III Domingo do Tempo do Advento, Ano C, São Lucas

⇒ Domingo Gaudete

 

Leituras: Sf 3,14-18a; Sl Is 12,1-6; Fl 4,4-7; Lc 3,10-18

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

A Alegria e a Espera Compromissada do Discípulo

Lc 3,10-18

 

Meus irmãos e irmãs, a Liturgia do III Domingo do Advento, o Domingo da Alegria, nos motiva a manter a contemplação no convite à conversão, agora com o compromisso de discípulo. E o Evangelho desta Liturgia está em Lc 3,10-18, ainda no contexto da passagem intitulada “Preparação do ministério de Jesus”.

Nesta Liturgia, Jesus continua oculto, mas agora na profecia do próprio João Batista (cf. Lc 3,16-17) e o santo Precursor dirige sua pregação ao povo incorporando também os publicanos e os soldados romanos, pois os escritos de São Lucas, discípulo de São Paulo, apresentam a salvação a toda a humanidade. Como resposta, o povo pergunta o que fazer para estar preparado para a chegada do Senhor.

Para a multidão, o Precursor, João Batista, aconselha que se repartam as vestes (os bens) e o alimento com os que não têm. Aos cobradores de impostos, João responde que sejam responsáveis e justos nas cobranças. E aos soldados, que não tomem dinheiro de ninguém e que não sejam injustos nas acusações (cf. Lc 3,11-15).

Toda a pregação do Batista é para que as pessoas se convertam e estejam preparadas para a vinda do Senhor. João se apresenta humildemente a ponto de se considerar como um escravo. E diz: “Não sou digno de desatar a correia das sandálias.” (Lc 3,16) Depois faz uma comparação do seu batismo com o de Cristo: “Ele vos batizará com o Espírito Santo e com o fogo” (Lc 3,16). É preciso estar preparado, pois o Senhor virá para que a Reino de Deus aconteça.

O que podemos refletir deste texto de Lucas? As orientações de João Batista nos apontam gestos concretos como virtudes para a verdadeira conversão. Depois, essa pregação está voltada para a dimensão social no olhar para os necessitados, pois para a verdadeira alegria acontecer é importante que haja a partilha, a lealdade e a justiça, que os impostos sejam cobrados na justa medida e que as forças do governo não sejam nem opressoras e nem repressoras, mas que tragam segurança ao povo.

Podemos pensar neste momento: o que nos dá alegria como discípulos e missionários de Cristo? E quais são os mecanismos e as instâncias que retiram do povo a verdadeira alegria? Que motivos de alegria celebramos neste Domingo?

O verdadeiro discípulo é firme e forte frente aos desafios pessoais e comunitários. Por isso, diante da missão de semear a sua Palavra e o amor de Deus ele poderá carregar no coração a profecia de Sofonias: “Alegra-te e exulta de todo coração.” (Sf 3,14). É sendo um simples instrumento de Deus, que a pregação do missionário alumia o mundo com a luz do Senhor.

Temos muitos motivos de alegria para celebrar: pelas tantas pessoas que partilham dos seus bens para ajudar os pobres, os necessitados e as inúmeras ações sociais e religiosas, que semeiam a esperança e a dignidade humana.

Também neste Domingo temos mais um elemento que a aproxima o Advento da Quaresma. Trata-se da cor rosa [ou róseo(1)], presente no penúltimo Domingo de cada tempo. No Advento é o Gaudete, que no latim significa “Alegrai-vos”, e na Quaresma é Lætare, significando “Alegra-te”.

E lembrando que ao próximo dia 14 nós celebramos a Memória de São João da Cruz (1542-1591), Doutor da Igreja – o Doutor Místico, que, junto com Santa Teresa d’Ávila, a Grande, foi um dos pioneiros da reforma do Carmelo. Além de sua obra, São João da Cruz foi uma das principais referências de Santa Teresinha do Menino Jesus, considerada como “filha e discípula de São João da Cruz”, que nos proporcionou o discipulado da Pequena Via para uma época de muitos barulhos.

Por fim, peçamos a Nossa Senhora de Guadalupe, “Mãe das Américas”(2) e cultuada neste dia 12 de dezembro, que ela rogue por nós para que possamos receber o Espírito Santo, Espírito da alegria presente no reencontro do Pai com o Filho Pródigo e necessário para vivenciarmos a sobriedade do Advento com júbilo. Amém.Amém.

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(1) O termo “róseo” é muito significativo no contexto litúrgico, pois além de indicar a própria cor, também indica algo que exala perfume análogo ao de rosa. No entanto, na Instrução Geral do Missal Romano (cf. 346) consta somente o termo “rosa”.
(2) Cf. Oração do Santo Padre à Nossa Senhora de Guadalupe, por ocasião da Viagem Apostólica do Papa São João Paulo II à República Dominicana, México e Bahamas, em 25 de janeiro de 1979. Foi a primeira Viagem Apostólica do Papa. Disponível em: <https://www.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/speeches/1979/january/documents/hf_jp-ii_spe_19790125_preghiera-guadalupe.html>. Acesso em: 10 dez. 2021.

 

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⇒ POESIA ⇐

A Verdadeira Alegria


A alegria verdadeira,
É a que vem do Senhor,
Nos tropeços e na dor.
Mesmo na enfermidade,
E na fragilidade,
Dos que buscam o amor.
*
A alegria verdadeira,
Brota da caridade,
Das ações de bondade,
Marcadas pelo servir,
Dos que querem construir,
A santa fraternidade.
*
A alegria da espera,
Que traz a esperança,
Que propõe as mudanças,
Nos gestos concretos,
Muitas vezes discretos,
Mas na confiança.
*
A alegria dos profetas,
Que anunciam o mundo novo,
Junto ao seu querido povo,
A justiça esperada,
Sempre muito sonhada,
Que voltará de novo.
*
A alegria dos cristãos,
Continuando o caminhar,
Sempre a anunciar,
Com grande esperança,
E com fé e confiança:
No Reino que vai chegar.

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Referência da (i) imagem principal: J. Tissot (1836-1902), In brooklynmuseum.org – “Saint John the Baptist and the Pharisees” ; (ii) imagem da Coroa do Advento: In favpng.com/png_view/church-candles-advent-wreath-clip-art-png/t2ezFbBk e (iii) Imagem das rosas: In <gratispng.com/png-uj22en>.


Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que nos motiva a contemplar o convite à conversão em tempo de espera ativa pela pregação do santo Precursor, ilumine o seu caminho!

 

 

III DOMINGO DO ADVENTO – ANO C, SÃO LUCAS

 

Leituras: Sf 3,14-18a; Is 12,2-6; Fl 4,4-7; Lc 3,10-18

 

POESIA

A VERDADEIRA ALEGRIA

 

A alegria verdadeira,
É a que vem do Senhor,
Nos tropeços e na dor.
Mesmo na enfermidade,
E na fragilidade,
Dos que buscam o amor.

A alegria verdadeira,
Brota da caridade,
Das ações de bondade,
Marcadas pelo servir,
Dos que querem construir,
A Santa fraternidade.

A alegria da Espera,
Que traz a esperança,
Que propõe as mudanças,
Nos gestos concretos,
Muitas vezes discretos,
Mas na confiança.

A alegria dos profetas,
Que anunciam o mundo novo,
Junto ao seu querido povo,
A justiça esperada,
Sempre muito sonhada,
Que voltará de novo.

A alegria dos Apóstolos,
Já convertidos,
E convencidos,
Da vida vencedora,
Da paz vindoura,
Para os merecidos.

A alegria dos cristãos,
Continuando o caminhar,
Sempre a anunciar,
Com grande esperança,
E com fé e confiança:
No Reino que vai chegar.

 

HOMILIA

A alegria e a espera compromissada do discípulo

 

O evangelista Lucas nos apresenta mais uma vez João Batista em sua pregação e, desta vez, não somente às multidões, mas agora também dirigida aos publicanos e aos soldados do Império Romano, os quais perguntam o que fazer para estarem preparados quando o Senhor chegar.

Para a multidão, o profeta aconselha que se repartam as vestes (bens) e o alimento com os que não têm. Aos cobradores de impostos, responde que sejam responsáveis e justos nas cobranças. Aos soldados a serviço do Império, João Batista responde: que não tomem dinheiro de ninguém e que não sejam injustos nas acusações, que sejam verdadeiros (cf. Lc 3,11-15).

Toda a pregação do Batista é para que as pessoas se convertam, recebam o batismo e estejam preparadas para a vinda do Senhor. João se apresenta na simplicidade e humildade a ponto de se considerar como um escravo: “Não sou digno de desatar a correia das sandálias.” (Lc 3,16) e depois faz uma comparação do seu batismo com o de Jesus: “Ele vos batizará com o Espírito Santo e com o fogo” (Lc 3,16). É preciso estar preparado, pois o Senhor virá para que a Reino de Deus aconteça.

O que podemos refletir deste texto de Lucas? As orientações de João Batista nos apontam gestos concretos como virtudes para a verdadeira conversão. Depois esta pregação está voltada para a dimensão social onde se faz necessário que se possa olhar para os necessitados. Para a verdadeira alegria acontecer é importante que haja a partilha, a lealdade e a justiça, que os impostos sejam cobrados na justa medida e que as forças do governo não sejam opressoras e repressoras.

Podemos pensar neste momento: o que nos dá alegria como discípulos e missionários de Cristo? E quais são os mecanismos e instâncias que retiram do povo a verdadeira alegria? Que motivos de alegria celebramos neste Domingo?

O verdadeiro discípulo é firme e forte mesmo diante dos desafios pessoais e comunitários, por isso diante da missão de levar o amor de Deus e semear a sua Palavra ele poderá carregar no coração as palavras do profeta Sofonias: “Alegra-te e exulta de todo coração.” (Sf 3,14c). Este discípulo também deve ser simples e considerar-se um instrumento de Deus na pregação, como uma vela que alumia o mundo com a luz do Senhor, um discípulo inebriado pela força do Espírito Santo.

Temos muitos motivos de alegria para celebrar: pelas tantas pessoas que partilham dos seus bens para ajudar os necessitados e as inúmeras ações sociais e ao mesmo tempo religiosas, que semeiam a esperança, devolvem a alegria interior e a dignidade humana.

Por fim, celebremos a alegria de estarmos juntos nos alimentando do Pão da Vida e da Palavra Eterna para vivermos neste mundo como irmãos eucarísticos, ou seja, com um olhar no Cristo Glorioso, o Ressuscitado, e ao mesmo tempo reconhecendo a sua natureza humana no rosto dos que sofrem materialmente e espiritualmente.

Peçamos ao Espírito Santo, Fogo Abrasador, que anima e que alegra a todos nós, discípulos de Cristo para a missão, a força e a graça de vivermos o batismo de Cristo. Seja o nosso coração inundado pela verdadeira caridade e humildade. Sigamos em frente na alegre espera do Senhor que está para chegar. E rezemos com o profeta de Isaías, no seu cântico: “Exultai cantando alegres, habitantes de Sião, porque é grande em vosso meio o Deus de Israel. (Is 12,2). Amém.