XII Domingo do Tempo Comum, Ano A, São Mateus

 

Leituras: Jr 20,10-13; Sl 69(68); Rm 5,12-15; Mt 10,26-33

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

Não ter medo de anunciar

Mt 10,23-33

 

Meus irmãos e irmãs, estamos no 12º Domingo do Tempo Comum, quando a Liturgia da Palavra nos apresenta o texto do Evangelho de Mateus (Mt 10,26-33). “Não tenhais medo dos homensNão há nada que esteja escondido que não seja revelado” (Mt 10,26). s poderes do mundo tentam esconder suas tramas e seus planos, mas o Evangelho é luz na escuridão, pois ilumina e faz aparecer a verdade que está escondida.

As consequências da pregação nem sempre são as multidões em louvores ou as igrejas cheias. Muitas vezes é viver em meio ao medo e às fugas. Para isso, precisamos buscar a coragem e a luz no Espírito Santo para seguirmos. Ser discípulo é, em muitos momentos, viver o desprendimento, a entrega total da vida e caminhar também ao encontro da morte do corpo material. Na história cristã, muitos entregaram seu corpo através do batismo de sangue (martírio), por que, pela vivência da dimensão profética, colocaram toda sua esperança e força em Cristo.

Ao apresentar a proposta do Reino Divino, em diversos momentos, podemos até encontrar hostilidade e perseguição, pois a Palavra semeada traz provocações contra as ideologias que estimulam a opressão, a alienação, a manipulação e o relativismo.

Esta Liturgia nos vem mostrar que viver o Evangelho também traz sacrifícios em favor de um propósito. Deixar que a luz da Palavra ilumine a vida das pessoas para não serem manipuladas pode causar a intriga e a perseguição por parte dos ideólogos da opressão e da manipulação.

O profeta, Jeremias nos apresenta um destino daqueles que lutam pelo bem comum das pessoas, que sofrem com a iminente invasão do rei da Babilônia. Diante da opressão ele grita e lamenta: “Eu ouvi as injúrias de tantos homens e os vi espalhando o medo em redor: denunciai-o, denunciemo-lo” (Jr 20,10). Este texto prefigura o Evangelho: ser profeta é perceber a realidade de sofrimento e denunciá-la, sem medo. Não podemos ficar alheios ao chão que pisamos. A Palavra de Deus deve nos ajudar em nossa percepção acerca dos que sofrem.

Devemos denunciar os frutos do pecado iniciados com o primeiro homem, o velho Adão. Pelo pecado entrou a morte (cf. Rm 5,12). Em Cristo, o novo Adão, somos inseridos na vida e na luta contra a morte eterna.

Na comunidade cristã deve reinar um ambiente de segurança e de coragem, pois ela deve está fundamentada pela alegria e pela força do Evangelho. Em contrapartida, a comunidade deve apresentar a misericórdia de Deus como o sinal de salvação.

Portanto, levemos ao nosso coração o conselho desta Liturgia: “O que vos digo na escuridão, dizei-o à luz do dia; o que escutai ao pé do ouvido, proclamai-o sobre os telhados!” (Mt 10,27). Que a experiência com a Palavra e a vida de intimidade com o Senhor nos faça proclamadores ao mundo no dia a dia de nossa missão.

E nos momentos de aflições e inquietações, nossa ou do próximo, elevemos nossa oração de confiança e entrega a Deus como nos reza o salmista: “Elevo para vós minha oração, neste tempo favorável, Senhor Deus! Respondei-me pelo vosso imenso amor, pela vossa salvação que nunca falha! Senhor ouvi-me, pois suave é vossa graça, ponde os olhos sobre mim com grande amor.” [Sl 69(68)]. Amém.

 

***

⇒ POESIA ⇐

O Evangelho vence o medo

 

Pregar o Santo Evangelho,
Não é status e honraria,
Mas um mandato exigente,
Que se vive a cada dia,
Muitas vezes vem o medo,
Que espanta a alegria.

Com Cristo vencemos o medo,
Das garras da perseguição,
Dos fortes maus-tratos terrenos,
Consequência da missão,
Dos fracassos e da morte
Que causam a desilusão.

Como discípulos amados
Queremos seguir em frente,
Vencer as tantas barreiras,
Que enfrenta o povo crente,
Porque Evangelizar,
É tarefa exigente.

Ser discípulos do Senhor,
Exige-se a doação,
Entregar-se a uma causa,
A favor da salvação,
Pregando sempre a verdade,
Com coragem e decisão.

Caminhar como cristão,
Com Cristo Nosso Senhor,
Vence-se o medo e a dúvida,
E afasta-se o temor,
Segue-se na segurança,
Numa trilha de amor.

A consequência do anúncio,
É também perseguição,
Pois o mundo distorcido,
Traz desprezo e opressão,
E assim os missionários,
Sofrem também a repressão.

Olhemos para os profetas,
Que foram ignorados,
Por pregarem a verdade,
Muitos foram torturados,
E nos reinos poderosos,
Os seus sangues derramados.

Que a Santa Comunhão,
Forte e vivo alimento,
Do discípulo caminheiro,
Seja sempre o alimento,
Dando força à vida inteira,
Em todos os seus momentos.

 

***

 

 

*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que orienta seus discípulos a vencerem o medo, ilumine o seu caminho! ***

 

XI Domingo do Tempo Comum, Ano A, São Mateus

 

Leituras: Ex 19,2-6a; Sl 99(100); Rm 5,6-11; Mt 9,36-10,8

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

A missão do discípulo: curar, ressuscitar, purificar, expulsar o mal

Mt 9,36-10,8

 

Na liturgia da palavra deste 11º domingo do Tempo Comum, temos o texto de Mateus (cf. 9,36-10,8). O evangelista nos apresenta Jesus se compadecendo pela multidão, porque era como que ovelhas sem pastor (cf. Mt 9,36), pois aqueles que deviam conduzir o povo (fariseus, saduceus, mestres da lei, anciãos) estavam desprezando, hostilizando, explorando as ovelhinhas de Israel. A opressão era sentida em toda a dimensão social – seja religiosa, política, econômica.

É a realidade de opressão que provoca em Jesus a compaixão, que é sentir nas entranhas a dor do sofredor, percebendo não somente a necessidade de pão orgânico, mas, sobretudo, de libertação, de justiça, de dignidade humana.

Consequentemente, Jesus percebe a necessidade de verdadeiros anunciadores do Reino e pede que se faça a oração para que o dono da messe suscite mais operários (cf. Mt 9,38) da missão salvífica, não somente depois desta vida terrena, mas ainda aqui, para que o Reino de Deus, que é amor, se faça presente na fraternidade e na paz, espalhando a Boa-Nova por entre as ovelhas perdidas (cf. Mt 10,6). O mesmo povo que, pelas mãos de Moisés, recebeu de Deus a promessa da aliança e de sua fidelidade, agora é chamado a viver a Nova Aliança. Os Doze, chamados e, ao mesmo tempo, enviados, lembra as doze tribos da aliança no Sinai, depois da libertação do Egito.

Os eleitos vão com mensagem e missão específica: anunciar que o Reino está próximo, curar os doentes, ressuscitar os mortos, purificar os leprosos, expulsar os espíritos maus (cf. Mt 10,8).

E nós, cristão de hoje, somos o povo da Nova Aliança, chamados a ter compaixão dos sofredores e a rezar para que novos evangelizadores respondam ao chamado para anunciar, com a vida, a Boa-Nova. O dono da messe continua contando com os bispos, os padres, os diáconos, os religiosos, os catequistas, os mesces, os leigos dos mais diversos apostolados, que vivem em meio a tantas doenças, violências, divisões maléficas que destroem famílias e demais relações humanas.

Podemos nos perguntar o que significou para os discípulos na Galileia e o que significa para os de hoje esta missão, a qual Jesus designou a todos nós batizados em seu nome.

Curar os enfermos é a atitude de libertá-los de tudo o que é contra a vida ou ajudar as pessoas a aceitarem as enfermidades irreversíveis, como um caminho de experiência e conversão espiritual. Ressuscitar os mortos como um processo de ajudar a reacender a esperança na vida de alguém em desespero existencial. Limpar os leprosos é a luta contra as impurezas que a mentira, a falsidade, as ações hipócritas constroem contra a humanidade; é trazer a verdade, a simplicidade, a justiça e resgatar a honradez. Expulsar os demônios é afastar tudo aquilo que é mal e que divide a vida das pessoas, combatendo a idolatria aos bens materiais e os apegos a tantas ideologias e interesses obsessivos.

Eis a missão amorosa da Igreja nos dias de hoje: fazer com que as doenças, as mortes, as lepras e os demônios sejam banidos da vida da humanidade. Fazer com que o Reino de Deus aconteça já na caminhada das comunidades, das famílias, dos grupos, dos movimentos e dos trabalhos missionários em favor da fraternidade e da paz.

Cristo é a razão da nossa existência. Por isso devemos buscar, constantemente a reconciliação com ele. São Paulo nos diz na sua carta aos Romanos: “Nós nos gloriamos em Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo. É por ele que, já desde o tempo presente, recebemos a reconciliação.” (Rm 5,11). Cristo é misericordioso e se compadece por todos nós. Ele quer curar nossas doenças e feridas, limpar nossas lepras que tanto nos oprimem, nos ressuscitar para uma vida nova e expulsar o mal que nos afasta do caminho da Salvação. Amém.

 

***

⇒ POESIA ⇐

A missão dos discípulos de Jesus

 

Eis o tamanho da messe,
Que Jesus a contemplou,
Tendo compaixão do povo,
Quando aos discípulos chamou,
Pra levar a libertação,
Pela evangelização,
Que ele mesmo instaurou.

Pra curar todos os enfermos,
Jesus chamou seguidores,
Pra levar a libertação,
Das doenças e das dores,
Pra levar o amor e a vida,
Força e paz distribuídas,
Pelos anunciadores.

Pra ressuscitar os mortos,
Dos abismos e ilusões,
Pra renascer a esperança,
As forças e as motivações,
Pra trazer a divina coragem,
De Deus retomar a imagem,
E pulsar dos corações.

Pra expulsar as tantas lepras,
Jesus também nos envia,
Limpar as tantas feridas,
Que a muitos angustia,
As mentiras combater,
A hipocrisia vencer,
E espalhar a alegria.

Nosso Senhor Jesus Cristo,
Vendo ovelhas sem pastor,
Pede-nos pra que rezemos,
Pela missão do amor,
Construir libertação,
Anunciar a salvação,
Do Reino do Criador.

Que a Palavra e a Eucaristia,
Fortifique a nós cristãos,
Pra vivermos o dia a dia,
As obras da santa missão,
E o Reino anunciarmos,
Jesus Cristo comungarmos,
Isto sim, é comunhão.

 

***

 

 

*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que orienta seus discípulos na missão de curar, ressuscitar, purificar, expulsar o mal, ilumine o seu caminho! ***

 

Santíssima Trindade, Ano A, São Mateus

 

Leituras: Ex 34,4b-6.8-9; Sl Dn 3,52-56; 2Cor 13,11-13; Jo 3,16-18

 

⇒ HOMILIA ⇐

O nosso Deus é uma Comunidade Santa

Jo 3,16-18

 

Após o domingo de Pentecostes temos a solenidade da Santíssima Trindade, de suma muita importância para os cristãos. Esta celebração é um reconhecimento à particularidade que tem o Deus dos Cristãos. Nosso Deus é comunidade perfeita: Pai e Filho e Espírito Santo. O Deus dos cristãos não é solitário. Também não está distante; ele caminha conosco, como nos prometeu o próprio Jesus Cristo: “Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo.” (Mt 28,20).

Sendo Deus presente e que está em todos os momentos, ele também é misericordioso, cheio de compaixão e de infinito amor. É Deus Pai, fonte de tudo! Que criou o mundo, nos criou e quer continuar nos recriando, pela nossa conversão, pelo seu perdão, no seu caminho de salvação. É Deus Filho, que se encarnou e veio morar conosco, nos ensinando o mandamento novo do amor, o qual supera toda a Lei e toda manipulação do poder e da escravidão. É Deus Espírito Santo, que desde a Criação pairava sobre as águas, que falou pelos profetas, que veio a Maria para a encarnação do Verbo, que soprou sobre os apóstolos e fez nascer o novo povo de Deus, a Igreja, no dia de Pentecostes.

A comunidade cristã, os batizados, pertence à família de Deus. São filhos, membros do mesmo Pai, irmãos do único Filho, Jesus Cristo, e são animados pelo mesmo Espírito.[1] E todos devem contemplar a perfeição da Santíssima Trindade como modelo para a vida da Igreja.

O evangelista João nos fala na liturgia desta solenidade: “Deus não enviou seu filho ao mundo para condená-lo, mas para que o mundo seja salvo por ele” (Jo 3,17). Muitas vezes temos uma compreensão que Deus se encarnou no mundo para ficar apontando os erros humanos a fim de condenar as pessoas de forma cruel.

O nosso Deus, Santo e Trino, não é um vigia, que fica de longe para ver nossos pecados, nossos erros. Em Jesus Cristo somos instruídos para o amor e para aprendemos a comunhão. Ele veio nos mostrar a face misericordiosa do Pai e nos ensinar como amar, perdoar e cuidar do irmão que carece de cura, de libertação e de pão. Primeiramente, nosso Deus é puro e perfeito amor.

O nosso Deus não é um castigador. Ele não castiga. Quem nos castiga é o nosso pecado, como consequência das nossas escolhas, porém às vezes equivocadas em relação ao caminho que o Senhor nos mostra. Quantas escolhas nós fazemos as quais nos levam às trilhas da perdição, do sofrimento, e às trevas do pecado. Quando reconhecemos os equívocos em nossa vida e queremos refazer o nosso caminho de volta à casa de nosso Deus, ele prontamente nos acolhe, vem e nos abraça nos devolvendo a dignidade de filhos inseridos na mesma comunidade de amor e perdão.

São Paulo, na sua segunda carta aos Coríntios, nos exorta com uma saudação muito comum em nossas celebrações: “A graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo estejam com todos vós” (2Cor 13,13). Trata-se de uma saudação trinitária. É isso que devemos fazer em primeiro lugar, no início de nossos momentos de oração, em nossos encontros, nas nossas reuniões… Todos os cristãos, quando se encontram, devem ter a consciência de estarem na presença da Trindade Santa.

Que o Pai e o Filho e o Espírito Santo nos converta com a sua Palavra e o seu Corpo, a Eucaristia, e nos Anime com o fogo do amor corajoso, esplendor da verdade Santa a fim de vivermos nossa missão de sermos sal e luz do mundo. E com perseverança e a consciência de filhos do mesmo Pai, irmãos em Cristo, sejamos iluminados e fortificados pelo amor do Espírito Santo. Amém.

 

***

[1] Cf. ARMELLINI, Fernando. Celebrando a Palavra: Ano A. 9 ed. São Paulo: Ave Maria, 2014, p. 177-183.

 

 

***

⇒ POESIA ⇐

Santíssimo Deus Trinitário

 

Deus Santíssimo e amável,
Que nos reúne no amor,
Que fica próximo de nós
Para nos dá força e vigor,
Guiando os nossos caminhos.
Que não nos deixa sozinhos,
Origem, imagem e defensor.

Deus Santíssimo e presente,
Na História da Salvação,
Que conduziu o seu povo,
Guiando-o na compaixão,
Que trouxe os mandamentos,
Dando maná como alimento,
Em busca da libertação.

Deus Santo e misericórdia,
Perfeita comunidade,
Que vence o individualismo,
A ferir a humanidade.
Deus de nossa Salvação,
Que nos faz ser comunhão,
E viver a fraternidade.

Deus Santo e Encarnado,
Rosto humano se mostrou,
Que veio nos trazer a paz,
E a verdade nos ensinou,
Conosco veio morar,
A vida nova nos dar,
Por isso ressuscitou.

Deus da vida e a da Paz,
Três pessoas em união,
Que sempre vem nos mostrar,
A romper a solidão,
Vence as trevas do egoísmo,
É contra qualquer terrorismo,
E a favor da união.

Deus Santo que nos reúne,
Pra vivermos a unidade,
Pai, Filho e Santo Espírito,
Perfeita comunidade
No templo a nos ensinar,
Ao mundo a nos enviar,
A viva fraternidade.

 

***

 

 

*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que nos mostrou a face misericordiosa de Deus, ilumine o seu caminho! ***