5º Domingo do Tempo Comum, Ano A, São Mateus

 

⇒ Intenções do Santo Padre, o Papa Francisco: Pelas paróquias ⇐
⇒ Fevereiro: Mês dedicado à Sagrada Família ⇐
⇒ 3º Ano Vocacional 
» Tema: “Vocação: graça e missão” «
» Lema: “Corações ardentes, pés a caminho” (cf. Lc 24,32-33)

 

Leituras: Is 58,7-10; Sl 111(112),4-5.6-7.8a.9 (R. 4a.3b); 1Cor 2,1-5; Jo 8,12; Mt 5,13-16

 

⇒ HOMILIA ⇐

 

Cristão sem esconder-se

Mt 5,13-16

 

Meus irmãos e minhas irmãs, a Liturgia do 5º Domingo do Tempo Comum, Ano A , nos motiva a contemplarmos Cristo como fonte do sal da terra e da luz do mundo. E o Evangelho desta Liturgia está em Mt 5,13-16, ainda no contexto do Sermão da Montanha (cf. Mt 5,1-7,29).

Disse o Senhor Jesus “assim também brilhe a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e louvem o vosso Pai que está nos céus” (Mt 5,16). Eis o que nos pede o Senhor neste 5º Domingo do Tempo Comum. Somos chamados a ser sal da terra e luz do mundo, não isolados, não em nós ou para nós mesmos.

Como discípulos de Cristo, banhados por Ele para sermos novas criaturas, somos convocados a ser sal da terra e luz do mundo, fortificados pela Eucaristia e iluminados pela Palavra, que nos sustentam e, ao mesmo tempo – a Eucaristia e a Palavra, nos dão um sentido completo e verdadeiro à nossa existência neste mundo.

O sal é símbolo de purificação, de sabor, de conservação e dá gosto aos alimentos. Nos tempos mais antigos, o sal foi visto como símbolo da sabedoria. Está mais para o nosso “ser”. Não o vemos entre a comida, mas sentimos a sua presença ou a sua ausência quando nos alimentamos.

Os cristãos são chamados a darem sentido ao ambiente da comunidade pela sua presença sábia, humilde, desprendida e de encontro. Às vezes uma presença tão simples e discreta de uma pessoa na comunidade, dá um imenso gosto ao ambiente quando estamos em reunião. E assim o cristão, como o sal deve conservar a força do Evangelho, procurando amenizar as podridões das diversas mortes terrenas, estimulando o sentido de ser discípulo, a sabedoria nas palavras e a ação com a força do amor.

A luz como símbolo do nosso Batismo e do próprio Cristo está mais para o nosso testemunho, por isso atinge os nossos olhos. Porém, o importante é que deixemos que ela possa iluminar o nosso caminho, porque a luz vem de Deus e, para iluminarmos mundo, precisamos primeiro deixar que ela nos preencha e nos irradie com sua claridade.

Os discípulos de Cristo no mundo representam esta presença iluminadora pelo testemunho de vida, que seguem o caminho da salvação. Deixam-se iluminar pelo Senhor e, ao mesmo tempo, iluminam o mundo com sua presença em meio a tantas trevas que escurecem as realidades humanas.

O profeta Isaías nos apresenta o que devemos fazer concretamente para deixar resplandecer a luz do Senhor. E diz: “Reparte o pão com o faminto, acolhe em casa os pobres e peregrinos. Quando encontrares um nu, cobre-o, e não desprezes a tua carne. Então, brilhará tua luz como a aurora e tua saúde há de recuperar-se mais depressa; à frente caminhará tua justiça e a glória do Senhor te seguirá” (Is 58,7-8).

Ser luz, segundo o profeta Isaías, é viver a caridade onde as carências dos irmãos devem ser vistas, ouvidas e atendidas. Olhando para a vida pública de Jesus, não percebemos outra coisa senão a caridade pura, através do perdão, da cura do corpo e da alma, do alimento, da escuta e da acolhida aos que eram marginalizados e, ao mesmo tempo, a promessa verdadeira da vida eterna.

E agora nos perguntamos: Como está nossa luz de cristãos no mundo? Como vislumbramos, entre nós o sentido, o sabor (o sal) da vida em Cristo? Inicialmente, o Senhor Jesus nos ensina que não podemos ser sal e luz fechados em nós mesmos e para nós mesmos, como lâmpadas escondidas debaixo de nosso individualismo e egoísmo.

Devemos sim ser luz para os outros a partir da presença de Cristo em nós, pela nossa ação de amor e fervor diante das pessoas que nos rodeiam. Deixar que resplandeça o amor, pela nossa fraternidade entre os irmãos e irmãs e pelas nossas ações diante dos que precisam de nós.

Devemos ser sal do mundo deixando que o nosso ser se preencha da alegria do Evangelho, porque os cristãos são chamados a terem presente no rosto sempre a alegria e nas atitudes, mesmo diante das cruzes, a força, o otimismo e os passos firmes e livres do medo de caminhar.

E quando for necessário pregar para as pessoas, que nossas palavras expressem o que somos e o que fazemos para o Senhor. Que o Espírito Santo seja o guia da nossa pregação e da nossa missão, como nos falou São Paulo: “Também a minha palavra e a minha pregação não tinham nada dos discursos persuasivos da sabedoria, mas eram uma demonstração do poder do Espírito, para que a vossa fé se baseasse no poder de Deus e não na sabedoria dos homens.” (1Cor 2,4-5).

Seja a nossa luz que vem de Cristo pelo Batismo o sinal da presença d’Ele. Seja o nosso sal a alegria que vem da Palavra e da Eucaristia para construir a paz de Cristo no mundo a partir de onde estamos e caminhamos. Amém.

 

*   *   *

 

⇒ POESIA ⇐

Somo sal e luz do Senhor

 

Se queremos ser sal do mundo,
E a terra temperar,
Deixemos que a alegria,
E o Espírito Santo que nos contagia,
Em nós venha habitar!
*
Se queremos ser luz do mundo,
Clareando a escuridão,
Deixemos que o Esplendor,
Da Luz santa do Senhor,
Nos ilumine em imensidão!
*
Se queremos em meio às trevas,
Caminhar iluminando,
Acolhamos a força da vida,
Pela Ressurreição acontecida,
E o Evangelho semeando!
*
Se queremos dar sabor à vida,
E seu sentido buscar,
Busquemos na Eucaristia,
A força do amor e da alegria,
Em nós a se revelar!
*
Sejamos o sal e a luz,
Sentido e iluminação,
Nas obras concretas da caridade,
Pela justiça, paz e verdade,
Caminho de libertação.

 

*   *   *

 

“O sermão das bem-aventuranças”, de J. Tissot (1836-1902). In <https://www.brooklynmuseum.org/opencollection/objects/13418>.

 

⇒ Que a Palavra e a Luz de Nosso Senhor Jesus Cristo, a fonte do sal da terra e da luz do mundo, ilumine o seu caminho!