Dia de Pentecostes, Solenidade, Ano C, São Lucas

 

⇒ Ano “Família Amoris Lætitia” (2021/2022) ⇐
⇒ Intenções do Santo Padre, o Papa Francisco: Pelas famílias cristãs ⇐

 

Leituras [Missa do Dia]: At 2,1,11; Sl 103(104); 1Cor 12,3b-7.12-13; Sequência Espírito de Deus, enviai dos Céus (Veni Sancte Spiritus); Jo 20,19-23(1)

 

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

 

Manifestação Pública do Espírito Santo

Jo 20,19-23

 

Meus irmãos e irmãs, celebramos neste Domingo a solenidade de Pentecostes, a descida do Espírito sobre a Igreja nascente, agora esta manifestação do Espírito não é somente sobre os Apóstolos, mas também sobre as nações e culturas, as quais compreendem a mensagem do amor e da fé, pelo Espírito, em sua própria língua.

O que era antes uma experiência do grupo dos Apóstolos, agora se expande pelo mundo com o sopro e o fogo do Santo Espírito. O que estava preso a um grupo, homens e mulheres que conviveram com Jesus na terra, agora é manifestado para aqueles que abraçaram a fé por milagres, pelas pregações e pelo testemunho corajoso dos discípulos do Senhor.

Pentecostes é o ápice do Tempo Pascal, porque inicia o tempo da Igreja, tempo este que já na Ascensão do Senhor estava se iniciando, pois o mesmo Senhor que sobe aos Céus está presente no meio de nós, na total doação de seu Corpo e seu Sangue, pela sua santa Palavra e pelos os dons oferecidos aos que se tornam também o Corpo de Cristo no mundo.

O Evangelho de João nos faz memória da Ressurreição quando os discípulos ainda estão profundamente marcados pelo medo, fechados em si e de portas fechadas (cf. Jo 20,19). A alegria renasce quando o Senhor traz a Paz para o grupo que, ao mesmo tempo, os envia para a missão, com o objetivo de anunciar ao mundo o Reino de Deus.

A partir desta experiência, de encontro com Cristo ressuscitado, todos os que estavam ali reunidos ganham força e coragem para caminhar, pregando a experiência da Ressurreição.

Na primeira leitura desta Liturgia (cf. At 2,1-11), temos a narração de Pentecostes, quando todos os discípulos estavam reunidos e então o Espírito Santo se manifesta, um fenômeno diferente, inédito para a humanidade.

“Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito os inspirava” (At 2,4). Aquilo que o Jesus anunciou, antes e depois da Ressurreição, agora se concretiza, pois a manifestação do Espírito Santo é para que os seus discípulos anunciem ao mundo a Boa-Nova do Reino nas diversas culturas, línguas, realidades e recantos do mundo.

Por isso que o Espírito Santo não tem limites, Ele sopra onde quer (cf. Jo 3,8), vai aonde quer, como quer e oferece Sua luz e Sua força a quem Ele quiser, desde que os convocados, na sua liberdade, queiram receber a sua presença.

Também podemos dizer que é exatamente a Sua ilimitada manifestação, com Suas diversas formas atemporais, que age além das nossas expectativas humanas e barreiras geográficas. Foi esta verdade anunciada e constatada na Igreja em toda a Tradição cristã, que conseguiu chegar a nós em pleno século XXI. Foi a experiência de abertura para a missão dos primeiros cristãos, que, carregados da fé corajosa, conscientes e às vezes também com marcas humanas de fraquezas, fez a messe do Senhor crescer e dar frutos, se espalhando pelos imensos espaços do mundo até nossos dias.

Há uma dimensão da ação do Espírito Santo apresentada na segunda leitura desta Liturgia que merece a nossa reflexão: “Há diversidade de dons, mas um mesmo é o Espírito. Há diversidade de ministérios, mas um mesmo é o Senhor. Há diferentes atividades, mas um mesmo Deus que realiza todas as coisas em todos.” (1Cor 12,4-6).

São Paulo nos fala da manifestação do Espírito Santo em cada um de nós. São os dons oferecidos aos que se deixam conduzir pela ação de Deus e do seu Espírito. Os cristãos, como membros de um mesmo Corpo, recebem dons para colocarem a serviço do bem comum. É isto que faz a beleza e a ilimitada ação na Igreja no mundo, pois somos membros que agem com diferentes serviços para que a obra de Deus esteja presente em toda humanidade.

Quantos dons podemos oferecer a Deus? Desde o simples acolher na porta do templo, do cantar na Missa e nas celebrações, preparar o Altar, pregar para o povo, coordenar um grupo, animar comunidades, visitar as famílias. Enfim, a messe é grande, como afirmou o Senhor (cf. Mt 9,37).

E para fora dos espaços da Igreja, quantas capacidades podem ser oferecidas para levar Deus e sua Palavra, no cuidado quando estamos a evangelizar, por exemplo. Também a arte de compor uma música cristã, de cantar, de fazer um poema, dar aulas e palestras, escrever uma matéria, defender a vida nos espaços políticos e sociais, escolas e meios culturais. Em quantas realidades primordiais podemos certificar a presença e a ação do Espírito Santo, tais como nos sacramentos, na celebração da Eucaristia, no chamado vocacional, na missão, nos nossos trabalhos pastorais.

Agradeçamos a Deus pelos tantos dons do Espírito Santo, oferecidos à Igreja para o serviço do Reino. E quanto a nós devemos sempre nos manter na convicção de que tudo aquilo que vivemos e fazemos para o bem maior, é pela força e ação do Espírito Santo, que é Deus, a alma da Igreja, Senhor que dá a vida, que renova a face da terra [cf. Sl 103(104),30] e que nos santifica na vida de seguidores e seguidoras do Senhor Ressuscitado. Amém.

*   *   *
(1) Leituras facultativas: Rm 8, 8-17; Jo 14,15-16.23a-26.

 

*   *   *

 

⇒ POESIA ⇐

Ele é o Mesmo em Todo Tempo

Presente desde o início,
Está o Santificador,
Nas águas da Criação,
Presença viva de amor,
Que conduziu os profetas,
Nas suas lutas e alertas,
Junto ao povo sofredor.
*
Presente está em Maria,
Na Sua anunciação,
Quando fala para ela,
Do plano da salvação,
Presente também em José,
Que fez o caminho a pé,
Nos tempos de perseguição.
*
Presente também em Jesus,
No Batismo e no deserto,
Na caminhada do povo,
Dizendo o caminho certo.
Nos encontros de alegria,
Na vida de cada dia,
Um Deus sempre muito perto.
*
Presente na Ressurreição,
Como sopro de alegria,
Vencendo o medo e o desânimo,
Que nos discípulos estaria.
Fazendo um caminho novo,
Junto a multidão do povo,
Igreja que já nascia.
*
Presente em Pentecostes,
Ao mundo manifestado,
Para as diversas culturas,
Para o mundo anunciado,
Dom de amor incomparável,
Imenso e insondável,
Deus de amor ilimitado.
*
Presente em nós, cristãos,
Com força e santa alegria,
Com os seus santos dons,
Que no caminho nos guia,
Que nos tira da tristeza,
Que nos dá a fortaleza,
Na vida de cada dia.

 

*   *   *

 

Obra: “Pentecostes”, de Juan Bautista Maino (1615-1620). In commons.wikimedia.org.

 

⇒ Que a Palavra e a Luz do Ressuscitado, pela ação do Espírito Santo, ilumine o seu caminho! 

 

 

Ascensão do Senhor, Solenidade, Ano C, São Lucas

 

⇒ Ano “Família Amoris Lætitia” (2021/2022) ⇐
⇒ Intenções do Santo Padre, o Papa Francisco: Pela fé dos jovens ⇐
⇒ 56º Dia Mundial das Comunicações Sociais ⇐
⇒ Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos ⇐

 

Leituras: At 1,1-11; Sl 47(46); Ef 1,17-23; Lc 24,46-53

 

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

 

Vibremos de Alegria na Ressurreição do Senhor

Lc 24,46-53

 

Meus irmãos e irmãs, a Liturgia da Solenidade da Ascensão do Senhor, do Ano C, neste Ano “Família Amoris Lætitia, nos motiva a vibrarmos de alegria na Ressurreição do Senhor. E o Evangelho desta Liturgia está em Lc 24,46-53, passagem que encerra o Evangelho segundo são Lucas.

Nesta Liturgia, Nosso Senhor está, antes da Ascensão, em Jerusalém e nas proximidades de Betânia. Uma tradição cristã considera que “as proximidades de Betânia” seria o Monte das Oliveiras.

E neste Domingo, a Igreja nos conduz a uma espécie de cume do mistério pascal, em que, pela fé, chegamos também na dimensão celestial, para vivermos eternamente a contemplação da glória de Deus. Portanto, se a Ressurreição é a certeza de que em Cristo todos somos chamados à família das pessoas novas, a Ascensão é a garantia de que, revestidos de santidade e da beleza divina, contemplaremos Deus em Sua glória.

Podemos lembrar o Evangelho segundo são João quando diz que o “Verbo de Deus se fez carne e veio habitar entre nós” (Jo 1,14). Ele desceu do Céu para nos mostrar que a santidade e a salvação pertencem a todos que buscarem. O Céu é o lugar dos que querem viver o Seu amor e que glorificar o Seu nome. Desse modo, Seus seguidores devem dar testemunho da Boa-Nova, sendo sal da terra, luz do mundo (cf. Mt 5,13-14) e fermento da massa (cf. Mt 13,33).

Nesta Liturgia, a Igreja nos oferece dois textos de são Lucas: o primeiro é o do Evangelho e narra a memória do percurso de Jesus na sua missão redentora no mundo e o Seu pedido para que os Seus discípulos sejam testemunhas de tudo o que Ele fez, pois o Espírito Santo os guiará e assim o Senhor os abençoa e depois Ele foi elevado ao Céu. O segundo texto de são Lucas é dos Atos dos Apóstolos, o qual discorre também sobre a Ascensão, com mais detalhes e, de certa forma, complementa a narração sobre experiência da Ressurreição de Jesus e a Sua subida ao Céu como prova de que Ele nos elevará também ao Reino celestial.

E o que podemos aprender dessas narrações? A subida de Jesus ao Céu não é uma ausência, mas a garantia de que nós estaremos com Ele na Sua glória celeste, pois o Espírito Santo nos ensinará e nos conduzirá a esta realidade.

A Ascensão do Senhor também significa que Ele está acima de todas as pretensões humanas, porque o seu Reino já começa entre nós, pois somos o Seu corpo (a Igreja), nós templos do Espírito Santo, chamados a celebrar um culto novo como novas criaturas e, desta maneira, vivendo a dimensão das realidades de Deus, para morar também com o Ele.

Podemos citar a segunda leitura desta Liturgia, na carta aos Efésios, quando são Paulo nos fala daquilo que o Senhor nos possibilitará para vivermos a santidade na realidade terrena, mas tendo como meta o Céu: “Que ele abra o vosso coração à sua luz, para que saibais qual a esperança que o seu chamamento vos dá, qual a riqueza da glória que está na vossa herança com os santos, e que imenso poder ele exerceu em favor de nós que cremos, de acordo com a sua ação e força onipotente.” (Ef 1,18-19).

Podemos, portanto, meditar sobre a presença do Senhor que sobe ao Céu, mas que, ao mesmo tempo, é presença viva na sua Igreja terrena, quando, por exemplo, celebramos a Eucaristia, Sua presença real no meio de nós, pois no culto à sua Palavra e ao seu Corpo antecipamos as realidades celestes, ou seja, vivemos já o Céu na terra.

Neste sentido, não podemos ficar somente olhando para cima como os Apóstolos (cf. At 1,10), mas devemos caminhar em missão para preparar o Reino dos Céus, o Reino do Senhor em nosso meio, vivendo o Seu mandamento maior que é o mandamento do amor e, ao mesmo tempo, cumprido o seu mandato missionário, porque somos Seus servidores responsáveis de levar a sua Palavra ao mundo com a nossa vida, sendo testemunhas vivas da Ressurreição.

E do cume deste tempo pascal já nos preparando para o Dia de Pentecostes, e também o 56º Dia Mundial das Comunicações Sociais, peçamos a Nossa Senhora, Rainha dos Apóstolos e Mãe da Igreja, que ela interceda por nós para estarmos preparados para recebermos o dom do temor de Deus, dom fundamental para santificarmos e purificarmos nossa relação com a Trindade Santa e com Sua Igreja, em todos os momentos, do dia ou da noite (cf. Sl 1,2). Amém.

 

*   *   *

 

⇒ POESIA ⇐

A Caminho do Céu


A caminho do Céu estamos,
Quando o amor vivemos,
Quando o Senhor escutamos,
E o Seu alimento queremos,
Como discípulos em missão,
Em escuta e em oração,
E ao Senhor nos dobraremos.
*
A caminho do Céu estamos,
Quando vivemos a comunhão,
E juntos o amor celebramos,
Numa festa de irmãos,
Sendo paz e alegria,
Na noite e também no dia,
Festejando a união.
*
A caminho do Céu estamos,
Quando a Palavra é encarnada,
Nas trilhas que caminhamos.
E a vida seja celebrada,
Em clima de serenidade,
Num chão de fraternidade,
Com a fé bem confirmada.
*
A caminho do Céu estamos,
Quando o nosso Bem-Amado,
Esteja sempre onde estamos,
E nosso ser sempre inflamado,
Das coisas da Redenção,
Sendo luz na escuridão,
E os passos por Ele guiados.
*
A caminho do Céu estamos,
Quando nós, corpo do Senhor,
Sinais de vida sejamos,
Semeando sempre o amor,
Sendo o Reino já aqui,
E possamos imprimir,
A face de Nosso Senhor.


*   *   *

 

Obra: “A Ascensão” [1] In brooklynmuseum.org e “A Ascensão” [2] In brooklynmuseum.org, de J. Tissot.

⇒ Que a Palavra e a Luz de Nosso Senhor Jesus Cristo, que nos coloca no caminho do Céu, ilumine o seu caminho! 

 

 

6º Domingo do Tempo da Páscoa, Ano C, São Lucas

 

⇒ Ano “Família Amoris Lætitia” (2021/2022) ⇐
⇒ Intenções do Santo Padre, o Papa Francisco: Pela fé dos jovens ⇐

 

Leituras: At 15,1-2.22-29; Sl 67(66); Ap 21,10-14.22-23; Jo 14,23-29

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

 

Tempo Pascal: Um Grande Domingo

Jo 14,23-29

 

Meus irmãos e irmãs, a Liturgia do 6º Domingo da Páscoa, do Ano C, neste Ano “Família Amoris Lætitia”, nos motiva a manter a contemplação no novo mandamento: amarmos uns aos outros. E o Evangelho desta Liturgia está em Jo 14,23-29, passagem que está situada no mesmo contexto bíblico do Domingo passado, isto é, “A despedida” (cf. Jo 13,31-14,31) de Jesus logo após o episódio do lava-pés.

E neste 6º Domingo, a Igreja nos conduz a uma reflexão que retoma o tema do Domingo passado: o amor é a base da vivência cristã, é o fundamento da construção de uma vida de comunhão, paz e justiça. E este amor não é abstrato, pois está voltado para a Palavra do Senhor que nos conduz ao Pai (cf. Jo 14,23).

Assim, o nosso caminhar dentro do tempo pascal chega ao 6º domingo e assim nos aproximamos do Pentecostes, momento litúrgico em que a Igreja celebra a descida do Espírito Santo sobre todos os que estavam reunidos no Cenáculo.

O amor que Nosso Senhor nos deixou é resultado da escuta e da obediência da Palavra com a iluminação do Espírito Santo prometido pelo Senhor. A luz do Espírito Santo tem iluminado a Igreja em seus desafios missionários desde início, pois o próprio Cristo prometeu: “Ele [o Espírito Santo] vos ensinará tudo e vos recordará tudo o que eu vos tenho dito” (Jo 14,26).

A primeira leitura desta Liturgia (cf. At 15,1-2.22-29) nos apresenta algumas dificuldades das primeiras comunidades, sobretudo a questão dos ritos de inserção da lei judaica (a circuncisão) que deveria ser observada pelos que se convertiam e que queriam fazer parte do grupo dos discípulos do Nazareno.

Naquele momento surge a necessidade da abertura para uma Lei que ultrapassasse o Templo e das tábuas escritas. Aqui podemos retomar o Evangelho que cita o amor (o acolhimento) como o critério principal para receber os novos convertidos no grupo dos Apóstolos.

Também percebemos a ação do Espírito Santo quando são enviados, de Jerusalém, missionários para levarem a mensagem da decisão dos Apóstolos, como relata a seguinte passagem: “Por isso, estamos enviando Judas e Silas, que pessoalmente vos transmitirão a mesma mensagem. Porque decidimos, o Espírito Santo e nós, não vos impor nenhum fardo, além destas coisas indispensáveis: abster-se de carnes sacrificadas aos ídolos, do sangue, das carnes de animais sufocados e das uniões ilegítimas.” (At 15,27-29).

Todas estas situações acima citadas são realidades que aconteceram e que acontecem entre os cristãos, pois a Igreja terrestre necessitou e necessita da conversão e da purificação constante como nos afirmou o Papa Emérito Bento XVI: “A Igreja é a esposa de Cristo, o qual a torna santa e bela com a sua graça. Contudo esta esposa, formada por seres humanos, está sempre necessitada de purificação. E uma das culpas mais graves que deturpam o rosto da Igreja é contra a sua unidade visível, sobretudo as divisões históricas que separaram os cristãos e que ainda não foram totalmente superadas”(1) . Esta purificação vem do Espírito Santo prometido por Nosso Senhor, pois é na caminhada dos primeiros anunciadores marcados pelas perseguições, opiniões diversas, discursões doutrinais que a ação de Deus, Uno e Trino, está presente.

Não podemos imaginar uma Igreja que nasceu porque os colaboradores de Jesus já eram todos santos, somente o próprio Cristo era o Deus homem, o Santo e o vencedor da morte. Para se viver a santidade todos os Apóstolos passaram pela purificação como homens terrenos, porque acolheram a força da Ressurreição e seguiram firmes na fé guiados pelo Paráclito. Os discípulos acreditarem e proclamaram as promessas de Jesus. Isso foi fundamental para que chegasse até nós o Evangelho e a mensagem da Boa-Nova.

Agora podemos nos maravilhar daquilo que o Senhor falou aos Seus discípulos na despedida logo após o lava-pés: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; mas não a dou como o mundo. Não se perturbe nem se intimide o vosso coração” (Jo 14,27).

Seguir o Senhor ressuscitado é ser guiado pela paz que nos conforta e nos deixa o coração livre para enfrentar os desafios da vida cotidiana e da missão evangelizadora.

Podemos, meditar, ainda, a partir da segunda leitura, obtida do livro do Apocalipse (cf. Ap 21,10-14.22-23), quando João, no versículo 22, nos fala do novo templo que é o próprio Senhor: “Não vi templo na cidade, pois o seu Templo é o próprio Senhor, o Deus Todo-poderoso, e o Cordeiro.” Esta deve ser a nossa compreensão de culto, pois viver a adoração ao Senhor na nova aliança agora não é mais estar preso ao espaço físico, porque se faz necessário viver o amor no mundo e saber que o Senhor está em todo lugar e inclusive em nós, em nosso coração, como templos vivos para a Sua habitação e nossa santificação.

E neste tempo da Páscoa, que temos vivido como um único dia de alegria e de ação de graças , nos preparemos para o Pentecostes com a Novena que se inicia na próxima Quinta-feira e peçamos a Nossa Senhora, Mãe da Igreja e Rainha dos Apóstolos, que ela interceda por nós para estarmos preparados para recebermos o dom da piedade, fundamental para que estejamos com firmes e prazerosos, de dia e de noite, diante do amor de Deus (cf. Sl 1,2). Amém.

*   *   *
(1) Papa Bento XVI. Homilia dominical na Praça de São Pedro, 20 de janeiro de 2013. Disponível em: <http://w2.vatican.va/content/benedict-xvi/pt/angelus/2013/documents/hf_ben-xvi_ang_20130120.html>. Acesso em: 20 maio 2022.
(2) Cf. ADAM, Adolf. O Ano Litúrgico: Sua história e seu significado segundo a renovação litúrgica. São Paulo: Loyola, 2019. p. 61.

*   *   *

 

⇒ POESIA ⇐

O Novo é o Amor


Amar, regra primeira,
E a obediência virá
Amor ilimitado,
E a Lei se cumprirá
Ouvir atento a Palavra,
E o Paráclito a guiar.
*
Acolher Nosso Senhor
Para a paz receber,
Seguir a nova Lei,
Para o outro acolher,
Não discriminar,
Seguir sem esmorecer.
*
Encontrar com os irmãos,
Pra viver comunhão,
Acolhendo aos que chegam,
Que a nós se juntarão,
Como fermentos vivos,
Novo Reino em ação.
*
Seguir sempre em missão,
Com o Espírito de Amor,
Como templos vivos e santos,
Novo culto ao Senhor.
Num caminhar de paz,
E coração em ardor.
*
Esta é a nova Lei,
Que o mundo irá seguir,
O Amor, a principal base,
E a Palavra a ouvir,
E um culto sempre novo,
Pra se construir.


*   *   *

 

Obra: “O Último Sermão de Nosso Senhor”, In brooklynmuseum.org, de J. Tissot.

 

⇒ Que a Palavra e a Luz de Nosso Senhor Jesus Cristo, que manda que nos amemos uns aos outros, ilumine o seu caminho! 

 

 

5º Domingo do Tempo da Páscoa, Ano C, São Lucas

 

⇒ Ano “Família Amoris Lætitia” (2021/2022) ⇐
⇒ Intenções do Santo Padre, o Papa Francisco: Pela fé dos jovens ⇐

 

Leituras: At 14,21b-27; Sl 145(144); Ap 21,1-5a; Jo 13,31-33a.34-35

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

 

Um Novo Céu e uma Nova Terra, no Amor do Senhor

Jo 13,31-33a.34-35

 

Meus irmãos e irmãs, a Liturgia do 5º Domingo da Páscoa, do Ano C, neste Ano “Família Amoris Lætitia”, nos motiva a contemplar o Senhor Jesus Cristo que nos dá um novo mandamento: amarmos uns aos outros. E o Evangelho desta Liturgia está em Jo 13,31-33a.34-35, passagem que está situada no início da terceira e última parte do Evangelho Segundo São João intitulada “A hora de Jesus. A Páscoa do Cordeiro de Deus” (cf. Jo 13,1-21,25). Numa leitura um pouco mais detalhada, percebe-se que a passagem conhecida como “A despedida” (cf. Jo 13,31-14,31) está no início dos capítulos conhecidos como “A Última Ceia de Jesus com Seus Discípulos” (cf. Jo 13,1-17,26), logo após o episódio do lava-pés.

Nesta Liturgia, Nosso Senhor está em Jerusalém para a festa da Páscoa, segundo o calendário judaico.

E neste 5º Domingo, a Igreja nos oferece um texto do Evangelho que não traz, necessariamente, uma narrativa pascal, mas nos apresenta a base para vivermos o sentido daquilo que é o fundamento da vida nova em Cristo: o amor. O Cardeal Raniero Cantalamessa(1), pregador da Casa Pontifícia, nos lembra que o Evangelho e a segunda leitura, desta Liturgia, apresentam a repetição de uma palavra em comum: o adjetivo novo. E assim diz no Evangelho: “Eu vos dou um novo mandamento” (Jo 13,34a); no Apocalipse: “Vi um novo Céu e uma nova terra; Vi a cidade santa, a nova Jerusalém; Eis que faço novas todas as coisas” (Ap 21,1-2.5). [grifos nossos].

A notícia da Ressurreição traz um sentido novo para vida dos que já seguiam o Senhor e também para todos que foram envolvidos nesse acontecimento. Portanto, a grande novidade é o amor que Jesus vive, de forma imensa, intensa e profundamente, doando-se à humanidade, não apenas pelos Seus seguidores, mas por todos os povos e nações, sendo que o amor de Deus trazido pelo Filho será o alimento dos missionários na continuidade a obra do Senhor.

Podemos então nos perguntar: O que faz uma comunidade cristã ser sempre nova em sua experiência de encontro com o Senhor e os com irmãos? O que faz uma família ser sempre sinal de alegria e de testemunho de Deus no seu ambiente interno e externo? O que nos chama atenção num grupo de jovem que faz a diferença dentro de uma paróquia, nas suas atividades pastorais e na convivência do grupo de forma interna? A resposta será obvia: é o Amor, o novo mandamento de Cristo, a novidade de uma experiência cristã.

E quantas comunidades morreram por não cultivar o mandamento do Amor fraterno, o mandamento novo deixado por Cristo, sendo substituído pela frieza que apaga a chama do Espírito Santo? Quantas famílias são destruídas por causa da ausência do mesmo Amor que não foi acolhido e vivido no lar? Quantos grupos cristãos de crianças, jovens e adultos que param de se encontrar porque existem fortes divergências que não se resolvem por falta da fraternidade cristã?

No entanto, precisamos reconhecer que muitas comunidades, famílias e grupos são sinais do amor que renova e que anima a Igreja, que motiva e ressoa a verdade da Boa-Nova anunciada por Jesus e pelos primeiros missionários (Apóstolos e discípulos): que o Reino de Deus já está entre nós (Lc 9,2.10,9), pois nos transforma em uma nova criatura com o coração inflamado pelo amor de Cristo e sendo fermento de atitudes da verdadeira caridade no mundo.

Rezemos por todos nós para que estejamos atentos ao motivo primeiro do nosso seguimento ao Senhor: o amor entre os irmãos. Amor que é diaconia (serviço) e missionariedade na vida da Igreja e no mundo. Rezemos também pelo Santo Padre, o Papa Francisco, pelos Bispos, presbíteros, diáconos, pais de família e todas as lideranças que estão na caminhada da Igreja, para que encontrem sempre o motivo de sua fé e sigam firmes com o Senhor na proclamação da sua Boa-Nova que nos diz: “Eu vos dou um novo mandamento: amai-vos uns aos outros. Como eu vos amei, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros.” (Jo 13,34-35).

Recordemos que ainda estamos sob a sombra da festa litúrgica de Nossa Senhora de Fátima, celebrada no último dia 13 de maio, cujas aparições, que ocorreram entre maio e outubro de 1917, ainda repercutem em nossos dias.

E neste forte tempo de Pentecostes, tempo pascal, peçamos a Nossa Senhora, a Virgem de Fátima, Mãe da Igreja e Rainha dos Apóstolos, que ela interceda por nós para estarmos preparados para recebermos os dons da fortaleza e do conhecimento, dons fundamentais para superarmos nossas debilidades e escutarmos da Palavra de Deus e abraçarmos a vontade do Pai que está nos Céus. Amém.

*   *   *
(1) É o pregador da Casa Pontifícia desde 1980 e seu criado Cardeal em 28 nov. 2020. Cf. CANTALAMESSA, Raniero. O Verbo se fez carne: reflexões sobre a Palavra de Deus – Anos A, B, C. São Paulo: Ave Maria, 2012.

*   *   *

 

⇒ POESIA ⇐

O Novo é o Amor


Desde que nós existimos,
Lá no início da Criação,
Estava presente o Amor,
Sendo de tudo a razão,
Para sermos semelhantes,
Naquele tempo e neste instante,
Para nos fazer doação.
*
Tanto tempo e nada velho,
Pois o Amor não envelhece,
É eterno no existir,
Não se enruga, nem desfalece,
Está no início e em nosso tempo,
Ele é tudo, é alimento,
Se germina e refloresce.
*
Está em nossos encontros,
De partilha e comunhão,
Faz-nos criaturas novas,
No trabalho e na oração,
É o novo mandamento,
De Jesus, é o testamento,
Pra vivermos como irmãos.
*
Novo é a vida nova em Cristo,
Doação da vida plena,
Pois o Amor é infinito,
Que acolhe e nada condena,
Aceita nossa liberdade,
Na escolha da verdade,
A caridade Ele ordena.
*
Seguindo por este caminho,
Sempre, sempre renovados,
Ao lado do Bem Supremo,
Que é o Senhor ressuscitado,
No novo Céu vamos chegar,
E o Amor nos julgará
E novos sempre nós seremos.


*   *   *

 

Obra: “A Última Ceia”, In brooklynmuseum.org, de J. Tissot.

 

⇒ Que a Palavra e a Luz de Nosso Senhor Jesus Cristo, que manda que nos amemos uns aos outros, ilumine o seu caminho! 

 

 

4º Domingo do Tempo da Páscoa, Domingo do Bom Pastor, Ano C, São Lucas

⇒ 59º Dia Mundial de Oração pelas Vocações – tema “chamados para construir a família humana”

⇒ Dia das Mães ⇐
⇒ Ano “Família Amoris Lætitia” (2021/2022) ⇐
⇒ Intenções do Santo Padre, o Papa Francisco: Pela fé dos jovens ⇐

 

Leituras: At 13,14.43-52; Sl 100(99); Ap 7,9.14b-17; Jo 10,27-30,27

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

 

O Verdadeiro Pastor é Aquele que Dá a Vida pelas Suas Ovelhas

Jo 10,27-30

 

Meus irmãos e irmãs, a Liturgia do 4º Domingo da Páscoa, o Domingo do Bom Pastor e Dia Mundial de Oração pelas Vocações, do Ano C, neste Ano “Família Amoris Lætitia, nos motiva a contemplar Cristo, o Bom Pastor, que dá vida eterna para Suas ovelhas. E o Evangelho desta Liturgia está em Jo 10,27-30, passagem que está situada no final da segunda parte do Evangelho Segundo São João intitulada “O ministério de Jesus” (cf. Jo 1,19-12,50). Averiguando um pouco mais texto de João, percebemos que o Evangelho de hoje está dentro do contexto da “A verdadeira identidade de Jesus” (cf. Jo 10,22-39).

Nesta Liturgia, Nosso Senhor está em Jerusalém para a festa da Dedicação.

Neste Domingo, a Igreja nos oferece uma terceira dimensão da identidade do Bom Pastor como sendo Aquele que dá a vida eterna, conduzindo as ovelhas, firmes e corajosas, pelo caminho que leva à tenda do Pai, onde não há nem fome nem sede e o centro é o próprio Cristo, Cordeiro e Pastor (cf. Ap 7,15-17).

Agora, olhemos para nós, ovelhas que desejam ouvir a voz do Pastor para segui-lo e fazer parte da multidão diante do trono do Cordeiro; uma multidão que reuniu muita gente de todas as nações, tribos, povos e línguas e que era incontável (cf. Ap 7,9).

No entanto, ao mesmo tempo em que somos ovelhas, somos também chamados para caminhar no caminho do Seu rebanho, numa realidade de irmãos que se ajudam na motivação da fé e na busca da santidade e em comunhão.

Na primeira leitura desta Liturgia, temos o testemunho missionário de são Paulo e são Barnabé de anunciar a Palavra de Deus aos judeus e as consequências desta ação missionária destes dois já sabemos: perseguição, uma realidade própria de todos aqueles que anunciam a Palavra libertadora de Jesus. Já a segunda leitura nos apresenta o testemunho de são João sobre a glória do Cordeiro com a presença dos “que vieram da grande tribulação. Lavaram e alvejaram as suas roupas no sangue do Cordeiro. Por isso, estão diante do trono de Deus e lhe prestam culto, dia e noite, no seu templo’.” (Ap 7,14b-15).

Podemos lembrar de tantos santos e santas que viveram a experiência do encontro com o Bom Pastor e que em vida terrena já pronunciavam a certeza de fazer parte da incontável multidão na Igreja celestial. Viveram fiéis até o derramamento de sangue (São Sebastião – *256+286), viveram na pobreza (São Francisco de Assis – *1181+1226 – e Santa Tereza de Calcutá – *1910+1997), na profundidade da meditação espiritual deixando tantos escritos que chegaram até nossos dias como riqueza da espiritualidade cristã (Santa Tereza D’Ávila – *1515+1582 – e São João da Cruz – *1542+1591; e tantos outros santo), além dos inúmeros santos anônimos que testemunharam e testemunham a fé na simplicidade, na doação de vida, na missão e na vivência das virtudes próprias de ovelhas que escutam a voz do Senhor, a voz do Bom Pastor e estão ligadas a Ele.

Lembremos que o Senhor chamou, preparou e enviou discípulos para cuidar do Seu rebanho e estes vocacionados o representam na caminhada da Igreja. O Papa, os Bispos, os padres, os diáconos, os catequistas, os evangelizadores e tantos cristãos coerentes na fé e que vivem no mundo do trabalho, nos mostram, pelo seu testemunho, a face do Bom Pastor que cuida das Suas ovelhas. Porém não esqueçamos que o rebanho é do Senhor, não sendo, portanto, propriedade particular de ninguém, porque ao mesmo tempo em que somos lideranças (pastores) somos também ovelhas do mesmo rebanho.

Rezemos por todos aqueles que estão na caminhada evangelizadora proclamando o Reino de Deus com a sua vida nas diversas realidades do mundo, para que sejam perseverantes na sua vocação e fermento de amor entre os irmãos, numa postura, numa atitude de consciência de que são discípulos do Ressuscitado, mas que são também parte integral do Rebanho que é conduzido pelo Bom Pastor.

Neste Domingo do Bom Pastor a Igreja, universalmente, está voltada para o Dia Mundial de Oração pelas Vocações, instituído pelo Papa São Paulo VI, em 1964, em meio aos trabalhos do Concílio Vaticano II. Nesta 59ª edição do Dia Mundial de Oração pelas Vocações, o Papa Francisco nos apresenta o termo “vocação” em sentido amplo, que deve estar vocacionado para cura das feridas, das lepras modernas da família humana, desejada por Deus. Para isso nos apresenta o tema “chamados para construir a família humana”. Recordemos, ainda, que no horizonte desta semana, dia 13 de maio, está a festa litúrgica de Nossa Senhora de Fátima, cujas aparições, entre maio e outubro de 1917, ainda nos cobrem com mensagens de alerta sobre a Rússia e os povos vizinhos.

E neste tempo forte de preparação para o dia de Pentecostes, peçamos a Nossa Senhora, a Virgem de Fátima, Mãe da Igreja e Rainha dos Apóstolos, que ela interceda por nós para estarmos preparados para recebermos os dons do entendimento e do conselho, dons fundamentais para o aprimoramento da escuta da Palavra de Deus e da vontade do Pai que está nos Céus. Amém.

 

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⇒ POESIA ⇐

Supremo Pastor dos Pastores


Voz que conduz a multidão
Que orienta e purifica,
Que plenifica.
Que leva à eternidade,
Sendo caridade,
Cajado que dignifica.
*
Pastor que conhece o rebanho,
Protegendo-o no caminhar,
Não deixando desgarrar.
Mão protetora,
Vida salvadora,
Que se deixa amar.
*
Cordeiro supremo da vida nova,
Que acolhe a incontável multidão,
Que se une em comunhão,
Às diversas realidades das nações,
Mártires das tribulações,
Alvejados para a santificação.
*
E nós ovelhas seguidoras,
A sua voz escutamos,
A ela nos ligamos.
E como rebanho nos unimos,
Vida eterna garantimos,
E chegar ao trono, almejamos.


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Obra: “O Bom Pastor”, In brooklynmuseum.org, de J. Tissot.

 

⇒ Que a Palavra e a Luz de Nosso Senhor Jesus Cristo, o Pastor que dá vida eterna para Suas ovelhas, ilumine o seu caminho!