VIII Domingo do Tempo Comum, Ano C, São Lucas

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Leituras: Eclo 27,5-8; Sl 92(91); 1Cor 15,54-58; Lc 6,39-45

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

Autêntico Exame de Consciência

Lc 6,39-45

 

Meus irmãos e irmãs, a Liturgia do VIII Domingo do Tempo Comum, do Ano C, nos motiva a continuar contemplando Jesus de Nazaré, o Cordeiro de Deus, no “Sermão da Montanha”, hoje nos apresentando a necessidade de um profundo exame de consciência. E o Evangelho desta Liturgia está em Lc 6,39-45, sequência do Domingo passado.

Nesta Liturgia, Jesus ainda continua no contexto do “Discurso Inaugural”(1) nas proximidades de Cafarnaum, a cidade em que Ele habitou (cf. Mt 4,12;9,1) em cumprimento da profecia de Isaías que diz que Deus não deixará sem luz os que padecem na região da sombra da morte (cf. Mt 4,13-16).

Neste Domingo, a Igreja nos apresenta, ainda na sequência das bem-aventuranças, as quais vimos nos dois últimos Domingos, mais um recurso para o vocacionado, para o discípulo, para que ele alcance e anuncie o Reino de Deus: a permanente vigilância do que está cultivando no próprio coração. Convém recordar que na Bíblia o coração representa o território das emoções, dos sentimentos, mas principalmente o centro da razão e das decisões.

O Senhor quer que os Seus seguidores imprimam na alma uma nova forma de relação com as pessoas e também entre eles próprios. Jesus pergunta: “Pode um cego guiar outro cego?” (Lc 6,39). Como, em vista da missão, o discípulo poderia “guiar” as pessoas em busca do Reino se não percebesse também seus próprios limites e obstáculos?

Mais adiante, Jesus fala: “Tira primeiro a trave do teu olho, e então poderás enxergar bem para tirar o cisco do olho do teu irmão” (Lc 6,42). Os discípulos, chamados a serem também luz do mundo (cf. Mt 5,14), necessitavam tirar de sua vida aquilo que os impediam de enxergar o mundo e as pessoas com os olhos de Deus. Não podemos ajudar o outro se não tirarmos as traves que nos impedem de nos reconhecermos como somos. O risco é de acabamos agindo hipocritamente, pois como podemos iluminar a vida das pessoas sem estarmos iluminados?

Jesus também lembra da árvore que deve ser reconhecida pelos seus frutos (cf. Lc 6,43). Os frutos do cristão deve ser a paz, a justiça, sabedoria, a fraternidade, o perdão, o cuidado com os pobres e necessitados da Providência de Deus. E do cultivo de tais valores no coração poderá brotar atitudes coerentes com o Evangelho.

As orientações de Jesus aos Seus discípulos também são destinadas a todos nós e refletem perfeitamente as palavras contidas na primeira leitura desta Liturgia. Diz o autor sagrado do Eclesiástico: “Como o forno prova os vasos do oleiro, assim o homem é provado em sua conversa, O fruto revela como foi cultivada a árvore; assim, a palavra mostra o coração do homem.” (Eclo 27,6-7).

Portanto, irmãos e irmãs, a Liturgia de hoje nos estimula fortemente a fazermos um profundo exame de consciência, a ponto de tirarmos os obstáculos, as traves, que represam em nós o egoísmo, a ganância, o individualismo e a falta de convivência fraternal. Enxergando o seu caminho, sua vida e sua missão, o discípulo poderá, pelo seu exemplo, guiar outros a Jesus.

Somente a humildade, que nos leva ao reconhecimento de nossa condição humana, poderá nos fazer novas criaturas. O cultivo da sabedoria que vem de Deus nos fará produzir bons frutos em qualquer fase de nossa vida. O salmo 91 nos exorta: “O justo crescerá como a palmeira, florirá igual ao cedro que há no Líbano; na casa do Senhor estão plantados, nos átrios de meu Deus florescerão.”

Peçamos a Nossa Senhora, Mãe de Deus e nossa, que ela interceda por nós e que possamos receber o Espírito Santo, unção de todos os santos, para que tenhamos a atitude de confiança dos noivos das bodas de Caná, pois o vinho melhor é promessa para nós e através de nós. É com a graça e a força de Deus que podemos viver estas máximas de Jesus, sendo iluminados por Deus e sendo instrumento de Sua luz para o próximo. Amém.

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(1) No Evangelho Segundo São Mateus é conhecido como “Sermão da Montanha” (cf. Mt 5,1-7,29).

 

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⇒ POESIA ⇐

A Sabedoria que Vem do Alto


Ações sábias alegram o coração de Deus,
Pois do Senhor brota o sumo bem,
Que alimenta a santidade do homem,
Que lhe faz coerente também,
Porque o coração cheio de amor,
Traz para a vida a força e o ardor,
Que aos bons e justos convém.
*
E os olhos limpos das tantas traves,
Fará o sábio para o mundo iluminar,
Porque a sabedoria vem da luz de Deus,
Que ao seu coração vem a orientar,
Para seguir em frente como caminheiro,
Pela longa estrada caminhará inteiro,
Firme e iluminado e sem tropeçar…
*
Quem for discípulo como seu mestre,
Carregará o amor como fundamento,
No ministério do seu dia a dia,
Será da paz em qualquer momento,
Nascerão bons frutos da sua missão,
No seu caminhar terá compaixão,
Seu testemunho será ensinamento.
*
Cristãos iluminados pelo Senhor,
Curados das trevas e das cegueiras,
Fazendo-os também a outros se guiarem,
E se livrarem das trilhas traiçoeiras,
Que às vezes tentam os atropelar,
Porque a vida é este trilhar,
Existência que se faz em nós verdadeira.
*
A comunhão nos traz a lucidez,
Pois o olhar do outro pode nos orientar,
E assim o encontro nos conduz à cura,
Em vista de a nossa vida transformar,
Porque a boa mensagem é fruto do seguidor,
Sentido e fortaleza que vem do Senhor,
Pela Boa Notícia a nos alegrar.

*   *   *

 

Extrato da obra “O Sermão da Montanha” (1920), de H. Copping, In wikipedia.org – “File:Harold Copping – The sermon on the mount – (MeisterDrucke-52362).jpg”

 

Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que nos apresenta mais uma fonte de recursos para realizarmos a nossa vocação, ilumine o seu caminho!

 

 

VIII DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO C, SÃO LUCAS

 

Leituras: Eclo 27,5-8; Sl 91(92); 1Cor 15, 54-58; Lc 6,39-45

 

⇒ POESIA ⇐

A SABEDORIA QUE VEM DO ALTO

 

Ações sábias alegram o coração de Deus,
Pois do Senhor brota o sumo bem,
Que alimenta a santidade do homem,
Que lhe faz coerente também,
Porque o coração cheio de amor,
Traz para a vida a força e o ardor,
Que aos bons e justos convém.

E os olhos limpos das tantas traves,
Fará o sábio para o mundo iluminar,
Porque a sabedoria vem da luz de Deus,
Que ao seu coração vem a orientar,
Para seguir em frente como caminheiro,
Pela longa estrada caminhará inteiro,
Firme e iluminado e sem tropeçar…

Quem for discípulo como seu mestre,
Carregará o amor como fundamento,
No ministério do seu dia a dia,
Será da paz em qualquer momento,
Nascerão bons frutos da sua missão,
No seu caminhar terá compaixão,
Seu testemunho será ensinamento.

Cristãos iluminados pelo Senhor,
Curados das traves e das cegueiras,
Fazendo-os também a outros se guiarem,
E se livrarem das trilhas traiçoeiras,
Que às vezes tentam os atropelar,
Porque a vida é este trilhar,
Existência que se faz em nós verdadeira.

A comunhão nos traz a lucidez,
Pois o olhar do outro pode nos orientar,
E assim o encontro nos conduz a cura,
Em vista de a nossa vida transformar,
Porque a boa mensagem é fruto do seguidor,
Sentido e fortaleza que vem do Senhor,
Pela Boa-Notícia a nos alegrar.

 

⇒ HOMILIA ⇐

Autêntico exame de consciência

Lc 6,39-45

 

A liturgia da palavra deste domingo nos apresenta Jesus se dirigindo aos discípulos para orientá-los quanto às atitudes diante de si e diante dos outros. Era importante que os seus seguidores imprimissem em sua alma uma nova forma de relação com as pessoas e também entre eles próprios. Jesus pergunta: “Pode um cego guiar outro cego?” (Lc 6,39) Como, em vista da missão, o discípulo poderia “guiar” as pessoas em busca do Reino se não percebesse também suas próprias cegueiras e empecilhos? Se não fizesse este exame de consciência voltado para si, que novidade de vida poderia transmitir ao mundo?

Mais adiante, Jesus fala: “Tira primeiro a trave do teu olho, e então poderás enxergar bem para tirar o cisco do olho do teu irmão” (Lc 6,42). Os discípulos, chamados a serem também luz do mundo (cf. Mt 5,14), necessitavam tirar de sua vida aquilo que os impediam de enxergar o mundo e as pessoas com os olhos de Deus. Como iluminar a vida das pessoas sem primeiro deixar-se iluminar? Poderiam ser guias cegos e assim levar os outros ao buraco da ilusão e da falta de sentido.

Jesus também lembra da árvore que deve ser reconhecida pelos seus frutos (cf. Lc 6,43), ou seja, os seus discípulos precisavam meditar sobre os resultados da sua missão. O fruto do seguidor deveria ser a paz, a justiça, a fraternidade, o perdão, o cuidado aos pobres e necessitados da providência e do amor de Deus. E somente preenchendo o coração com esses valores e atitudes que brotam do evangelho, poderiam falar e agir em favor do bem e do Reino de Deus, pois a boca fala do que o coração está cheio (cf. Lc 6, 45).

O que Jesus orientou aos discípulos, também é destinado a todos os cristãos de hoje. As palavras do Mestre de Nazaré são palavras de sabedoria que devem brotar do coração humano iluminado pela sua Palavra Santa. Sabedoria que o livro do Eclesiástico nos faz refletir, quando diz: “Como o forno prova os vasos do oleiro, assim o homem é provado em sua conversa…. assim a palavra mostra o coração do homem.” (27,6-7). Deus vai iluminando o homem em busca da sabedoria que transforma a sua vida e dos que o rodeiam.

Relendo a Palavra e refletindo os ensinamentos de Jesus e meditando sobre eles, o que poderemos trazer para a nossa vida? Onde nos toca e o que nos motiva a fazer? Que sabedoria podemos cultivar?

Quantas perguntas, e, quantas respostas podemos dar. Jesus nos ensina que não podemos ajudar o outro se não enxergamos primeiro as nossas falhas, ou seja, as traves que nos impedem de nos olhar e nos sentir tal como somos. Quanto tempo perdemos julgando os outros. Ou mais grave ainda, olhando para os outros com hipocrisia e nos fazendo de bons e justos.

Esta liturgia nos estimula a fazermos um exame de consciência muito profundo: Primeiro pensar sobre os obstáculos que nos cegam e nos fazem cheios de egoísmos, de ganâncias, individualismos, apegos às próprias ideias e hostilidade ao diferente. Tudo isso e mais outras atitudes são grandes empecilhos (traves) que barram a ação da Palavra de Deus em nós.

Livres das traves e abertos à sabedoria que vem de Deus os cristãos podem iluminar o mundo e oferecer uma proposta de transformação onde haverá vida nova e um mundo de paz e fraternidade. As guerras acabarão quando as sementes do Evangelho fecundarem novas relações e interações humanas. Quando o julgamento preconceituoso e as cegueiras forem retiradas dos olhos da maldade e a prepotência dos corações humanos.

Somente diante da sabedoria divina e do silêncio em que o ser humano poderá se colocar para se perceber, ele terá possibilidade de ser luz e assim conseguirá enxergar o caminho da vida. Enxergando o seu caminho poderá guiar outros seres humanos. Jesus nos pede que busquemos nos curar de nossas cegueiras para depois poder ajudar os outros.

Somente a humildade que nos leva ao reconhecimento de nossa condição humana poderá nos fazer novos. O cultivo da sabedoria que vem de Deus nos fará produzir bons frutos em qualquer fase de nossa vida. O salmo 91 nos exortará: “O justo crescerá como a palmeira… mesmo no tempo da velhice dará frutos, cheios de seiva e de folhas verdejantes…”.

Que sejamos bons discípulos, como o mestre (Lc 6,40), não acima dele, mas, como ele. Iluminados pelo Senhor e motivados pela sua Palavra que nos fortalece e nos liberta, poderemos dar glória por tantos cristãos, Sal e Luz do mundo, que semeiam o Evangelho em todos os cantos do nosso planeta, em vista de um mundo transformado, cheio de esperança e alegria.