Festa do Batismo do Senhor, Solenidade

 

Leituras: Is 42,1-4.6-7; Sl 29(28); At 10,34-38; Mc 1,7-11

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

Cristo Mergulha em nossa Humanidade

Mc 1,7-11

 

Meus irmãos e irmãs, nesta festa do Batismo do Senhor Cristo mergulha em nossa humanidade. E o mistério pascal nos mantém, encerrando o Tempo do Natal, na proximidade da fonte da revelação misteriosa da encarnação de Deus. O Evangelho desta Liturgia está em Mc 1,7-11.

Com esta Liturgia, a Igreja encerra o Tempo do Natal, em que vivenciamos a alegria e o acolhimento do Menino Deus e pudemos também receber o ensinamento sobre a encarnação do Verbo. Por outro lado, a Liturgia a aponta para a primeira etapa do Tempo Comum, para viver a escuta da Palavra e aprender sobre o anúncio do Reino. Assim, o Espírito continua soprando onde quer e como quer (cf. Jo 3,8).

Inicialmente podemos nos perguntar se era necessário que Jesus fosse batizado por João. O batismo de João era necessário, pois significa “a manifestação pública de sua adesão ao Pai e a missão que lhe foi confiada, como Filho amado e fiel”[1]. O Menino adorado pelos pastores e pelos magos do Oriente agora, adulto, é apresentado ao mundo com a sua missão. O céu se abre para apresentar o Filho muito amado numa manifestação da Santíssima Trindade: a descida do Espírito Santo e a voz do Pai e o Filho que se deixa batizar por João.

Em Jesus se realiza aquilo que Isaías nos apresenta: “Eis o meu servo que eu sustento, o meu eleito, em quem tenho prazer. Pus sobre ele o meu Espírito, ele trará o direito às nações.” (Is 42,1). Jesus, no seu batismo, já prefigura aquilo que será a consequência da sua missão: a morte como sacrifício oferecido em favor dos pecadores e a ressurreição como vitória sobre a morte.

Na sua paixão, Cristo acolhe todos como fala São Pedro: “De fato, estou compreendendo que Deus não faz distinção entre as pessoas. Pelo contrário, ele aceita quem o teme e pratica a justiça, qualquer que seja a nação a que pertença” (At 10,34-35). Ele que veio, como mansidão, julgar com misericórdia todo homem que aderir a sua mensagem. Será fiel, pois irá até o fim para trazer a sua glória a todos aqueles que almejam a vida eterna.

Com o Batismo (cf. CIgC 783-786) somos inseridos no Corpo Místico de Cristo como sacerdote (para oferecer sacrifício com nossos dons de vida), como profeta (para anunciar a verdade do Evangelho ao mundo) e rei (para santificar as diversas realidades em que estamos inseridos). E aqui há um parêntese: com o Batismo nós recebemos o sacerdócio comum dos fiéis, que é diverso do sacerdócio ministerial reservado aos Bispos e presbíteros, pastores da Igreja (cf. CIgC 1592).

Devemos também meditar como a nossa condição de batizados reflete em nossa inserção na Igreja, no Corpo Místico de Cristo. Poderemos ser enviados para comunicar a misericórdia de Deus ou anunciar a importância do Batismo ou propagar o valor da comunidade que se reúne em torno da Palavra e da Eucaristia ou, ainda, a promoção do acolhimento como filhos e membros do Corpo Místico de Cristo que é a Igreja.

Rezemos por todos os batizados e pelos padrinhos que no dia do Batismo, juntamente com os pais, assumem a educação na fé dos afilhados, para darem testemunho do amor de Deus, da escuta da Palavra, da participação na Eucaristia e da preocupação para que as crianças e jovens cresçam também no amor de Cristo.

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[1] Jesus veio nos indicar os caminhos do reino. Roteiros homiléticos para o tempo do Advento – Natal – Tempo C – Ano B – São Marcos. Brasília: Edições CNBB, 2014, p. 67.

 

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⇒ POESIA ⇐

Mergulhados na Vida de Cristo

 

Do céu vem uma voz:
É o Pai de eterno amor,
Que apresenta o Filho,
Como nosso Redentor,
É o Filho muito amado,
Do Pai o seu agrado,
O santificador.

O céu também se abre,
Para a terra abraçar,
Pois a humanidade,
Estava a esperar,
Que a terra fosse olhada,
E a vida resgatada,
E em águas se banhar.

Do céu também o Espírito,
Em manifestação,
Pousando sobre o Filho,
Do Pai da Criação,
Jesus conduzirá,
E o consagrará,
Toda a sua missão.

Do céu à aqui na terra,
A Trindade Santa vem,
Apresentando ao mundo,
O amor, a paz e o bem,
Missão de redenção,
A todos a salvação,
Sem excluir ninguém.

E nós os batizados,
Em Cristo, inseridos,
Igreja, o seu Corpo,
Os membros reunidos,
A Palavra Santa ouvindo,
Seu Corpo nos nutrindo,
Pra sermos redimidos.

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*** Que a Luz de Jesus Cristo, o Filho muito amado do Pai, ilumine o seu caminho! ***

 

II Domingo do Tempo do Advento, Ano B, São Marcos

 

Leituras: Is 40,1-5.9-11; Sl 85(84); 2Pd 3,8-14; Mc 1,1-8

⇒ HOMILIA ⇐

O Senhor Vem para Endireitar nossos Caminhos

Mc 1,1-8

Meus irmãos e irmãs, o mistério pascal da Liturgia do II Domingo do Advento nos motiva a receber Jesus para endireitar nossos caminhos e nossas relações humanas. O Evangelho deste Domingo está em Mc 1,1-8.

Nesta Liturgia, a Igreja nos apresenta os primeiros versículos do Evangelho segundo Marcos, dizendo: “Princípio do Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus” (Mc 1,1). Parece óbvio começar um livro com esta expressão, mas não é por acaso o termo “princípio” e a designação “Jesus Cristo, Filho de Deus”.

O termo “princípio” quer destacar que até o momento da escrita do Evangelho de Marcos, o testemunho sobre a experiência do seguimento a Jesus e o conhecimento da sua pessoa e da sua história era apenas oral.

Já a designação “Jesus Cristo, Filho de Deus” aponta para além do homem filho de Maria e de José. Trata-se de uma compreensão mais profunda de Jesus, pois a palavra Cristo é um título que só é plenamente compreendido após a experiência da Cruz e da Ressurreição.

O evangelista nos mostra que Jesus é verdadeiramente o Filho muito amado, desde o princípio (cf. Jo 1,1). Jesus é verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem (cf. CIgC 464-469), por isso nos traz a salvação e nos mostra a face misericordiosa de Deus.

Como último profeta antes de Jesus, João Batista tinha a compreensão de que o Jovem Galileu era o enviado do Pai. Dizia João Batista, “depois de mim, vem aquele que é mais forte do que eu, de quem não sou digno de, abaixando-me, desatar a correia das sandálias.” (Mc 1,7). Em função disso o Batista não se sente digno nem de se aproximar, porque o batismo de Jesus será com fogo[1] do Espírito Santo. Jesus é o prometido por Isaías quando o povo estava cativo na Babilônia (cf. Is 40,1-11). Ao ler Isaías, Marcos diz que João Batista irá preparar a chegada do Ungido de Deus. É preciso que o povo se prepare, busque a conversão e faça penitência para acolhê-lo. Faz-se necessário ir ao deserto, longe dos poderes, para escutar a voz profética, endireitar-se e reconhecer o Cristo de Deus.

Hoje é a Igreja, Corpo Místico de Cristo, a mensageira da segunda vinda, em nossa vida e na do mundo. Ao mesmo tempo, devemos ser como João Batista: preparar o mundo para celebrar o Natal como festa da encarnação de Deus e não como um momento que pouco recorda aquele que, como adulto, diria “Zaqueu, desce depressa, pois hoje devo ficar em tua casa” (Lc 19,5). Para isso, é importante a Novena de Natal, a participação assídua e atenta nas Liturgias, a vivência da espiritualidade da espera alegre do Senhor, que quer renascer e reinar em nossa vida.

Cristo quer endireitar nossos caminhos, às vezes tortuosos. Ele quer fazer nova nossa vida (cf. Ap 21,5), nossas relações que, frequentemente, estão desgastadas pela displicência, pelo egoísmo. Como refrigério para as feridas humanas, Jesus nos oferece a vigilância do Bom Pastor (cf. Jo 10,1-21) e o altruísmo do Bom Samaritano (cf. Lc 10,29-37).

Peçamos a Nossa Senhora a virtude da esperança, que perseverou em silêncio (na carne e no espírito) a espera da encarnação do Verbo. A exemplo da Virgem, esperamos “novos céus e uma nova terra, onde habitará a justiça” (2Pd 3,13).

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[1] Expressão usada pelo evangelista Mateus (cf. 3,11).

 

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⇒ POESIA ⇐

Nossos Caminhos com o Senhor

 

Nos caminhos tortuosos,
Cheios de grandes defeitos,
Vem o Senhor concertar,
Para se tronarem direitos,
Uma voz em nossos desertos,
Ensina os caminhos certos,
Que não foram ainda feitos.

Esse caminho é refeito,
Pela nossa conversão,
Precisa de escuta e fé,
De silêncio e oração.
Pois para bem celebrar
O Natal que vai chegar,
Precisa-se dedicação.

A espera é importante,
Sendo alegre e prudente,
Numa busca bem atenta,
Vivendo o amor paciente,
Praticando a caridade,
A Paz e a solidariedade,
No agora, no presente.

Novos céus e uma nova terra,
É o que nós esperamos,
Na paz com os nossos irmãos,
Sempre que nos encontramos.
Para o Natal acontecer,
Devemos nos envolver,
É o que nós precisamos.

Ao redor da Santa Mesa,
De todos os caminheiros,
Que buscam endireitar,
Sua vida por inteiro,
Buscando a conversão,
Que leva à redenção,
Para o Reino verdadeiro.

Peçamos a Santa Mãe,
Que soube bem esperar,
Para que nos auxilie,
Neste nosso caminhar,
Ela que silenciou,
E perseverante rezou,
Ensine-nos a rezar.

 

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*** Que a Luz da Família de Nazaré, Jesus, Maria e José, que nos motiva a receber o Menino Deus para curar as feridas das nossas relações humanas, ilumine o seu caminho! ***