⇒ Ano “Família Amoris Lætitia” (2021/2022) ⇐ Leituras: 1ª Leitura: Gn 1,1-2,2; Salmo: Sl 16(15); 3ª Leitura: Ex 14,15-15,1; 4ª Leitura: Is 54,5-14; 5ª Leitura: Is 55,1-11; 6ª Leitura: Br 3,9-15.32-4,4; 7ª Leitura: Ez 36,16-17a.18-28; Salmo: Sl 104(103); Salmo: Sl 30(29); Salmo: Is 12; 2ª Leitura: Gn 22,1-18; Leitura do Novo Testamento: Rm 6,3-11; Evangelho: Lc 24,1-12 ⇒ HOMILIA ⇐ Lc 24,1-12 Meus irmãos e irmãs, a celebração da Vigília Pascal faz memória da História da Salvação desde a Criação do mundo e do homem até a Nova Criação em Jesus Cristo. A Nova Aliança que se dá na Última Ceia e se concretiza na Ressurreição do Senhor. É uma Liturgia repleta de rituais com uma simbologia muito profunda e que nos insere no mistério da vida nova no Senhor. Ele vem como luz da Nova Criação. N’Eele somos banhados pelo batismo para fazermos parte do novo Povo de Deus, como sacerdote, profeta e rei, na dignidade de filhos e filhas de Deus. Para mergulharmos profundamente no sentido desta Liturgia iremos vivenciar quatro momentos bem definidos. Primeiro adentramos na Liturgia da Luz, que é a celebração da Páscoa cósmica, marcado pela a passagem das trevas para luz. O círio, aceso na fogueira, em frente ou ao lado da igreja, é a luz do Ressuscitado que irá se espalhando por todo o espaço da assembleia, através das nossas velas, as quais nos lembram o dia de nosso batismo, o dia do nosso novo nascimento. No segundo momento, na Liturgia da Palavra, revivemos pelas leituras bíblicas, a Páscoa histórica, enfatizada nos principais momentos da História da Salvação. A Páscoa do povo Judeu e a Páscoa da Nova Aliança, quando seremos um povo renovado pelo Sangue do Cordeiro de Deus. Num terceiro momento viveremos a Liturgia batismal, que celebra a Páscoa da Igreja, povo de Deus nascido da fonte batismal. A Igreja batiza e o seu povo renova o compromisso do seu batismo como de discípulos e discípulas de Cristo. Por fim, a Liturgia Eucarística, que celebra a Páscoa perene e futura quando seremos julgados definitivamente por Cristo no final dos tempos. A Páscoa de todos os dias quando vamos à Missa e mergulhamos no mistério do Banquete do Cordeiro que se oferece como alimento para a festa da vida e da esperança. Portanto, os elementos da luz, da água, do pão e do vinho, acompanham toda a nossa vida de filhos e filhas de Deus em Cristo Senhor. A cada momento de nossa vida temos esses elementos vitais e sensíveis em nossa caminhada. Em cada celebração, nós renovamos nosso compromisso de caminhar com o Senhor esperando a sua vinda gloriosa. No Evangelho desta Liturgia, ouvimos o testemunho das mulheres, Maria Madalena e Maria mãe de Tiago, como também de Salomé que vão ao túmulo vazio. A força da vida nova rompeu a pedra que queria impedir a vida. Como grão que arrebenta a terra para nascer, Cristo com sua força salvífica arrebentou as barreiras da morte, da escuridão e da tristeza. Como nos fala são Paulo, na Carta aos Romanos, Cristo ressuscitado dos mortos não morre mais; a morte já não tem pode sobre Ele. (cf. Rm 8,6). As mulheres ainda iam ver o cadáver, Jesus entre os mortos. Queriam ungir o corpo corruptível, mas, ele já se tinha transformado para sempre em um corpo novo e cheio de vida. Nós também, muitas vezes, queremos cultuar um Cristo morto por não querer acreditar que Ele nos trará vida nova e transformada. Queremos visitar os túmulos de nosso pessimismo, de nossas dúvidas e de nossa falta de esperança. No Batismo somos novas criaturas e sinais de Cristo, luz do mundo. A Páscoa não é um acontecimento do passado, crer em Cristo Ressuscitado é, portanto, acreditar n’Ele agora e para sempre. Não podemos perder esse foco da fé. Cristo é o coração do Mundo, como disse o teólogo K. Ranner (1904-1984). Nele está a nossa esperança de uma existência nova, redimida e transformada já aqui na nossa caminhada terrena. Ele está em nossas lágrimas, como força, e nas dores como consolo permanente e vitorioso sobre nossos sofrimentos. Ele está em nossos fracassos e impotências como força segura que nos defende. Ele nos visita em nossas depressões, acompanhando-nos na nossa solidão e nas nossas tristezas; Ele age em nossos pecados, nos oferecendo a misericórdia e o Seu perdão como possibilidade de um novo significado para a nossa vida cotidiana e comunitária no caminho da santidade. A experiência no Ressuscitado significa acreditar que Ele está vivo, aqui e agora entre nós. É acreditar que ele está com a gente na comunidade reunida, na catequese, na liturgia, no Terço dos Homens, nos Terços nas casas, também quando saímos em missão, quando nos encontramos para a Missa e em muitos outros momentos que vivenciamos na nossa comunidade a união e a alegria do Evangelho. Jesus tem força para ressuscitar e transformar nossa vida, renovar a nossa esperança de nos converter. Não são os bens materiais que nos dão a vida nova, mas a paixão e o amor à vida, alimentada pela mística espiritual do encontro, da partilha e da busca de harmonia com o supremo Deus que nos coloca na dignidade de filhas e filhos muito amados. Que a experiência da Ressurreição do Senhor nos faça também pessoas pascais, ou seja, marcadas pela vida nova no amor do Senhor e no compromisso com a paz e a justiça do Reino de Deus. Busquemos vencer a morte que está nas tantas realidades humanas – nas guerras, nas injustiças, na nossa conivência com as mentiras deste mundo e nas pobrezas espirituais e materiais. O Senhor está conosco em todos os dias de nossas vidas até o fim dos tempos (Mt 28,20). Sigamos com a vida e a esperança na força do Ressuscitado, na busca de um mundo novo. Amém. * * * ⇒ POESIA ⇐ ⇒ Que a Palavra e a Luz de Nosso Senhor Jesus Cristo, que nos insere numa vida nova pela Sua Ressurreição, ilumine o seu caminho! ⇐
⇒ Intenções do Santo Padre, o Papa Francisco: Pelos profissionais de saúde ⇐
Cristo é a Luz da nova Criação
A Páscoa de Cristo em Nós
Acompanhados da Luz do vivente,
Caminhamos como amigos e irmãos,
Vencendo as trevas e iluminados,
Fortes, vencendo a escuridão,
Seguindo-O vamos em frente,
Na procissão como povo crente,
Em busca do altar da comunhão.
*
Pela companhia da Palavra santa,
Vamos ouvindo o novo mandamento,
Aprendendo e caminhando com o Senhor,
Vivendo a salvação como ensinamento,
Não como algo que ficou no passado,
Que aconteceu e ficou desprezado,
Mas no hoje de nossa vida fundamento.
*
Banhados pela água batismal,
Renovando o compromisso que se selou,
Sigamos a mesma fé professando,
Vivendo a nossa páscoa que chegou,
A cantar o cântico dos renascidos
Como discípulos fiéis e redimidos,
Com o Jesus que conosco Ressuscitou.
*
Encontro da mesa e do Vinho novo,
Comungamos do Corpo do Ressuscitado,
Que nos convida e nos oferece a alegria,
Vem trazer a paz aos desanimados,
Na fraternidade sempre a seguir,
Com coragem e sem desistir,
No mundo novo que agora é recriado.
* * *
Tag: Tríduo Pascal
Celebração da Paixão do Senhor (2022)
⇒ Ano “Família Amoris Lætitia” (2021/2022) ⇐ Leituras: Is 52,13-53,12; Sl 31(30); Hb 4,1416;5,7-9; Jo 18,1-19,42 ⇒ HOMILIA ⇐ Jo 18,1-19,42 Irmãos e irmãs, nesta Sexta-feira Santa, no silêncio e de joelhos, toda a Igreja inicia, às 15h, a Celebração da Paixão do Senhor, a sua segunda Páscoa, dentro do mistério da redenção. Todo o momento desta Liturgia é realizado na mais absoluta reverência e clima de meditação da Palavra e da contemplação da cruz. Da cruz, a qual Jesus foi pregado e elevado, viveu o seu Sacrifício de entrega e a tornou o trono do seu reinado para a nossa salvação. Cristo, nosso Cordeiro Pascal, foi imolado por entrega total e livremente. No Jardim das Oliveiras, Jesus foi entregue aos inimigos para viver a sua paixão e morte e nos resgatar para a vida nova. O jardim é simbólico. Lá o homem (Adão) desobedeceu a Deus e quis ser igual a Ele. No jardim, Jesus foi obediente ao Pai pela nossa Salvação. A maioria de seus discípulos fugiu porque esperavam um rei poderoso segundo as expectativas imperiais e humanas. Pilatos se acovardou por medo da popularidade de Jesus. Por medo de perder seu poder diante do Império Romano. O Reino de Cristo não é deste mundo, mas do alto e do Pai. Esse Reino não tem critérios humanos, não tem interesses de poderes terrenos e de ambições de poder e opressão contra os pobres, os sem vez e sem voz. Jesus sim, esteve a todo tempo ao lado dos necessitados de saúde, de acolhimento, de perdão, de misericórdia, de amor e de libertação. Tudo isso levou Jesus a ser condenado pelos poderes do mundo. Ontem, na Última Ceia, Jesus nos deu o exemplo do mandamento do amor e do serviço e nos pediu que fizéssemos o mesmo. Hoje nos dar o testemunho da entrega total, do esvaziamento pelo sofrimento, limítrofe humanamente falando. “Embora sendo Deus, não considerou que ser igual a Deus, mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens” (Fl 2,6-7). É a natureza humana e santa de Cristo que se entrega pela nossa salvação. Nós somos chamados a viver a paixão de Cristo nos tornando solidários aos que sofrem vivendo a compaixão pela dor do outro e tentando amenizá-la. Somos convidados a valorizarmos a vida, a cada dia. Quantas vezes reclamamos por pouca coisa e queremos desistir de seguir em frente. Cristo nos chama a caminharmos com Ele em meio às glórias e carregando a cruz. O Senhor se compadeceu de nossos pecados e sofrimentos. É misericordioso quando erramos e quer que retornemos à dignidade de filhos e filhas. Quer que voltemos à sua Casa, onde há o Pão, da Palavra e da Eucaristia, e onde há a Bebida que mata a nossa sede para sempre. O salmo responsorial desta Liturgia, o Salmo 30, nos convida a refletirmos sobre a confiança no Senhor: Pai em tuas mãos eu entrego o meu espírito. O servo justo coloca toda a confiança em Deus que lhe dá força e não o abandona. Às vezes temos o sentimento de abandono, achamos que Deus nos abandonou e não nos escuta. Mas Cristo nos ensina que devemos perseverar (mesmo no sofrimento, mesmo no sacrifício e nas dores da cruz, mesmo quando somos caluniados em busca da nossa redenção). Nós, hoje, estamos com Jesus vivendo a Sua Páscoa na cruz, vivendo a Sua passagem pela cruz. Como Maria e o discípulo amado, nós também aos pés da cruz para dizermos que somos uma comunidade onde se abraça o sofrimento, mas, ao mesmo tempo, com coragem e carregados de esperança e amor. Reconhecemos que, muitas vezes, queremos desistir da cruz, queremos mais glória, mais festa, mais apegos humanos e por isso temos medo das consequências do abraço à cruz. Nesta Celebração vamos unir nossas preces em favor das realidades humanas, temporais e espirituais. Depois iremos acolher a cruz como símbolo da vitória de Cristo. Em procissão reconheceremos que somos a Igreja que nasce do lado de Cristo no alto da cruz. Pelas águas do Batismo somos unidos aos discípulos do Senhor. Pela Eucaristia nos unimos como Igreja corpo que se torna comunhão mística, comunhão espiritual, que busca a redenção. Depois, em silêncio, também sairemos para meditarmos em nossas casas, sobre a paixão do Senhor. Amanhã, Sábado Santo, deverá ser vivido no silêncio até o início da Vigília Pascal. Que o Senhor nos abençoe e nos dê a perseverança de vivermos santamente este Tríduo Pascal. Amém. * * * ⇒ POESIA ⇐ ⇒ Que a Palavra e a Luz de Nosso Senhor Jesus Cristo, que nos ensina a ser Servos por amor, ilumine o seu caminho! ⇐
⇒ Intenções do Santo Padre, o Papa Francisco: Pelos profissionais de saúde ⇐
A Páscoa de Cristo na Cruz
A Árvore da Vida Nova
Ó cruz libertadora,
Que Cristo a passou por amor,
Para nos trazer a vida,
Mesmo aos tormentos e na dor,
Sinal da entrega total,
Matando a morte, afinal,
Pra ser o nosso Salvador.
*
Cordeiro que se entregou,
Ao Sacrifício, livremente,
No silêncio e na firmeza,
Em favor de sua gente,
Fez de Si santa Comida,
Como também a Bebida,
Que se dá agora e sempre.
*
Essa cruz também se estende,
Aos irmãos, os sofredores,
Que também carregam o fardo,
Expressos em suas dores,
Os sem voz e oprimidos,
Aos tristes e deprimidos,
Que vivem os seus temores.
*
O silêncio da cruz do Senhor,
Se une aos abandonados,
Às famílias em desalento,
Aos tantos desempregados,
Aos reféns dos tantos conflitos,
Reféns das guerras, aflitos,
E aos irmãos refugiados.
*
Que a cruz de nosso Senhor,
A sua santa Paixão,
Faça-nos a Igreja viva,
Fundada na comunhão,
E que o Seu Corpo Santo,
Faça-nos enxugar o pranto,
E nos dê consolação.
* * *
Missa Vespertina da Ceia do Senhor (2022)
⇒ Ano “Família Amoris Lætitia” (2021/2022) ⇐ Leituras: Ex 12,1-8.11-14; Sl 116(114-115); 1Cor 11,23-26; Jo 13,1-15 ⇒ HOMILIA ⇐ Jo 13,1-15 Irmão e irmãs, com esta Liturgia, a da Missa Vespertina da Ceia Senhor, nós iniciamos o Tríduo Pascal que seguirá como uma única Liturgia até a vigília do Sábado Santo. Nesta Liturgia, o refrão do salmo 115 nos diz: “O cálice por nós abençoado é a nossa comunhão com o sangue do Senhor”. Este refrão nos oferece a profundidade da celebração da Ceia do Senhor, porque todos que se reúnem na comunidade dos batizados vem partilhar da mesma palavra, do mesmo pão e do mesmo sangue, abençoados, consagrados e oferecidos pelo mesmo Senhor. Nesta liturgia Jesus institui o Sacerdócio e a Eucaristia; o mandamento do amor. A Missa da Última Ceia, do Lava-pés, é a porta de entrada do Tríduo Pascal, cume do Ano Litúrgico e em que celebramos três páscoas (passagem): a primeira, na quinta-feira, celebramos a páscoa da ceia; a segunda, na sexta-feira, a páscoa da paixão; e a terceira, no sábado e no Domingo, a páscoa da Ressureição. Nesta celebração, da quinta-feira, o evangelista João vem apresentar a sua particularidade na Última Ceia de Jesus: o gesto do lava-pés o qual os outros evangelistas não trazem em seus textos. Isso significa que é mais um elemento que enriquece o sentido da Ceia nas narrações dos evangelhos. Jesus realiza um gesto que era próprio dos escravos ou servos daquela época: lavar os pés do seu senhor. Isso para nos dizer que a Eucaristia só será completa quando, ao recebê-la, estivermos prontos para servir também os outros. Prontos para vivermos a caridade, cuidando também do irmão. Eucaristia também é lava-pés, é abaixar-se e se colocar também à disposição do outro no serviço, no cuidado e na simplicidade. Jesus realizou este gesto para dizer aos discípulos que era preciso fazer o mesmo. E por isso disse: “Quem quiser ser grande, seja vosso servo; e quem quiser ser o primeiro seja o escravo de todos” (Mt 10,43-44). Todo o ensinamento de Jesus, antes de ser falado, é vivido por Ele. Vemos que se tornou servo das pessoas; compassivo, caridoso para com os pobres; misericordioso com os pecadores; e consolador dos aflitos. Vemos que os discípulos tiveram dificuldade de entender o gesto de lavar os seus pés. Foi algo totalmente novo e desafiador para os Seus seguidores. Pedro, por exemplo, disse-lhe: “Tu nunca me lavarás os pés. E Jesus lhe responde: Se eu não lavar, não terás parte comigo” (Jo 13,8). O pensar de Pedro era ainda dos antigos judeus. Um mestre nunca poderá lavar os pés de seus seguidores. Assim são os cristãos, quando acham que a religião traz status e honra. Ser discípulo de Jesus é estar primeiramente a serviço dos irmãos que precisam de nós. É pão partilhado e sangue oferecido para a salvação de todos, mas que traz libertação e vida nova. Isso quando os necessitados forem atendidos e os sem esperança forem animados e fortalecidos pela força edificadora de Cristo. Hoje, somos nós, os batizados em Cristo, que participamos e atualizamos aquela ceia derradeira. A Eucaristia nos faz sentirmos como os seus discípulos naquele momento. Muitas vezes temos dificuldades de entender o agir do Senhor para conosco. E, em outros momentos, nos sentimos incapazes de realizar o que Ele nos pediu, pois a Eucaristia nos motiva a ter parte com Jesus Cristo e com seu projeto, de missão, de amor e de misericórdia. Portanto, a Última Ceia de Jesus foi marcada pela memória da libertação de Israel, mas ao mesmo tempo atualizada pela sua entrega como o Cordeiro que se oferece em Sacrifício pela salvação, não somente de um povo, mas de todo o mundo. Jesus inaugura a Nova Aliança e o novo Povo de Deus. Que a cada dia possamos entender que o encontro perseverante e constante com o Senhor, na Palavra e na Eucaristia, nos fortalece e nos faz continuar a caminhada, como também nos ensina, a cada dia, algo novo para chegarmos à salvação e ao Céu. É caminhado com Jesus que nos tornamos cada vez mais capacitados para servir e amar os irmãos e sermos sinais de servidão e de santidade no mundo. Amém. * * * ⇒ POESIA ⇐ ⇒ Que a Palavra e a Luz de Nosso Senhor Jesus Cristo, que nos ensina a ser Servos por amor, ilumine o seu caminho! ⇐
⇒ Intenções do Santo Padre, o Papa Francisco: Pelos profissionais de saúde ⇐
O Lava-pés e a Ceia do Senhor
O Avental de Cristo
Jesus que tanto amou o mundo,
E continua a nos amar,
Ensina-nos a servir aos outros,
Quando um avental quis usar,
Como o servo do amor,
Fez-se Rei servidor,
A fim de nos libertar.
*
Abaixou-se a nossos pés,
Com a solidariedade,
Ensinou-nos a comungar,
Pra vivermos a unidade,
Pois comungar é servir,
No amor se consumir,
Por toda a humanidade.
*
Só comunga com o Senhor,
Aquele que quer servir,
Que veste o avental da entrega,
E segue sem desistir,
Que desce da prepotência,
Pra viver a benevolência,
E a voz do outro ouvir.
*
A santa Eucaristia
É Jesus Ressuscitado,
Ensinando-nos o serviço,
Para o necessitado,
É os pés do outro lavar,
E o amor testemunhar,
Com o coração doado.
*
Recordando a Última Ceia,
Hoje também partilhando,
Avental e lava-pés,
E mesma fé professando,
Na comunhão e caridade,
No serviço e na irmandade,
Corpo e Sangue comungando.
* * *
VIGÍLIA PASCAL DA RESSURREIÇÃO DO SENHOR
ANO NACIONAL DO LAICATO
Leituras: Gn 1,1-2,2; Sl 103; Ez 36,16-17a.18-28; Sl 50; Ex 15; Rm 6,3-11; Mc 16,1-7
POESIA
A PÁSCOA DE CRISTO EM NÓS
Acompanhados da Luz do vivente,
Caminhamos como amigos e irmãos,
Vencendo as trevas e iluminados,
Fortes, vencendo a escuridão,
Seguindo-o vamos em frente,
Na procissão como povo crente,
Em busca do altar da comunhão.
Pela companhia da Palavra Santa,
Vamos ouvindo o novo mandamento,
Aprendendo e caminhando com o Senhor,
Vivendo a salvação como ensinamento,
Não como algo que ficou no passado,
Que aconteceu e ficou desprezado,
Mas no hoje de nossa vida fundamento.
Banhados pela água batismal,
Renovando o compromisso que se selou,
Sigamos a mesma fé professando,
Vivendo a nossa Páscoa que chegou,
A cantar o cântico dos renascidos
Como discípulos fiéis e redimidos,
Com o Jesus que conosco ressuscitou.
Encontro da mesa e do vinho novo,
Comungamos do corpo do ressuscitado,
Que nos convida e nos oferece a alegria,
Vem trazer a paz aos desanimados,
Na fraternidade sempre a seguir,
Com coragem e sem desistir,
No mundo novo que agora é recriado.
HOMILIA
Cristo é a Luz da nova Criação
A celebração da Vigília Pascal faz memória da história da Salvação desde a Criação do mundo e do homem até a nova Criação. A nova aliança que se dá na última ceia e se concretiza na ressurreição do Senhor.
É uma liturgia repleta de rituais com uma simbologia muito profunda e que nos insere no mistério da vida nova em Cristo. Ele vem como luz da nova criação. Nele somos banhados pelo batismo para fazermos parte do novo povo de Deus como sacerdote, profeta e rei, na dignidade de filhos e filhas de Deus.
Para mergulharmos profundamente no sentido desta liturgia iremos vivenciar quatro momentos bem definidos. Primeiro adentramos na liturgia da luz, que é a celebração da Páscoa cósmica, marcando pela a passagem das trevas para luz. O círio aceso na fogueira, em frente ou ao lado da igreja, é a luz do ressuscitado que irá se espalhando por todo o espaço da assembleia, através das nossas velas, as quais nos lembra o dia de nosso batismo, o dia do nosso novo nascimento.
No segundo momento, na liturgia da palavra, revivemos pelas leituras bíblicas, a Páscoa histórica, enfatizada nos principais momentos da história da salvação. A Páscoa do povo Judeu e a páscoa da nova aliança, quando seremos um povo renovado pelo sangue do Cordeiro de Deus.
Em terceiro lugar viveremos a liturgia batismal que celebra a Páscoa da Igreja, povo de Deus nascido da Fonte do Batismo. Neste momento a Igreja batiza e o povo renova seu compromisso batismal de discípulos e discípulas de Cristo.
Por último a liturgia Eucarística que celebra a Páscoa perene e futura quando seremos julgados definitivamente por Cristo, no final dos tempos. A Páscoa de todos os dias quando vamos à Missa e mergulhamos no mistério do banquete do Cordeiro que se oferece como alimento para a festa da vida e da esperança.
Portanto, os símbolos da Luz, da água, do Pão e do Vinho, acompanham toda a nossa vida de filhos e filhas de Deus em Cristo. A cada momento de nossa vida temos esses elementos vitais e sensíveis em nossa caminhada. Em cada celebração renovamos nosso compromisso de caminhar com o Senhor esperando a sua vinda gloriosa.
No Evangelho desta liturgia, ouvimos o testemunho das mulheres, Maria Madalena e Maria mãe de Tiago, com também de Salomé que vão ao túmulo vazio. A força da vida nova rompeu a pedra que queria impedir a vida. Como grão que arrebenta a terra para nascer, Cristo cm sua força salvífica arrebentou as barreiras da escuridão e da tristeza. Como nos fala São Paulo na carta aos Romanos, Cristo ressuscitado dos mortos não morre mais; a morte já não tem pode sobre ele. (cf. 8,6).
As mulheres ainda iam ver o cadáver, o Cristo entre os mortos. Queriam ungir o corpo corruptível, mas ele já se tinha transformado para sempre em um corpo novo e cheio de vida. Nós também, muitas vezes, queremos cultuar um Cristo morto por não querer acreditar que ele nos trará vida nova. Queremos visitar os túmulos de nosso pessimismo, de nossas dúvidas e de nossa falta de esperança. No batismo somos novas criaturas e sinais de Cristo, luz do mundo.
A Páscoa não é um acontecimento do Passado, Crer em Cristo ressuscitado é portanto, acreditar nele agora e para sempre. Não podemos perder esse foco da fé. Cristo é o coração do Mundo, como disse o teólogo K. Ranner (*1904+1984). Nele está a nossa esperança de uma existência nova, redimida e transformada já aqui na nossa caminhada terrena.
Ele está em nossas lágrimas, como força, e nas dores como consolo permanente e vitorioso sobre nossos sofrimentos. Ele está em nossos fracassos e impotências como força segura que nos defende. Ele nos visita em nossas depressões, acompanhando-nos nossa solidão e nas nossas tristezas; Ele age em nossos pecados, nos oferecendo a misericórdia e o seu perdão como possibilidade de um novo significado para a nossa vida cotidiana e comunitária no caminho da santidade.
A ressurreição não é somente um só dogma, mas um contato vital e concreto com Cristo. Não podemos viver e crer na Ressurreição como uma teoria. Nós ressuscitamos na vida em comunidade, na experiência da casa entre esposo e esposa, pais e filhos. Também nas relações fraternas que realizamos, seja na dimensão família, laboral ou comunitária.
A experiência no Ressuscitado significa acreditar que ele está vivo, aqui e agora entre nós. É acreditar que ele está com a gente na comunidade reunida, na catequese, na liturgia, no Terço dos Homens, nos Terços nas casas, quando saímos em missão, quando nos encontramos para a Missa e em muitos outros momentos que vivenciamos na nossa comunidade a união e a alegria do evangelho.
Jesus tem força para ressuscitar a nossa vida, renovar a nossa esperança. Não são os bens materiais que nos dão a vida nova, mas a paixão e o amor à vida, alimentada pela mística espiritual do encontro, da partilha e da busca de harmonia com o supremo Deus que nos coloca na dignidade de filhas e filhos muito amados.
Como a mulheres, testemunhas primeiras da ressurreição, saiamos pelo mundo para pregar a vida nova em Cristo como algo concreto em nossas vidas. Não considerando um acontecimento do passado, mas do presente que se faz a cada momento do nosso existir.
Cristo ressuscita em nós todas as vezes que nos sentimos renovados pela cura de nossos rancores, ressentimentos, prepotências e profundas angústias e tribulações. Disse o Senhor: “Tende Paz em mim. No mundo tereis tribulações, mas tende coragem eu venci o mundo” (João 16,33).
Que a experiência da ressurreição do Senhor nos faça também pessoas pascais, ou seja, marcadas pela vida nova no amor do Senhor e no compromisso com a Paz e a justiça do Reino de Deus. Busquemos vencer a morte que está nas tantas realidades humanas – nas guerras, nas injustiças e nas pobrezas materiais e espirituais.
O Senhor está conosco, em todos os dias de nossas vidas até o fim dos tempos (Mt 28,20b). Sigamos com a vida e a esperança na força do ressuscitado, na busca de um mundo novo. Façamos algo pelo Reino de Deus!
CELEBRAÇÃO DA PAIXÃO DO SENHOR
Leituras: Is 52,13-53,12; Sl 30 (Refrão: Lc 23,46); Hb 4,14-16;5,7-9; Jo 18,1-19,42
POESIA
A ÁRVORE DA VIDA NOVA
Ó Cruz libertadora,
Que Cristo a subiu por amor,
Para nos trazer a vida,
Mesmo aos tormentos e na dor,
Sinal da entrega total,
Matando a morte afinal,
Pra ser o nosso salvador.
Cordeiro que se entregou,
Ao sacrifício livremente,
No silêncio e na firmeza,
Em favor de sua gente,
Fez de si santa comida,
Como também a bebida,
Que se dá agora e sempre.
Essa cruz também se estende,
Aos irmãos, os sofredores,
Que também carregam o fardo,
Expressos em suas dores,
O sem voz e oprimidos,
Aos tristes e deprimidos,
Que vivem os seus temores.
O Silêncio da Cruz de Cristo,
Se une aos abandonados,
Às famílias em desalento,
Aos tantos desempregados,
Aos reféns dos tantos conflitos,
Aos peregrinos aflitos,
E aos irmãos refugiados.
Que a Cruz de nosso Senhor,
A sua santa Paixão,
Faça-nos a Igreja Viva,
Fundada na Comunhão,
E que o seu Corpo Santo,
Faça-nos enxugar o pranto,
E nos dê consolação.
HOMILIA
A Páscoa de Cristo na Cruz
No silêncio, e de joelhos, iniciamos a celebração da Paixão do Senhor, a sua segunda Páscoa, dentro do mistério da redenção. Todo o momento desta liturgia é realizado na mais absoluta reverência e clima de meditação da palavra, da contemplação da Cruz. Da cruz a qual Jesus subiu e a tornou o trono do seu reinado para a nossa salvação. Cristo nosso Cordeiro Pascal foi imolado por entrega total e livremente.
No Jardim das Oliveiras Jesus foi entregue aos inimigos para viver a sua Paixão e morte e nos resgatar para a vida nova. O Jardim é simbólico. Lá o homem (Adão) desobedeceu a Deus e quis ser igual a Ele. No Jardim Jesus foi obediente ao Pai pela nossa Salvação. A maioria de seus discípulos fugiram porque esperavam um rei poderoso segundo as expectativas humanas. Pilatos se acovardou por medo da popularidade de Jesus. Por medo de perder seu poder diante do Império Romano.
O Reino de Cristo não deste mundo, mas do alto e do Pai. Esse reino não tem critérios humanos, não tem interesses de poderes terrenos e de ambições de poder e opressão contra os pobres, os sem vez e sem voz. Jesus sim, esteve a todo tempo ao lado dos necessitados de saúde, de acolhimento, de perdão e de libertação. Tudo isso levou Jesus a ser condenado pelos poderes do mundo.
Ontem Jesus nos deu o exemplo do mandamento do amor e do serviço e nos pediu que fizéssemos o mesmo. Hoje nos dar o testemunho da entrega total, do esvaziamento pelo sofrimento limítrofe humanamente falando. “Embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus, mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens” ( Fl 2,6-7). É a natureza humana e santa de Cristo que se entrega pela nossa salvação.
Nós somos chamados a viver a paixão de Cristo nos tornando solidários aos que sofrem vivendo a compaixão pela dor do outro e tentando amenizá-la. Somos convidados a valorizarmos a vida, a cada dia. Quantas vezes reclamamos por pouca coisa e queremos desistir de seguir em frente. Cristo no chama a caminharmos com ele em meio as glória e carregando a cruz.
O Senhor se compadeceu de nossos pecados e sofrimentos. É misericordioso quando erramos e quer que retornemos a dignidade de filhos e filhas. Quer que voltemos a sua casa, onde há o pão da palavra e da Eucaristia e onde há a bebida que mata a nossa sede para sempre.
O salmo de hoje nos convida a refletirmos sobre a confiança no Senhor: Pai em tuas mãos eu entrego o meu espírito. O servo justo coloca toda a confiança em Deus que lhe dá força e não o abandona. Às vezes temos o sentimento de abandono, achamos que Deus nos abananou e não nos escuta. Mas Cristo nos ensina que devemos perseverar mesmo no sofrimento, mesmo quando somos caluniados em busca da nossa redenção.
Nós hoje estamos com Jesus vivendo a sua Páscoa na Cruz. Como Maria e o discípulo amado, estamos também aos pés da Cruz para dizermos que somos uma comunidade onde se abraça o sofrimento, mas ao mesmo tempo, com coragem e carregados de esperança e amor. Reconhecemos que muitas vezes queremos desistir da Cruz, queremos mais glória, mais festa, mais apegos humanos e por isso temos medo das consequências do abraço à Cruz.
Nesta celebração vamos unir nossas preces em favor das realidades humanas, temporais e espirituais. Depois iremos acolher a Cruz como símbolo da vitória de Cristo. Em procissão reconheceremos que somos a Igreja que nasce do lado de Cristo no alto da Cruz. Pelas águas do Batismo somos unidos aos discípulos do Senhor.
Pela Eucaristia nos unimos como Igreja corpo que se torna comunhão mística que busca a redenção. Depois, em silêncio também sairemos para meditarmos em nossas casas, sobre a Paixão do Senhor. O Sábado deverá ser vivido no silêncio até o início da Vigília Pascal. Que o Senhor nos abençoe e nos dê a perseverança de vivermos santamente este Tríduo Pascal. Amém.