IV Domingo do Tempo da Quaresma, Ano C, São Lucas (Domingo Lætare)

⇒ Ano “Família Amoris Lætitia” (2021/2022) ⇐
⇒ Intenções do Santo Padre, o Papa Francisco: Pela resposta cristã aos desafios da bioética ⇐
⇒ Campanha da Fraternidade: “Fala com sabedoria, ensina com amor” (cf. Pr 31,26) ⇐

 

Leituras: Js 5,9a.10-12; Sl 34(33); 2Cor 5,17-21; Lc 15,1-3.11-32

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

 

Os Braços da Misericórdia

Lc 15,1-3.11-32

 

Meus irmãos e irmãs, a Liturgia do IV Domingo da Quaresma, o Domingo Lætare (ou “o Domingo da Alegria”), nos motiva a contemplar a misericórdia de Deus que é compassivo com os que se perdem dentro e fora de Sua Casa. E o Evangelho desta Liturgia está em Lc 15,1-3.11-32, passagens que estão situadas no início da metade final da quinta parte do Evangelho Segundo São Lucas intitulada “Subida para Jerusalém”(1).

Neste Domingo, a Igreja nos apresenta Nosso Senhor revelando a misericórdia de Deus aos publicanos e pecadores, que se aproximaram para ouvi-Lo, e aos fariseus e escribas, que criticavam sobre Jesus.

Com a parábola do “Pai das Misericórdias” (ou conhecida também como “parábola do filho pródigo”) a Igreja nos coloca diante da alegria preconizada por Isaías (cf. Is 66,10) e por São Paulo (cf. Fl 4,4). Também diante da alegria de Josué em escutar a confirmação da promessa da Terra Prometida (cf. Js 5,9a). Já o Papa Francisco nos recorda que a atitude de São José de acolher a Virgem Maria e Jesus pode ter sido uma das inspirações para a parábola do “Pai das Misericórdias”(2).

Reflitamos sobre cada uma das figuras da parábola: o filho mais novo, o pai e o filho mais velho. O mais novo toma a iniciativa de pedir a parte da herança, o mais velho também recebe a sua parte e o pai cede as duas partes.

O mais novo quer se distanciar para dissipar os bens. Quando acabou a última moeda e a última gota de vinho e diante da miséria social desejou matar a forme com a comida dos porcos (cf. Lc 15,16). Diante de sua angústia, renuncia ao seu orgulho e pensa em pedir perdão ao pai e a Deus e deseja ser tratado como empregado e não como filho. Depois disso, toma a iniciativa de voltar para a casa do Pai.

Ainda estava longe ele é alcançado pelo olhar e abraço do pai. O Pai dispensa as palavras do filho e acolhe com alegria, com veste, anel no dedo e sandálias e também com um banquete.

O mais velho ao retornar da jornada de trabalho é surpreendido com a festa e não acolhe o mais novo. O mais velho devia ter mais experiência, era trabalhador, mas não conhecia a misericórdia de seu Pai. Também o mais velho precisava renunciar ao seu orgulho para aprender sobre o amor que o Pai transmitia diariamente desde a ausência do filho mais novo.

O filho mais velho é a figura dos fariseus que conheciam a Lei mas não a Misericórdia e o amor. Também figura os cristãos que se acham autossuficientes e incapazes de acreditar no amor da misericórdia de Deus.

A figura do Pai é a concretização de tudo aquilo que Jesus pregou e viveu, ou seja, a misericórdia e a alegria de Deus que, sem acolher o pecado, sempre acolhe Seus filhos pecadores, independente da sua dignidade.

Cada encontro que fazemos com o Senhor através da Sua Palavra e do Seu Corpo partilhado é um grande banquete, ação de graças, uma festa, pela nossa restauração, pela nossa volta aos braços do amor misericordioso de Deus. Deus sempre faz festa quando retornamos a Ele e à Sua Casa.

Para vivermos as virtudes da santidade de forma concreta devemos atender ao que São Paulo nos aconselha: “deixai-vos reconciliar com Deus. Aquele que não cometeu nenhum pecado, Deus o fez pecado por nós, para que n’Ele nós nos tornemos justiça de Deus.” (2Cor 5,20-21).

E neste IV Domingo da Quaresma, o Domingo da Alegria, continuemos a nossa atenção e reflexão sobre o tema e o lema da Campanha da Fraternidade: “Fraternidade e Educação” e “Fala com amor, ensina com sabedoria” (cf. Pr 31,26). Na parábola do “Pai das Misericórdias”, Jesus nos fala com sabedoria sobre a ação do Pai misericordioso, de como o nosso Deus age com Seus filhos errantes. O Senhor também nos ensina com amor, nos educa para a vivência da misericórdia, para com o irmão que se perde e quer se reencontrar com o amor divino.

Finalmente, peçamos a Nossa Senhora, Mãe da Divina Graça, que ela interceda por nós para que possamos ser guiados pelo Espírito Santo, Espírito da Fortaleza, para renunciarmos ao nosso orgulho e possamos escutar o Filho e fazer a vontade do Pai. Amém.

*   *   *
(1) Na Bíblia de Jerusalém, o Evangelho Segundo São Lucas é composto das seguintes partes: Prólogo (cf. Lc 1,1-4), I. Nascimento e vida oculta de João Batista e de Jesus (cf. Lc 1,5-2,52), II. Preparação do ministério de Jesus (cf. Lc 3,1-4,13), III. Ministério de Jesus na Galileia (cf. Lc 4,14-9,50), IV. Subida para Jerusalém (cf. Lc 9,51-19,27), V. Ministério de Jesus em Jerusalém (cf. Lc 19,28-21,38), VI. A paixão (cf. Lc 22,1-23,56) e VII. Após a Ressurreição (cf. Lc 24,1-53).
(2) Cf. §§ 32.40 da Carta Apostólica Patris Corde, do Papa Francisco, por ocasião do 150º aniversário da declaração de São José como padroeiro universal da Igreja.

 

 

 

 

*   *   *

 

⇒ POESIA ⇐

O Abraço Alegre do Pai


Nas minhas idas e voltas,
Peço-Te agora, ó Senhor,
Que me acolha no Teu amor,
No meu arrependimento,
Também no meu sofrimento,
Aliviando-me a dor.
*
E no abraço da alegria,
Com o anel da dignidade,
E as sandálias da fraternidade,
Faz-me, Senhor, restaurado,
Como Teu Filho amado,
Na Tua simplicidade.
*
Faz-me grande banquete,
No retorno à minha vida,
Na divina acolhida,
Sem cobrar a herança,
Retoma a esperança,
Vida renascida.
*
Preciso, então, aprender,
Ser filho, Contigo,
Sendo Teu amigo,
Sem autossuficiência,
Sem prepotência,
E mais agradecido.
*
Perdoando o pecado mal que fiz,
Te bendigo o retorno e celebro,
A uma vida nova me entrego,
Renasce em mim amor e paz,
Reforçando a vida que me traz,
Abraço de amor que me alegra.


*   *   *

 

 

⇒ Que a Palavra e a Luz de Nosso Senhor Jesus Cristo, que nos revela o Pai das Misericórdias, ilumine o seu caminho! 

 

 

III Domingo do Tempo da Quaresma, Ano C, São Lucas

⇒ Ano “Família Amoris Lætitia” (2021/2022) ⇐
⇒ Intenções do Santo Padre, o Papa Francisco: Pela resposta cristã aos desafios da bioética ⇐
⇒ Campanha da Fraternidade: “Fala com sabedoria, ensina com amor” (cf. Pr 31,26) ⇐

 

Leituras: Ex 3,1-8a.13-15; Sl 103(102); 1Cor 10,1-6.10.12; Lc 13,1-9

 

 

 

 

 

 

 

*   *   *

 

Que a Palavra e a Luz do Senhor, que nos ensina a paciência divina, ilumine o seu caminho!

 

 

II Domingo do Tempo da Quaresma, Ano C, São Lucas

⇒ Ano “Família Amoris Lætitia” (2021/2022) ⇐
⇒ Intenções do Santo Padre, o Papa Francisco: Pela resposta cristã aos desafios da bioética ⇐
⇒ Campanha da Fraternidade: “Fala com sabedoria, ensina com amor” (cf. Pr 31,26) ⇐

 

Leituras: Gn 15,5-12.17-18; Sl 27(26); Fl 3,17-4,1; Lc 9,28b-36

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

 

A Transfiguração do Senhor e a nossa transfiguração

Lc 9,28b-36

 

Meus irmãos e irmãs, a Liturgia do II Domingo da Quaresma nos motiva a contemplar a Transfiguração do Senhor, segundo o evangelista São Lucas. E o Evangelho desta Liturgia está em Lc 9,28-36, passagem que está situada no final da quarta parte do Evangelho Segundo São Lucas intitulada “Ministério de Jesus na Galileia”.

Nesta Liturgia, Nosso Senhor está, segundo uma tradição, no Monte Tabor, na proximidade de Naim e há aproximadamente 40 quilômetros de Cafarnaum, a cidade do Senhor e que fica na margem norte do Mar da Galileia.

Neste Domingo, a Igreja nos apresenta Nosso Senhor mostrando toda a Sua glória, sinal da glória infinita de Deus e prefiguração de Sua Ressurreição, com o testemunho de Moisés e de Elias (o Antigo Testamento) e de Pedro, Tiago e João.

Com a Transfiguração em São Lucas, a Igreja nos coloca diante de portas para acessarmos o mistério de Deus. Aqui, Moisés e Elias aparecem revestidos de glória e conversam com Jesus sobre a Sua morte (cf. Lc 9,31), um dado que nos é revelado apenas pelo evangelista São Lucas. Durante a Transfiguração, os discípulos adormecem e quando despertam encontram Jesus em Sua glória.

Ao acordar, Pedro propõe armar as tendas para continuarem por ali, mas é interrompido pela manifestação da nuvem. Os discípulos entram nela e ouvem a voz do Pai que diz: “Este é o meu Filho, o Escolhido. Escutai o que ele diz!” (Lc 9,35). A Palavra nos indica que a escuta ao Filho é mais importante que a contemplação da glória do Filho, que o seguimento consciente é a marca do discípulo.

Deus, em sua pedagogia, nos mostra que a oração é a chave para viver os mistérios que Deus, através da Igreja, nos revela constantemente, inclusive as consequências da Missão. E a presença de Moisés e Elias confirma tudo o que foi prometido no Antigo Testamento e que Pedro, Tiago e João são os portadores da revelação, sobretudo a partir de Abraão.

Precisamos subir também ao Monte a partir do convite do Senhor para vivermos a oração pessoal e comunitária, não para entrarmos na nossa posição de comodismo, de zona de conforto, mas para que a nossa missão de cristãos fique mais clara e comprometida, a fim de que estejamos mais conscientes de que a Cruz estará também na nossa estrada, se temos como meta a ressurreição em Cristo. E a tenda, mais do que um local para descanso, é uma referência à Tenda do Encontro de Moisés que encontrava Deus, como cita o livro do Êxodo: “Logo que Moisés entrava na Tenda, a coluna de nuvem baixava e ficava parada na entrada, enquanto o Senhor falava com Moisés.” (Ex 33,9).

Portanto, irmãos e irmãs, neste Tempo quaresmal em que somos convidados a vivermos mais intensamente a escuta da Palavra, orando e revendo nossa caminhada para, ao entrarmos na nuvem, possamos escutar o Pai do Céu que nos diz: “Este é o meu Filho, o Eleito” (Lc 9,35).

E a nossa escuta também deve estar dirigida à contemplação aos diversos gritos no mundo, os quais estão expressos nos angustiados, nos presos, nos doentes, nos órfãos, nos abandonados nas ruas, nas nações vítimas da cruel guerra, nos refugiados e nas vítimas da opressão econômica expressa no desemprego e na carestia.

E neste Domingo, queremos fazer mais uma abordagem da Campanha da Fraternidade que traz como lema “Fala com sabedoria, ensina com amor” (cf. Pr 31,26). Tendo como referência o cartaz da Campanha, reserve um momento para olhar esse Cartaz. Dele, destacamos a mulher frágil e as pedras. A pessoa humana, representada pela mulher frágil, é o objeto da educação e a pedra representa o instrumento de correção e de punição.

No entanto, Jesus, Divino Mestre, oferece à frágil mulher e aos seus acusadores uma alternativa que não se limita à educação como transmissão de conhecimento, senão também como valorização da pessoa humana e a correção como condução pelo caminho reto(1). A mulher não ficou mais fragilizada e os seus acusadores saíram dali com um desafio: encontrar mecanismos de correção que supere o pecado, mas que preserve a vida e as relações humanas na vivência do amor e da misericórdia.(2)

Finalmente, peçamos a Nossa Senhora, Mãe da Divina Graça, que ela interceda por nós para que possamos ser guiados pelo Espírito Santo, Espírito da Fortaleza, para sermos fiéis à missão de testemunhar plenamente a glória do Filho de Deus, isto é, escutando o Filho e fazendo a vontade do Pai. Amém.

*   *   *
(1) Cf. Texto-Base CF 2022, n. 24-25.
(2) Cf. Texto-Base CF 2022, Apresentação.

 

 

 

 

*   *   *

 

⇒ POESIA ⇐

Vamos Subir ao Monte de Deus


Subamos ao Monte,
Para o encontro com o Senhor;
Para ouvi-Lo e contemplá-Lo na Sua glória,
Para descobrirmos a vida em vitória,
Sem medo ou comodismo,
Sem o mal do individualismo,
Porque Ele é o Senhor da nossa história.
*
Desçamos do Monte
Em caminhada firmes, e fortes,
Para seguirmos em frente, a missão,
Para caminharmos mesmo na perseguição,
Com a coragem que vem do Senhor,
Que mesmo abraçando a dor,
Continuemos firmes a sua oração.
*
Continuemos a nossa estrada
Com o Senhor transfigurado,
Sendo fiéis seguidores do Seu amor,
Com um coração cheio de vigor,
Na alegria de sempre crer,
Sem nunca, nunca esmorecer,
Com coragem que se faz no ardor.
*
Despertemos do sono da indiferença,
Ou mesmo do nosso comodismo,
Para do Monte seguirmos em frente,
Sendo discípulos firmes e conscientes,
Cheios de vida, e transfigurados,
Em vida nova, e motivados,
Comunhão refeita e coração ardente!


*   *   *

 

Obra: “A Transfiguração”, de C. H. Bloch. In pt.wikipedia.org.

 

Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, o Filho amado do Pai, ilumine o seu caminho!

 

 

I Domingo do Tempo da Quaresma, Ano C, São Lucas

⇒ Ano “Família Amoris Lætitia” (2021/2022) ⇐
⇒ Intenções do Santo Padre, o Papa Francisco: Pela resposta cristã aos desafios da bioética ⇐
⇒ Campanha da Fraternidade: “Fala com sabedoria, ensina com amor” (cf. Pr 31,26) ⇐

 

Leituras: Dt 26,4-10; Sl 91(90); Rm 10,8-13; Lc 4,1-13

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

 

As Tentações de Jesus e as tentações do Cristão

Lc 4,1-13

 

Meus irmãos e irmãs, a Liturgia do I Domingo da Quaresma, neste Ano “Família Amoris Lætitia, nos motiva a contemplar a experiência de Jesus no deserto, segundo o evangelista Lucas. E o Evangelho desta Liturgia está em Lc 4,1-13, passagem que conclui a terceira parte do Evangelho Segundo São Lucas intitulada “Preparação do ministério de Jesus”(1).

Nesta Liturgia, Nosso Senhor está no deserto da judeia. A tradição diz que se trata de uma colina (conhecida como “colina da tentação”), situada há uns 10 quilômetros de Bethabara (cf. Jo 1,28), que quer dizer “Casa do Deserto” ou “Lugar da Passagem”, às portas de Jericó, local em que foi batizado por São João Batista.

Neste Domingo, a Igreja nos apresenta Nosso Senhor vivendo um tempo de penitência, não que Ele precisasse de uma penitência, pois não pecou. No entanto, Sua experiência de tempo penitencial, cujo ápice foram as tentações, é para nós um modelo de como viver o tempo quaresmal.

No deserto, Jesus vence as três tentações: quando chega a fome há uma tentação de transformar as pedras em pães (cf. Lc 4,3). Em um segundo momento, diante dos reinos do mundo, o tentador promete todas as riquezas para que Jesus as adore (cf. Lc 4,7). Por fim, Jesus é tentado a se jogar do ponto mais alto (cf. Lc 4,8).

Diante destas tentações contra a sua natureza humana, Jesus se faz fiel ao plano do Pai e, por isso, tem sempre uma resposta firme perante o tentador, pois é conduzido pelo Espírito.

Na fome, Ele se ampara no alimento imperecível que é a oração constante ao Pai e responde ao tentador que “não só de pão vive o homem” (Lc 4,4). Diante da tentação do poder, Jesus é fiel ao projeto do Reino, pois somente ao Deus verdadeiro se deve adorar e servir (cf. Lc 4,8). Diante da tentação da falsa segurança, não Se coloca no perigo, pois, pelas Escrituras, não podemos tentar a Deus somente porque que Ele se prevê poderoso.

O ser humano vive num constante deserto. Nele sofremos todo tipo de tentações para resolver nossas necessidades pessoais, nossas ambições perante coisas e pessoas ou mesmo tentando que Deus faça a nossa vontade. Entretanto, não percebemos quantas coisas boas o Senhor nos dá no deserto de nossa existência, com as quais enfrentamos nossas lutas, nossos desafios, nossas provações. Deus quer nos ajudar a vencer e para isso nos ensina muito mais do que os sucessos mirabolantes baseados apenas em interesses terrenos e perecíveis.

A fé cristã é exatamente a consciência de que em cada momento da nossa vida estamos caminhando para a eternidade, pois o Senhor está conosco nos fortalecendo pelos desertos de nossa da vida, nos dando a vitória rumo à libertação e à salvação.

O Papa Francisco, em sua mensagem para a Quaresma deste ano(2), nos exorta a cultivar relações humanas mais íntegras e integrais, concretizadas no corpo-a-corpo, numa prática alegre e generosa da esmola, inclusive a esmola do tempo, pois a Quaresma é tempo de visitar o solitário e de nos aproximarmos do irmão que sofre e que é necessitado da Providência de Deus.

Finalmente, peçamos a Nossa Senhora, Mãe da Divina Graça, que ela interceda por nós para que possamos ser guiados pelo Espírito Santo, Espírito da Fortaleza, possamos vencer as tentações que enfrentamos nos desertos de nossa existência e fazermos a vontade de Deus em todas as circunstâncias de nossas vidas. Amém.

*   *   *
(1) Na Bíblia de Jerusalém (Paulus, 2013), o Evangelho Segundo São Lucas é composto das seguintes partes: Prólogo (cf. Lc 1,1-4), I. Nascimento e vida oculta de João Batista e de Jesus (cf. Lc 1,5-2,52), II. Preparação do ministério de Jesus (cf. Lc 3,1-4,13), III. Ministério de Jesus na Galileia (cf. Lc 4,14-9,50), IV. Subida para Jerusalém (cf. Lc 9,51-19,27), V. Ministério de Jesus em Jerusalém (cf. Lc 19,28-21,38), VI. A paixão (cf. Lc 22,1-23,56) e VII. Após a Ressurreição (cf. Lc 24,1-53).
(2) Cf. Papa FRANCISCO. Mensagem do Papa Francisco para a Quaresma 2022. Disponível em: <https://www.vatican.va/content/francesco/pt/messages/lent/documents/20211111-messaggio-quaresima2022.html>. Acesso em: 4 mar. 2022.

 

*   *   *

 

⇒ POESIA ⇐

O Deserto da Vida


No deserto desta vida,
Muitas coisas enfrentamos,
Tentações de todo tipo,
Que às vezes duvidamos,
Mas Jesus está com a gente,
Caminhando firmemente,
É nEle que acreditamos.
*
Muitas vezes ao caminhar,
O deserto fica quente,
Vem a sede e vem a fome,
Que vai castigando a gente,
Então vem a esperança,
O Senhor é a bonança,
Pois na vida está presente.
*
Temos tantas tentações,
No nosso mundo atual,
Consumir pra mais da conta,
Cultivando o capital,
Somos tentados a comprar,
E ainda adorar,
O ídolo material.
*
Não podemos esquecer,
Que a vida do cristão,
Deve ser simplicidade,
Vivendo a contemplação,
Com Jesus sem desistir,
O caminho a prosseguir,
Pra viver a conversão.
*
A caminhada é longa,
No deserto da existência,
Mas nós vamos aprendendo,
A viver com paciência,
Com jejum e oração,
Caridade em ação,
Santa e viva penitência.
*
Viver o tempo quaresmal,
Para o cristão é importante,
Faz muito a gente crescer,
E seguir perseverante,
A Palavra é fundamento,
Oração como alimento,
Testemunho a todo instante.


*   *   *

 

 

Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que nos ensina a vencer as tentações, ilumine o seu caminho!

 

 

Quarta-feira de Cinzas (2022)

⇒ Ano “Família Amoris Lætitia” (2021/2022) ⇐
⇒ Intenções do Santo Padre, o Papa Francisco: Pela resposta cristã aos desafios da bioética ⇐
⇒ Campanha da Fraternidade: “Fala com sabedoria, ensina com amor” (cf. Pr 31,26) ⇐
⇒ Dia de jejum e abstinência ⇐

 

Leituras: Jl 2,12-18; Sl 51(50); 2Cor 5,20-6,2; Mt 6,1-6.16-18

 

⇒ HOMILIA ⇐

 

Cinzas, Esmola, Oração e Jejum

Mt 6,1-6.16-18

 

Meus irmãos e irmãs, a Liturgia da Quarta-feira de Cinzas, neste Ano “Família Amoris Lætitia, dia de jejum e abstinência, nos motiva a continuar contemplando o “Sermão da Montanha”, hoje nos apresentando a esmola, a oração e o jejum. E o Evangelho desta Liturgia está em Mt 6,1-6.16-18, passagem que compõe a segunda parte do Evangelho Segundo São Mateus intitulada “A promulgação do Reino dos Céus”.

Com esta Liturgia, somos inseridos no Ciclo da Páscoa e na primeira etapa desse Ciclo: o Tempo da Quaresma. A Quaresma, um retiro universal, é um tempo de preparação para a festa mais importante do tempo litúrgico: a Páscoa do Senhor, o centro da experiência litúrgica. O período quaresmal nos proporciona, ainda, uma espiritualidade de penitência e conversão, com a qual recebemos diversas chaves para o retorno a Deus.

Na Liturgia da Quarta-feira de Cinzas, a Igreja nos apresenta Nosso Senhor, ainda no contexto do “Sermão da Montanha”, mas pela ótica do evangelista São Mateus, no qual apresenta a Boa-Nova pela trilha da prática da piedade através da esmola, do jejum e da oração, numa releitura da antiga aliança(1).

A fé, a esperança e a caridade são virtudes que nos sustentarão neste tempo de purificação aos pés do Senhor, pois com Ele caminharemos passando pelo calvário, pela Cruz e acordaremos na manhã da Ressurreição com um coração renovado para cantar O Aleluia pela vitória do Ressuscitado.

Nesta Liturgia, Jesus orienta quanto ao comportamento relativo às aparências e também que a esmola, a oração e o jejum devem ser realizadas com um coração simples e voltadas para Deus.

A esmola, realizada em segredo, deve ter como recurso o resultado da nossa abstinência e destinada aos necessitados da Providência de Deus. Já a oração deve produzir uma escuta do que Deus fala em nossa vida e uma vida de mansidão nas relações humanas. Por fim, o jejum deve ser resultado de abstinências que mortifique nossas posses que nos socorrem diante das dificuldades humanas, nosso poder que nos faz ser atendidos pelos outros e também da nossa atitude que muitas vezes querer que Deus atenda nossas vontades.

O importante é que tais práticas tenham como fruto a nossa permanente conversão, reavaliando nossa vida de batizados que querem seguir o Senhor na vida de caridade (a esmola), na prática da fé (a oração) e de esperança no Reino (jejum). Esta experiência deve nos ajudar a sermos melhores pais de família, filhos, consagrados e ordenados, evangelizadores a serviço do Reino de Deus.

Lembremos do que diz o profeta Joel, na primeira leitura desta Liturgia: “rasgai o coração, e não as vestes; e voltai para o Senhor, vosso Deus” (Jl 2,13). Faz-se necessário transformar o nosso coração para mudar de vida. O apóstolo Paulo nos exorta a vivermos a reconciliação com Deus, pois somos embaixadores de Cristo. Somente nesta sintonia com o Senhor é que podemos oferecer um testemunho.

Já iniciamos esta caminhada recebendo as cinzas em nossas cabeças e a atitude deve ser de simplicidade e de reconhecimento de que o nosso corpo é perecível e que necessita da vida infinita em Cristo Senhor.

Também nesta Quarta-feira de Cinzas a Igreja no Brasil está voltada para o início da Campanha da Fraternidade, com o tema “Fraternidade e Educação” e o lema “Fala com sabedoria, ensina com amor” (cf. Pr 31,26), cuja coleta nacional ocorrerá no dia 10 de abril.

Recordarmos que neste mês as intenções do Papa Francisco, Vigário de Cristo, estão voltadas para a construção de resposta cristã aos desafios da bioética, promovendo a defesa da vida com a oração e a ação social.

Finamente, peçamos a Nossa Senhora, Mãe de Deus e nossa, que ela interceda por nós e que possamos ser guiados pelo o Espírito Santo, unção de todos os santos, pelo retiro quaresmal preparado pela Igreja, Corpo Místico de Cristo. Amém.

*   *   *
(1) Cf. Nota de rodapé “e”, pág. 1710, referente ao título “2. Discurso: O Sermão sobre a Montanha”, da Bíblia de Jerusalém.

 

*   *   *

 

⇒ POESIA ⇐

Caminhos que Levam a Deus


Quero seguir em frente,
Sendo mais crente,
Tendo caridade,
Na simplicidade,
Sem esquecer o mundo,
Nem por um segundo,
Neste ofertar,
Neste escutar,
A quem tem necessidade.
*
Quero seguir orando,
Sempre escutando,
Ao Deus amor,
Ao irmão na dor,
Que me faz pensar,
E que me leva a orar,
E o coração,
Nesta conversão,
Para o Senhor.
*
Quero seguir jejuando,
E me transformando,
Em um humano santo,
Sem medo ou espanto,
Sensível ao irmão,
Sendo compaixão,
Coração rasgado,
Mas purificado,
Em Deus o encanto.
*
Quero prosseguir,
Sem desistir,
Nunca isolado,
Mas sintonizado,
Com todos os irmãos,
Alheios e cristãos,
Aos que não escutaram,
Mas que desejaram,
Santa conversão.
*
Quero, com o Senhor,
Viver seu amor,
E sempre encontrar,
Para se alimentar,
Na mesa da alegria,
Encontrar a harmonia,
No alimento eterno,
Que nos faz fraternos,
A Eucaristia.


*   *   *

 

Extrato da obra “O Sermão da Montanha” (1920), de H. Copping, In wikipedia.org – “File:Harold Copping – The sermon on the mount – (MeisterDrucke-52362).jpg”

 

Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, fonte e meta da nossa vocação, ilumine o seu caminho!