DOMINGO DA PÁSCOA DA RESSURREIÇÃO DO SENHOR – ANO B

ANO NACIONAL DO LAICATO

Leituras:  At 10,34a.37-43; Sl 117(118); Cl 3,1-4; Jo 20,1-9

POESIA

QUEM AMA CHEGA PRIMEIRO

Pelo amor e a esperança,
Madalena vai correndo,
Cheia de uma novidade,
Que está lhe preenchendo,
Volta do túmulo vazio,
Madrugada em vento e frio,
Coração se aquecendo.

Primeira anunciadora,
De Jesus ressuscitado,
Vai dizer aos seus irmãos,
Sobre o túmulo arrebentado
Precisa se refazer,
Para pode entender,
O que Deus tem realizado.

A mensagem é semeada,
Junto aos outros irmãos,
E aos pouco se espalhando,
Por Pedro e também por João,
Cristo trouxe a vida nova,
Túmulo vazio é a prova,
Da santa Ressurreição.

Há um amor que motivou,
Ao discípulo em seu correr,
Pois o amor chega primeiro,
E não se deixa esmorecer,
Sem medo ele segue em frente,
Sem dúvida a lhe preencher.

O amor do discípulo amado,
A muitos encorajou,
Fez Pedro seguir em frente,
Mesmo que ao mestre negou,
Pois foi o amor e a fé,
Que fez Pedro ficar de Pé,
Com coragem continuou.

Compreender a vida nova,
No caminhar dia a dia,
Aceitar outra maneira,
Pra seguir a nova via,
A morte não tem mais poder,
Basta seguir e também crer,
Na Paz e na alegria.

Somos também seguidores,
De Cristo ressuscitado,
Seguimos a nova vida,
Com o nosso Deus amado,
Que se faz nosso alimento,
Na alegria e sofrimento,
Caminhando ao nosso lado.

O encontro com os irmãos,
Faz sair da madrugada,
Pra abraçar a luz completa,
E a vida iluminada,
Pois Cristo que se faz clarão,
Na Palavra e comunhão,
E a assembleia renovada.

 

HOMILIA

Animados e iluminados pela Ressurreição de Cristo

 

Irmãos e irmãs, desde a noite da vigília no sábado, também neste domingo da ressurreição, soam os cantos alegres de aleluia e de glória em toda a Igreja. Esta alegria da ressurreição do Senhor se estenderá por cinquenta dias como sendo uma festa única, um único dia.

Vivemos o dia do Senhor marcados pela alegria verdadeira da sua vitória sobre as trevas da morte. Somos banhados em Cristo, somos novas criaturas, somos homens novos, por que o Senhor no encheu da sua vida e da sua força renovadora.

Contemplamos Maria Madalena, marcada pela dor da morte de Jesus e da saudade. Ela não espera o dia chegar e quando ainda é escuro corre para o túmulo (cf. Jo 20,1). Vendo o túmulo vazio retorna e vai falar aos outros discípulos. No evangelho desta liturgia, vemos que Maria Madalena é a primeira a anunciar o grande acontecimento.

Os discípulos, como estavam ainda marcados pelos últimos acontecimentos, não conseguiram vislumbrar, a grande dádiva de Deus: Jesus tinha ressuscitado (cf. Jo 20,9). Tudo era muito novo, muitas coisas precisavam acontecer para que eles vivessem a certeza da ressurreição do Senhor.

Aquela manhã do primeiro dia da semana ficará marcada no coração dos discípulos como sendo o dia do Senhor, o dia em que nasce a fé na ressurreição, por que o discípulo amado viu e acreditou e espalhou esta certeza entre os seus amigos (cf. Jo 20,8).

A notícia se espalhará por todos os cantos, a força do ressuscitado chegará ao coração dos discípulos e consequentemente ao povo. A fé agora será amadurecida na caminhada dos seguidores de Cristo até ao ponto de testemunharem sem medo tudo o que aconteceu.

Alimentados da esperança e pela certeza, os discípulos enfrentaram o mesmo destino do Senhor. Serão perseguidos, serão caluniados e martirizados, mas encontrarão a ressurreição e a vida eterna. Se fortalecerão na comunidade reunida com a presença de Maria mãe do Senhor.

Pedro e os outros discípulos irão anunciar a verdade da ressurreição como vemos na primeira leitura de hoje: Nós somos testemunhas de tudo o que Jesus fez na terra dos judeus e em Jerusalém. Eles o mataram, pregando-o numa cruz. Mas Deus o ressuscitou no terceiro dia, concedendo-lhe manifestar-se não a todo o povo, mas às testemunhas que Deus havia escolhido: a nós, que comemos e bebemos com Jesus, depois que ressuscitou dos mortos. Ele nos mandou proclamar ao povo e testemunhar que Deus o constituiu Juiz dos vivos e dos mortos” (At 10,39-42).

Esta mensagem animou os primeiro seguidores e os fez continuarem em frente, motivo do qual chegou até nós. Por isso nos reunimos para encontrarmos com a Palavra viva para ouvirmos atentamente e também com a Eucaristia, corpo e sangue do Senhor, que nos alimenta na nossa peregrinação terrestre.

E nós, os cristãos neste dia de hoje, somos despertados para uma nova vida que se constrói a cada momento, que se renova em cada desafio vencido. A fé que temos no Senhor parte daquela madrugada de Madalena e dos outros discípulos. Somos os discípulos missionários e continuamos a levar a mensagem de esperança e de vida nova ao mundo.

Não podemos buscar o Ressuscitado nos túmulos das divisões, dos ritos vazios, do medo e da insegurança. Também não o encontraremos numa rotina de culto sem vida e muitas vezes sem convicção da fé que impulsiona e que faz fluir a motivação para correr e se chegar mais rápido aos lugares onde se faz necessário a esperança, a paz, a alegria e a vida nova. Vida nova à luz do dia e não da madrugada confusa de nossa fé.

Devemos continuar com a mesma fé dos primeiros discípulos e como disse o apóstolo Paulo: “Se ressuscitastes com Cristo, esforçai-vos por alcançar as coisas do alto, onde está Cristo, sentado à direita de Deus; aspirai às coisas celestes e não às coisas terrestres.” (Cl 3,1-3).

Que em nessa caminhada pascal que se inicia, possamos semear esperança e alegria aos que encontrarmos. Nosso mundo precisa da alegria verdadeira do Evangelho para ser melhor e mais cheio de paz. E que a cada dia também possamos amadurecer a nossa fé no ressuscitado, dado que a fé é caminho, é experiência, é vida em comunhão e união realizada no amor que nos motiva a seguir sem medo e sem dúvida.

Sigamos em frente e meditemos neste período de 50 dias que se seguem, celebrados como sendo um, e cantemos confiante: “Este é o dia que o Senhor fez para nós: alegremo-nos e nele exultemos!” (Sl 117/118). Amém.