II Domingo do Tempo do Advento, Ano C, São Lucas

⇒ Último Domingo do Ano de São José (2020/2021) ⇐

 

Leituras: Br 5,1-9; Sl 126(125); Fl 1,4-6.8-11; Lc 3,1-6

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

Convite à Conversão em Tempo de Espera

Lc 3,1-6

 

Meus irmãos e irmãs, a Liturgia do II Domingo do Advento, o último Domingo do Ano de São José, nos motiva a contemplar o convite à conversão em tempo de espera ativa. E o Evangelho desta Liturgia está em Lc 3,1-6, passagem que está localizada na segunda parte do Evangelho segundo São Lucas, intitulada “Preparação do ministério de Jesus”.

Nesta Liturgia, Jesus está oculto no cumprimento da profecia de Isaías sobre o anúncio da libertação (cf. 40,3-5), que os evangelistas (cf. Mt 3,3; Mc 1,3; Lc 3,4-6; Jo 1,23) indicam ser João Batista a voz que preparará os caminhos do Senhor (cf. Lc 3,4). O Evangelho ainda nos situa no tempo histórico: “No décimo quinto ano do império de Tibério César, quando Pôncio Pilatos era governador da Judéia…” (Lc 3,1) que “a palavra de Deus foi dirigida a João, filho de Zacarias, no deserto” (Lc 3,2), mostrando, assim, que a ação de Deus se dá na história dos homens. Lembremos que o evangelista Lucas apresenta a salvação a toda humanidade, derrubando as barreiras culturais que impediam o acesso à Palavra de Deus.

Entretanto, a profecia da libertação por meio da imagem do terreno aplainado está presente tanto na primeira leitura desta Liturgia, com Baruc, quanto no Evangelho segundo Lucas (cf. 3,4-6), em que ele resgata, como os demais evangelistas, o profeta Isaías. Em Baruc o terreno será aplainado para o Povo de Deus e em Isaías é para o Senhor. Já na segunda leitura, tirada na Carta aos Filipenses e ainda no contexto da segunda vinda de Cristo, São Paulo nos exorta que é pelo crescimento do conhecimento e da experiência que ficaremos puros e sem defeito para o dia de Cristo (cf. Fl 1,10).

Outra imagem presente no Evangelho desta Liturgia é a do deserto. Na Bíblia, deserto não é, necessariamente, uma região árida. Antes, é o lugar propício para o encontro com Deus, pois foi lá que Deus cuidou e guiou o povo por quarenta anos conduzindo-os até a terra que mana leite e mel (cf. Dt 6,3). Portanto, o deserto, a cor roxa, o convite à conversão e o recolhimento são elementos que aproximam o Tempo do Advento, que nos conduz para a Encarnação (Seu nascimento na noite do Natal em Belém) e o Tempo da Quaresma, que nos encaminha para a glorificação de Cristo na Cruz.

Esta Liturgia, portanto, nos motiva a estarmos preparados para a vinda do Senhor, numa atitude de conversão que reflita o Reino anunciado por João Batista e concretizado por Jesus de Nazaré. Por isso, faz-se necessário uma mudança de vida que supere a corrida comercial do natal e do ano novo e, sobretudo, incluindo um planejamento pessoal, pastoral e espiritual, de modo que cada um tenha seus projetos de uma vida renovada pela esperança neste Natal.

A Liturgia deste Domingo, como sendo a voz do “nosso” João Batista, nos pede a conversão exigente do coração, com novas atitudes, seja em nossa casa, no grupo pastoral e na sociedade, para que os caminhos da Evangelização sejam endireitados e o Verbo encarnado seja acolhido, para que haja justiça, paz e fraternidade neste mundo de tantos caminhos tortos.

Neste ano, a Campanha para a Evangelização, que percorre todo o Tempo do Advento e tem como tema “ide, sem medo, para servir”, terá sua coleta nos dias 11 e 12 de dezembro e, por isso, vamos rezar para que esta coleta possa dar conta dos diversos projetos missionários espalhados pelo Brasil, além de contribuir para a manutenção da CNBB.

Por fim, peçamos a Nossa Senhora da Imaculada Conceição, cultuada no dia 8 de dezembro, que ela rogue por nós para que estejamos prontos para receber o Espírito Santo, Espírito do santo temor necessário para uma conversão como pregada por João Batista. Amém.

 

*   *   *

 

⇒ POESIA ⇐

Preparemos o Caminho do Senhor


Vivemos a intensidade
De uma espera em harmonia,
Confiantes e sem medo,
João Batista anuncia,
Só precisa conversão,
Viver a contemplação
Do Menino em alegria.
*
Percebemos neste mundo
tantos caminhos entortados,
Tanta tristeza, violência,
muitos irmãos massacrados.
É a ausência do amor,
Falta acolher o Senhor,
Pro mundo ser transformado.
*
Os profetas anunciaram
Para o mundo a redenção,
Para o povo alertaram
Que é preciso conversão.
Pra justiça acontecer,
Todos devem se rever,
Não existe enganação.
*
O sonho se realiza
Quando temos esperança,
Quando nosso caminhar,
Permanece em aliança.
Caminhos endireitados,
Altos montes abaixados,
E em Deus a confiança.
*
E então a nossa espera,
Deve ser na oração,
Na leitura da Palavra
E no alimento do Pão.
O amor ao Deus da vida,
Uma fé bem definida,
Para ver a salvação.

*   *   *

 

Referência da (i) imagem principal: J. Tissot (1836-1902), In brooklynmuseum.org – “The Voice in the Desert” e (ii) imagem da Coroa do Advento: In favpng.com/png_view/church-candles-advent-wreath-clip-art-png/t2ezFbBk.

 

Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que nos motiva a contemplar o convite à conversão em tempo de espera ativa pela pregação de João Batista, ilumine o seu caminho!

 

 

II DOMINGO DO ADVENTO – ANO C, SÃO LUCAS

 

Leituras: Br 5,1-9; Sl 125(126); Fl 1,4-6.8-11; Lc 3,1-6

 

POESIA

PREPAREMOS O CAMINHO DO SENHOR

 

Vivemos a intensidade
De uma espera em alegria,
Confiantes e sem medo,
João Batista anuncia,
Só precisa conversão,
Viver a contemplação
Do menino em alegria.

Percebemos neste mundo
tantos caminhos entortados,
Tanta tristeza, violência,
muitos irmãos massacrados.
É a ausência do amor,
Falta acolher o Senhor,
Pro mundo ser transformado.

Os profetas anunciaram
Para o mundo a redenção,
Para o povo alertaram
Que é preciso conversão.
Pra justiça acontecer,
Todos devem se rever,
Não existe enganação.

O sonho se realiza
Quando temos esperança,
Quando nosso caminhar,
Permanece em aliança.
Caminhos endireitados,
Altos montes abaixados,
E em Deus a confiança.

E então a nossa espera,
Deve ser na oração,
Na leitura da Palavra
E no alimento do Pão.
O olhar no Deus da vida,
Uma fé bem definida,
Para ver a salvação.

 

HOMILIA

Convite à conversão em tempos de espera

 

O evangelista Lucas nos situa no tempo: “No ano décimo quinto do império de Tibério César, quando Pôncio Pilatos era governador da Judeia…” (Lc 3,1a), mostrando-nos que a sua ação se dá na história dos homens. Foi nesse tempo que “a palavra de Deus foi dirigida a João, filho de Zacarias, no deserto.” (Lc 3,2b). A pregação de João é fundamentada num batismo de conversão, preparando o povo para receber o Salvador.

O deserto é o lugar propício para esta missão profética, pois foi lá que Deus se manifestou na caminhada do povo, conduzindo-os para a libertação e trazendo a promessa da redenção para todo Israel. Foi lá também que Jesus se preparou para a sua ação messiânica.

O Evangelista coloca na sua narração um texto de Isaías: “Voz do que clama no deserto: preparai o caminho do Senhor, tornai retas suas veredas.” (Lc 3,4b). Neste mesmo sentido a primeira leitura nos falará pelo profeta Baruc: “Pois Deus ordenou que fossem abaixadas toda alta montanha e as colinas eternas, e se encham os vales para se aplanar a terra, a fim de que Israel possa caminhar com segurança, na glória de Deus.” (Br 5,7).

São Paulo, na sua carta aos filipenses, nos exorta que é pelo crescimento do conhecimento e da experiência que todos os cristãos ficam puros e sem defeito para o dia de Cristo. (cf. Fl 1,10).

Todas as leituras nos conduzem para uma reflexão de preparação para a vinda do Senhor, dentro de uma atitude de conversão, na busca de uma ação que reflita o Reino. Lembremos que o evangelista Lucas apresenta a proposta da salvação a todos os homens: não há mais barreiras culturais para chegar à presença da Palavra de Deus. A pregação de João Batista anuncia que se endireitem os caminhos do Senhor.

Faz-se necessário uma mudança de vida, um novo caminhar, a fim de que a Palavra seja semeada. Neste imperativo do precursor de Jesus está o sentido maior da experiência do Advento como tempo de espera. As pessoas esperam um ano novo de sucesso, de paz e fraternidade nos seus lares; no mundo do comércio, mensagens de feliz Natal e feliz Ano Novo são estampados em letras garrafais; muitas paróquias fazem suas assembleias neste período para avaliar a caminhada do ano e, sobretudo, para planejar e sonhar com uma realidade nova e com uma nova evangelização. Assim cada um tem seus projetos, sonhos, podendo ter também angústias e desilusões por não ter caminhado com sucesso.

A liturgia deste segundo domingo do Advento nos pede a conversão exigente do nosso coração, com novas atitudes na nossa casa, no nosso grupo, na nossa paróquia… Para que os caminhos da Evangelização sejam endireitados e o verbo encarnado seja acolhido para que haja justiça, paz e fraternidade neste mundo de tantos caminhos tortos.

Portanto faz-se necessário que nos preparemos para celebrarmos com intensidade a chegada de Deus que se fez homem entre os homens e que veio trazer a alegria da acolhida a todos os homens, a misericórdia e resgatar o que estava perdido.

A novena de Natal nas casas é uma ação simples, mas eficaz para a evangelização das famílias. A preparação do presépio na sala fará com que as crianças visualizem o mistério do Menino Jesus. Em tudo isso é preciso que sejamos orantes e, sobretudo, em alguns momentos saibamos viver o silêncio para acolhermos Deus. Nossos lares estão marcados por muitos barulhos, nossos ouvidos estão vedados por fones e nossos olhos muitas vezes impedidos de contemplar a beleza de Deus nas pessoas e na sua Criação.

Agradeçamos a Deus pela sua misericórdia e seu infinito amor e digamos como o salmista: “Maravilhas fez conosco o Senhor: exultemos de alegria!” (Sl 125/126). Que a alegria não falte no coração que busca a Cristo e o ama! Amém.