III DOMINGO DA PÁSCOA

ANO NACIONAL DO LAICATO

Leituras:  At 3,13-15.17-19 Sl 4; 1Jo 2,1-5a; Lc 24,35-48

POESIA

TESTEMUNHAS DA ALEGRIA

A alegria do Senhor,
Vem trazer aos caminheiros,
Os discípulos das estradas,
De Emaús são mensageiros,
Ao Deus vivo encontraram,
Juntos também partilharam,
O Pão com o Senhor, primeiro.

O Pão com Jesus primeiro,
Foi uma santa experiência,
Participar da mesa Santa,
Com Jesus em sua essência,
Porque a mesa é o partilhar,
Do pão, Cristo, a alimentar,
E o amor divina ciência.

E o amor divina ciência,
Vem trazer a alegria,
Do Evangelho semeado,
Pela noite e pelo dia,
Vai ao mundo transformando,
E o Reino vai brotando,
Mensagem que não se esvazia.

Mensagem que não se esvazia,
No coração vivo e humano,
Na história dos discípulos,
Que superam seus enganos,
Na caminhada do povo,
Que acolhe o amor e o novo,
Do Reino e dos seus planos.

Do Reino e dos seus planos,
Vem Jesus se apresentar,
No meio da comunidade,
Que vem para celebrar,
No encontro em união,
Na Palavra e comunhão,
Que se faz a partilhar.

Que se faz a partilhar,
O que os discípulos viveram,
Seus encontros mais sagrados,
Quando então se envolveram,
Jesus, paz tranquilidade,
Constrói a fraternidade,
E os discípulos acolheram

E os discípulos acolheram,
O envio do Senhor,
Para serem as testemunhas,
Com força e com ardor,
Entregaram suas vidas,
Existências consumidas,
A serviço do Amor.

 

HOMILIA

A Paz e a alegria da Ressurreição

 

O evangelho de hoje encerra-se dizendo: “Vós sereis testemunhas de tudo isso” (Lc 24,35-48). Eis o desafio dos discípulos: com dificuldades, seguir em frente ainda marcados pela saudade e por esta realidade do Ressuscitado que até então era nova.

É importante lembrar que esta leitura é continuidade de Lc 24,13-35 que narra os dois discípulos de Emaús, quando no mesmo dia da Páscoa caminhavam fugindo de Jerusalém, sem esperança, com um sentimento de que tudo tinha acabado e que não teriam mais motivos para sonharem com o reino de Deus (cf. Lc 24,21). Nisto Jesus aparece caminhando ao lado dos dois e conversa falando das escrituras e de tudo a qual se referia a ele (cf. Lc 24,27).

Quando chegaram ao povoado, Jesus fez que ia seguir em frente e os discípulos o convidam para que ele ficasse com eles. Disseram: “fica conosco, pois já é tarde e a noite vem chegando!” (Lc 24,29). Jesus entrou para ficar, sentou e partilhou dos alimentos. Quando partia o pão e falava, o coração dos discípulos estava ardendo. Quando ele desapareceu, os discípulos voltaram imediatamente Jerusalém anunciando o que tinham experienciado junto ao Ressuscitado (cf. Lc 24,33).

Pois bem, é aqui que inicia o Evangelho desta liturgia: a volta dos discípulos para Jerusalém. A mesma Jerusalém que é lugar de missão, de coragem, de desafios, de proclamar, com ardor, a vida nova do Ressuscitado em suas vidas. E então meditemos, nesta parte: Quando nos falta a fé, há possibilidade de fuga para longe dos problemas, mas não é possível. O problemas nos acompanham aonde nós vamos.

Os Discípulos de Emaús também somos nós, que caminhamos às vezes desiludidos, fugindo da comunidade dos irmãos. Às vezes não meditando sobre as ações de Deus em nossa vida, como nossas vitórias, como nossas alegrias e as curas materiais e espirituais que ao longo do caminhar vão acontecendo.

No evangelho desta liturgia há uma segunda experiência de encontro da comunidade dos discípulos. Jesus vem e se apresenta mais uma vez para traze-lhes a paz e enviá-los em missão. Porque somente com o coração na paz seria possível anunciar a vida nova. Sem paz e na insegurança não é possível anunciar coisas positiva e que ajuda os outros. Era preciso que todos fizessem a experiência do encontro na paz, e que vivessem a alegria da partilha da mesa e do pão.

Os encontros de intimidade entre Jesus e seus discípulos ocorriam com frequência, sempre com o objetivo de amadurecer a partilha. Foram momentos fortes antes da crucificação e ressurreição. Pois é na mesa que se realiza a partilha, o companheirismo, a fraternidade e tantas outras descobertas importantes na vida das pessoas.

A mesa da família também é lugar do amor, que se dá em partilha e alegria. O mundo não pode perder o sentido do encontro da mesa, onde se dá muitas conversas de vida cotidiana, de tantas histórias da nossa existência. Lugar onde o vinho do amor deve ser brindado para fortalecer a amizade e a fé dos que são irmãos e irmãs.

Na missa, as mesas da Palavra e da Eucaristia é para nós, católicos, o lugar sagrado do encontro com o Senhor e com os irmãos. Pois quando alimentados, pela Palavra, pelo Corpo e pelo Sangue do Ressuscitado, somos fortalecidos para voltarmos para a nossa “Jerusalém” onde está nossa família, nossos amigos e nossos companheiros de caminhada profissional, irmãos da comunidade, e outros que iremos encontrando durante à semana.

Precisamos testemunhar e confirmar que Cristo está vivo como fez o apóstolo Pedro, nos Atos dos Apóstolos, o porta voz da comunidade dos seguidores do Senhor: “Vós rejeitastes o Santo e o Justo, e pedistes a libertação para um assassino. Vós matastes o autor da vida, mas Deus o ressuscitou dos mortos e disso nós somos testemunhas” (At 3,15).

Que a cada celebração, possamos seguir firmes no amor a Cristo ressuscitado, através de atitudes concretas na nossa relação conosco e com os irmãos. E possamos cantar como o salmo 4: Sobre nós fazei brilhar o esplendor de vossa face!” Com o esplendor do Ressuscitado voltemos para anunciar a vida nova às nossas “Jerusaléns”. Amém.

II DOMINGO DA PÁSCOA – DOMINGO DA MISERICÓRDIA

ANO NACIONAL DO LAICATO

Leituras:  At 2,42-47; Sl 117(118); 1Pd 1,3-9; Jo 20,19-31

POESIA

MEU SENHOR E MEU DEUS

Tomé e seus irmãos somos nós,
Quando nos isolamos
Quando também duvidamos,
E ficando tão distantes,
Numa tristeza constante,
Fechados e não acreditamos.

Tomé, assim somos nós
Quando queremos fazer comprovações,
Nas tantas situações,
E de Deus então duvidamos,
Também o desafiamos,
As feridas e ilusões.

Tomé também somos nós,
Quando ao grupo retornamos,
E aos irmãos nós encontramos,
Para ver e encontrar o Senhor,
Com acolhida e muito amor,
E assim recomeçamos.

E, sendo como Tomé,
Queremos o Senhor tocar,
Nos seu corpo vindo nos dar,
Para seguir agora, em frente,
Num caminhar vivo e crente,
Sem medo e sem duvidar.

Mesmo como Tomé,
Queremos ao Senhor ouvir,
Para podê-lo seguir,
Nossa fé nele professar,
Sempre, sempre a caminhar,
E de amor se consumir.

Como Tomé e os irmãos,
Nossas dúvidas então rompamos,
De portas abertas sigamos,
Pra sair do grupo fechado,
E anunciar o ressuscitado,
E então não desistamos.

Seja a Palavra luz forte,
Em nosso peregrinar,
Sua luz a nos clarear,
Pra vencer a escuridão,
E seguirmos de pé no chão,
Sem medo de tropeçar.

 

HOMILIA

Cristo tem misericórdia dos que duvidam

 

Neste segundo Domingo da Páscoa, ressoa a voz do Ressuscitado: “Bem-aventurados os que creram sem terem visto” (Jo, 20,29). O Evangelho de João apresenta-nos dois momentos para nos mostrar as primeiras experiências dos discípulos no encontro com o Ressuscitado.

No encontro da comunidade, Jesus se revela vivo e traz a Paz para os que estão com medo e mergulhados na insegurança. (Jo 20,19). Na vida comunitária também se acolhe os que estão em dúvida como Tomé (cf. Jo 20,25). Foi preciso que a comunidade dos discípulos tivesse calma e esperasse pelo processo deste discípulo, para, no momento, oportuno ele tivesse a experiência do seu encontro com o Senhor.

Então temos dois momentos, os quais se dão sempre no primeiro dia da semana (Dies domini, o dia do Senhor), o domingo, porque foi neste dia que tudo mudou na caminhada de fé dos primeiros seguidores de Jesus. Daí nasce a fé dos primeiros cristãos e que depois se espalhou por todo o mundo até chegar a nós do século XXI.

Na primeira parte (Jo 20,19-25), o evangelista nos fala: estava anoitecendo quando Jesus aparece. A vida estava obscura para aquele grupo de seguidores, havia medo, insegurança, feridas no coração dos discípulos, portas fechadas… E o ressuscitado com a força do amor e da paz, rompe as barreiras físicas se pondo no meio deles e dizendo: “A paz esteja convosco” (Jo 20,19).

Era preciso que os discípulos ouvissem esta saudação para a confirmação de que o príncipe da Paz estava no meio deles, ressuscitado, vencedor, para trazer vida nova e reanimá-los para continuarem.

Depois, mostrando as marcas da crucificação, repete a saudação, confirmando sua presença de vida plena e ao mesmo tempo anuncia que eles devem continuar a missão redentora da paz, da misericórdia, da justiça e do amor. Agora não devem ir somente para às aldeias, povoados e arredores de Jerusalém, mas para os confins do mundo.

Por isso o sopro do Espírito Santo foi concedido pelo próprio ressuscitado para que anunciem e perdoem os pecados dos homens (cf. Jo 20,23) e os conduzam para uma vida transformada e dedicada também a missão do Redentor.

Na segunda parte deste Evangelho (Jo 20,26-31) fica-nos uma pergunta: Onde estava Tomé naquela primeira aparição? Por que estava distante dos irmãos? Talvez porque o seu desânimo era maior do que a esperança, e, portanto foi inundado por esta realidade, ficando isolado, fechado em si, duvidando de Deus…

Ao encontrar os seus companheiros, Tomé duvida da aparição de Cristo. Ele desafia a Jesus, pois não acredita ainda na sua ressurreição. Tomé foi honesto em suas dúvidas, era preciso viver a experiência pessoal com o Senhor para pode professar: “Meu Senhor e meu Deus!” (Jo 20,28).

Este discípulo ausente no primeiro momento, quer uma prova concreta como muitos de nós cristãos quando nos isolamos e ficamos fora da comunidade. Às vezes duvidamos das maravilhas de Deus e de suas obras, e nos tornamos incrédulos quando não participamos da experiência do encontro com o Senhor na comunidade reunida.

Oito dias depois, os discípulos estão reunidos e agora está também Tomé, que dessa vez vê o Senhor. Novamente Jesus deseja a Paz e convoca aquele discípulo que não acreditou antes, e diz a Tomé: “‘Põe o teu dedo aqui e olha as minhas mãos. Estende a tua mão e coloca-a no meu lado. E não sejas incrédulo, mas fiel’. Jesus disse mais: ‘Acreditaste, porque me viste? Bem-aventurados os que creram sem terem visto!’” (Jo 20,27-28).

A declaração de Tomé é forte: “Meu Senhor e meu Deus!” (Jo 20,28). E Cristo acolhe e tem misericórdia de Tomé que duvidou, mas que depois professou a sua fé no Deus da vida. Nós também somos acolhidos na misericórdia de Deus quando, pela nossa fraqueza e dúvida, queremos provas da sua presença no meio de nós.

Nós, os cristãos, reunidos em torno da Palavra e da Eucaristia, somos os discípulos que acreditam sem terem visto e sem ter tocado as feridas e sem contemplarem o lado de Cristo, mas que escutam a voz do Senhor na Palavra e tocam o seu corpo quando na fila de Comunhão o recebem para se nutrirem da fé na vida verdadeira e prosseguirem a caminhada de fé.

Há feridas humanas que precisamos sentirmos e tocarmos! Elas estão presentes nos crucificados deste mundo e aparecem nos que passam fome, nos desempregados, nos presos e nos que injustamente são colocados como culpados, porque denunciam a desumanidade das realidades políticas, econômicas e sociais.

Quem poderá sentir e considerar esta realidade que está além do templo? Quem romperá o grupo fechado no medo e na omissão dos que se dizem seguidores do ressuscitado? Somente os discípulos, os batizados em Cristo que acreditam e vivem a ressurreição, e, por isso lutam por uma sociedade nova e cheia de vida e de paz.

Somente os que deixam as portas se abrirem e saem em missão para anunciar a vida nova em Cristo, e que deixam Jesus inundar de paz e coragem a sua vida. Estes podem mostrar para o mundo o sentido verdadeiro da vida, da justiça e da esperança.

Quando nos fechamos em nosso egoísmo e individualismo e ficamos distantes da vida da Igreja que abre as suas portas e assim nos tornamos discípulos infecundos e incrédulos. A misericórdia do ressuscitado nos abraça e nos acolhe, fazendo-nos forte na fé e nos ajudando a tirar as dúvidas e insegurança sobre a vida nova.

Enquanto alimentarmos uma fé somente devocional e não no dedicarmos a vida de discípulos missionários, a alegria do evangelho ficará como que guardado em nossas normas frias e sem força para evangelizar o mundo. Ficamos como em templos de portas fechadas por medo, comodismo e pessimismo e com a ausência de confiança no ressuscitado.

Portanto, cada domingo também é como aquele oitavo dia, quando também professamos a nossa fé no ressuscitado. Em cada domingo, escutamos os ensinamentos dos apóstolos, louvamos, colocamos em comum a nossa oração, partilhamos o pão, fazemos nossas ofertas materiais e espirituais como as primeiras comunidades dos Atos dos Apóstolos (cf. At 2,46).

Em cada encontro, a partilha da vida, nas suas alegrias e tristezas, porque é aí que se alimenta a fé e se revigora a caminhado do dia a dia de nossa existência. E então, nos perguntamos: como está a nossa partilha em nossas comunidades? Somos capazes de sentir a necessidade verdadeira do irmão carente? Sentimos a presença do Ressuscitado em nosso meio? Com quem nos identificamos: com Tomé ou com os outros discípulos?

Peçamos o sopro do Espírito Santo e a misericórdia de Deus quando também não acreditamos na presença de Cristo em nossas vidas. Que possamos sair do nosso medo, da nossa insegurança e do nosso isolamento para anunciar a certeza da ressurreição através de nossa vida e do nosso testemunho. Atitudes que se expressam na nossa alegria, na nossa paz, na nossa fraternidade, na nossa união e por que não dizer, na nossa caridade, virtude própria dos que amam o Senhor e o seguem. Amém!

DOMINGO DA PÁSCOA DA RESSURREIÇÃO DO SENHOR – ANO B

ANO NACIONAL DO LAICATO

Leituras:  At 10,34a.37-43; Sl 117(118); Cl 3,1-4; Jo 20,1-9

POESIA

QUEM AMA CHEGA PRIMEIRO

Pelo amor e a esperança,
Madalena vai correndo,
Cheia de uma novidade,
Que está lhe preenchendo,
Volta do túmulo vazio,
Madrugada em vento e frio,
Coração se aquecendo.

Primeira anunciadora,
De Jesus ressuscitado,
Vai dizer aos seus irmãos,
Sobre o túmulo arrebentado
Precisa se refazer,
Para pode entender,
O que Deus tem realizado.

A mensagem é semeada,
Junto aos outros irmãos,
E aos pouco se espalhando,
Por Pedro e também por João,
Cristo trouxe a vida nova,
Túmulo vazio é a prova,
Da santa Ressurreição.

Há um amor que motivou,
Ao discípulo em seu correr,
Pois o amor chega primeiro,
E não se deixa esmorecer,
Sem medo ele segue em frente,
Sem dúvida a lhe preencher.

O amor do discípulo amado,
A muitos encorajou,
Fez Pedro seguir em frente,
Mesmo que ao mestre negou,
Pois foi o amor e a fé,
Que fez Pedro ficar de Pé,
Com coragem continuou.

Compreender a vida nova,
No caminhar dia a dia,
Aceitar outra maneira,
Pra seguir a nova via,
A morte não tem mais poder,
Basta seguir e também crer,
Na Paz e na alegria.

Somos também seguidores,
De Cristo ressuscitado,
Seguimos a nova vida,
Com o nosso Deus amado,
Que se faz nosso alimento,
Na alegria e sofrimento,
Caminhando ao nosso lado.

O encontro com os irmãos,
Faz sair da madrugada,
Pra abraçar a luz completa,
E a vida iluminada,
Pois Cristo que se faz clarão,
Na Palavra e comunhão,
E a assembleia renovada.

 

HOMILIA

Animados e iluminados pela Ressurreição de Cristo

 

Irmãos e irmãs, desde a noite da vigília no sábado, também neste domingo da ressurreição, soam os cantos alegres de aleluia e de glória em toda a Igreja. Esta alegria da ressurreição do Senhor se estenderá por cinquenta dias como sendo uma festa única, um único dia.

Vivemos o dia do Senhor marcados pela alegria verdadeira da sua vitória sobre as trevas da morte. Somos banhados em Cristo, somos novas criaturas, somos homens novos, por que o Senhor no encheu da sua vida e da sua força renovadora.

Contemplamos Maria Madalena, marcada pela dor da morte de Jesus e da saudade. Ela não espera o dia chegar e quando ainda é escuro corre para o túmulo (cf. Jo 20,1). Vendo o túmulo vazio retorna e vai falar aos outros discípulos. No evangelho desta liturgia, vemos que Maria Madalena é a primeira a anunciar o grande acontecimento.

Os discípulos, como estavam ainda marcados pelos últimos acontecimentos, não conseguiram vislumbrar, a grande dádiva de Deus: Jesus tinha ressuscitado (cf. Jo 20,9). Tudo era muito novo, muitas coisas precisavam acontecer para que eles vivessem a certeza da ressurreição do Senhor.

Aquela manhã do primeiro dia da semana ficará marcada no coração dos discípulos como sendo o dia do Senhor, o dia em que nasce a fé na ressurreição, por que o discípulo amado viu e acreditou e espalhou esta certeza entre os seus amigos (cf. Jo 20,8).

A notícia se espalhará por todos os cantos, a força do ressuscitado chegará ao coração dos discípulos e consequentemente ao povo. A fé agora será amadurecida na caminhada dos seguidores de Cristo até ao ponto de testemunharem sem medo tudo o que aconteceu.

Alimentados da esperança e pela certeza, os discípulos enfrentaram o mesmo destino do Senhor. Serão perseguidos, serão caluniados e martirizados, mas encontrarão a ressurreição e a vida eterna. Se fortalecerão na comunidade reunida com a presença de Maria mãe do Senhor.

Pedro e os outros discípulos irão anunciar a verdade da ressurreição como vemos na primeira leitura de hoje: Nós somos testemunhas de tudo o que Jesus fez na terra dos judeus e em Jerusalém. Eles o mataram, pregando-o numa cruz. Mas Deus o ressuscitou no terceiro dia, concedendo-lhe manifestar-se não a todo o povo, mas às testemunhas que Deus havia escolhido: a nós, que comemos e bebemos com Jesus, depois que ressuscitou dos mortos. Ele nos mandou proclamar ao povo e testemunhar que Deus o constituiu Juiz dos vivos e dos mortos” (At 10,39-42).

Esta mensagem animou os primeiro seguidores e os fez continuarem em frente, motivo do qual chegou até nós. Por isso nos reunimos para encontrarmos com a Palavra viva para ouvirmos atentamente e também com a Eucaristia, corpo e sangue do Senhor, que nos alimenta na nossa peregrinação terrestre.

E nós, os cristãos neste dia de hoje, somos despertados para uma nova vida que se constrói a cada momento, que se renova em cada desafio vencido. A fé que temos no Senhor parte daquela madrugada de Madalena e dos outros discípulos. Somos os discípulos missionários e continuamos a levar a mensagem de esperança e de vida nova ao mundo.

Não podemos buscar o Ressuscitado nos túmulos das divisões, dos ritos vazios, do medo e da insegurança. Também não o encontraremos numa rotina de culto sem vida e muitas vezes sem convicção da fé que impulsiona e que faz fluir a motivação para correr e se chegar mais rápido aos lugares onde se faz necessário a esperança, a paz, a alegria e a vida nova. Vida nova à luz do dia e não da madrugada confusa de nossa fé.

Devemos continuar com a mesma fé dos primeiros discípulos e como disse o apóstolo Paulo: “Se ressuscitastes com Cristo, esforçai-vos por alcançar as coisas do alto, onde está Cristo, sentado à direita de Deus; aspirai às coisas celestes e não às coisas terrestres.” (Cl 3,1-3).

Que em nessa caminhada pascal que se inicia, possamos semear esperança e alegria aos que encontrarmos. Nosso mundo precisa da alegria verdadeira do Evangelho para ser melhor e mais cheio de paz. E que a cada dia também possamos amadurecer a nossa fé no ressuscitado, dado que a fé é caminho, é experiência, é vida em comunhão e união realizada no amor que nos motiva a seguir sem medo e sem dúvida.

Sigamos em frente e meditemos neste período de 50 dias que se seguem, celebrados como sendo um, e cantemos confiante: “Este é o dia que o Senhor fez para nós: alegremo-nos e nele exultemos!” (Sl 117/118). Amém.