III Domingo da Páscoa – Ano A – São Mateus

 

Leituras: At 2,14.22-33; Sl 15(16); 1Pd 1,17-21; Lc 24,13-35

 

 

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⇒ HOMILIA ⇐

Palavra e Pão que faz arder o coração

Lc 24,13-35

 

 

Neste 3º Domingo da Páscoa a liturgia da Palavra nos apresenta um texto do Evangelho segundo São Lucas (cf. 24,13-35). Trata-se do belo texto dos discípulos de Emaús, o qual nós já refletimos na quarta-feira da Oitava da Páscoa, você lembra? Vamos fazer uma breve memória…

Naquele mesmo dia da Páscoa, o primeiro da semana, os dois discípulos fugiam de Jerusalém em direção a um povoado chamada Emaús (cf. Lc 24,13). Caminhavam sem esperança, com um sentimento de que tudo tinha acabado e que não teriam mais motivos para sonharem com o Reino de Deus. A quem eles mais amavam e estimavam, tinha sido assassinado, pregado numa cruz. Mas a vida continuava e seria preciso caminhar para algum lugar, mesmo que seja fugindo, para encontrar um repouso seguro e tranquilo.

E Jesus aparece no caminho deles, fazendo memória das Sagradas Escrituras sobre o acontecido. E apesar do coração deles arder, naquele momento, quando ainda estavam no caminho e o escutavam (cf. Lc 24,32), não foi possível se tocarem sobre quem falava com eles. Somente no momento em que estão à mesa, quando Jesus toma o pão, abençoa, parte e distribui, é que aqueles discípulos abrem os olhos e o reconhecem…

E assim também, na nossa vida, Deus caminha com a gente para nos ensinar com sua Palavra; para se fazer companheiro, solidário e se doar-se como o pão da vida aos que ele amou e ama. Para fazer arder o coração da gente e nos motivar para o retorno à nossa Jerusalém de nossos compromissos assumidos, da nossa vocação pessoal, na nossa missão de anunciar que o Senhor está vivo e caminha conosco em todos os nossos momentos, seja de alegria, seja de tristeza, seja de aparente derrota ou seja de vitória e glória.

E assim, discípulos de Emaús também somos nós que caminhamos às vezes desiludidos, fugindo das nossas responsabilidades, compromissos, ou da comunidade dos irmãos. Às vezes não meditando sobre as ações de Deus em nossa vida, como nossas vitórias, como nossas alegrias e as curas materiais e espirituais que ao longo do nossa existência vão acontecendo pela ação do Ressuscitado.

Você já percebeu que este texto da narração dos discípulos de Emaús nos apresenta a estrutura da celebração da missa? Primeiro o nosso caminhar em busca do templo com o coração em Cristo (a estrada, o caminho); depois, a nossa entrada à casa de Deus e a entrada de quem preside a celebração de ceia (Cristo Sacerdote), o início do encontro dos irmãos; em seguida Ele nos fala através da sua Palavra (leituras, cânticos e salmos, o Evangelho) e continua a nos falar na homilia. Neste momento ele nos explica a sua ação na nossa vida e nos acontecimentos do mundo, fazendo arder o nosso coração. À mesa Cristo parte o Pão conosco e nos faz reconhecê-lo como o Senhor da vida eterna que nos oferece um banquete santo, banquete de irmãos que partilham da mesma mesa.

E quando alimentados pelo corpo e pelo sangue do Senhor voltamos para a “nossa Jerusalém” onde está nossa família, nossos amigos e nossos irmãos e irmãs de caminhada profissional, membros da nossa comunidade, e outros que iremos encontrando durante a semana e a vida.

Precisamos testemunhar e confirmar que Cristo está vivo como fez o apóstolo Pedro, nos Atos dos Apóstolos, o porta-voz da comunidade dos seguidores do Senhor: “Jesus de Nazaré, o Enviado do Pai, realizou milagres e sinais em favor do povo. Ele foi escolhido por muitos e rejeitados por outros até a morte na Cruz. ‘Mas Deus o ressuscitou, libertando-o da angústias da morte’, revelando a eficácia de sua doação a serviço do projeto divino de salvação.” (At 2,22.24).

O Ressuscitado caminha conosco, nos alimentando e nos encorajando a continuar o caminho de discípulos missionários na nossa vida diária. Como nos falou Pedro na sua carta, nós fomos resgatados “… pelo precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro sem mancha nem defeito” (1Pd 1,19).

Que a cada celebração possamos seguir firmes no amor a Cristo ressuscitado, através de atitudes concretas na nossa relação conosco e com os irmãos. E que possamos cantar como o salmo 15(16): “Vós me ensinais vosso caminho para a vida; junto a vós felicidade sem limites!” Amém.

 

***

⇒ POESIA ⇐

Fazer arder o coração

Tua Palavra Senhor,
Faz arder o nosso coração,
Porque nos vem encorajar,
Vencendo a nossa solidão,
Mostrando-nos aonde ir,
Por onde e quando prosseguir.

Tua Palavra Senhor,
Faz arder nosso coração,
Dando-nos, ao caminhar o sentido,
Conduzindo-nos a santa comunhão,
Fazendo-nos à mesa sentarmos,
Para de vós nos alimentarmos.

Tua Palavra Senhor,
Faz arder nosso coração,
Porque nos faz retornarmos,
Para o anúncio da Ressurreição,
Pelo amor nos reenvia,
Por um caminho de alegria.

Tua Palavra Senhor,
Faz arder nosso coração,
Tirando-nos das nossas fugas,
Vencendo nossa desilusão,
Para que voltemos a acreditar,
Na vida que vem a brotar.

Tua Palavra, Pão e Vinho,
Faz-nos de novo, reunirmos,
Para partilharmos da vida,
Para a estrada prosseguirmos,
A viva alegria exalarmos,
E à “nossa Jerusalém” voltarmos.

 

*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, o Enviado do Pai, ilumine o seu caminho! ***

 

III DOMINGO DA PÁSCOA

Leituras: At 2,14.22-33; Sl 15(16); 1Pd 1,17-21; Lc 24,13-35

POESIA

FAZER ARDER O CORAÇÃO

Tua Palavra Senhor,
Faz arder o nosso coração,
Porque nos vem encorajar,
Mostrando-nos aonde ir,
Por onde e quando persistir,
Vencendo nossa solidão.

Tua Palavra Senhor,
Faz arder nosso coração,
Dando-nos, ao caminhar o sentido,
Fazendo-nos à mesa sentarmos,
Para nos alimentarmos
Conduzindo-nos a santa comunhão.

Tua Palavra Senhor,
Faz arder nosso coração,
Porque nos faz retornarmos,
Por um caminho de alegria,
Pelo amor nos reenvia,
Para o anúncio da ressurreição.

Tua Palavra Senhor,
Faz arder nosso coração,
Tirando-nos das nossas fugas,
Para que voltemos a acreditar,
Na vida que faz brotar,
E que vence a desilusão.

Tua Palavra, Pão e vinho,
Faz-nos de novo reunirmos,
Para a partilharmos da vida,
À nossa Jerusalém voltarmos,
A viva alegria exalarmos,
Para a estrada prosseguirmos.

HOMILIA

Palavra e Pão que faz arder nosso coração

“Realmente, o Senhor ressuscitou e apareceu a Simão” (Lc 24,34). Esta é a conclusão a qual chegam aqueles dois discípulos fujões que vão a Emaús. É ainda naquele mesmo dia da Páscoa que os dois caminham sem esperança, com um sentimento de que tudo tinha acabado e que não teriam mais motivos para sonharem com o reino de Deus. A quem eles mais amavam e estimavam, tinha sido assassinado. Incialmente, este é o sentimento que nos passa o evangelho do 3º Domingo da Páscoa.

Mas a vida continuava e seria preciso caminhar para algum lugar, mesmo que seja fugindo para encontrar um repouso seguro e tranquilo. E no nosso caminhar, Deus caminha com a gente para nos ensinar com sua Palavra; para se fazer companheiro, solidário e se doar como o pão da vida com os que ele amou e ama; para fazer arder o coração da gente e nos motivar para o retorno na grande missão de anunciar que o Senhor está vivo e caminha com os seus discípulos.

Discípulos de Emaús também somos nós que caminhamos às vezes desiludidos, fugindo da comunidade dos irmãos. Às vezes não meditando sobre as ações de Deus em nossa vida, como nossas vitórias, como nossas alegrias e as curas materiais e espirituais que ao longo do caminhar vão acontecendo.

A narração dos discípulos de Emaús nos apresenta a estrutura da celebração Eucarística: Primeiro o nosso caminhar em busca do templo com o coração em Cristo; depois, a entrada do celebrante (Cristo) para se unir ao seu povo; em seguida ele nos fala através da sua palavra (cânticos e salmos) e continua a falar na homilia. Neste momento ele nos explica a sua ação na nossa vida e nos acontecimentos do mundo, fazendo arder o nosso coração. À mesa parte o pão conosco e nos faz reconhecê-lo como o Senhor da vida eterna.

E quando alimentados pelo corpo e pelo sangue do Senhor voltamos para a nossa “Jerusalém” onde está nossa família, nossos amigos e nossos companheiros de caminhada profissional, irmãos da comunidade, e outros que iremos encontrar durante a semana e a vida.

Precisamos testemunhar e confirmar que Cristo está vivo como fez o apóstolo Pedro, nos Atos dos Apóstolos, o porta-voz da comunidade dos seguidores do Senhor: “Jesus de Nazaré, o Enviado do Pai, realizou milagres e sinais em favor do povo. Ele foi escolhido por muitos e rejeitados por outros até a morte na Cruz. ‘Mas Deus o ressuscitou, libertando-o da angústias da morte’, revelando a eficácia de sua doação a serviço do projeto divino de salvação.” (At 2, 22.24).

O Ressuscitado caminha conosco, nos alimentando e nos encorajando a continuar o caminho dos discípulos missionários na nossa vida diária. Como nos falou Pedro na sua carta, nós fomos resgatados “… pelo precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro sem mancha nem defeito” (1Pd 1,19).

Que a cada celebração, possamos seguir firmes no amor a Cristo ressuscitado, através de atitudes concretas na nossa relação conosco e com os irmãos. E possamos cantar como o salmo 15(16): “Vós me ensinais vosso caminho para a vida; junto a vós felicidade sem limites!” Amém.