⇒ Ano “Família Amoris Lætitia” (2021/2022) ⇐ Leituras: 1Sm 26,2.7-9.12-13.22-23; Sl 138(137); 1Cor 15,45-49; Lc 6,27-38 ⇒ HOMILIA ⇐ Lc 6,27-38 Meus irmãos e irmãs, a Liturgia do VII Domingo do Tempo Comum nos motiva a continuar contemplando Jesus de Nazaré no “Sermão da Montanha”, hoje sobre a vivência do amor e da misericórdia de Deus. E o Evangelho desta Liturgia está em Lc 6,27-38, sequência do Domingo passado, passagem que compõe a terceira parte do Evangelho Segundo São Lucas intitulada “O ministério de Jesus na Galileia”. Nesta Liturgia, Jesus continua no contexto do “Discurso Inaugural”(1), ensinando os discípulos após a eleição do grupo dos Doze (cf. Lc 6,12-16) possivelmente ao pé da colina de Tabgha, há aproximadamente três quilômetros de Cafarnaum, a cidade de Jesus (cf. Mt 4,12;9,1). Neste Domingo, a Igreja nos apresenta, na sequência das bem-aventuranças, as quais vimos no Domingo passado, mais um recurso para o vocacionado, para o discípulo, alcançar e anunciar o Reino de Deus: trata-se do amor no mais alto nível, o qual brota da boca de Jesus, que nos revela um amor desprendido de recompensas ou de aprovação. O Evangelho de Lucas nos apresenta quatro indicações de Jesus para que o vocacionado: amar os inimigos, fazer o bem aos que odeiam, bendizer os que amaldiçoam e rezar pelos caluniadores (cf. Lc 6, 27-28). Como seguir tais conselhos? As palavras de Jesus nos provocam a pensar no autêntico desafio do cristão, pois o cristianismo nos coloca na contramão de concepções que o mundo oferece como soluções, quem podem ser políticas, culturais ou econômicas. Às vezes nos esquecemos destas palavras de Jesus e acabamos agindo de modo incoerente com o Evangelho. E diante de nossas quedas, não devemos nos desanimar, pois a nossa conversão acontece quando conseguirmos dissolver nossos ressentimentos e abrir mão dos desejos de vinganças que corroem nosso coração. Num mundo que incentiva a vingança, a intolerância, muitas vezes as guerras, o uso de armas, somos chamados a discernir sobre as misturas do joio e do trigo(2) presentes entre nós cristãos, seja como indivíduo, seja como comunidade. Davi, na primeira leitura desta Liturgia, candidato ao trono, evitou sujar as mãos com o sangue do rival por sede de poder. Diz ele: “quem poderia estender a mão contra o ungido do Senhor, e ficar impune?” (1Sm 26,9). Os políticos do nosso país poderiam aprender muito com a atitude de Davi. Quantas vezes se mata ou monta-se armadilhas por disputa política? São Paulo, na segunda leitura desta Liturgia, nos exorta a caminhar na certeza de que Cristo é o novo Adão que veio nos visitar com sua humanidade e divindade e que a partir de Sua humanidade podemos ser reflexo do homem celeste, que é o Filho de Deus. Portanto, irmãos e irmãs, a Liturgia de hoje nos motiva a olharmos para Jesus e acolhermos suas palavras carregadas das expressões que nos impulsionam a vivermos o Seu amor e a Sua misericórdia, atitudes que estão prefiguradas já no Antigo Testamento, como por exemplo a atitude de Davi. Finamente, peçamos a Nossa Senhora, Mãe de Deus e nossa, que ela interceda por nós e que possamos receber o Espírito Santo, unção de todos os santos, para que tenhamos a atitude dos servos das bodas de Caná e façamos tudo o que Cristo nos disser (cf. Jo 2,5), em relação a Deus e ao próximo. Com a graça e a força de Deus é possível vivermos estas máximas de Jesus. Amém. * * * * * * ⇒ POESIA ⇐ * * * Extrato da obra “O Sermão da Montanha” (1920), de H. Copping, In wikipedia.org – “File:Harold Copping – The sermon on the mount – (MeisterDrucke-52362).jpg” ⇒ Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que nos dá os recursos para perseverar na realização da nossa vocação, ilumine o seu caminho! ⇐
⇒ Intenções do Santo Padre, o Papa Francisco: Pelas religiosas e consagradas ⇐O Amor no Alto Nível Cristão
(1) No Evangelho Segundo São Mateus é conhecido como “Sermão da Montanha” (cf. Mt 5,1-7,29).
(2) Cf. Mt 13,24-30. Cf. XVI Domingo do Tempo Comum, Ano A, São Mateus.
O Amor Além do Humano
Amor aos inimigos, diz o Senhor,
Fazendo-nos amar na profundidade,
Indo além do dar e do receber,
Que é próprio da nossa humanidade.
Como fugir do convencional?
Como avançar no combate ao mal?
E sair da vingança para a humildade?
*
Muitos humanos estimulam fortemente,
A revanche no lugar do perdão,
O olho por olho como sendo uma lei,
Sufocando a reconciliação,
E então se esconde a verdade,
Não se vê o que é lealdade,
E emerge a forte contradição.
*
Fazer o bem aos enraivecidos,
Buscar vencer o ressentimento,
Provoca o bem e cura a pessoa,
Alivia os traumas e os sofrimentos,
Estimula a paz e a serenidade,
Faz caminharmos para a liberdade,
Cura a alma e seus ferimentos.
*
Bendizer os que nos praguejam,
Semear o bem e se desarmar,
Deixar que nosso coração,
Pulse livre sem se inchar,
Para que a vida seja alegria,
Seja inspiração pra poesia,
E rocha para suportar.
*
E a oração aos caluniadores,
Que o mundo vem a questionar,
Para alguns, quase impossível,
Mas ninguém pode desanimar,
Porque a oração é força vital,
Para os que creem é essencial,
Alimenta a alma e faz caminhar.
Tag: VII Domingo do Tempo Comum – Ano C – São Lucas
VII DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO C, SÃO LUCAS
Leituras: 1Sm 26, 2.7-9.12-13.22-23; Sl 102; 1Cor 15,45-49; Lc 6,27-38
⇒ POESIA ⇐
O AMOR ALÉM DO HUMANO
Amor aos inimigos, diz o Senhor,
Fazendo-nos amar na profundidade,
Indo além do dar e do receber,
Que é próprio da nossa humanidade.
Como fugir do convencional?
Como agir contrário ao mal?
E sair da vingança para a humildade?
Muitos humanos estimulam fortemente,
A revanche no lugar do perdão,
O olho por olho como sendo a lei,
Sufocando a reconciliação,
E, então, se esconde a verdade,
Não se vê o que é lealdade,
E emerge a forte contradição.
Fazer o bem aos enraivecidos,
Buscar vencer o ressentimento,
Provoca o bem, e, cura a pessoa,
Alivia os traumas e os sofrimentos,
Estimula a paz e a serenidade,
Faz caminharmos para a liberdade,
Cura a alma e seus ferimentos.
Bendizer os que nos praguejam,
Semear o bem e se desarmar,
Deixar que nosso coração,
Pulse livre sem se inchar,
Para que a vida seja alegria,
Seja inspiração pra poesia,
E, a estrada firme pra se caminhar.
E a oração aos caluniadores,
Que muitos vem a questionar,
Para alguns, quase impossível,
Mas ninguém pode desanimar,
Porque a oração é força vital,
Para os que creem é essencial,
Alimenta a alma e faz caminhar.
⇒ HOMILIA ⇐
O amor no alto nível cristão
Lc 6,27-38
A liturgia deste domingo vem nos trazer o tema do amor no mais alto nível, o qual brota da boca de Jesus. Trata-se do amor desprendido de recompensas ou de aprovação. O Evangelho de Lucas nos apresenta quatro pedidos de Jesus: “Amai os vossos inimigos, fazei o bem aos que vos odeiam, bendizei os que vos amaldiçoam e rezai por aqueles que vos caluniam” (Lc 6, 27-28). São conselhos que nos fazem pensar em nossas atitudes interiores e na prática de nossas posições no dia a dia de nossas vidas, no convívio com os outros.
Como seguir estes conselhos máximos de Jesus? As palavras dele nos inquietam, nos provocam e nos fazem pensar no desafio próprio do ser cristão na sua forma mais autêntica. Querendo ou não, o cristianismo é uma posição na contramão de muitas posturas e concepções, as quais podemos verificar nas nossas funções profissionais, nas escolhas políticas, no modo de vida de muita gente e, infelizmente, também presentes no cotidiano dos grupos humanos e das comunidades cristãs.
Às vezes esquecemo-nos destas palavras de Jesus e, portanto, agimos de forma muito incoerente com o Evangelho. Em diversos momentos podemos até afirmar que o pedido de Jesus é impossível de se viver. Esquecemos que as nossas curas interiores e a nossa conversão acontecem quando arrancamos os ressentimentos, quando nos desprendemos dos julgamentos e nos desfazemos dos desejos vingativos no nosso coração.
Entre tantos pedidos, Jesus ainda diz: “O que vós desejais que os outros vos façam, fazei-o também a eles” (Lc 6,31). Quantas vezes desconhecemos este conselho e fazemos o contrário. Jesus nos motiva a vivermos atitudes novas em vista de um mundo novo. Numa sociedade de tantos incentivos a vinganças, discursos políticos incoerentes com o evangelho, somos chamados a nos despertar e nos iluminar para enxergamos as misturas de joio e de trigo presentes entre nós cristãos e também nos que se dizem cristãos e moralmente corretos.
Importante lembrar o texto da primeira leitura, quando Davi tendo a oportunidade de matar seu inimigo político, Saul, decide que esta não seria a sua atitude coerente com um pretendente a chefe de uma nação… Davi era o candidato ao trono, mas evitou sujar as mãos com o sangue da rivalidade e da sede de poder. Diz ele: “quem poderia estender a mão contra o ungido do Senhor e ficar impune” (1Sm 26,9). Os políticos do nosso país poderiam aprender muito com a atitude de Davi. Quantas vezes se mata o outro ou tenta-se armadilhas para se tomar o poder.
Assim foi a história humana ao longo da sua existência: posições do bem, fundamentadas no amor e conseguintemente fomentando a vida, e, posições do mal, onde está presente a morte por causa das disputas e vinganças as quais desaguam nas guerras e destruições da vida.
O que Jesus nos ensina no Evangelho, Davi já colocou em prática a milhares de anos antes. Mas em Cristo tudo é pleno e em vista do Reino de Deus. Não podemos também esquecer os tantos cristãos que vivem a favor da justiça, da caridade e da paz. O testemunho das pessoas que pregam o amor e encarnam em sua vida a atitudes e posições que a Palavra hoje nos pede, são expressões do evangelho no mundo.
Portanto, a liturgia de hoje nos motiva a olharmos para Jesus e acolhermos suas palavras carregadas das expressões que nos impulsionam a vivermos o seu amor e a sua misericórdia. Palavras, as quais brotam do seu coração divino. E assim, cada cristão é chamado ter as marcas do amor e da misericórdia de Deus.
Cristo é o novo Adão que veio nos visitar com sua humanidade e divindade, e, por isso, nos ensina aquilo que devemos fazer para transformar o mundo e ao mesmo tempo construirmos o seu Reino, que já acontece neste mundo quando se coloca em prática o amor aos inimigos, quando se vive a prática do bem, a benção aos que nos praguejam e a oração em favor dos caluniadores. Com a graça e a força de Deus é possível vivermos estas máximas de Jesus. Amém!