II DOMINGO DA QUARESMA

CAMPANHA DA FRATERNIDADE – “FRATERNIDADE E SUPERAÇÃO DA VIOLÊNCIA”

ANO NACIONAL DO LAICATO

Leituras: Gn 22,1-2.9-13.15-18; Sl 115(116); Rm 8,31b-34; Mc 9,2-10

POESIA

TRANSFIGURAR-NOS COM JESUS

Subamos ao monte do Senhor
Para ver a sua glória,
Para viver a intimidade,
Caminhar na nossa história,
Caminhar na humildade,
Buscarmos a santidade,
E não perder a memória.

Subamos ao monte do Senhor,
Para vivermos a nossa esperança,
Fortalecer nossa fé,
Na entrega e confiança.
Como um discípulo é.
Vivendo a sua fé,
Na paz e muita bonança.

Desçamos do monte do Senhor,
Para continuar a missão,
Voltando a realidade,
Pisando os pés no chão,
Precisamos continuar,
O evangelho pregar,
Para o Reino e a salvação.

Desçamos do santo monte,
Para com Jesus viver,
Num corpo ressuscitado,
E dele muito aprender,
Seu amor sempre abrasado,
E o céu sempre esperado,
E para sempre viver.

Vamos para a mesa Santa,
De pura fraternidade,
Ao templo da alegria,
Do amor e da irmandade,
Da escuta e do perdão,
Da paz e da comunhão,
Da plena felicidade.

 

HOMILIA

Subamos ao monte com o Senhor

Na liturgia deste 2º domingo da Quaresma contemplamos Jesus que sobe ao monte com três de seus discípulos: Pedro, Tiago e João e lá se transfigura diante deles. A transfiguração, portanto, é uma forma de Jesus antecipar aos seus discípulos a sua ressurreição.

Na transfiguração, portanto, aparecem dois personagens da primeira aliança: Moisés, representante da lei e os mandamentos destinados ao povo de Israel para que viva plenamente a aliança verdadeira com Deus. Elias, que representa os profetas, os quais anunciaram a vontade de Deus, alimentando a espera do povo pelo messias verdadeiro.

Aquela experiência leva os discípulos a quererem ficar ali, armarem tendas para continuarem no monte, num lugar de conforto. Eles cultuam a divindade de Jesus, mas ainda não chegou a hora.

Outro momento importante é o aparecimento da nuvem de Deus e a sua voz que diz para ouvir o seu filho amado. Este filho que veio trazer a Boa-Nova aos homens e ensiná-los o caminho da santidade e do céu.

A voz do Pai é dirigida aos discípulos, a todo o povo e também a nós hoje: “Escutai-O”. Escutar a sua Boa-Nova, a sua mensagem de salvação que é destinada a todos. Escutar Jesus é ser obediente ao mandamento do amor e da fraternidade.

Há dificuldades no mundo moderno no que se refere à prática da escuta. Estamos sempre muito ocupados e agitados. Há fuga dos momentos de meditação, de oração silenciosa para escutar Deus e a nós mesmos. Só somos capazes de mudar nossa vida para melhor, quando mergulhamos em nós mesmos e escutamos nossas limitações e as possibilidades de conversão.

O que dirá o mundo dos cristãos agitados e distantes da prática da escuta e da oração? O que se testemunha da pessoa de Cristo quando não se saber ouvir, mas julgar e fazer barulhos? Precisamos ouvir a voz de Deus Pai. Precisamos ouvir a voz de Cristo que nos chama sermos seus seguidores e anunciadores.

Após a voz do Pai, Jesus convida os discípulos a descerem do monte ao mesmo tempo em que pede para manter em segredo sobre aquela experiência, pois ainda não é o tempo de manifestar a sua divindade a todos, porque somente na ressurreição é que tudo ficará público. É preciso descer para o dia a dia da missão e vê as diversas realidades do povo com seus sofrimentos e necessidades.

Na primeira leitura encontramos Abraão com seu filho Isaac, também no monte. Motivado pela sua fé sem limites, quer seguir os costumes da religião cananeia de sacrificar o primogênito, mas Deus interfere nesta ação e pede para não sacrificar o seu filho.

A fé de Abraão possibilitará a benção de Deus e uma descendência infinita como o número das estrelas do céu e os grãos de areia do mar. A fé de Abraão nos ensina sobre a obediência sem limites para com Deus, a ponto de sacrificar em nome de Deus o que ele mais amava: seu filho, gerado já na velhice e na esterilidade de Sara.

Podemos refletir sobre o paralelo entre a primeira leitura e o evangelho: no sacrifício de Abraão há uma prefiguração do sacrifício de Jesus. Isaac que carrega a lenha para o seu próprio sacrifício e Jesus que carrega a cruz para o calvário. A transfiguração e a crucificação de Jesus também se dão no monte (Jerusalém). Porém em Jesus há o sacrifício total e perfeito permitido pelo Pai em função da salvação de todos.

São Paulo nos lembrará que o filho de Deus não foi poupado pelo seu Pai e por isso nos entregou como garantia da nossa salvação. Jesus ressuscitou e intercede por nós (cf. Rm 8,32.34). O nosso Deus se esvaziou da sua condição por amor aos homens, numa entrega dolorosa e de esvaziamento.

Nós também queremos subir com Jesus ao monte para fazermos a experiência do encontro e da escuta com o Jesus transfigurado, que nos apresenta a sua divindade e nos ensina a descermos do monte para vivermos a missão por ele convocada.

Queremos também ter a fé de nosso Pai Abraão que viveu uma entrega total a ponto de levar Isaac, seu único filho, para ser sacrificado na fogueira. Foi impedido pela interferência de Deus que viu a sua fé sem limites.

A cada Eucaristia celebrada revivemos o nosso encontro com Jesus transfigurado e somos ao mesmo tempo enviados também para transfigurar o mundo dos que estão sofrendo nas ruas, nas drogas, com fome, presos e sem a oportunidade da acolhida da reconciliação com a vida.

Que o Deus de Abraão, de Isaac e Jacó e salvador de todos, nos guie pelos nossos passos de fé e de obediência. E que o Senhor nos perdoe pelas tantas vezes que fomos desobedientes, medrosos e sem fé. Peçamos a intercessão de Nossa Senhora para que vivamos a humildade em nossas misérias e a coragem da mudança de vida. Amém.

I DOMINGO DA QUARESMA

CAMPANHA DA FRATERNIDADE – “FRATERNIDADE E SUPERAÇÃO DA VIOLÊNCIA”

ANO NACIONAL DO LAICATO

Leituras: Gn 9,8-15; Sl 24(25); 1Pd 3,18-22; Mc 1,12-15

POESIA

OS DESERTOS DA VIDA

Por onde caminhamos,
Inseridos na vida do Senhor,
Não estamos livres das tentações,
Que nos traz medo e dor,
Mas Cristo no dá forças e nos ensina
E grava em nossos corações,
Como vencer o tentador.

Pelo nosso Santo Batismo,
Como Jesus, quando batizado,
E conduzidos pelo Espírito Santo,
Somos todos também tentados,
Nas diversidades da vida terrena,
Quando marcados pelo pranto,
Com Cristo somos justificados.

E do deserto nós descemos,
Para no mundo anunciar,
Vivendo como discípulos em missão,
Com o testemunho e também a pregar,
Nos caminhos escuros da humanidade,
Semeando a paz e comunhão,
Com fé e sem medo de tropeçar.

Somos o povo de Deus peregrinando,
Pelo mundo de tantas diversidades,
Reunimo-nos para o culto ao Senhor,
Para fortalecer nossas capacidades,
Que vem da fonte do puro amor,
Comungamos do Alimento eterno e Santo,
Que nos conduz a eternidade.

 

HOMILIA

Cristo nos ensina a vencermos as tentações

Neste primeiro domingo do tempo quaresmal contemplamos Jesus conduzido pelo Espírito ao deserto para viver a experiência do jejum e da oração a fim de nos ensinar como vencer as tentações. Jesus vai ao deserto logo após o seu batismo, para se preparar para a sua missão: pregar o Reino de Deus e trazer a salvação a todos.

Após retornar do deserto, Jesus vai para a Galileia pregando o Evangelho. A sua mensagem principal é um alerta e ao mesmo tempo um convite: o tempo já se completou e o Reino de Deus está próximo (cf. Mc 1,15). Para dizer: o tempo da pregação de João já passou, agora chegou o Messias do qual ele pregou ao povo.

A segunda mensagem é exatamente um apelo ao povo: convertei-vos e crede no evangelho (cf. Mc 1,15). A mudança de vida e fé na Boa-Nova são requisitos concretos para a acolhida e a realização do Reino de Deus.

Na quarta-feira de cinzas a liturgia nos apresentou as três práticas principais para vivermos bem os quarenta dias: a esmola, a oração e o jejum. Estes três exercícios, mais que penitenciais, devem ser vividos de acordo com o texto do profeta Joel, isto é, rasgando o coração e não as vestes (cf. Jl 2,13). Ou seja, é a partir de uma atitude interior que devemos viver este retiro de quarenta dias em nossa Igreja.

O tema da liturgia de hoje é a conversão, pois Deus quer sempre estabelecer uma aliança com o homem a fim de resgatá-lo para junto de si. A conversão se dá quando nos sentimos sempre necessitados de mudarmos de vida para uma experiência mais profunda de santidade.

Na primeira leitura podemos ver que Deus se dirige a Noé e a seus filhos dizendo que irá estabelecer uma aliança com eles e inclusive com toda a criação de animais. Deus promete não provocar mais dilúvio (cf. Gn 9,9.11). E o sinal desta promessa (aliança) será o arco nas nuvens o qual representará este pacto do Céu com a Terra.

A mudança de vida sempre nos ajudará a evitar os diversos dilúvios que produzimos com violência, contra a humanidade. Olhando o nosso mundo, são tantos os desastres construídos por nós, homens e mulheres, em função de interesses financeiros e desumanos que produzem desemprego, pobreza e morte.

A falta de cuidado com a criação de Deus nos faz devastadores da natureza e nos colocam em descaso com a saúde do nosso planeta, nossa “casa comum”. Para vencer a violência em suas diversas facetas, precisamos mudar as nossas atitudes e alimentar o amor à vida. Somente a conversão nos afastará dos diversos dilúvios.

Deus quer sempre reconduzir a humanidade para o bem, ele destrói o mal e por isso estará em busca de conduzir a todos nos seus caminhos. Portanto a ação de Deus é sempre uma busca de reconstruir o coração do homem para que siga a sua aliança e carregue no seu coração os preceitos de amor e fidelidade.

Na segunda leitura o apóstolo Pedro relembra o dilúvio. Para ele, este episódio representa o nosso batismo, pois assim como do dilúvio surge uma nova humanidade, no batismo somos renovados para uma vida nova em Cristo. Porém não significa que já somos vitoriosos, mas que iremos também enfrentar as tentações como Jesus também enfrentou.

Na vida sempre teremos provações. Seremos tentados, mas com Cristo venceremos, pois ele nos ensinou como vencer. Não somente no deserto ele foi tentado e perseguido, mas, durante toda a sua missão. Por que a sua pregação causou mudanças nas estruturas do velho homem. Os poderes humanos foram abalados pela Palavra que se fez carne.

Que o Espírito Santo nos conduza pelos desertos da vida e que aprendamos de Jesus como vencer as tentações a fim de fortalecer nossa conversão aos caminhos do Evangelho e anunciarmos o Reino com o testemunho de nossas vidas e com anúncio verdadeiro da palavra do Senhor. Amém.

QUARTA-FEIRA DE CINZAS

DIA DE JEJUM E ABSTINÊNCIA

CAMPANHA DA FRATERNIDADE – “FRATERNIDADE E SUPERAÇÃO DA VIOLÊNCIA”

ANO NACIONAL DO LAICATO

Leituras: Jl 2,12-18; Sl 50(51); 2Cor 5,20-6,2; Mt 6,1-6.16-18

POESIA

CAMINHOS QUE LEVAM A DEUS

Quero seguir em frente,
Sendo mais crente,
Sendo caridade,
Na simplicidade.

Sem esquecer o mundo,
Nem por um segundo,
Neste ofertar,
Neste escutar,
A quem tem necessidade.

Quero seguir orando,
Sempre escutando,
Ao Deus amor,
Ao irmão na dor.

Que me faz pensar,
E que me leva a orar,
E o coração,
Nesta conversão,
Para o Senhor.

Quero seguir jejuando,
E me transformando,
Em um humano santo,
Sem medo ou espanto.

Sensível ao irmão,
Sendo compaixão,
Coração rasgado,
Mas purificado,
Em Deus o encanto.

Quero prosseguir,
Sem desistir,
Nunca isolado,
Mas sintonizado.

Com todos os irmãos,
Alheios e cristãos,
Aos que não escutaram,
Mas que desejaram,
Santa conversão.

Quero, com o Senhor,
Viver seu amor,
No sempre encontrar,
Para se alimentar.

Na mesa da alegria,
Encontrar a harmonia,
No alimento eterno,
Que nos faz fraternos,
A Eucaristia.

 

HOMILIA

Cinzas, Esmola, Oração e Jejum

Caminhando com o Senhor entramos no Ciclo Pascal que traz inicialmente a Quaresma como tempo de preparação para a festa mais importante do ano litúrgico. A Páscoa do Senhor é, portanto, o centro da caminhada litúrgica anual.

Nesta quarta-feira de cinzas somos chamados a iniciar um itinerário espiritual tendo como base a esmola, a oração e o jejum. Já iniciamos esta caminhada recebendo em nossas cabeças as cinzas numa atitude de simplicidade e de reconhecimento da nossa fragilidade humana e de corpo perecível que necessita da vida infinita em Cristo Senhor.

É nesta esperança e fé na vida nova que começamos vivendo este tempo de penitência aos pés do Senhor. Com Ele queremos caminhar passando pelo calvário, pela Cruz e acordar na manhã da ressurreição com um coração renovado e alegre, para cantar o aleluia vibrante e cheio de convicção no ressuscitado.

O Evangelista Mateus nos apresenta Jesus orientando os seus discípulos para terem cuidado com as ações de justiças diante das pessoas somente para serem vistos exteriormente. Há algo que deve brotar do coração para que seja agradável a Deus. Por isso a prática da esmola, da oração e do jejum devem ser realizadas com um coração simples e voltado para Deus, mesmo que ninguém veja.

A nossa esmola deve ser feita não para ser divulgada, mas no sentido da caridade para com os irmãos. Muitas vezes a nossa presença com o acolhimento e a misericórdia é concretização da esmola que o Senhor nos pede a realizar.

Nossa prática de oração deve ser mais interior e com um coração que leve os nossos ouvidos estarem mais atentos às súplicas dos outros. Estando nesta postura podemos também ouvir Deus que fala na nossa vida e nos pede que vivamos o amor entre os irmãos.

E o jejum não deve estar apenas dentro do nosso intimismo, mas na intensão e sensibilidade aos que têm fome. Como é belo e pleno de sentido os tantos cristãos que deixam de consumir certas coisas e depois oferecem o que juntou com as abstinências aos que necessitam de ajuda.

O importante é que toda esta prática espiritual tenha como fruto a nossa conversão para a santidade, onde reavaliamos nossa vida de batizados que querem seguir o Senhor na vida de caridade, na oração e no jejum. Esta experiência deve nos ajudar a ser melhores pais de família, melhores filhos, melhores evangelizadores a serviço do Reino.

Todo esse caminho exige de cada um o esforço e luta contra as tentações materiais e espirituais. É importante estarmos conscientes que temos de sair do comodismo ou da zona de conforto para realizar este exercício de santidade.

Lembremos do que diz o profeta Joel: “rasgai o coração, e não as vestes; e voltai para o Senhor, vosso Deus” (2,13). Faz-se necessário transformar o nosso coração para mudar de vida. O Apóstolo Paulo nos exorta a vivermos a reconciliação com Deus, pois somos embaixadores de Cristo. Somente nesta sintonia com o Senhor é que podemos oferecer um testemunho de santidade para a conversão do mundo.

Peçamos ao Espírito Santo a perseverança para que possamos seguir em frente com os nossos propósitos quaresmais e que ao chegarmos à páscoa tenhamos vencidos as tentações e então possamos dizer: agora sou um cristão melhor e quero continuar nesta busca constante de cada dia, ser mais santo e mais comprometido com o Evangelho. Amém.