convivendo com Ele na sua caminhada (os discípulos) e outra resposta da parte dos que viam Jesus de longe, nas Suas pregações, milagres e curas ou os que ouviam falar d’Ele.

Os curados ou convertidos conseguiam vê-Lo como um grande profeta e os fariseus e outras autoridades religiosas tinham Jesus como um blasfemo, um agitador do povo. Mesmo as Escrituras mostrando sobre a vinda de Deus aos homens; mesmo os profetas anunciando a realidade da qual Jesus viveria, não era suficiente, não era possível acolher a mensagem do Filho de Deus. O profeta Zacarias, na primeira leitura de hoje, faz referência ao que Jesus iria passar (a cruz): “Naquele dia, haverá um grande pranto em Jerusalém” (Zc 12,11).

Quanto à resposta de Pedro [“és o Cristo de Deus” (Lc 9,20)], esta deve ser também a resposta dos que hoje vivem a experiência do Ressuscitado na comunidade dos batizados, dos que buscam viver mais fortemente a comunhão. Ou seja, os que vivem a experiência de oração com o Senhor, na Eucaristia, na escuta da Palavra e o veem como o Deus que salva, que os ama e que está glorificado, Ressuscitado, para glorificar todos aqueles que abraçaram o Seu amor e se abriram para o infinito da vida celestial.

Porém existem muitos que o enxerga como o “reencarnado”, o “curandeiro”, o “mago”, o “psicólogo”, o “sociólogo”, o “grande profeta” etc… Menos como “verdadeiro Deus e verdadeiro homem” (CIgC 464). Isto é o que lemos como títulos de diversos livros e outras publicações espalhados pelas redes sociais.

Agora podemos também nos perguntar: quem é Jesus para nós enquanto batizados? Como acolhemos a sua proposta de vida em nosso caminhar, na claridade dos nossos dias e também nas nossas “noites escuras”?

É importante refletir que a nossa vida de cristãos tem estas três dimensões espirituais e humanas apontadas no Evangelho de Lucas: a oração com o Senhor; a fé na sua Ressurreição e consequentemente na nossa; e a consciência de que no caminho do Senhor sempre teremos cruz. Sempre teremos desafios a superar, mas temos uma certeza: Ele está conosco nos fazendo uma comunidade fraterna, nos tornando irmãos e irmãs como referência para a paz e a fraternidade no mundo e, ao mesmo tempo, nos encaminhando para a vitória, nos conduzindo e nos preparando para o Céu.

Esta experiência de compromisso nasce do nosso batismo como nos fala são Paulo na segunda leitura desta Liturgia: “Vós todos que fostes batizados em Cristo vos revestistes de Cristo” (Gl 3,27). Portanto, irmãos e irmãs, aos batizados que vivem a experiência de comunidade têm o compromisso de viverem as mesmas atitudes de Cristo, porque são revestidos da Sua presença e vida. E aos que estão de fora também o nosso mandato de anunciarmos a Boa-Nova do Reino, para que estes possam viver um reencontro com Senhor, um encontro com o Senhor, pois que somente n’Ele encontramos a liberdade, a paz e a felicidade perfeita.

A nossa adesão perseverante e consciente ao seu caminho é nossa melhor resposta ao que ele nos perguntou: “E vós, quem dizeis que Eu Sou?” E os cristãos darão sempre uma resposta de fé e que deve ser de plena convicção, quando na oração Eucarística o sacerdote anuncia o mistério da fé e nós respondemos: “Todas as vezes que comemos deste pão e bebemos deste cálice, anunciamos, Senhor, a vossa morte, enquanto esperamos a vossa vinda!”

Peçamos a intercessão da Virgem de Nazaré, Mãe de Deus e Nossa, para que possamos ser humildes e perseverantes diante das tentações que buscam nos afastar de Nosso Senhor Jesus Cristo, “verdadeiro Deus e verdadeiro homem”. Amém.

 

*   *   *

 

⇒ POESIA ⇐

Quem é este Senhor?

 

Quem é este Senhor?
Repleto de paz,
Que o amor nos traz,
Que nos questiona,
Mas não nos aprisiona,
Que nos mostra o caminho,
E não nos deixa sozinho.
*
Quem é este Senhor?
Primeiro vivente,
Que de repente,
Faz-me parar,
Para meditar,
E vai me perguntando,
Quando eu vou caminhando.
*
Quem é este Senhor?
Que me é sincero,
Quando não espero,
Fazendo-me rezar,
Para a cruz carregar,
Sem decepção,
Rumo à redenção.
*
Ele é a Verdade,
N’Ele está a Vida,
Dando-nos a medida,
Para o bem viver,
Para na fé crescer,
Todos que a Ele ama,
E não se desengana.
*
Ele é o vencedor,
O Ressuscitado,
Nosso Bem-Amado,
Que nos tira da morte,
Com Ele somos fortes,
E nas diversas dores,
Faze-nos vencedores.

 

*   *   *

 

Obra: “O Primado de São Pedro”, de J. Tissot (1836-1902). In brooklynmuseum.org.

 

⇒ Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, “verdadeiro Deus e verdadeiro homem”, ilumine o seu caminho! 

 

 

XXXII Domingo do Tempo Comum, Ano A, São Mateus

 

Leituras: Sb 6,12-16; Sl 63(62); 1Ts 4,13-18; Mt 25,1-13

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

Vigiar para o Encontro com o Senhor

Mt 25,1-13

 

Meus irmãos e minhas irmãs, o mistério pascal da Liturgia do XXXII Domingo do Tempo Comum nos motiva a estar vigilantes para o encontro com o Senhor. E o Evangelho desta Solenidade está em Mt 25,1-13.

“Ficai vigiando, pois não sabeis qual será o dia nem a hora” (Mt 25,13). O que se faz necessário para que sejamos vigilantes como nos fala Jesus? Será que a resposta ao chamado para a festa da vida, que se dá no culto e na missão, está alimentada pelo azeite, o amor, que alimenta a chama da fé para o encontro com o Senhor? Na realidade social podemos perceber comportamentos como as posturas das dez virgens no Evangelho desta Liturgia.

Esta Liturgia já nos encaminha para o final do Tempo Comum e nos reporta ao julgamento de Cristo, Rei do Universo. Por isso que o Evangelho nos motiva a refletirmos sobre o sentido da vigilância. E o que é ser prudente, ser vigilante, e carregar o azeite que mantem a acesa a chama da esperança para a chegada do Noivo? É exatamente viver alimentado pelo óleo do amor, da justiça e da presença do Espírito Santo.

Uns são mais prudentes na sua experiência de encontro com o Senhor pela oração e adoração. Outros vivem meio desligados do seu papel e mergulhados na desmotivação do sentido de sua existência em Cristo. Outros ainda estão alheios às exigências evangélicas. E um último grupo está centrado nas normas e no culto mais como uma obrigação do que como uma necessidade de encontrar com o Noivo e alimentar o sentido de sua vida.

E a imprudência? Como se apresenta hoje na vida do Cristão? Está na atitude que se dá pelo abandono dos valores do Evangelho; quando se banaliza e se relativiza os valores do Reino. Está na incoerência da pregação quando se proclama a prosperidade na aquisição dos bens materiais e no acúmulo do dinheiro. Também quando se abandona a prática da justiça e da caridade e se prega a Palavra em favor das conveniências pessoais e dos interesses individualistas e de dominação.

A Palavra de Deus nos pede que se proclame o amor, a justiça, a vida, a esperança, a fraternidade e a paz. Este é o conteúdo das nossas lâmpadas em virtude do encontro com o esposo da Igreja, Jesus Cristo ressuscitado, que sempre nos convida para a festa da sua Palavra e do seu Corpo.

A cada Eucaristia que nós participamos, nós abastecemos a lâmpada da fé, da esperança e da caridade para o encontro com o Senhor. Preparamo-nos prudentemente para a chegada do Noivo a cada encontro na comunidade, onde se partilha a Palavra de Deus e se reflete sobre a fraternidade, a comunhão entre os irmãos e a busca da justiça.

A ação missionária que constrói o Reino de Deus é outra maneira de se viver em vigilância para a grande festa da vida e da salvação. Cristo espera que todos estejam preparados para a sua chegada e com a lâmpada abastecida e o coração alegre para o encontro.

Acolhamos os conselhos da primeira leitura que nos indica que a Sabedoria, que é o próprio Deus, se deixa encontrar pelos que querem (cf. Sb 6,12-16). Com a Sabedoria o homem pode buscar o sentido, o azeite, o azeite da sua existência no mundo, como filho do Deus vivo que é puro amor e quer encontra-lo sempre para festa da vida e da comunhão.

 

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⇒ POESIA ⇐

A Sabedoria em Vigiar

Vigiar é sabedoria,
Para seguir o Caminho,
Da prudência e do bem,
Dos que não vivem sozinhos,
Que abastecem o coração,
Com azeite da oração,
Na entrega e no carinho.

Vigiar é atenção,
À Palavra do Senhor,
Que é o Verbo da vida,
Repleta do pleno amor,
É viver sempre atento,
Pela escuta e seguimento,
Ele, o Noivo, o Salvador.

Vigiar é caridade,
Que se dá em nossa missão,
Na doação e na ajuda,
Em favor do nosso irmão,
É ser luz e sal da terra,
Plantar paz em vez da guerra,
Em favor da união.

Vigiar é prontidão,
Para a festa prometida,
Que se dá pela presença,
De Cristo e sua acolhida,
Que vem a qualquer momento,
Precisamos estar atentos,
Para o encontro da vida.

Vigiar é oração,
Que vem nos abastecer,
Com a chama da alegria,
Que nos ajuda a viver,
Dando à vida um sentido,
Ao caminho percorrido,
Para o Reino acontecer.

Vigiar é movimento,
Na santa Sabedoria,
É a busca do encontro,
Rumo à Eucaristia,
É viver sendo prudente,
E o Senhor que está presente,
Com o Evangelho da alegria.

 

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*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que nos motiva a estar vigilantes para o encontro com Ele, ilumine o seu caminho! ***