III DOMINGO DA PÁSCOA, ANO  C – SÃO LUCAS

 

Leituras: At 5,27b-32.40b-41; Sl 117; Ap 5,11-14; Jo 21,1-19

“Alimenta meus cordeiros”, 1886–1894, J. Tissot (1836–1902)


Ouça o áudio preparado para esta liturgia (pode demorar alguns segundos)

 

⇒ HOMILIA ⇐

A força do testemunho no Ressuscitado

Jo 21,1-19

 

Na liturgia do terceiro domingo da Páscoa contemplamos com alegria a beleza do testemunho dos apóstolos. Em destaque Pedro e João, que proclamam a verdade na Ressurreição, preenchidos de coragem e alegria. Através da experiência da fé na ressurreição os discípulos são transformados em corajosos missionários da vida nova, indo por todos os lugares para viverem como pescadores de pessoas, para construir o Reino de amor e redenção do mundo.

O interessante é que a terceira aparição de Jesus é realizada dentro do contexto profissional dos apóstolos, na vida cotidiana, no trabalho, não mais a portas fechadas, mas ao “ar livre”, porque a Ressurreição não tem barreiras e nem obstáculos e a presença do Senhor também não está presa ao templo ou ao culto antigo, agora o templo de adoração é o corpo glorificado.

Este texto nos traz várias chaves de reflexão para a experiência comunitária, às lideranças e para a missão evangelizadora da Igreja. Estas ações acima citadas nos levam a refletir que é o ressuscitado que conduz a comunidade cristã para que se lance ao mundo. A pesca foi um fracasso até a aparição de Jesus. Com Jesus acontece o milagre da abundância. Somente com Jesus a nossa evangelização tem êxito e faz crescer a multidão dos seguidores do Senhor.

O chamado de Jesus para cuidar do rebanho deve ser alimentado primeiramente pela vivência do amor. “Jesus perguntou a Simão Pedro: ‘Simão, filho de João, tu me amas mais do que estes?’ Pedro respondeu: ‘Sim, Senhor, tu sabes que eu te amo’. Jesus disse: ‘Apascenta os meus cordeiros’.” (Jo 21,14).

Por três vezes Pedro é interrogado pelo Senhor, pois antes tinha negado que conhecia Jesus também por três vezes (cf. Lc 22,56-60). Mas isso não foi impedimento para seguir em frente, agora está disposto e reabilitado pela força da ressurreição e conversão mais profunda, para tomar conta do rebanho, para representar a comunidade dos seguidores do Senhor.

Lembremo-nos de que é o Senhor que conduz a Igreja (a barca) e que também Pedro não seguirá sozinho, pois a pesca foi realizada também pelos outros apóstolos, quando disseram: nós também vamos pescar (cf. Jo 21,3).

Com esta experiência Pedro caminhará e encontrará perseguições, calúnias. Seguirá para o martírio com uma convicção tão forte que se sentirá alegre e satisfeito porque agora encontrou a razão da sua fé, como podemos confirmar nos Atos dos Apóstolos: os apóstolos saíram do Conselho, muito contentes, por terem sido considerados dignos de injúrias, por causa do nome de Jesus (cf. 5,41).

Olhemos agora para João, o discípulo amado, aquele que esteve no sepulcro vazio e esperou Pedro chegar para conferir o acontecimento. Ele está também presente na pesca milagrosa e é quem reconhece primeiramente a Jesus ressuscitado e comunica a Pedro (cf. Jo 21,7). João é a face da Igreja contemplativa, orante, ministério do amor, que reclina a cabeça sobre o coração de Cristo (cf. Jo 13,23), que está ao pé da cruz e que acolhe Maria como sua mãe (cf. Jo 19,26-27), mas que é obediente ao representante do colégio dos apóstolos.

As nossas comunidades paroquiais, grupos e pastorais devem se fixar nestas duas faces da Igreja: uma face que trabalha que age, que administra (Pedro), e ao mesmo tempo uma face que reza, que contempla e se alimenta da comunhão, numa realidade de partilha e de missão (João).

Diante de tantos olhares bíblicos, nós cristãos do século XXI, somos testemunhas primeiramente da Ressurreição do Senhor, que é autor da vida, que a defende e a proclama como infinita. Também devemos viver a caridade, a comunhão e a obediência quando respondemos ao Senhor que chama e nos manda lançar as redes para a pesca.

Peçamos ao Senhor as virtudes teologais (fé, esperança e caridade), para que cuidemos de nosso caminho de discipulado e também sejamos agraciados por ajudar a outras pessoas a alimentarem a sua fé em Jesus Cristo. E agradecemos pelo nosso Papa que segue na barca de Pedro, vivendo os desafios da evangelização no mundo, mas na simplicidade e na obediência ao Senhor que o chamou para cuidar do seu rebanho.

 

***

 

⇒ POESIA ⇐

Pela fé, na coragem e na alegria

Lá vão os discípulos, seguidores do amor,
Em meio a calúnias e injúrias,
É o grande cominho que inicia,
Seguem sem medo,
Confiantes e na alegria.

Vão remando mar adentro,
Para o grande milagre,
Para a pesca do amor,
Que não afunda com a tempestade.
Por que o barco é do Senhor.

E em meio à mesa da partilha,
Onde o Pão os sacia,
Confirmam a missão,
Anunciando vida nova,
Construindo comunhão.

Seguem em comunidade,
Como “pedras vivas”,
Para o reino edificar,
A caminho do martírio,
Firmes vão, sem desanimar.

E nós missionários de agora,
Seguiremos também no amor,
Vivendo como os primeiros,
Caminhando sobre tempestades,
Mar adentro, sem desespero.

 

*** Que a Palavra e a Luz do Ressuscitado ilumine o seu caminho ***

 

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