V Domingo da Quaresma, Ano B, São Marcos

 

*** Ano de São José (2020/2021) ***

 

Leituras: Jr 31, 31-34; Sl 51(50); Hb 5,7-9; Jo 12,20-33

 

⇒ HOMILIA ⇐

Caminhando com Jesus, que é o Verdadeiro Grão de Trigo

Jo 12,20-33

 

Meus irmãos e irmãs, o mistério pascal da Liturgia do V Domingo da Quaresma do Ano B nos motiva a contemplar o caminho da experiência da paixão, morte e Ressurreição do Senhor. E o Evangelho desta Liturgia está em Jo 12,20-33.

E diante da solicitação dos gregos a Felipe e André, Jesus faz o discurso sobre o sentido de sua entrega. “Se o grão de trigo que cai na terra não morre, ele continua só um grão de trigo; mas, se morre, então produz muito fruto.” (Jo 12,24). Ele é o grão que, caído na terra (túmulo), nos trouxe a vida nova; Jesus é a Palavra que, descida do céu (cf. Jo 6,51), nos ensina a nova Lei.

A cruz simboliza o limite do amor de Deus, pois abraça a todos. Um refrigério para nosso tempo, em que há carência de amor e de vida nova. Desde o Antigo Testamento, Deus promete uma Lei para ser gravada, não em pedras, mas no coração. Diz o profeta Jeremias: “Assim diz o Senhor: imprimirei minha lei (…) em seu coração; serei seu Deus e eles serão meu povo” (31,33). E Jesus cumpre a profecia. A cruz simboliza também a passagem pela realidade da dor do mundo. Depois, Jesus irá ao túmulo para salvar os que estão nas trevas do pecado e os ressuscita como o grão de trigo para a vida nova.

A experiência do Tríduo Pascal nos coloca diante do ministério salvífico de Cristo. E Jesus percorreu todo o caminho em sintonia e obediência ao Pai. A Carta aos Hebreus nos afirma que, mesmo sendo Filho, Jesus aprendeu o que significa a obediência a Deus por aquilo que ele sofreu (cf. Hb 5,8).

Esta Liturgia, portanto, nos motiva a entender como os primeiros cristãos atraíram tantos mártires para causa de Cristo. A Liturgia também nos convida a entender o que motiva tantos missionários em nossos dias a abraçarem o caminho do Senhor, mesmo com sofrimentos e dores.

Não foi a rigidez das normas dos fariseus que atraiu o povo para Deus, mas o testemunho de amor vivido por Jesus junto aos pobres da sua sociedade e a consumação de seu ministério na cruz até aquela aurora da Ressurreição. Todos os que contemplaram sua entrega na cruz foram atraídos, pois Jesus deu testemunho do que falou. Quando olhamos para cruz podemos entender o profundo sentido do seu amor pela humanidade, “… humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz” (Fl 2,8). Isso atraiu o mundo para o seu amor.

O que nos atrai ou nos atraiu para Cristo? É importante meditarmos sobre como fomos atraídos por Cristo. Os cristãos somente poderão atrair o outro para o Senhor quando também forem coerentes em suas vidas, no jejum, na oração e na esmola. Isto é, quando a fé, a esperança e a caridade estiverem no coração, além da Lei normativa.

E neste ano da V Campanha da Fraternidade Ecumênica, que traz como tema “Fraternidade e Diálogo: Compromisso de Amor”, quero rezar um trecho da oração desta Campanha: “Deus da vida Deus da vida, da justiça e do amor, nós Te bendizemos pelo dom da fraternidade e por concederes a graça de vivermos a comunhão na diversidade. (…) Torna-nos pessoas sensíveis e disponíveis para servir a toda a humanidade, em especial, aos mais pobres e fragilizados, a fim de que possamos testemunhar o Teu amor redentor e partilhar suas dores e angústias, suas alegrias e esperanças, caminhando pelas veredas da amorosidade.”

Que esta Liturgia, a qual nos aproxima do ápice do ano litúrgico, nos leve a viver a entrega de Cristo e a sermos mais serenos diante das realidades que fazem parte da vida, pois o cristão carrega as cruzes de sua existência e, ao mesmo tempo, abraça a certeza da vitória que foi dada pelo Ressuscitado.

 

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⇒ POESIA ⇐

Encontrar-se com o Senhor

 

De Cristo a lição do amor,
Da vida que é como grão,
Da paz que traz o perdão,
Da missão em grande ardor,
Na entrega verdadeira,
Felicidade não passageira,
Verdade, vida e esplendor.

Palavra, vida e ação,
A nos fazer atraídos,
E com o Reino envolvidos,
No plano da salvação,
Porque gera alegria,
Na vida de cada dia,
Amor, plena doação.

E o grão vida nova a nascer,
Cristo, maltratado na cruz,
Tornou para todos a Luz,
E ao mundo resplandecer,
Fazer brilhar o sumo bem,
E aos discípulos também,
Disse pra não se esconder.

Encontro, vida a se entregar,
Faz novo o que era velho,
Sua voz, o Evangelho,
Vida nova a propagar,
Nos caminhos do existir,
Semente a se expandir,
Pra de novo semear.

Cristo nos veio afirmar,
Santa e Nova Aliança,
Traz ao mundo a esperança,
Para não se apagar,
Seu amor é a Lei Nova,
A cruz foi a sua prova,
Do limite de amar.

Na mesa Nova Aliança,
Palavra que se faz pão,
Para gerar vida e união,
E passar santa herança.
Porque fomos atraídos,
Para ser um povo unido,
No amor, paz e esperança.

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*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que representa a Glória de Deus, ilumine o seu caminho! ***

 

V DOMINGO DA QUARESMA

CAMPANHA DA FRATERNIDADE – “FRATERNIDADE E SUPERAÇÃO DA VIOLÊNCIA”

ANO NACIONAL DO LAICATO

Leituras: Jr 31, 31-34; Sl 50(51); Hb 5,7-9; Jo 12,30-33

POESIA

ENCONTRAR-SE COM O SENHOR

De Cristo a lição do amor,
Da vida que é como grão,
Da paz que traz o perdão,
Da missão em grande ardor,
Na entrega verdadeira,
Felicidade não passageira,
Verdade, vida e esplendor.

Palavra, vida e ação,
A nos fazer atraídos,
E com o Reino envolvidos,
No plano da salvação,
Porque gera alegria,
Na vida de cada dia,
Amor, plena doação.

E o grão vida nova a nascer,
Cristo, pendente na cruz,
Tornou para todos a luz,
E ao mundo resplandecer,
Fez brilhar o sumo bem,
E aos discípulos também,
Disse pra não se esconder.

Encontro, vida a se entregar,
Faz novo o que era velho,
Sua voz, o evangelho,
Vida nova a propagar,
Nos caminhos do existir,
Semente a se expandir,
Pra de novo semear.

Cristo nos veio afirmar,
Santa e nova aliança,
Traz ao mundo a esperança,
Para não se apagar,
Seu amor é a lei nova,
A cruz foi a sua prova,
Do limite de amar.

Na mesa nova aliança,
Palavra que se faz pão,
Para gerar vida e união,
E passar santa herança.
Porque fomos atraídos,
Para ser um povo unido,
No amor, paz e esperança.

 

HOMILIA

Caminhando com Jesus, que é o verdadeiro grão de trigo

A liturgia deste 5º Domingo da Quaresma nos encaminha para a experiência da paixão, morte e ressurreição do Senhor. Diante da solicitação dos gregos a Felipe e André, Jesus faz o discurso sobre o sentido de sua entrega. … “Se o grão de trigo que cai na terra não morre, ele continua só um grão de trigo; mas, se morre, então produz muito fruto.” (Jo 12, 24).

Cristo é o grão que, caído na terra (túmulo), nos trouxe a vida nova. Ele é a palavra que vem do céu para ensinar o caminho do bem e a nova lei, que é amor da entrega por inteiro ao projeto de salvação que o Pai lhe confiou. Seu testemunho além das suas palavras, vem ensinar que a atração se dá quando o seu amor está escrito no coração do homem.

A cruz é o grande ensinamento que diz até onde vai o amor de Deus. Braços abertos para abraçar o mundo. Este mundo carente de amor e de vida nova. Agora a lei de Deus, o amor, não será mais gravada em pedra, mas no coração humano, assim como nos fala o profeta Jeremias: “Assim diz o Senhor: imprimirei minha lei em suas entranhas, e hei inscrevê-la em seu coração; serei seu Deus e eles serão meu povo” (31,33). O cumprimento desta profecia de Jeremias se realiza em Jesus Cristo.

Cristo não fica na cruz, pois a cruz apenas significa a passagem pela realidade da dor do mundo. Após a cruz, Jesus irá ao túmulo para salvar os que estão nas trevas do pecado e os ressuscita (renasce) como o grão de trigo para a vida nova. Vida transformada e não mais limitada pelo espaço e tempo cronológico.

A experiência litúrgica e espiritual do Tríduo Pascal (quinta, sexta e sábado) nos dá o conjunto daquilo que foi o ministério salvífico de Cristo no meio de nós. E todo este caminho de Jesus, foi realizado em obediência e sintonia com o Pai do céu. A carta aos hebreus vem nos afirmar que mesmo sendo Filho, Jesus aprendeu o que significa a obediência a Deus por aquilo que ele sofreu (cf. Hb 5,8).

Diante desta liturgia podemos nos perguntar: Como o grupo dos primeiros cristãos atraiu tantos seguidores a entregarem seu corpo ao martírio por causa de Cristo? O que motiva tantos missionários e missionárias a se apaixonarem pelo caminho de Cristo, mesmo que venha o sofrimento e suas dores?

São Pedro nos Atos dos apóstolos nos dará a resposta: “Por toda parte, ela andou fazendo o bem e curando a todos os que estavam dominado pelo mal; pois Deus estava com ele. E nós somos testemunhas de tudo o que Jesus fez na região dos judeus e em Jerusalém (At 10,38-39).

Portanto não foi a rigidez da lei dos fariseus que atraiu o povo para Deus, mas o testemunho de amor vivido por Jesus junto aos pobres, doentes e descriminados da sua sociedade. E a consumação de seu ministério que passou pela cruz e culminou naquela madrugada da ressurreição. No alto da cruz todos que contemplaram esta realidade, foram atraídos pelo seu amor e pela entrega total.

Ele deu testemunho e viveu coerentemente tudo o que falou. Ele é a Palavra feita carne que veio nos ensinar o caminho do amor rumo ao céu. Quando olhamos para cruz podemos entender o profundo sentido do amor de Cristo, pela humanidade. … “na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz (Fl 2,8). Isso atraiu o mundo para o seu amor.

O que nos atrai ou nos atraiu para Cristo? É importante nos perguntar como se dá a nossa experiência de amor a Cristo, como fomos atraídos por ele. É a partir de uma vida atraída pelo amor de Cristo que poderemos atrai também a outros. Os cristãos somente poderão atrai o outro para o Senhor quando também forem coerentes em suas vidas e quando a caridade e a solidariedade estiverem acima das normas que julgam demais o outro.

Que esta liturgia, a qual nos aproxima da festa mais importante do ano litúrgico, nos ajude a vivermos a entrega de Cristo e a vivência da lei nova do seu amor. Que a experiência na celebração da Paixão, Morte e ressurreição venha nos ajudar a vivermos de forma mais serena as realidades que fazem parte da vida. O cristão carrega as cruzes de sua existência, mas ao mesmo tempo abraça a certeza da vitória de sua vida em Cristo ressuscitado. Amém.