7º Domingo do Tempo Comum, Ano A, São Mateus

 

⇒ Intenções do Santo Padre, o Papa Francisco: Pelas paróquias ⇐
⇒ Fevereiro: Mês dedicado à Sagrada Família ⇐
⇒ 3º Ano Vocacional 
» Tema: “Vocação: graça e missão” «
» Lema: “Corações ardentes, pés a caminho” (cf. Lc 24,32-33)

 

Leituras: Lv 19,1-2.17-18; Sl 102(103),1-2.3-4.8.10.12-13 (R. 1a.8b); 1Cor 3,16-23; 1Jo 2,5; Mt 5,38-48

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

 

A outra face: uma nova atitude

Mt 5,38-48

 

Meus irmãos e minhas irmãs, celebramos o hoje 7º Domingo do Tempo Comum, Ano A, o último Domingo antes de entrarmos no Ciclo da Páscoa através do Tempo da Quaresma. Neste mês as intenções do Santo Padre, o Papa Francisco, estão voltadas às paróquias. Rezemos também, tradicionalmente em fevereiro, pela Sagrada Família. Tenhamos ainda em nossas orações o 3º Ano Vocacional, cujo tema é “Vocação: graça e missão” e o lema: “Corações ardentes – pés a caminho” (cf. Lc 24,32-33).

A Liturgia deste 7º Domingo do Tempo Comum nos motiva a contemplarmos Cristo como fonte da Lei mais perfeita. E o Evangelho desta Liturgia está em Mt 5,38-48, sequência do Domingo passado e ainda no contexto do Sermão da Montanha (cf. Mt 5,1-7,29).

Ainda do alto da montanha, o Senhor continua o seu sermão nos ensinando: “Não enfrenteis quem é malvado! Pelo contrário, se alguém te dá um tapa na face direita, oferece-lhe também a esquerda! Amai os vossos inimigos e rezai por aqueles que vos perseguem…” (Mt 5,39.43). Essa é uma importante lição de casa que o Senhor Jesus nos dá neste 7º Domingo do Tempo Comum.

O Senhor nos ensina que não é pela vingança, ou seja, revidando o mal que iremos construir o Reino de Deus. Pelo o contrário, é oferecendo a outra face que podemos favorecer a paz no mundo; é amando os inimigos e rezando por eles que podemos criar a fraternidade. Neste sentido, amar o inimigo está além das atitudes afetivas e alcança a maneira de olhar para o outro sem o sentimento ou desejo de vingança e de violência.

É oferecendo novas atitudes, ou seja, o outro lado da face, e também oferecendo posturas pacíficas diante das provocações, que iremos expressar os mesmos sentimentos de Jesus. É rezando pelo outro e querendo o seu bem, mesmo que não seja possível abraçá-lo e oferecer um sorriso; mesmo que suas diferenças e opções pessoais impeçam a nossa aproximação.

Podemos até pensar: ser seguidor de Cristo exige muito de nós! É uma experiência muito desafiante para quem vive num mundo de tantas competições e contradições. Lembremos que, em alguns momentos, pessoas que acompanhavam o Mestre também se questionaram e deixaram de segui-Lo porque acharam suas palavras muito duras. E, aos Doze, Ele perguntou: Quereis vós também retirar-vos? (cf. Jo 6,66-67). E na boca de Pedro temos a resposta: “Senhor, a quem iríamos nós? Só Tu tens palavras de vida eterna.” (Jo 6,68).

As atitudes que o Senhor nos pede na nossa convivência com os outros são próprias dos que buscam a santidade. O livro do Levítico nos traz o mandato que Deus encarregou a Moisés de falar ao povo de Israel. Diz o mandato: “Sede santos, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo” (Lv 19,2).

A história dos santos nos mostra que não eram vingativos, não guardavam rancor e, por isso, amavam o próximo como a si mesmo. Mesmo sendo cada um santo com seu próprio temperamento e personalidade, eram caridosos, compassivos e fraternos.

Ser santo também é aceitar e compreender que cada um pode ser habitação do Espírito Santo, como nos fala São Paulo na sua Primeira Carta aos Coríntios: “Acaso não sabeis que sois santuário de Deus e que o Espírito de Deus mora em vós?” (1Cor 3,16).

Deixar-se ser habitado por Deus é exatamente viver o que nos pede o Senhor Jesus na Liturgia deste 7º Domingo. Quando deixamo-nos habitar pelo Espírito Santo, reconhecemos que o outro é nosso irmão, filho do mesmo Pai que “faz nascer o sol sobre maus e bons, e faz cair a chuva sobre justos e injustos” (Mt 5,45).

Com este Evangelho também aprendemos que ser santo não se expressa apenas numa prática religiosa externa, mas em atitudes que vão além do que as pessoas que não são religiosas fazem. Que sentido teria, por exemplo, para um cristão amar somente as pessoas que os amam? Retribuir gratidão somente àqueles que os prestam algum favor? Qualquer pessoa mesmo sem religião faz o mesmo. Eis a nossa missão e desafio neste mundo: deixar que o Espírito do Evangelho possa transformar o nosso agir em atitudes a favor da paz e da fraternidade cristã.

Precisamos aprender com os santos, com os que lidam diretamente com os pobres nas periferias das cidades, no contato com os refugiados (as vítimas das guerras) e nos cortiços diversos de nosso país, com os que visitam os presídios. Devemos também aprender a valorizar tudo aquilo que os nossos irmãos e irmãs fazem nas tantas instâncias além dos nossos templos.

Peçamos ao Espírito Santo, o qual quer habitar em nós, para que nos faça cada vez mais santuários vivos da caridade, da fraternidade e da paz no mundo, um mundo onde atitudes novas de amor sejam sempre praticadas a serviço do Reino. Amém.

 

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⇒ POESIA ⇐

Sede santos e santuários de Deus

 

O Senhor nos ensina:
Sede santos, como Eu,
No combate à opressão,
Na promoção da paz,
Num coração que se refaz
No amor ao seu irmão.
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O Senhor nos ensina:
Que nós somos iguais,
Diante do Pai bondoso,
Que este mundo nos deu
Chuva e sol nos ofereceu,
Com todos muito amoroso.
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O Senhor nos ensina:
Fazei algo a mais,
Além do trivial,
Atitudes de santidade,
Em Cristo, a liberdade,
Numa entrega especial.
*
O Senhor nos ensina:
Somos Seu templo santo,
De culto vivo e verdadeiro,
Habitação que germina,
Fortalece e ensina,
A vida do caminheiro.
*
O Senhor nos oferece,
A alegria do Banquete,
Vem todos alimentar,
Nossa fome alivia,
Dá-nos paz e alegria,
Para a vida germinar.

 

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“O sermão das bem-aventuranças”, de J. Tissot (1836-1902). In <https://www.brooklynmuseum.org/opencollection/objects/13418>.

 

⇒ Que a Palavra e a Luz de Nosso Senhor Jesus Cristo, a fonte da Lei mais que perfeita, ilumine o seu caminho!