Leituras: 1Sm 16,1b.6-7.10-13a; Sl 22(23); Ef 5,8-14; Jo 9,1-41
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⇒ HOMILIA ⇐
O Senhor nos lava e nos faz enxergar novos caminhos
Jo 9,1-41
Neste 4º Domingo da Quaresma nós somos convocados a viver o domingo da alegria, pois já se aproxima a Páscoa do Senhor, a festa da vida verdadeira e infinita. Somos atraídos pela luz da ressurreição a qual se aproxima, quando no sábado santo viveremos a maior festa do ano litúrgico. O Evangelho para este 4º Domingo da Quaresma, portanto, está em João (cf. 9,1-41), texto que narra a cura que Jesus realizou em um cego de nascença.
Esta liturgia nos leva a refletir que devemos livrar nossos olhos das cegueiras, das miopias, que muitas vezes nos impedem de ver a presença do Senhor em nossas vidas, os milagres e as obras que ele vai operando em nosso caminhar, em nossa existência, na missão, nos nossos convívios em nossa comunidade de fé.
Vejamos a ação de Jesus na cura do cego de nascença: “Cuspiu no chão, fez lama com a saliva e colocou-a sobre os olhos do cego. E disse-lhe: ‘Vai lavar-te na piscina de Siloé’. O cego foi, lavou-se e voltou enxergando” (Jo 9,6-7).
O que podemos aprender destes versículos do Evangelho de João? Jesus com a sua saliva e um pouco de terra faz lama. E então? O barro nas mãos de Jesus nos lembra a Criação, quando o homem esteve nas mãos de Deus, nosso perfeito artesão, para ser criado por ele.
Em Jesus, o homem é recriado, recapitulado, para sair da primeira cegueira: o pecado de Adão. O Senhor nos ilumina com sua luz, para que, como vasos de barro que somos não sejamos danificados com os perigos que as trevas do mundo poderão nos apresentar.
Após a cura, o cego foi aconselhado a se lavar na piscina. E a água nos lembra que é através do batismo que somos restaurados e inseridos na multidão dos filhos e filhas de Deus, os quais participam da ressurreição do Senhor, da sua vida nova, e da comunidade de seus discípulos.
Os doutores da lei, cegos da verdade e da luz de Deus, querendo reprimir aquele homem que agora enxergava, buscavam explicações nas leis físicas e humanas, também de forma obscura e cega. Eles justificaram que em dia de sábado ninguém podia trabalhar, inclusive se fosse para fazer o bem.
Quanto aos discípulos, também precisaram ter olhos novos no seguimento a Jesus, porque eles perguntaram: “Mestre, quem pecou para que nascesse cego: ele ou os seus pais?” (Jo 9,2). Neste momento Jesus também precisou curar o seu grupo da cegueira humana e espiritual que impediam deles verem a glória e a ação de Deus se manifestar.
O plano de Deus nos surpreende, porque ele age fora dos nossos parâmetros. Foi assim que agiu quando Israel precisou ungir o seu novo rei. O rei Davi, aquele que ninguém esperava ser escolhido. Ele estava inclusive pastoreando o rebanho nos campos de Israel. “E o Senhor disse a Samuel: ‘Levanta-te, unge-o: é este!’ Samuel tomou o chifre com óleo e ungiu a Davi na presença de seus irmãos. E a partir daquele dia o espírito do Senhor se apoderou de Davi” (1Sm 16,12-13).
Nós, muitas vezes, caímos nesta limitação humana: enxergamos com nossos parâmetros pessoais limitados e agimos segundo nossos critérios. Precisamos deixar que Deus nos ilumine com sua luz, vença nossas trevas, nossas cegueiras. Trevas que aparecem nos nossos pensamentos, nas nossas intenções, ações e comportamentos, tais como, egoísmos, individualismo, injustiças e indiferença contra os irmãos. Assim agiram os doutores da lei, os fariseus: eles tentaram ofuscar a ação de Deus na vida daquele que era cego, e que então, testemunhava a sua cura.
Precisamos reconhecer que através do nosso batismo, nós somos iluminados e banhados para sempre pela luz verdadeira e a água viva que vem do Senhor. Neste sentido, somos convidados a ter em nosso coração a convicção que São Paulo nos fala na sua carta aos Efésios: “Outrora éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor. Vivei como filhos da luz. E o fruto da luz chama-se: bondade, justiça, verdade” (5,8-9).
Peçamos a luz e a força do Espírito Divino para que nos ilumine em nosso caminhar com Jesus. E que o Bom Pastor, luz das nações, nos conduza à vida verdadeira, nos livrando dos perigos que poderão nos levar a nos tirar do caminho do amor e do céu. Amém.
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⇒ POESIA ⇐
Guia-nos com Tua luz
Senhor é bom ficarmos aqui,
Na comodidade do teu amor,
No transfigurar da tua beleza,
No encontro da tua mesa,
Num encontro em que não há dor,
Presença divina em tua fortaleza.
Senhor é bom ficarmos aqui,
Como corpo e membros amados,
Como amigos de caminhada,
Presentes à mesa sempre preparada,
Para nos fazer saciados,
Para continuar a jornada.
Senhor é bom ficarmos aqui…
Mas é preciso continuar,
O caminho do discipulado,
Nos passos do teu chamado,
Para o teu Reino anunciar,
Nos sentindo sempre auxiliados.
Senhor é bom ficarmos aqui…
Porém, tu nos chamas a levantar,
E com coragem te seguir,
Para aos outros se unir,
E Reino em comunhão anunciar,
Perseverantes, sem desistir.
Senhor, queremos seguir em frente,
Sairmos do nosso intimismo
Da montanha do medo descer,
Para contigo aprender.
Deixando a redoma do comodismo,
E fazermos a missão florescer.
*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, o Filho do Homem, ilumine o seu caminho! ***