XIV Domingo do Tempo Comum, Ano A, São Mateus

 

Leituras: Za 9,9-10; Sl 144(145); Rm 8,9-11.13; Mt 11,25-30

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

A Palavra de Jesus é um jugo suave

Mt 11,25-30

 

Meus irmãos e irmãs, celebramos hoje o mistério pascal apresentado pela liturgia do XIV Domingo do Tempo Comum, que ressoa em nossos ouvidos o chamado libertador de Jesus: “Vinde a mim todos vós que estais cansados e fatigados sob o peso dos vossos fardos, e eu vos darei descanso.” (Mt 11,28). Diante deste chamado, contemplamos o quão maravilhoso é o nosso Deus que, em vez de nos impor obrigações e tecer, nos oferece descanso e refúgio. Neste sentido o Senhor nos leva também a nos perguntar: O que causa os nossos sofrimentos? Quais nossos fardos? E o Evangelho deste Domingo está em Mateus (11,25-30).

Naquele tempo, Jesus percebeu o cansaço dos galileus – trabalhadores da roça, pescadores, mulheres. Eram oprimidos com o jugo do Império Romano em consonância com as autoridades judaicas. Viviam e sofriam às margens sociais e econômicas. Eram julgados pelo peso das tantas normas religiosas e políticas. As palavras simples de Jesus chegavam àquelas pessoas, porque ele se compadecia do cansaço e dos pesados fardos de seu povo. Suas palavras curavam, aliviavam o sofrimento, faziam muita gente tomar uma nova direção em suas vidas, encontrando o sentido de sua existência.

Também sentimos, muitas vezes, o cansaço como consequência do dia a dia. O tempo é pouco na nossa rotina, impossibilitando o descanso e o alimento do Espírito. E assim, dificilmente, nossas férias oferecem descanso e relaxamento. Somos oprimidos e sufocados por tantas obrigações às quais nos impedem do encontro restaurador conosco, com Deus e também com o outro. Precisamos buscar no Senhor o nosso repouso e a vida de verdade. Muitas vezes nos afogamos no ativismo e no barulho, obstáculos para o rezar e o meditar sobre o sentido de nosso existir.

Outro aspecto que podemos também refletir inspirado neste Evangelho dês XIV Domingo do Tempo Comum é que, na atualidade, também sentimos o peso das leis de morte, de opressão, de mentiras que maltratam os pobres (os pequeninos), colando o fardo da fome, do desemprego e da desigualdade social. Além da corrupção que massacra grande parte da população mundial. Como nos diz o papa Francisco: “os pobres são os primeiros a sentir os efeitos da corrupção.”[1]

E diante da mensagem de Jesus, de que seu jugo é suave e o seu fardo é leve (cf. Mt 11,30), podemos entender que a primeira e a principal lei de Cristo é o amor e a misericórdia, um messianismo diferente, mas que já havia sido predito pelos profetas como nos indica a primeira leitura desta Liturgia (cf. Zc 9,9-10). Deus acolhe a pessoa como ela é, nas suas fragilidades e angústias para depois propor o caminho, que é libertador e salvador. O jugo leve é esta forma de Jesus pregar o Reino no mundo. Jesus acolhe com amor, cuida das feridas e restaura os que o buscam ou os que são chamados por ele.

Os discípulos de Cristo foram os primeiros a serem cuidados por ele e iniciaram um processo de um novo caminhar. Eles são os pequeninos a quem Jesus se dirige e quer que encontrem segurança e repouso. Os pequeninos foram escolhidos no meio do povo, homens simples, mas abertos à mensagem do Reino.

Os batizados tem o Espírito de Cristo (cf. Rm 8,9) e vivem na certeza de que o nosso Deus é amor e humildade e nos ensina a vivermos neste mundo. Também como cristãos somos agraciados pela força do Senhor que nos deu vida nova. Nele, aliviamos nossos fardos diários, quando somos alimentados pela Palavra e pela Eucaristia. Porque o Senhor “sustenta todo aquele que vacila e levanta todo aquele que tombou” (Sl 144,14). Amém.

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[1] PAPA FRANCISCO. Papa: os pobres são os primeiros a sentir efeitos da corrupção. Disponível em: <http://br.radiovaticana.va/news/2017/06/30/papa_os_pobres_s%C3%A3o_os_primeiros_a_sentir_a_corrup%C3%A7%C3%A3o/1322324>. Acesso em: 7 jul. 2017.

 

 

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⇒ POESIA ⇐

O descanso com o Senhor

 

“Vinde a mim os que estão cansados”,
Diz o Senhor a nos acolher,
Pois sua Palavra é luz a nos fortalecer,
Faz nascer a esperança e traz o ardor,
Quer que vençamos as fadigas a nos invadir,
Para superarmos o cansaço e assim prosseguir,
Nesta vida alimentada pela fé e o amor.

“Aprendei de mim que sou manso e humilde”,
Outro convite que nos vem ressoar,
Porque sua mensagem nos vem libertar,
Tirando o cansaço que a vida quer nos trazer,
Para caminharmos rumo a libertação,
Vivendo a cura do nosso coração,
Que no Senhor quer se converter.

Tomai sobre vós o meu jugo,
É a promessa segura que vem do Senhor,
Julgamento realizado pelo seu amor,
Que alivia o peso da condenação,
Pois sua lei é para a liberdade,
Realiza-se pelo cuidado e pela caridade,
Buscando tirar todos nós da perdição.

Sou manso e humilde de coração,
Esta é a atitude do Mestre a nos ensinar,
Ação do Santo Espírito a nos iluminar,
Que mora em nós e nos dá a vida,
Porque o que atrai é a humildade,
Prática de quem busca a santidade,
E quer ser um porto de acolhida.

Só no Senhor o repouso completo,
Que nos preenche e nos dá sentido,
Deixando nosso ser fortalecido,
Quando nas labutas da peregrinação,
Precisamos parar em nossa estrada,
E quando vem o cansaço da jornada,
Consequência do caminhar na missão.

Seja o Senhor o alimento procurado,
Quando paramos para nos abastecer,
Acolhendo a Palavra a nos preencher,
Sentando-se à mesa da fraternidade,
Para partilhar da santa refeição,
Comida e bebida que gera união,
Que sustenta a vida da comunidade.

 

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*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que é manso e humilde de coração, ilumine o seu caminho! ***