6º Domingo do Tempo da Páscoa, Ano C, São Lucas

 

⇒ Ano “Família Amoris Lætitia” (2021/2022) ⇐
⇒ Intenções do Santo Padre, o Papa Francisco: Pela fé dos jovens ⇐

 

Leituras: At 15,1-2.22-29; Sl 67(66); Ap 21,10-14.22-23; Jo 14,23-29

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

 

Tempo Pascal: Um Grande Domingo

Jo 14,23-29

 

Meus irmãos e irmãs, a Liturgia do 6º Domingo da Páscoa, do Ano C, neste Ano “Família Amoris Lætitia”, nos motiva a manter a contemplação no novo mandamento: amarmos uns aos outros. E o Evangelho desta Liturgia está em Jo 14,23-29, passagem que está situada no mesmo contexto bíblico do Domingo passado, isto é, “A despedida” (cf. Jo 13,31-14,31) de Jesus logo após o episódio do lava-pés.

E neste 6º Domingo, a Igreja nos conduz a uma reflexão que retoma o tema do Domingo passado: o amor é a base da vivência cristã, é o fundamento da construção de uma vida de comunhão, paz e justiça. E este amor não é abstrato, pois está voltado para a Palavra do Senhor que nos conduz ao Pai (cf. Jo 14,23).

Assim, o nosso caminhar dentro do tempo pascal chega ao 6º domingo e assim nos aproximamos do Pentecostes, momento litúrgico em que a Igreja celebra a descida do Espírito Santo sobre todos os que estavam reunidos no Cenáculo.

O amor que Nosso Senhor nos deixou é resultado da escuta e da obediência da Palavra com a iluminação do Espírito Santo prometido pelo Senhor. A luz do Espírito Santo tem iluminado a Igreja em seus desafios missionários desde início, pois o próprio Cristo prometeu: “Ele [o Espírito Santo] vos ensinará tudo e vos recordará tudo o que eu vos tenho dito” (Jo 14,26).

A primeira leitura desta Liturgia (cf. At 15,1-2.22-29) nos apresenta algumas dificuldades das primeiras comunidades, sobretudo a questão dos ritos de inserção da lei judaica (a circuncisão) que deveria ser observada pelos que se convertiam e que queriam fazer parte do grupo dos discípulos do Nazareno.

Naquele momento surge a necessidade da abertura para uma Lei que ultrapassasse o Templo e das tábuas escritas. Aqui podemos retomar o Evangelho que cita o amor (o acolhimento) como o critério principal para receber os novos convertidos no grupo dos Apóstolos.

Também percebemos a ação do Espírito Santo quando são enviados, de Jerusalém, missionários para levarem a mensagem da decisão dos Apóstolos, como relata a seguinte passagem: “Por isso, estamos enviando Judas e Silas, que pessoalmente vos transmitirão a mesma mensagem. Porque decidimos, o Espírito Santo e nós, não vos impor nenhum fardo, além destas coisas indispensáveis: abster-se de carnes sacrificadas aos ídolos, do sangue, das carnes de animais sufocados e das uniões ilegítimas.” (At 15,27-29).

Todas estas situações acima citadas são realidades que aconteceram e que acontecem entre os cristãos, pois a Igreja terrestre necessitou e necessita da conversão e da purificação constante como nos afirmou o Papa Emérito Bento XVI: “A Igreja é a esposa de Cristo, o qual a torna santa e bela com a sua graça. Contudo esta esposa, formada por seres humanos, está sempre necessitada de purificação. E uma das culpas mais graves que deturpam o rosto da Igreja é contra a sua unidade visível, sobretudo as divisões históricas que separaram os cristãos e que ainda não foram totalmente superadas”(1) . Esta purificação vem do Espírito Santo prometido por Nosso Senhor, pois é na caminhada dos primeiros anunciadores marcados pelas perseguições, opiniões diversas, discursões doutrinais que a ação de Deus, Uno e Trino, está presente.

Não podemos imaginar uma Igreja que nasceu porque os colaboradores de Jesus já eram todos santos, somente o próprio Cristo era o Deus homem, o Santo e o vencedor da morte. Para se viver a santidade todos os Apóstolos passaram pela purificação como homens terrenos, porque acolheram a força da Ressurreição e seguiram firmes na fé guiados pelo Paráclito. Os discípulos acreditarem e proclamaram as promessas de Jesus. Isso foi fundamental para que chegasse até nós o Evangelho e a mensagem da Boa-Nova.

Agora podemos nos maravilhar daquilo que o Senhor falou aos Seus discípulos na despedida logo após o lava-pés: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; mas não a dou como o mundo. Não se perturbe nem se intimide o vosso coração” (Jo 14,27).

Seguir o Senhor ressuscitado é ser guiado pela paz que nos conforta e nos deixa o coração livre para enfrentar os desafios da vida cotidiana e da missão evangelizadora.

Podemos, meditar, ainda, a partir da segunda leitura, obtida do livro do Apocalipse (cf. Ap 21,10-14.22-23), quando João, no versículo 22, nos fala do novo templo que é o próprio Senhor: “Não vi templo na cidade, pois o seu Templo é o próprio Senhor, o Deus Todo-poderoso, e o Cordeiro.” Esta deve ser a nossa compreensão de culto, pois viver a adoração ao Senhor na nova aliança agora não é mais estar preso ao espaço físico, porque se faz necessário viver o amor no mundo e saber que o Senhor está em todo lugar e inclusive em nós, em nosso coração, como templos vivos para a Sua habitação e nossa santificação.

E neste tempo da Páscoa, que temos vivido como um único dia de alegria e de ação de graças , nos preparemos para o Pentecostes com a Novena que se inicia na próxima Quinta-feira e peçamos a Nossa Senhora, Mãe da Igreja e Rainha dos Apóstolos, que ela interceda por nós para estarmos preparados para recebermos o dom da piedade, fundamental para que estejamos com firmes e prazerosos, de dia e de noite, diante do amor de Deus (cf. Sl 1,2). Amém.

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(1) Papa Bento XVI. Homilia dominical na Praça de São Pedro, 20 de janeiro de 2013. Disponível em: <http://w2.vatican.va/content/benedict-xvi/pt/angelus/2013/documents/hf_ben-xvi_ang_20130120.html>. Acesso em: 20 maio 2022.
(2) Cf. ADAM, Adolf. O Ano Litúrgico: Sua história e seu significado segundo a renovação litúrgica. São Paulo: Loyola, 2019. p. 61.

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⇒ POESIA ⇐

O Novo é o Amor


Amar, regra primeira,
E a obediência virá
Amor ilimitado,
E a Lei se cumprirá
Ouvir atento a Palavra,
E o Paráclito a guiar.
*
Acolher Nosso Senhor
Para a paz receber,
Seguir a nova Lei,
Para o outro acolher,
Não discriminar,
Seguir sem esmorecer.
*
Encontrar com os irmãos,
Pra viver comunhão,
Acolhendo aos que chegam,
Que a nós se juntarão,
Como fermentos vivos,
Novo Reino em ação.
*
Seguir sempre em missão,
Com o Espírito de Amor,
Como templos vivos e santos,
Novo culto ao Senhor.
Num caminhar de paz,
E coração em ardor.
*
Esta é a nova Lei,
Que o mundo irá seguir,
O Amor, a principal base,
E a Palavra a ouvir,
E um culto sempre novo,
Pra se construir.


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Obra: “O Último Sermão de Nosso Senhor”, In brooklynmuseum.org, de J. Tissot.

 

⇒ Que a Palavra e a Luz de Nosso Senhor Jesus Cristo, que manda que nos amemos uns aos outros, ilumine o seu caminho! 

 

 

Solenidade da Santa Mãe de Deus, Maria (2022)

⇒ Ano “Família Amoris Lætitia” (2021/2022) ⇐
⇒ 55o Dia Mundial da Paz ⇐
» Tema: A paz duradoura a partir do diálogo entre as gerações, a educação e o trabalho «

 

Leituras: Nm 6,22-27; Sl 67(66); Gl 4,4-7; Lc 2,16-21

 

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

Celebremos a Paz junto à Mãe de Deus

Lc 2,16-21

 

Meus irmãos e irmãs, neste dia 1º de janeiro celebremos a paz junto à Nossa Senhora e ao nosso Salvador, Jesus Cristo. A Liturgia da Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus, ainda no espírito do tempo do Natal, nos mantém na proximidade da revelação do mistério da encarnação do Verbo de Deus. E o Evangelho desta Liturgia está em Lc 2,16-21, ainda no contexto evangélico do “Nascimento e vida oculta de João Batista e de Jesus”.

Nesta Liturgia, Jesus está, inicialmente, envolto em faixas e, depois, sendo circuncidado, um sinal da aliança de Deus com Abraão (cf. Gn 17,1-27). Também esta Liturgia é sempre celebrada no dia 1º de janeiro, Dia Mundial da Paz, instituído por proposta do Papa São Paulo VI(1) e que neste ano a mensagem do Papa Francisco é dedicada ao tema da paz duradoura fundamentada no diálogo entre as gerações, na educação e no trabalho(2).

Nesta Liturgia, portanto, os cristãos se reúnem esperançosos, com expectativas e perspectivas, para celebrar o Dia Mundial da Paz junto com a Mãe de Deus. Ela que nos presenteou com o seu “Sim”, acolhendo e fazendo com que o Príncipe da Paz (cf. Is 9,5) pudesse nascer e reinar em nosso meio, portando a misericórdia do Pai e a Salvação para todos.

No Evangelho de hoje, São Lucas apresenta o encontro dos pastores com o Menino Jesus ainda na manjedoura, junto com Maria e José. Os pastores foram os primeiros que receberam a notícia do nascimento do Salvador. A eles cabe também o anúncio das maravilhas de Deus, louvando toda a realização divina (cf. Lc 2,17-18.20).

A Virgem guardava todos estes acontecimentos e meditava em seu coração (cf. Lc 2,19), procurando compreender todo o processo da sua resposta a Deus, quando o Anjo a visitou. A Virgem Maria também meditava porque era mulher do silêncio e da oração, na sua missão de gerar e acompanhar o Verbo na Sua caminhada terrestre entre os homens.

Neste Dia Mundial da Paz, os cristãos também pedem a bênção que vem de Deus. Bênção que é sinal de salvação como escutamos na primeira leitura desta Liturgia do livro de Números: “ ‘O Senhor te abençoe e te guarde! O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face, e se compadeça de ti! O Senhor volte para ti o seu rosto e te dê a paz!’ Assim invocarão o meu nome sobre os filhos de Israel, e eu os abençoarei”. (Nm 6,24-27).

Sobre o marco temporal de 2021 e 2022, devemos também ter em mente que se faça a vontade do Senhor e não a nossa, “assim na terra como no Céu”. Maria nos possibilita que sejamos seus filhos. Ela, que é Mãe de Deus e nossa, ela também gerou a Igreja que somos parte. Ela é a Mãe do Príncipe da Paz, também nosso irmão, nosso Deus amado que veio ficar junto de nós para nos ensinar que Deus é Pai e tem misericórdia dos pecadores, por isso vem trazer a união e a fraternidade.

Nessa relação santa de filhos, São Paulo nos fala: “Assim já não és mais escravo, mas filho; e se és filho, és também herdeiro: tudo isso, por graça de Deus.” (Gl 4,7). Temos então o temor que vem do amor e da necessidade de santificação e não o medo da condenação. Se amamos o Senhor, faremos a vontade d’Ele e por isso não devemos ter medo d’Ele porque Ele está bem próximo de nós.

Por fim, peçamos a mediação materna da Mãe do Redentor para que possamos receber o Espírito Santo, Espírito da adoção dos filhos de Deus como ensina São Paulo aos gálatas e também a nós. Amém.

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(1) Cf. PAULO VI. Mensagem para a celebração do 1º Dia Mundial da Paz. Publicado em 8 dez. 1967. Disponível em: <https://www.vatican.va/content/paul-vi/pt/messages/peace/documents/hf_p-vi_mes_19671208_i-world-day-for-peace.html>. Acesso em: 27 dez. 2021.
(2) Cf. FRANCISCO. MMensagem para a celebração do 55º Dia Mundial da Paz. Publicado em 8 dez. 1967. Disponível em: <https://www.vatican.va/content/francesco/pt/messages/peace/documents/20211208-messaggio-55giornatamondiale-pace2022.html
>. Acesso em: 27 dez. 2021.

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⇒ POESIA ⇐

Santa Mãe de Deus e Nossa


Mãe da escuta atenta,
Do silêncio e da oração,
Toda entregue por amor,
Ao Senhor da salvação,
Ensina-nos a santidade,
Mostra-nos tua serenidade,
Para a santificação.
*
Mãe de Deus e nossa Mãe,
Mãe do Príncipe da Paz,
Ensina-nos a fraternidade,
Que tanta harmonia nos traz,
Ensina-nos também a escuta,
A paciência na labuta,
Quando não somos capazes.
*
Que o nosso Príncipe da Paz,
Pela Sua encarnação,
Ajude-nos na caminhada,
E no amor entre os irmãos,
Trazendo-nos alegria,
Que nasce da Eucaristia,
Pra nossa libertação.
*
Que a benção do Senhor,
O Filho amado e querido,
Possa nos trazer a Paz,
Neste mundo tão sofrido,
Das guerras possa nos livrar.
E o amor sempre a buscar,
Os povos todos unidos.
*
Que a santa Eucaristia,
Renove a nossa lida,
Dando a força necessária,
Para a estrada percorrida,
E que o Deus Emanuel
Com a nossa Mãe do Céu,
Tragam a Paz à nossa vida.

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Referência da imagem: Hugo van der Goes (1440-1482), In commons.wikimedia.org – “The Adoration of the Shepherds”.

 

Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que nos mantém na proximidade da revelação do mistério da encarnação do Verbo de Deus, ilumine o seu caminho!