III DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO C, SÃO LUCAS

 

Leituras: Ne 8,2-4a.5-6.8-10; Sl 18(19); 1Cor 12,12-30; Lc 1,1-4; 4,14-21

 

⇒ POESIA ⇐

O ESPÍRITO DO SENHOR ESTÁ SOBRE NÓS

O Espírito do Senhor está sobre nós
Para que ilumine o nosso caminhar,
Para que purifique o nosso olhar,
Para que no corpo do Senhor,
Encarnemos o seu Amor,
E não venhamos a desanimar.

O Espírito do Senhor está sobre nós
Para fazermos o Reino acontecer,
No “hoje” desde o amanhecer,
Como naquele dia da Ressurreição,
Certeza da nossa redenção,
Infinita nossa vida há de ser.

O Espírito do Senhor está sobre nós
No seguimento de discípulos missionários,
Na vida dos pobres sendo solidários,
Para sermos sal e luz do mundo,
Vivendo com amor profundo,
Trabalhando como dignos operários.

O Espírito do Senhor está sobre nós,
Na escuta da Palavra e na oração,
Como membros em fraterna comunhão,
Vivendo em Cristo o amor perfeito.
Pra ser feliz não há outro jeito,
Somente buscando a santificação.

 

⇒ HOMILIA ⇐

Jesus é o cumprimento das Escrituras

Lc 1,1-4; 4,14-21

 

A liturgia deste Domingo, no que se refere ao Evangelho, nos apresenta dois trechos distintos de Lucas, ambos carregados de uma profunda mensagem. Na primeira parte (1,1-4) trata-se da introdução onde podemos observar as quatro etapas da formação dos evangelhos: (i) os acontecimentos sobre Jesus (cf. 1,1); (ii) a pregação dos apóstolos e discípulos de Jesus, os quais Lucas chama de testemunhas oculares e ministros da palavra (cf. 1,2); (iii) vários escritos menores também transmitidos pelos primeiros cristãos (cf. 1,2); (iv) o próprio escrito do Evangelho como lemos atualmente, quando o evangelista fala que decidiu escrever de modo ordenado (cf. 1,3).

Toda a introdução é dirigida a um certo Teófilo, que os estudos bíblicos e teológicos traduzem como “amigo de Deus”, ou seja, aqueles que estão abertos ao chamado do Senhor e querem seguir a sua Palavra e o seu caminho.

A segunda parte nos mostra Jesus indo à sinagoga como de costume. Na liturgia das sinagogas, celebradas aos sábados, eram proclamadas duas leituras: uma do Pentateuco, seguida do comentário de um especialista; e a outra tirada dos profetas, que poderia ser comentada por qualquer pessoa que tivesse a permissão do presidente da assembleia.

Parece que para muitos naquele sábado era uma celebração comum como as outras, mas não foi. Após a leitura feita por Jesus, algo era diferente: todos estavam de olhos fixos nele (cf. Lc 4,20). Jesus tem a permissão e faz uma homilia, afirmando que aquela palavra do Profeta Isaías (cf. 61,1-2) se cumpriu naquele momento. Mesmo que o povo esperasse por alguém para trazer a libertação de Israel anunciada pelos profetas foi difícil aceitar a afirmação de Jesus.

Jesus anuncia o programa da sua missão: a Boa-Nova (Boa-Notícia) direcionada aos pobres (devedores, cativos, doentes, oprimidos) que esperavam da parte de Deus tal benevolência. O olhar voltado para os pobres está mais presente em Lucas do que nos demais evangelistas, embora seja esse o projeto do Reino apresentado por Jesus. Ele é a própria Palavra encarnada, nele está encarnado o sonho do povo de Deus prefigurado na primeira leitura (livro de Neemias), quando Esdras celebra com o povo a Palavra de Deus para nutrir a esperança e para a renovação da Aliança com o Senhor. O texto de Neemias nos apresenta uma lista de orientações litúrgicas e, sobretudo, mostra-nos como deve ser o verdadeiro culto a Deus.

Ao declarar: “hoje se cumpriu aos vossos ouvidos essa passagem da Escritura.” (Lc 4,21) Jesus nos apresenta o cumprimento da chegada do Reino, o “hoje” determina que chegou a hora de vivermos plenamente a Palavra como regra principal, pois a libertação anunciada por Jesus é a própria redenção do homem, a salvação para todos. O vazio que torna as pessoas escravas das drogas, do álcool, da prostituição do corpo e das ideias relativistas é a maior pobreza. Além disso, o comodismo e a incoerência dos cristãos também trará consequências como a pobreza material, moral e as injustiças para os pequeninos de Deus.

Portanto, Jesus indica o que é necessário que façamos como seguidores dele e, sobretudo, como membros do seu corpo. É o que fala São Paulo na primeira carta aos Coríntios: “Vós, todos juntos, sois o corpo de Cristo e individualmente, sois membros desse corpo.” (1Cor 12,27). Ser membro do corpo de Cristo é sentir a dor dos outros membros, é também valorizar cada pessoa com dignidade independente do que seja, do que faça e do que tenha.

Para finalizar esta reflexão, podemos nos perguntar: qual o meu programa de vida cristã? Como batizado, será que tenho os olhos fixos em Cristo, para melhor viver o testemunho autêntico de um discípulo missionário do Senhor?

Peçamos ao Espírito Santo que nos conduza na nossa missão de seguidores de Cristo, sempre se sentindo como membro do Corpo de Cristo. Amém!