27º Domingo do Tempo Comum, Ano C, São Lucas

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» Lema: “Sereis minhas testemunhas” (At 1,8) «

 

Leituras: Hab 1,2-3.2,2-4; Sl 94(95),1-2.6-7.8-9 (R. 8); 2Tm 1,6-8.13-14; 1Pd 1,25; Lc 17,5-10

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

 

Aumentando a Fé na Caminhada

Lc 17,5-10

 

Meus irmãos e irmãs, estamos no 27º Domingo do Tempo Comum, do Ano C, o primeiro Domingo do Mês do Rosário e também do Mês Missionário, que tem como tema “A Igreja é missão” e como lema “Sereis minhas testemunhas” (At 1,8). Também coloquemos em nossas orações as intenções do Santo Padre, que neste mês, e em consonância com o espírito da sinodalidade, roga por uma Igreja aberta a todos.

A Liturgia do 27º Domingo do Tempo Comum nos motiva a contemplar Nosso Senhor Jesus Cristo diante da forte súplica dos Apóstolos, que pedem: “Aumenta a nossa fé!” (Lc 17,5). E o Evangelho desta Liturgia está em Lc 17,5-10. sequência do Domingo passado.

Neste Evangelho os apóstolos caminham com Jesus para Jerusalém e, depois de terem ouvido sobre a misericórdia, a pobreza e a riqueza, sentem o desafio e as possíveis barreiras a serem enfrentadas no apostolado. E Jesus, vendo aquela fé “infantil”(1) dos apóstolos, vinda da tradição do antigo povo de Israel, responde: “Se vós tivésseis fé, mesmo pequena como um grão de mostarda, poderíeis dizer a esta amoreira: ‘Arranca-te daqui e planta-te no mar’, e ela vos obedeceria.” (Lc 17,6).

Na caminhada com o Mestre, os apóstolos necessitavam de aumentar fé, pois a experiência de segui-Lo em missão exigia um compromisso maduro e mais concreto, fundamentado numa resposta consciente de cada seguidor, a cada dia, a cada desafio, a cada crise. Caminhar com Jesus não era mais como seguir a tradição dos mestres da lei, que muitas vezes impunham normas e preceitos sem adesão das pessoas.

Para seguir Jesus, exigia-se novas atitudes de vivência religiosa e desta vez concreta e encarnada na vida, no contato com os doentes, com os pobres e com os marginalizados, também no embate com as lideranças políticas e religiosas daquela época. Isso exigia que a fé, mesmo pequena como um grão de mostarda, precisaria crescer, ter força de transformação, de movimento e de mudanças consistentes na vida de cada apóstolo.

Estas palavras de Jesus devem nos levar a refletir sobre a nossa necessidade de suplicar uma fé que seja mais sólida e que tenha a força das palavras do Evangelho, maior do que a fé infantil absorvida (e mesmo necessária!) nos primeiros anos de nossa catequese. E então podemos pedir: Senhor, aumenta a nossa fé, qualifica a nossa fé, torna a nossa experiência com o Senhor cada vez mais autêntica, como aquela que transformou a vida dos primeiros seguidores do Caminho, mesmo que ela seja tão pequena quanto um grão de mostarda.

E Jesus ensina sobre a necessidades de servirmos com humildade. “Quando tiverdes feito tudo o que vos mandaram, dizei: ‘Somos servos inúteis; fizemos o que devíamos fazer’.” (Lc 17,10). Neste sentido, é o crescimento de nossa fé como discípulos do Senhor que nos faz nos reconhecermos como servos inúteis ou simples servos.
Crescer na fé é uma graça que vem de Deus, com a nossa colaboração. Servir ao Senhor não nos dar o direito aos merecimentos, às honrarias, mas acessamos às bem-aventuranças por fazermos um caminho de discipulado e assim nos convertermos e ganharmos o Céu.

Vivemos num mundo que estimula os méritos, mas ser discípulos é se colocar na contramão desta concepção de merecimentos humanos. Ser um simples servo é ser discípulo em gratuidade e agradecimento por caminhar com Jesus e colaborar com o seu Reino e no anúncio de sua boa notícia.

Na Primeira Leitura desta Liturgia temos um diálogo entre o profeta Habacuc e Deus, que poderá nos ajudar nesta compreensão da experiência da fé. O profeta se queixa de tantos sofrimentos e problemas sem soluções. E Deus lhe responde no final: “Quem não é correto, vai morrer, mas o justo viverá por sua fé.” (Hab 2,4). O justo viverá pela sua fé, este é o segredo.

Já a Segunda Leitura, da Segunda Carta a Timóteo, nos ensina a vivermos sem medo ou timidez na estrada do Senhor. E diz São Paulo: “Pois Deus não nos deu um espírito de timidez, mas de fortaleza, de amor e sobriedade.” (2Tm 1,7). O discípulo do Senhor não pode caminhar na insegurança, nem no medo. Ele deve caminhar e carregar no coração a esperança e como servo inútil buscar viver a sua fé numa dinâmica de crescimento do mandato recebido.

E no início do mês missionário e do Santo Rosário, peçamos ao Senhor que aumente a nossa fé e o nosso entusiasmo na missão. Também o nosso compromisso na evangelização, caminhando com Ele na construção do Reino de Deus. Mesmo reconhecendo que a nossa fé seja menor que um grão de mostarda, supliquemos ao Senhor que qualifique a nossa confiança, pois somos servos inúteis e necessitamos sempre da graça de Deus e, ao mesmo tempo, somos incapazes de corresponder plenamente ao que o Senhor nos favorece, porque seu amor além de ser incalculável é gratuito. Amém.

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(1) A expressão “infantil” nos remete à uma vivência de adoração a Deus anteriormente a encarnação do Filho. Essa noção pode ser lida em Pagola (O caminho aberto por Jesus: Lucas. Petrópolis: Vozes, 2012, pp. 279-285).

 

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⇒ POESIA ⇐

Os Caminhos da Fé

 

Em missão vão os discípulos,
Junto ao Senhor que tanto os ama,
Suplicam a fé em quantidade,
Para que não se apague o fervor da chama,
Que se acendeu quando Ele os chamou,
E continua acesa por onde Ele caminhou,
Mas que por um momento já não inflama.
*
Ao perceberem os desafios do caminhar,
Pedem a fé para perseverar,
A confiança na rocha firme que é o Senhor,
Para na missão com pés firmes continuar,
Sem medo, sem desconfiança,
Mas na obediência e na esperança,
Que com o Senhor não irão desandar.
*
Hoje somos nós os seguidores,
Que pedem o dom da esperança e da alegria,
Com o peito marcado pelo fervor
Nas noites escuras, mas também ao dia,
Buscando ouvir a Palavra como alimentação,
Querendo viver sem desolação,
E seguindo a Luz que sempre alumia.
*
O Senhor nos chama a sempre caminhar,
E nos dá o seu Corpo que nos fortalece,
Nos chama a viver na comunhão,
Acolher seu Amor que nos enternece,
E o Santo Espírito sempre acolher,
Que a nossa vida quer aquecer,
Numa firme busca que se oferece.
*
E nesta vida de peregrinação,
Como servos inúteis vamos andando,
Aos passos lentos procurando entender,
Tudo que o Senhor vai nos ensinando,
Como na fé a gente vai crescendo,
Mesmo que no momento não entendendo,
Por que a vida santa se faz caminhando.

 

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Obras: (1) “Santa Teresinha Visitando a Sagrada Família”, (autor desconhecido). In thesacredartgallery.com: “St. Therese Visiting The Holy Family by Old Masters”. (2) Imagem da Rosa: In <gratispng.com/png-uj22en>.

 

⇒ Que a Palavra e a Luz de Nosso Senhor Jesus Cristo, que nos ensina sobre a necessidade de aumentar a nossa fé para vivermos a experiência do discipulado e da missão, ilumine o seu caminho! 

 

 

XXVII Domingo do Tempo Comum, Ano A, São Mateus

 

Leituras: Is 5,1-7; Sl 80(79); Fl 4,6-9; Mt 21,33-43

⇒ HOMILIA ⇐

Nós Somos a Vinha do Senhor

Mt 21,33-43

Meus irmãos e minhas irmãs, o mistério pascal da Liturgia do XXVII Domingo nos motiva a sermos a vinha do Senhor e não somente os vinhateiros. E o Evangelho para esta Liturgia está em Mateus 21,33-43, sequência do Domingo passado.

“O Reino de Deus vos será tirado e será entregue a um povo que produzirá frutos” (Mt 21,43). Jesus, dirigindo-se às autoridades judaicas, anuncia as consequências da violência (física e moral) daqueles que maltrataram os enviados de Deus, que cuidou do povo da antiga Aliança e alertou dos erros e perigos que poderiam passar.

Os profetas foram porta-vozes da sua Palavra anunciando a esperança e propagando a fidelidade ao projeto de Salvação. O profeta Isaías faz referência à vinha criada por Deus: “Um amigo meu possuía uma vinha em fértil encosta. Cercou-a, limpou-a de pedras, plantou videiras escolhidas, edificou uma torre no meio e construiu um lagar; esperava que ela produzisse uvas boas, mas produziu uvas selvagens” (Is 5,2).

Muitos não acolheram os profetas. Preferiram torturar e assassinar a escutar os alertas no trato com a vinha. Apesar de tantas desobediências, Deus continuou amando e cuidando de sua vinha. Mas a prepotência dos vinhateiros produziu frutos selvagens e amargos.

Fiel à sua Criação, Deus envia o Filho para redimir a vinha, mas os vinhateiros não aceitam e assassinam o enviado. Entretanto, com a morte e glorificação do Cristo de Deus nasce uma nova vinha, é a “Igreja Santa, Templo do Senhor (…), cidade dos cristãos”[1]. Novos vinhateiros são escolhidos, os quais devem cultivar e, ao mesmo tempo, serem cultivados.

Como dito anteriormente: “O Reino de Deus vos será tirado e será entregue a um povo que produzirá frutos.” (Mt 21,43). Nós somos a nova vinha, que deve dar frutos dóceis e doces, como a misericórdia, a justiça, a paz. Ao imitar Cristo, cuidaremos da vinha, diferente dos vinhateiros homicidas que aspiravam tomar posse daquilo que é de Deus.

Como vinha ou como vinhateiros devemos conhecê-Lo, dar culto agradável, fazer Sua vontade e orar sempre. Estamos inseridos em pequenas vinhas: família, grupos, comunidades, missões. Devemos, com atenção, cuidar de nossa parte na grande Vinha, que é o Reino de Deus.

Ao redor do banquete, recebemos o pão e o vinho, frutos do trabalho humano e, depois de consagrados, fonte para a nossa salvação. Devemos nos perguntar: como está a nossa condição de vinhateiros do Senhor? Estamos cuidando do terreno e zelando pelo cultivo para que dê frutos dóceis e doces, como a misericórdia, a justiça, a paz? Se não cuidarmos, outros poderão receber esse encargo de Deus.

E neste mês missionário, o qual trás o tema “A vida é missão” e o lema “Eis-me aqui, envia-me” (Is 6,8), elevemos nossas orações ao Senhor através do salmo 80(79), pedindo a proteção em favor da obra missionária da Igreja, da nossa perseverança e de nossa fidelidade de bons vinhateiros do Senhor. Tudo isso a serviço da vida e da paz, reconhecendo que, independente dos vinhateiros, “a vinha do Senhor é a casa de Israel”.

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[1] Marcha da Igreja (Reunidos em Torno), de David Julien, D. Carlos A. Navarro e Pe. Josmar Braga.

 

 

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⇒ POESIA ⇐

A Vinha é do Senhor

O divino dono da vinha,
Buscou terreno apropriado,
Cultivou com imenso carinho,
Como um agricultor dedicado.
Tirou todas as pedras e os espinhos,
A plantou e a cercou de cuidados.

Todo o amor foi para a sua vinha,
Pelo zelo da bela plantação,
Pelo amor e a sua beleza,
Pela guarda e pela proteção,
Construiu ao redor fortaleza,
No cultivo de sua plantação.

Confiando aos vinhateiros,
Sua vinha, a eles entregou,
Para quando na sua colheita,
Fazer o que planejou,
E ter suas uvas perfeitas,
Que ele feliz esperou.

Mas não se cumpriu o esperado,
Houve morte e a crueldade,
Vinhateiros mal intencionados,
Com o egoísmo e muita maldade,
Torturam o Filho amado,
E se apossaram da propriedade.

O Senhor nos fez sua vinha,
De amor Ele vem nos cobrir,
Seus cuidados vêm nos cultivar,
Seu carinho a nos invadir,
Misericórdia que vem nos salvar,
Seu Espírito a nos consumir.

Os seus frutos, a bebida nos traz,
Quando vier a colheita devida,
Ele nos quer vinhateiros do bem,
Pra cuidar de sua vinha querida,
E nós seus herdeiros também,
Para a paz e a festa da Vida.

Que na vinha sejamos irmãos,
A vivermos a obediência e o amor,
A justiça possa acontecer,
A Comunhão seja o nosso esplendor
E o egoísmo possamos vencer,
Porque a vinha é do Senhor.

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*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que nos motiva a produzir frutos dóceis e doces na Vinha do Senhor, ilumine o seu caminho! ***