⇒ Ano de São José (2020/2021) ⇐ Leituras: 1Rs 19,4-8; Sl 34(33); Ef 4,30-5,2; Jo 6,41-51 ⇒ HOMILIA ⇐ Jo 6,41-51 Meus irmãos e irmãs, o mistério pascal do XIX Domingo do Tempo Comum, o terceiro do “Discurso do Pão da Vida”(1), nos motiva a manter a contemplação em Cristo como o Pão que nos leva à vida eterna e também combater as tentações que nos levam a murmurar contra o Senhor. E o Evangelho desta Liturgia está em Jo 6,41-51. Como não fez mais milagres para alimentar as pessoas materialmente, os judeus agora murmuram contra Jesus, que, para eles, era apenas o filho do carpinteiro. A mensagem da salvação está diante deles, mas distante dos seus entendimentos. Somente uma compreensão além da carne traz o sentido completo do Pão do Céu. Os murmuradores fizeram como aqueles que viam o maná como um dom de Moisés e não de Deus. Murmuram porque não escutaram, como nos disse o Senhor: “Ora, todo aquele que escutou o Pai e por ele foi instruído, vem a mim” (Jo 6,45). A escuta da Palavra, escrita e ensinada, nos revela aos poucos o mistério de Deus e as portas se abrem com a chave da oração – seja comunitária seja pessoal. A Igreja nos ensina que a Missa é o momento por excelência da escuta, pois “é a ação de Cristo e do povo de Deus hierarquicamente ordenado, é o centro de toda a vida cristã…”(2). Toda vez, portanto, que o presidente da celebração diz “oremos” ou “orai, irmãos e irmãs…” é uma chave que recebemos. Não nos esqueçamos das preces, do Pai-Nosso, do canto de comunhão e do silêncio eucarístico. Para acolher o Senhor, como o nosso Pão da Vida, necessitamos da experiência do silêncio, em contraste com o murmúrio que luta contra o projeto de amor de Jesus. E nós? Será que também não murmuramos em nosso íntimo contra o Verbo de Deus? Como está a nossa escuta e a nossa adesão ao Chamado? A primeira leitura desta Liturgia nos motiva a contemplar a vida dos profetas de Deus. Elias, um dos melhores exemplos do profetismo do Antigo Testamento, está triste e com sinceridade diante de Deus pede a morte e diz: “Agora basta, Senhor! Tira a minha vida, pois não sou melhor que meus pais.” (1Rs 19,4). Mas Deus impede a morte de Elias e ainda providencia alimento para que ele prossiga. Quantas vezes nos sentimos, como o profeta Elias, tomados de angústia e cheio de dúvidas em continuar a caminhada? Mas Elias sabia que Deus caminhava com ele. E nós devemos ter a mesma fé quando estivermos desanimados. Quando isso acontecer devemos buscar em Deus o nosso alimento e o sentido da nossa vida e da nossa caminhada. Como reza a belíssima letra da saudosa Ir. Míria: “Levanta-te e come, levanta-te e come! / Que o caminho é longo! Caminho longo! (…) / Te faço caminhar, vale e monte atravessar / Pela Eucaristia, Eucaristia!”.(3) São Paulo, na segunda leitura desta Liturgia, nos motiva para que a nossa fraternidade seja permeada pela bondade, pelo amor e pela concórdia (cf. Ef 4,32). Viver no amor de Cristo é a entrega na mansidão em contraste com a rebeldia, a amargura, a cólera e as murmurações. Os que buscam em Cristo o Pão da vida devem alimentar-se de bondade e da alegria evangélica. E este segundo Domingo do Mês Vocacional é dedicado à vocação para a vida em família, Dia dos Pais e também início da Semana Nacional da Família, com o tema “A Alegria do Amor na Família”. Rezemos pela santificação das famílias e, consequentemente, de todos os lares. Que possamos aprender do Evangelho que o próprio Cristo é o verdadeiro Pão que veio trazer a nossa salvação. Rezemos com o salmista: “Bendirei o Senhor Deus em todo o tempo, seu louvor estará sempre em minha boca. Minha alma se gloria no Senhor; que ouçam os humildes e se alegrem!” [Sl 34(33)]. * * * * * * ⇒ POESIA ⇐ Por que murmuras? * * * ⇒ Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, o Pão que nos leva à vida eterna, ilumine o seu caminho! ⇐
⇒ Mês Vocacional – Domingo da Vocação para a Vida em Família ⇐
⇒ Semana Nacional da Família – tema “A Alegria do Amor da Família” ⇐
⇒ Dia dos Pais ⇐
Vencer os Murmúrios Contra o Senhor
(1) Cf. BECKHÄUSER, Frei Alberto. O Ano Litúrgico: Com Reflexões Homiléticas para cada Solenidade, Domingo e Festa do Senhor. Petrópolis: Vozes, 2016. p. 226.
(2) Cf. IGMR, 16.
(3) “A Força da Eucaristia”, de Irmã Míria Kolling (*1939+2017).
Por Que Murmuras?
Ó Criatura,
Nesta caminhada,
Pelas estradas,
Cadê a ternura,
Por teu Senhor,
Que tem amor,
Que é o Alimento,
Na noite escura.
*
Por que reclamas?
Discípulo irmão,
Por mim chamado,
E enviado,
Sempre em missão,
Estou contigo,
Sou teu amigo,
Sempre ao teu lado,
Em comunhão.
*
Se estás cansado,
Eis minha mesa,
Pronta pra ti,
Para seguir,
Tens gentileza,
Há muita estrada,
Até a chegada.
Acorda e vai,
Sempre em firmeza.
*
O Santo Espírito,
Já te marcou,
Pra seres irmão,
Em comunhão.
Se há discórdias,
Vivei no amor,
Sem o rancor,
Buscai a Paz,
Sou teu Senhor.
Autor: Francisco Eraldo
XVIII Domingo do Tempo Comum, Ano B, São Marcos
⇒ Ano de São José (2020/2021) ⇐ Leituras: Ex 16,2-4.12-15; Sl 78(77); Ef 4,17.20-24; Jo 6,24-35 ⇒ HOMILIA ⇐ Jo 6,25-35 Meus irmãos e irmãs, o mistério pascal do XVIII Domingo do Tempo Comum, o segundo Domingo do “Discurso do Pão da Vida”(1), nos motiva a contemplar Cristo como o Pão que nos leva à vida eterna. E o Evangelho desta Liturgia está em Jo 6,24-35. Nesta Liturgia, Jesus fala à multidão sobre o Pão do Céu como um dom para a nossa salvação. A multidão desejava o pão material, isto é, que Jesus os proporcionasse uma vida fácil, mas o Senhor mostra que a experiência do Pão Divino é para saciar permanentemente. E Ele exorta: “Esforçai-vos não pelo alimento que se perde, mas pelo alimento que permanece até a vida eterna, e que o Filho do Homem vos dará” (Jo 6,27). Jesus oferece à multidão o Seu projeto de amor, onde todos se alimentam numa verdadeira fraternidade, onde há partilha e solidariedade. Na verdadeira caminhada com Cristo não há fome de sentido e nem de mesa vazia. Os cristãos são chamados, são desafiados a combater o consumismo que invade as consciências. E o Senhor nos diz que a grande obra que podemos fazer é crer verdadeiramente no Filho enviado pelo Pai (cf. Jo 6,29), que veio mostrar a Sua face e ensinar a todos a viverem como irmãos. Desde o Antigo Testamento, como nos mostra a primeira leitura desta Liturgia, o envio do Pão do Céu é uma ação da pessoa do Pai e os que estavam no deserto junto a Moisés receberam o pão material (o maná), mas tiveram que aprender a confiar na Providência, quando receberam a ordem de não guardar para o outro dia (cf. Ex 16,4). Quando vamos à Missa, devemos estar atentos a duas dimensões: a primeira é escutar a Palavra (escrita e ensinada) e receber a Eucaristia; a segunda é alimentar a fé para que a Providência de Deus atue em nossas vidas. Providência que é gratuita e não dependente de nossos merecimentos. Agora devemos nos perguntar: O que buscamos na Missa? Estamos barganhando como aquela multidão que esperava um milagre para os problemas do dia a dia? E Jesus também pode nos perguntar: Porque me procuram? Porque buscam me encontrar? E nós, o que respondemos? Na segunda leitura desta Liturgia, São Paulo nos exorta a nos revestirmos do homem novo (cf. Ef 4,17-24), criado à imagem de Deus, justo e santo. Trata-se de uma imagem marcada por atitudes que promovam a concórdia e fortaleçam a fé na Providência. Portanto, irmãos e irmãs, o homem novo é aquele que se alimenta do Pão do Céu e quer ser sinal de confiança que o alimento (material e espiritual) vem do Céu. Por isso quando Jesus nos ensina a pedir o arroz com feijão de cada dia, nos fala de pão nosso e de Pai nosso (cf. Mt 6,9-15). Porque a fartura da mesa também é dada por Deus. Ele é a fonte onde encontramos a força material para labutarmos na vida. Ele é o Alimento e a Bebida plena que nos sacia abundantemente. E neste primeiro Domingo do Mês Vocacional, dedicado ao ministério ordenado (Diáconos, Padres e Bispos), rezemos pela santificação e perseverança de todos aqueles que foram chamados e responderam ao sacramento da Ordem. Ao sairmos do encontro com o Senhor, alimentados pela Palavra e pela Eucaristia, deveremos ir ao mundo como sinal de comunhão e de fraternidade nas realidades do cotidiano, social e comunitário. Que a Providência Divina derrame bênçãos sobre nossas necessidades, sejam materiais ou espirituais. E que busquemos sempre e primeiramente o Reino de Deus tendo a fé de que tudo o necessário nos será acrescentado (cf. Mt 6,33). * * * * * * ⇒ POESIA ⇐ Além do pão que vem da terra, * * * ⇒ Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, como o Pão que nos leva à vida eterna, ilumine o seu caminho! ⇐
⇒ Mês Vocacional – Domingo da Vocação aos Ministérios Ordenados ⇐
O Pão que nos Leva à Vida Eterna
(1) Cf. BECKHÄUSER, Frei Alberto. O Ano Litúrgico: Com Reflexões Homiléticas para cada Solenidade, Domingo e Festa do Senhor. Petrópolis: Vozes, 2016. p. 226.O que Vem do Céu
Que do trigo novo se faz grãos,
Plantado pelas mãos humanas,
Fruto do amor e da Criação,
Temos o Pão da eternidade,
Que nos traz a novidade,
Para a nossa salvação.
*
Pão que se dá na Palavra Santa,
Pelas letras do Livro Sagrado,
Que nos orienta para a caminhada,
Fazendo sempre nos sentir amados,
Que muda nossos comportamentos,
Que transforma nossos sentimentos,
Como pérola e tesouro encontrados.
*
Pão que se oferece para a vida nova,
Na Mesa de todos e bem preparada,
Onde todos se voltam para o Alimento,
Como irmãos felizes da mesma estrada,
E então, se alimentam e se saciam,
E depois para mundo todos anunciam,
Esse Pão nos leva a eterna morada.
*
Alimento e Bebida que nos realiza,
Que nos sacia perfeitamente,
Dando-nos o sentido mais completo,
Alimentando a nós, a Sua gente,
Configurando-nos ao Seu imenso amor,
Nosso Pão da Vida e Nosso Senhor
Força que nos faz seguir em frente.
*
Busquemos sempre por este Pão,
Nos caminhos da vida espiritual,
Mas, não deixemos de trabalhar,
Também pelo alimento material,
Porém, o Pão do Céu é a maior razão,
Que nos dá força na tribulação,
Para a nossa vida, é santo sinal.
*
Sejamos sinais da Eucaristia,
No mundo das contradições,
No cotidiano de nossa existência,
Na vida, nas várias situações,
Na luta pelas causas sociais,
Nas fomes de comida e espirituais,
Na justiça do Reino nos fazendo iguais.
*
Por isso Senhor nós te pedimos,
Alimente em nós a confiança,
Pela Providência do pão de cada dia,
Ensinai-nos o perdão em perseverança,
Perdoai-nos também as nossas ofensas,
Quebrai em nós toda a prepotência,
Para que brote a Paz e a Esperança.
XVII Domingo do Tempo Comum, Ano B, São Marcos
⇒ Ano de São José (2020/2021) ⇐
Leituras: 2Rs 4,42-44; Sl 145(144); Ef 4,1-6; Jo 6,1-15
⇒ HOMILIA ⇐
O Senhor nos Ensina a Guardar a Sobra
Jo 6,1-15
Meus irmãos e irmãs, o mistério pascal do XVII Domingo do Tempo Comum, nesta Ano de São José, nos motiva a contemplar a realização da verdadeira partilha que é o milagre da Multiplicação dos Pães que sacia a todos. E o Evangelho desta Liturgia está em Jo 6,1-15.
A partir deste Domingo e nos próximos quatro(1), sempre no Ano B, a Igreja nos oferta, como ápice da Mesa da Palavra, o chamado “Discurso do Pão da Vida”(2), quando seremos iluminados pelo Evangelho Segundo João.
Nesta Liturgia, Jesus atravessa o mar e é seguido pela multidão. Ao perceber que estão famintos, Jesus provoca um dos discípulos, Felipe, perguntando como resolver a falta de alimentos e é André quem apresenta um menino que tem cinco pães e dois peixes.
Podemos apresentar os paralelos entre o Antigo e o Novo Testamento, entre Jesus e Moisés: Jesus atravessa o mar da Galileia e Moisés também atravessou o mar Vermelho; Jesus é seguido por uma grande multidão como Moisés no deserto; há o milagre do pão como também o do maná. Porém há algo novo: enquanto Moisés era o condutor, Cristo é tudo – além de condutor, é a estrada e o destino, isto é, “o Caminho, a Verdade e a Vida” (Jo 14,6).
E se houver sobra, deve ser guardado e preservado para que outros participem da graça, pois o Pão da vida também deve ser fonte de alimento (pão nosso de cada dia) e de justiça e misericórdia (vem a nós o Vosso Reino). Na construção do Reino, há sempre alguém a oferecer algo que possa ser partilhado, mesmo numa multidão faminta. Em 2015, o Papa Francisco(3), na sua Encíclica Laudato Si’, em português “Louvado Sejas”, nos alertava que o mundo desperdiça “… aproximadamente um terço dos alimentos produzidos, e a comida que se desperdiça é como se fosse roubada da mesa do pobre” (LS, 50).
A Liturgia de hoje nos ensina que a Eucaristia é vivida quando o pão material é servido a todos, especialmente com aqueles que necessitam do arroz com feijão de cada dia, pois a fome pode ser resolvida quando forem aproveitadas as sobras da produção. Somos convidados a oferecer o que temos, como aquele menino da multidão, ou como na primeira leitura, obtida do Segundo [Livro dos] Reis que narra, “o homem (…), que veio trazendo em seu alforje para Eliseu (…), vinte pães de cevada e trigo novo dos primeiros frutos da terra” (2Rs 4,42).
A Eucaristia também deve nos conduzir à caridade, à justiça e à misericórdia de Deus e igualmente à fraternidade com o outro. Nesse sentido, nos afastamos da graça eucarística quando cedemos às tentações que ora incentiva o acúmulo de bens (avareza), ora o consumo desenfreado (consumismo), impossibilitando o milagre do pão ofertado a todos. Na construção do Reino de Deus não há mesas vazias do alimento material e espiritual, pois São Paulo, na segunda leitura desta Liturgia, nos exorta a vivermos como “um só Corpo e um só Espírito, porque há um só Senhor, uma só fé, um só batismo, um só Deus e Pai de todos que reina sobre todos” (Ef 4,4-6).
Que o Senhor tenha compaixão de nós e que sejamos sinais de Cristo, como foi um menino que entregou tudo o que tinha (naquela ocasião, cinco pães e dois peixes – igual ao número sete, perfeição), proporcionando um milagre que alimentou abundantemente e perfeitamente a todos os que estavam sentados. Que Cristo sacie a fome de Pão e de Paz, pelo mundo afora.
* * *
(1) Em 2021, o XX Domingo sede lugar à Solenidade da Assunção de Nossa Senhora.
(2) Cf. BECKHÄUSER, Frei Alberto. O Ano Litúrgico: Com Reflexões Homiléticas para cada Solenidade, Domingo e Festa do Senhor. Petrópolis: Vozes, 2016. p. 226.
(3) Carta Encíclica Laudato Si’. Louvado Sejas: Sobre o Cuidado da Casa Comum. Brasília: Edições CNBB, 2015. Disponível: <http://w2.vatican.va/content/francesco/pt/encyclicals/documents/papa-francesco_20150524_enciclica-laudato-si.html>. Acesso em: 28 jul. 2018.
* * *
⇒ POESIA ⇐
A Partilha do Reino
A Palavra de Cristo fará nascer a partilha,
Quando os irmãos no amor, se abraçarem,
Quando acontecer a perfeita comunhão,
Como numa festa se confraternizarem.
E assim deixando que a vida possa pregar,
Numa ação viva de tudo a se partilhar,
E do amor fraterno se alimentarem.
*
Porque persiste a fome em nosso mundo?
Quando tantos se encontram na mesa do Senhor?
E se extasiam do encontro aconchegante,
Mas parece que no envio perde-se o ardor.
Volta-se pra casa com uma certa incoerência,
Porque não se deixa palavra habitar a consciência,
E o coração inflamar-se do Divino Amor.
*
O Senhor nos pede que vivamos a partilha,
E que as sobras dos Pães sejam guardados,
Para quando um novo encontro vir a acontecer,
E os irmãos famintos sejam também alimentados,
Porque o amor e a partilha grande milagre serão,
Para que não passe fome nem um dos irmãos,
Que ao Pão da vida eterna tenha procurado.
*
E assim o mundo será novo e muito diferente,
Quando compartilharmos carências e os sentimentos,
O mar da fome e da morte será atravessado,
Porque todos os homens serão alimentados,
E a sede também não terá mais vez,
Porque também não haverá a escassez,
E a casta água saciará todos os necessitados.
*
Hoje vamos à mesa santa do Senhor mais uma vez,
Para comermos o Pão do amor e da comunhão,
Para beber o Vinho da vida e da alegria,
No encontro que nos faz todos irmãos.
Para que sejamos para o mundo a fraternidade,
Testemunho que alerta toda a humanidade,
Para o caminho que nos leva à salvação.
* * *
⇒ Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, o Pão que desceu do Céu para saciar a todos os que estão sentados, ilumine o seu caminho! ⇐
XVI Domingo do Tempo Comum, Ano B, São Marcos
⇒ Ano de São José (2020/2021) ⇐
Leituras: Jr 23,1-6; Sl 23(22); Ef 2,13-18; Mc 6,30-34
⇒ HOMILIA ⇐
O Senhor nos Ensina sobre a Compaixão
Mc 6,30-34
Meus irmãos e irmãs, o mistério pascal do XVI Domingo do Tempo Comum nos motiva a contemplar o olhar pleno de compaixão do Bom Pastor com os cansados e necessitados da Misericórdia de Deus. E o Evangelho desta Liturgia está em Mc 6,30-34.
No Domingo passado, nós vivenciamos o envio apostólico. Hoje, temos os frutos do trabalho missionário. E os frutos deste trabalho missionário são as multidões que vieram atrás dos missionários, dos apóstolos, de Jesus, pois a missão parte de Jesus e retorna novamente a Ele.
Os missionários são os continuadores da mensagem do Reino, mas a missão necessita de oração e de deserto, para ruminar a experiência e manter-se atento ao horizonte. Agora, os discípulos continuarão com Jesus, vivendo de forma mais intensa o Seu ministério e a barca ainda será instrumento de pesca (o trabalho), mas também de travessia das margens (missão).
O evangelista Marcos nos apresenta ainda Jesus comovido: “Jesus viu uma numerosa multidão e teve compaixão, porque eram como ovelhas sem pastor.” (Mc 6,34). A frase “ovelhas sem pastor” nos leva a pensar também nos dias de hoje, quando muitos rebanhos estão também sem pastoreio, pois muitos estão mais preocupados com estruturas normativas do que com o sofrimento das pessoas.
Neste sentido, o Papa Francisco nos alertava em 2013: “Prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e a comodidade de agarrar às próprias seguranças”(1). E agora nos perguntamos: até que ponto nós [catequistas, ministros da Eucaristia, membros de pastorais, grupos jovens, animadores de comunidades, os diversos grupos da Igreja e inclusive os ministros ordenados (diáconos, padres e bispos)] carregamos no nosso coração a compaixão de Jesus pelo sofrimento das pessoas?
E o Evangelho de hoje nos leva a refletir, profundamente, sobre esta questão que é, por sinal, a missão principal da Igreja: de buscar, de cuidar e de alimentar as ovelhas que estão perdidas no mundo. Vivemos cada vez mais ocupados em dar conta da correria do dia a dia e impedimos que Deus nos proporcione condições para darmos atenção, cuidado e escuta ao próximo, ao outro…
Ainda falando sobre pastor e ovelhas, na primeira leitura desta Liturgia, o profeta Jeremias nos exorta: “Ai dos pastores que deixam perder-se e dispersar-se o rebanho de minha pastagem, diz o Senhor!” (Jr 23,1). Jeremias se refere aos governantes também como pastores, que devem cuidar do bem-estar, da justiça, dos direitos e da dignidade do povo. Olhando o cenário político do mundo, também vemos o descaso e a indiferença destes pastores escolhidos para servir o povo. Tanto Jeremias quanto Jesus fazem observações sobre o passado e deixam conselhos de sabedoria para o hoje.
Portanto, irmãos e irmãs, esta Liturgia nos motiva a ter novas atitudes diante do Evangelho. Em alguns momentos como responsáveis por um grupo e em outros como ovelhas necessitadas da compaixão do Bom Pastor, mas o que deve concretizar o Reino de Deus é o amor de Cristo que nos une.
São Paulo nos diz na segunda leitura desta Liturgia: “Ele veio anunciar a paz a vós que estáveis longe, e a paz aos que estavam próximos” (Ef 2,17). É importante a convicção de que somos todos irmãos em Cristo, sendo próximos ou não. Isso nos leva a participar da mesma mesa do Senhor, o Pastor Eterno, onde há a paz e a dignidade. Ele nos conduz por caminhos seguros [cf. Sl 23(22)] e iluminados por sua luz. Que Ele tenha compaixão de nós.
* * *
(1) Exortação Apostólica Evangelii Gaudium. A alegria do Evangelho: sobre o anúncio do Evangelho no mundo atual. 2013, nº 49. Disponível em: <https://w2.vatican.va/content/francesco/pt/apost_exhortations/documents/papa-francesco_esortazione-ap_20131124_evangelii-gaudium.html>. Acesso em: 21 jul. 2018.
* * *
⇒ POESIA ⇐
A Compaixão de Jesus
Coração que acolhe,
Que tem atenção,
Que dispensa o descanso,
Que dá proteção,
Que tem tanto amor,
Vê no povo o clamor,
Da sua missão.
*
Coração que contempla
Que vem abraçar,
Que olha as ovelhas,
Sem as desprezar
Pastor santo e forte,
Que expulsa a morte,
Para a vida ofertar.
*
Coração solidário,
Com olhar sempre atento,
Para os desprezados,
Sendo altar e alimento.
Aos que vem ao convívio,
Traz a todos o alívio,
Saciando os sedentos.
*
Coração que ensina,
E nos chama atenção,
Pelos tantos desprezos,
E ausência da missão,
De alguns dos pastores,
Que não são protetores,
Por faltar compaixão.
*
Coração que alerta,
Sobre o nosso egoísmo,
Quando buscamos bem-estar,
Somente no individualismo,
Esquecemos os sofridos,
Abandonamos os feridos,
E vivemos o cinismo.
*
Abrasai ó Senhor,
Nosso ser, nossa vida,
Tocai nossa memória,
Às vezes adormecida.
Ensinai a compaixão,
Para vivermos a ação,
Na missão assumida.
* * *
⇒ Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, compassivo com os necessitados da Misericórdia de Deus, ilumine o seu caminho! ⇐
XV Domingo do Tempo Comum, Ano B, São Marcos
⇒ Ano de São José (2020/2021) ⇐
Leituras: Am 7,12-15; Sl 85(84); Ef 1,3-14; Mc 6,7-13
⇒ HOMILIA ⇐
A Missão e a Profecia no Mundo
Mc 6,7-13
Meus irmãos e irmãs, o mistério pascal do XV Domingo do Tempo Comum do Ano B nos motiva a contemplar o enviado do Pai, Jesus, realizando o envio apostólico. E o Evangelho desta Liturgia está em Mc 6,7-13, passagem que compõe a segunda parte do Evangelho segundo São Marcos, intitulada “O Ministério de Jesus na Galileia”.
Assim, a Igreja nos motiva a sair do comodismo para, em missão, anunciar a Boa-Nova de Jesus. Nos ensina o Vaticano II, no decreto Ad Gentes (n. 2), documento sobre a Atividade missionária da Igreja, que “a Igreja peregrina é, por sua natureza, missionária, visto que tem a sua origem, segundo o desígnio de Deus Pai, na ‘missão’ do Filho e do Espírito Santo.”(1)
Jesus realiza o envio também numa passagem em Mateus (cf. 10,1-16) e duas em Lucas, sendo a primeira o envio dos Doze (cf. 9,1-6) e a segunda dos setenta e dois, à Sua frente (cf. 10,1-16).
A Igreja precisa dos missionários para crescer. Devemos está atentos e refletir com profundidade as orientações que o Senhor dá para os que Ele envia: primeiro envia dois a dois, para que ninguém esteja só e partilhem das alegrias e das tribulações que a caminhada poderá apresentar. Depois, que não levem bagagens (cf. Mc 6,8), para que as preocupações não os desviem do Anúncio, pois o desapego, fundamental para evangelizar com firmeza, também foi o modo como Deus se encarnou entre nós, seja no presépio em Belém, no exílio no desterro no Egito, nos quarenta dias no deserto ou no ministério em que sequer teve “onde reclinar a cabeça” (Lc 9,58).
A outra dimensão da missão é a acolhida dos missionários, que deve ser fundamentada no amor fraternal, mandamento de Cristo (cf. Jo 13,35). E se alguém não quiser os escutar deixem-nos e sigam em frente porque a adesão ao Senhor é livre (cf. Mc 6,10-11).
Para nossos dias, ser missionário é muito mais do que decorar versículos ou impor uma religião, um modo de vida. É no testemunho, nas atitudes e no desprendimento de nossas bagagens materiais, ideológicas e intelectuais. Por isso, o cristão é profeta no meio do povo, onde fala a verdade, denuncia a idolatria do poder e do acúmulo de riquezas, que oprimem e enganam o povo.
O profeta Amós, na primeira leitura desta Liturgia, recebe a vocação para anunciar a Palavra em Israel. E Amós era agricultor e vaqueiro próximo a Belém. Por isso é advertido por Amasias, sacerdote do templo e se incomoda com a verdade contra as ações do rei. Amós por sua vez é livre e poderá denunciar o que o poder político apronta naquele país contra o povo. O missionário é também profeta, ele deve está livre das atitudes que são convenientes a quem governa o povo de forma alienante e opressora.
Pensemos em nós cristãos de hoje: como se dá a nossa missão? Estamos coerentes com as orientações de Jesus que nos envia em missão? Nós somos bombardeados a todo instante por informações fúteis e carregadas das ideologias de um mundo sem empatia distante da misericórdia de Deus e apegado a conveniências humanas.
A Liturgia de hoje, portanto, nos motiva a viver a sintonia entre ser missionário e ser profeta. Devemos estar sempre focados no amor e no louvor a Deus, como nos fala São Paulo, na segunda leitura: “Ele nos abençoou com toda a bênção do seu Espírito em virtude de nossa união com Cristo, no céu.” (Ef 1,3). Que possamos crescer cada vez na esperança, na caridade e na fé no Ressuscitado que, pelo Batismo, nos resgata, nos santifica e nos envia como missionários e como profetas num mundo tão carente da mensagem do Jovem Galileu. Que Santa Teresinha do Menino Jesus, padroeira das missões, e Nossa Senhora do Desterro, padroeira dos exilados e refugiados, intercedam por nós, para que o desapego não se confunda com a indiferença.
* * *
(1) Disponível em: <https://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-ii_decree_19651207_ad-gentes_po.html>.
* * *
⇒ POESIA ⇐
Missão e Profecia
Ide missionários, dai a minha paz,
Vão onde precisam do meu amor,
Vão sem acúmulos e sem riquezas,
Ide trabalhar para expulsar a dor,
Caminhai atentos pelas estradas da vida,
Aceitai aqueles que te dão acolhida,
E não levai nada, nem traga rancor.
Ide profetas do amor divino,
Dispensem as tuas tantas bagagens,
Deixai o corpo leve para caminhar,
A verdade será a tua mensagem.
Pregai com tua discreta humildade,
Vivei na tua simplicidade,
Trazei em teu rosto a minha imagem.
Caminhai dois a dois por onde fores,
Para não caíres no egoísmo,
Partilhai as tristezas e as alegrias,
Expulsai de vós o individualismo,
Formai um povo em comunidade,
Plantai a paz e a fraternidade,
E não esquecei o teu profetismo.
Falai a todos sobre o Reino do Pai,
Testemunhai antes mesmo de falar,
Vivendo a entrega e o desapego,
Pois é a tua vida que deve falar,
Deixando que meu amor possa agir,
E que minha palavra possa fluir,
Sem tuas bagagens a sufocar.
Agindo assim tudo será novo,
Cuidado e compaixão em vós surgirá,
Mundo diferente nós todos veremos,
E o amor infinito então brotará.
Cessará a violência, virá comunhão,
As grades e cadeias ausentes estarão,
E a fraternidade todos a propagar.
* * *
⇒ Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, o enviado do Pai e que envia em missão, ilumine o seu caminho! ⇐
Solenidade de São Pedro e São Paulo
*** Ano de São José (2020/2021) ***
*** Dia do Papa ***
Leituras: At 12,1-11; Sl 34(33); 2Tm 4,6-8.17-18; Mt 16,13-19
⇒ HOMILIA ⇐
Pedro e Paulo: Colunas da Igreja
Mt 16,13-19
Meus irmãos e irmãs, o mistério pascal da Solenidade de São Pedro e São Paulo, Dia do Papa, neste Ano de São José, nos motiva a contemplar as colunas da Igreja e que levaram a mensagem amorosa do Ressuscitado ao mundo. Pedro e Paulo foram martirizados em Roma(1). E o Evangelho desta Liturgia está em Mt 16,13-19.
Contemplemos primeiramente Pedro, pescador do mar da Galileia, lugar que Jesus o encontrou e o chamou para tornar-se pescador de pessoas. No percurso deste seguimento, Pedro teve altos e baixos, inclusive as negações antes do cantar do galo. Nesta liturgia, Jesus pergunta a seus discípulos: “Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?” (Mt 16,13), Pedro responde: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo” (Mt 16,16).
Pedro recebe de Jesus as chaves para ligar e desligar no Céu e na Terra aquilo que convém ou não ao Reino (cf. Mt 16,19). Ele é a pedra sobre a qual a Igreja de Cristo está edificada. Por isso a Igreja é apostólica, por estar fundada nesta missão de levar ao mundo a Boa-Nova.
Após a Ressurreição, Pedro é fortalecido e encorajado para andar na contramão das autoridades judaicas e do Império Romano. Ainda em Jerusalém, como vimos na primeira leitura, Pedro foi preso, mas o anjo de Deus rompeu as correntes para que Pedro pudesse ser missionário do amor e da paz. A presença do anjo também serviu para ter a certeza de que, na luta contra o medo e a opressão, o Senhor caminha junto com sua Igreja (cf. At 12,7-11).
Sobre Paulo também temos muito a aprender. Foi um doutor da lei, que zelava pela doutrina da lei e dos profetas, patrimônio espiritual do “reino de sacerdotes e povo santo” (Ex 19,3). Foi perseguidor dos primeiros seguidores de Cristo. Mas um dia Cristo também o conquistou de forma impressionante, quando Paulo estava em viajem na estrada de Damasco, com a missão de prender cristãos, “quer homens, quer mulheres” (At 9,2).
Após convertido, Paulo coloca toda a sua força para propagar a fé no Ressuscitado. Viajou a diversos lugares e formou comunidades entre os judeus e pagãos. Por Cristo foi perseguido, maltratado e martirizado. Paulo combateu o bom combate, completou a corrida, guardou a fé (cf. 2Tm 4,7). Suas cartas foram e continuam sendo de uma imensa riqueza espiritual e pastoral para a Igreja, alcançando a liturgia, a catequese, os grupos, as comunidades e a vida missionária da Igreja no mundo inteiro.
A liturgia de hoje, portanto, está repleta do testemunho destes dois apóstolos, as colunas da Igreja. Eles nos fazem refletir que Deus chama os pecadores para serem santos, portadores da mensagem do Reino ao mundo inteiro, formando comunidades de amor e de comunhão. Vimos que o Senhor chama a todos, desde que abertos às exigências da vivência da Boa-Nova.
A Igreja de Cristo continua sendo conduzida por um descendente de Pedro, o Papa Francisco, o Papa de número 266 na sucessão apostólica. Ele orienta e faz crescer, na unidade e na caridade, o rebanho do Senhor. É o condutor da barca do Senhor, que é a Igreja. Esta Igreja que enfrenta as tempestades no imenso mar que é o mundo.
Por fim, irmão e irmãs, somos motivados a seguir, na nossa vida em missão, levando a mensagem do Ressuscitado aos vários cantos do mundo, com coragem e determinação frente às consequências da pregação do Evangelho. O exemplo de São Pedro e São Paulo, fundamentos da vida apostólica e missionária, nos ensina a caminhar com e em Cristo, superando nossas fragilidades e pecados.
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(1) Foram martirizados entre os 64 e 67 d.C., quando Nero imperava em Roma (54-68). Nero nasceu no ano 37 e aos 17 anos assumiu o governo do Império. Cometeu suicídio no ano 68 aos 31 anos de idade. No dia 18 de julho de 64 aconteceu o que ficou conhecido como o “grande incêndio de Roma”, que queimou por uma semana até ser controlado. No ano 66, Nero ordenou a perseguição aos cristãos acusando-os de serem os responsáveis pelo incêndio.
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⇒ POESIA ⇐
As Colunas da Igreja
Um é o pescador
Pescador dos mares da existência,
Chamado pelo Senhor,
Para uma experiência,
Segue-O pelo caminho
Não viverá sozinho,
Mas terá as exigências.
Outro é o doutor,
O sábio, o rigoroso,
Que seguiu sem temor,
O Senhor amoroso,
Deixou a estrada da morte,
E seguiu firme e forte,
Apaixonado, fervoroso.
Os dois seguem andando,
Superando as barreiras,
Cristo os foi conquistando,
Para a missão primeira,
Que é o Reino implantar,
E a Palavra semear,
Pela sua vida inteira.
Pedro viveu com o Senhor,
Ainda neste mundo,
Conheceu seu amor,
Mais forte e mais profundo.
E quando o Senhor partiu,
E então ressurgiu,
Ele saiu pelo mundo.
Paulo viveu diferente,
Toda a sua conversão,
E foi seguindo em frente,
Caminhando em missão,
Formou muitas comunidades,
E pregou toda a Verdade,
Na busca da comunhão.
Hoje Pedro, o nosso Papa,
Segue firme, a remar,
Essa barca, que é a Igreja,
E o mundo, o imenso mar,
Vai sempre anunciando,
E com Cristo caminhando,
Sem medo de afundar.
E nós, os tantos cristãos de hoje,
Da nossa atualidade,
Como ser comunhão?
Nesta sociedade,
Como ser sal e luz?
Como carregar a cruz?
E formar comunidade?
Somos Pedro, somos Paulo,
Pelas várias estradas,
Comunhão e missão,
São as nossas jornadas.
Somos a fraternidade,
Vivendo a caridade,
E sendo vidas doadas.
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*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, a Boa-Nova em pessoa, ilumine o seu caminho! ***
XIII Domingo do Tempo Comum, Ano B, São Marcos
*** Ano de São José (2020/2021) ***
Leituras: Sb 1,13-15;2,23-24; Sl 30(29); 2Cor 8,7.9.13-15; Mc 5,21-43
⇒ HOMILIA ⇐
Mãos que Curam e Trazem à Vida
Mc 5,21-43
Meus irmãos e irmãs, o mistério pascal do XIII Domingo do Tempo Comum, neste Ano de São José, nos motiva a contemplar a revelação de Jesus que acolhe e cura duas mulheres, inaugurando, na sua ação ministerial, um espaço sem dominação masculina. E o Evangelho desta Liturgia está em Mc 5,21-43.
Nesta Liturgia, o evangelista Marcos apresenta Jesus noutra travessia, exercendo seu ministério salvífico junto à multidão que quer ouvi-lo, alcançar os milagres, ter uma experiência com a acolhida misericordiosa de Deus e a inclusão dos que estão doentes e marginalizados. Agora, Jesus é a causa de cura e de vida para duas mulheres.
A primeira é a hemorroíssa, mulher sem nome, conhecida apenas pela sua enfermidade, por isso impura e discriminada por 12 anos com fluxo de sangue. Pela sua fé, ela toca em Jesus e o próprio Jesus sente que alguém lhe tocou. Por isso Ele a acolhe e diz: “ ‘Filha, a tua fé te curou. Vai em paz e fica curada dessa doença” (Mc 5,34).
A segunda mulher, uma adolescente, também sem nome, mas filha de Jairo, chefe da sinagoga, que chega a ser considerada morta. Esta menina, pela fé de seu pai, que intercede por ela, recebe das mãos de Jesus a força da vida. E o texto diz: “Jesus pegou na mão da menina e disse (…) ‘Menina, levanta-te!’ Ela levantou-se imediatamente e começou a andar…” (Mc 5,41-42).
O tema da fé é apresentado mais uma vez por Jesus nos dois momentos (cf. Mc 5,34.36): tanto na hemorroíssa que vai a Jesus, quando Ele diz “tua fé te curou”; quanto em Jairo que leva Jesus à sua filha, Ele também diz “basta ter fé”.
É importante observarmos que, nos dois momentos, muitos ficam indiferentes ou hostis e duvidam de Jesus. No primeiro momento são os discípulos que duvidam dEle quando Jesus fala que alguém o tocou (cf. Mc 5,31). No segundo momento, na casa de Jairo, quando Jesus disse que a menina dormia, as pessoas caçoaram dele (cf. Mc 5,40).
No momento atual, em tempo de coronavírus, podemos verificar também as posturas de indiferença ou hostilidade com os sofrimentos e a carestia ou o descaso a respeito da solidariedade e do cuidado com a saúde e à vida das pessoas em situação de risco. Neste contexto podemos nos perguntar: como é a nossa atenção, como discípulos de Cristo, aos que buscam a nossa ajuda e o nosso cuidado? Como estou me comportando com relação aos enlutados, doentes e as diversas formas de tratamento, de imunização das pessoas do nosso país e do nosso mundo?
Esta Liturgia nos revela que o Senhor caminha conosco operando milagres da cura e de salvação, seja em meio à multidão, nas travessias da vida, nas nossas indiferenças, medos, desesperos, enfermidades, nos diversos sofrimentos. Deus quer que tenhamos fé nEle, buscando tocá-Lo quando recebemos a Eucaristia e nos deixando tocar por Ele na sua Palavra. Como nos ensinou o teólogo Royo Marín (*1913+2005), fomos feitos pelo Criador para sermos habitação dEle, mas Deus quer nossa decisão de que Ele faça morada em nós.(1)
O livro da Sabedoria, na primeira leitura desta Liturgia, nos ajuda neste entendimento de que fomos criados para a vida imperecível: “Deus criou o homem para a imortalidade e o fez à imagem de Sua própria natureza” (Sb 2,23). Em nós, Deus imprime sua natureza, Ele nos chama a participar de Sua realidade santa e eterna.
São Paulo, na segunda leitura desta Liturgia, nos exorta sobre a importância da fé e da caridade na experiência de filhos e irmãos em Cristo: “Como tendes tudo em abundância – fé, eloquência, ciência, zelo para tudo, e a caridade de que vos demos o exemplo – assim também procurai ser abundantes nesta obra de generosidade” (2Cor 8,7). Busquemos caminhar com o Senhor praticando a nossa fé no seu amor, vencendo a nossa indiferença pela ação do Espírito Santo.
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(1) In MARÍN, Fr. Antonio Royo. O Grade Desconhecido: O Espírito Santo e seus dons. Campinas: Ecclesiae, 2016, p. 112.
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⇒ POESIA ⇐
Mãos do Cuidado e da Salvação
Mãos que acolhem e curam,
Que trazem o toque da salvação,
Que nos seguram para nos levantar,
Que nos abençoa em nossa ação,
Mãos amáveis de Nosso Senhor,
Que pelo seu imenso amor,
Ensinam-nos o valor da compaixão.
E pela nossa fé no Deus da vida,
Pedimos as bênçãos do Senhor,
Que nos faz filhos amados e queridos,
Pelas mãos que portam o amor,
Que nossas mãos tragam ações do bem,
Paz, serenidade e carinho, também,
Quando na vida nos vem a dor!
Senhor que dignifica a vida humana,
Que se expõe a nós para ser tocado,
Em meio a grande multidão,
Por doenças e mortes, sufocados,
Curai-nos da indiferença e hostilidade,
Que nossas mãos tragam a fraternidade,
Fazei-nos filhos muito amados.
Que nossas mãos façam caridade,
No cuidado e amor ao irmão doente,
Que sigamos vivenciando a fé,
No Deus amoroso e onipotente,
Sejamos discípulos perseverantes,
Na travessia a todo instante,
Comunidade de povo crente!
Que as mãos do Senhor toquem os corações,
Que se endurecem pela arrogância,
E o nosso mundo seja contagiado,
Da Palavra santa, imensa bonança,
E a paz seja fruto da Eucaristia,
No lugar da tristeza a alegria,
E nas nações sempre a esperança!
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*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que é força de cura e de vida, ilumine o seu caminho! ***
XII Domingo do Tempo Comum, Ano B, São Marcos
*** Ano de São José (2020/2021) ***
Leituras: Jó 38,1.8-11; Sl 107(106); 2Cor 5,14-17; Mc 4,35-41
⇒ HOMILIA ⇐
Jesus Está Conosco no Mar Revolto de nossa Vida
Mc 4,35-41
Meus irmãos e irmãs, o mistério pascal do XII Domingo nos motiva a contemplar a revelação de Jesus como Senhor dos fenômenos naturais, como o mar revolto. E o Evangelho desta Liturgia está em Mc 4,35-41, sequência do Domingo passado.
E no final daquela tarde Jesus está em travessia no Mar da Galileia, com alguns discípulos. Lá pelo meio do Mar a tempestade se aproxima, o barco vai se enchendo de água, mas Jesus está ali… tranquilo, dormindo. No desespero, os discípulos supõem que Jesus não se importa com eles. Serenamente, Jesus levanta e ordena à tempestade: “Silêncio! Cala-te!” (Mc 4,39). Em seguida a grande calmaria e acontece a pergunta de Jesus aos seus seguidores: “Porque sois tão medrosos? [em outra tradução: “Porque sois tão covardes?”] Ainda não tendes fé?” (Mc 4,40). Há um espanto por parte dos discípulos, pois ainda não reconheciam em Jesus a sua divindade e seu poder (cf. Mc 4,41).
E na travessia do mar de nossa vida, na nossa missão, devemos confiar que Jesus está no barco conosco. É Ele a origem da calma, da coragem e do equilíbrio diante das tribulações ou das tempestades existenciais, seja nos desafios da missão de cristão ou no cotidiano da nossa humanidade.
A verdade é que o desespero é uma das realidades humanas que nos afastam de Deus. E Ele, que nos dá três tipos de forças (ou virtudes) para estarmos sempre próximos, a Ele: a fé, a esperança e a caridade (cf. 1Cor 13,13). Em diversos momentos de nossa vida, quando no desespero, agimos como se Deus não caminhasse com a gente, como se estivesse dormindo. Somos fracos na fé, às vezes covardes quando nos escondemos atrás dos mais fracos e deixamos que o medo nos torne incapazes.
Mas o Apóstolo no exorta que a fé, que é a luz necessária para caminhar nas tribulações, é o fundamento da esperança (cf. Hb 11,1). Ser cristão, discípulo de Cristo, portanto, exige sacrifício, compromisso, entrega. Uma entrega à busca por uma profunda confiança na experiência do remar e do caminhar com Deus e seu projeto. Mais do que nossa própria humanidade (corajosa ou medrosa), é o próprio Espírito Santo, derramado em Pentecostes, quem nos alertará e nos preparará para os perigos nas tribulações e nas tempestades.
Por isso a importância do exercício da confiança no poder e na providência de Deus, tendo a certeza que Ele domina a tempestade, a ventania, o próprio mar. Ele é a rocha firme que fundamenta a fé e, consequentemente, a esperança. Como Jó, na primeira leitura desta liturgia, quando Deus, do meio da tempestade lhe pergunta: “quem fechou o mar com portas, quando ele jorrou com ímpeto do seio materno, quando eu lhe dava nuvens por vestes e névoas espessas por faixas” (Jó 38,8-9). Jó no seu sofrimento, pela fé, fez sua experiência do encontro com Deus, esse Deus que tem poder acima de qualquer tempestade.
Meditemos como está a vivência da nossa fé em meio às tempestades da nossa missão cristã, na nossa vocação assumida como pais de família, catequistas, ministros (ordinários ou extraordinários), coordenadores de pastorais e de movimentos – todos evangelizadores. Acolhamos o que nos diz São Paulo na segunda leitura desta Liturgia: “se alguém está em Cristo, é uma criatura nova. O mundo velho desapareceu. Tudo agora é novo.” (2Cor 5,17). Que a fé e a esperança sejam forças para estamos sempre próximos a Deus, remando e caminhando mesmo em meio às tempestades da nossa existência e da missão.
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⇒ POESIA ⇐
Com Jesus à Outra Margem
No caminhar desta vida terrestre,
Ou em meio ao mar das contradições,
Navegamos em meio às tempestades,
Nas águas fortes das agitações.
Para a outra margem remamos,
De encontro ao medo que enfrentamos,
Mas o Senhor acalma nossos corações.
Por que o medo nos vem tão forte?
Por quê de Cristo duvidar?
Se Ele caminha conosco tão presente,
E a gente vem a se apavorar?
Será por que ainda duvidamos,
Que somente no medo o buscamos?
Se Ele conosco sempre está?
E para atravessar esse mar bravio,
E para o outro lado ir com o Senhor,
Precisamos vencer a insegurança,
Que nos invade como um terror,
Precisamos também o outro aceitar,
Levando a palavra que vai salvar,
Com a força viva que é o amor.
E no nosso barco do qual estamos,
Outros irmãos estão remando,
Também com medo da tempestade,
Que no dia a dia vão enfrentado,
São tantos monstros a insistir,
Querendo a comunhão destruir,
Mas o Senhor está operando.
Então busquemos seguir em frente,
Tendo a certeza do Senhor presente,
Não somente na calmaria,
Mas na tempestade principalmente,
Porque Ele quer nosso seguimento,
Em cada dia, em cada momento,
Porquê é assim o discípulo crente.
E no hoje da grande embarcação,
Quando impera as contradições,
Quando não se confia mais na Providência,
Quando muitos navegam nas ilusões,
Os cristãos precisam firmes seguir,
Com Cristo presente a nos unir,
Vencendo o mar das decepções.
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*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que quer nosso seguimento, ilumine o seu caminho! ***
XI Domingo do Tempo Comum, Ano B, São Marcos
*** Ano de São José (2020/2021) ***
Leituras: Ez 17,22-24; Sl 92(91); 2Cor 5,6-10; Mc 4,26-34
⇒ HOMILIA ⇐
As Semente do Reino
Mc 4,26-34
Meus irmãos e irmãs, o mistério pascal do XI Domingo do Tempo Comum nos motiva a contemplar a mística do crescimento do Reino de Deus através das parábolas da semente. E o Evangelho desta Liturgia está em Mc 4,26-34.
Nesta Liturgia, o evangelista nos apresenta duas parábolas: a primeira é a da semente que germina por si só (cf. Mc 4,26-29) e a segunda é a do grão de mostarda (cf. Mc 4,30-32). As parábolas, ou comparações, era uma maneira de Jesus usar no seu ministério, na sua pregação para chegar aos ouvidos e aos corações do povo.
“O Reino de Deus é como quando alguém espalha a semente na terra. Ele vai dormir e acorda, noite e dia, e a semente vai germinando e crescendo, mas ele não sabe como isso acontece” (Mc 4,27). É o próprio Deus quem faz crescer o Reino. Muitas vezes não temos paciência e queremos colher os frutos ou mesmo interferir no processo que não compete a nós. É a mística, o segredo da parábola da semente que germina só. O que nos compete é a semeadura, espalhando a semente ou cuidando do terreno que poderá acolher a semente. Num mundo de tantos barulhos, a parábola da semente que germina só nos motiva a contemplar a vida fluir segundo os desígnios de Deus.
“O Reino de Deus é como um grão de mostarda que, ao ser semeado na terra, é a menor de todas as sementes da terra” (Mc 4,27). Esse crescimento acontece na simplicidade e aos poucos se expande como resultado de uma minúscula semente, produzindo muitos frutos. A Igreja, na diversidade de ministérios e pastorais (inclusive na dimensão social), faz o Reino acontecer no meio de nós.
Parecem pequenos certos gestos de acolhimento e de escuta, mas é isso que significa o grão de mostarda. São as visitas aos doentes, o cuidado com os mais frágeis e a atenção aos que precisam de oração. Como reza uma letra da saudosa Ir. Míria Kolling (*1939+2017), inspirada no poema de São João da Cruz: “pois ao entardecer do meu mortal viver serei julgado pelo amor!”. Sim, nós seremos julgados pelas sementes que espalhamos. O amor simples e humilde, às vezes pequeno como um grão de mostarda, germinará e fará crescer a árvore da existência regada pela força que vem de Deus.
Na primeira leitura desta Liturgia, a profecia de Ezequiel nos é revelada através de uma alegoria. “Eu mesmo tirarei um galho da copa do cedro, do mais alto de seus ramos arrancarei um broto e o plantarei sobre um monte alto e elevado. Vou plantá-lo sobre o alto monte de Israel” (Ez 17,22-23). Apesar da opressão babilônica, Deus renova a promessa de replantar na Terra Prometida e escolhe da cepa de Davi uma rama para a encarnação do Autor da Vida e fazer surgir um novo povo de Deus, que é a Igreja, fonte de libertação definitiva das amarras do mundo.
Na segunda leitura, São Paulo nos exorta a querer fazer parte do Reino. Diz o Apóstolo: “Por isso, também nos empenhamos em ser agradáveis a ele, quer estejamos no corpo, quer já tenhamos deixado essa morada.” (2Cor 5,9). Ser agradável a Deus é fazer a vontade de Deus na morada terrestre em virtude do céu. Com o salmista busquemos esperança pois “o justo crescerá como a palmeira, florirá igual ao cedro que há no Líbano; na casa do Senhor estão plantados, nos átrios de meu Deus florescerão.” Busquemos o amor e a justiça de Deus e o resto acontecerá para o bem de todas as criaturas.
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⇒ POESIA ⇐
Deus Faz Germinar e Crescer o Reino
Palavra que vem de mansinho,
Semeada pela mão do amor,
Que fecunda entre a noite e o dia,
Crescendo com a luz e o vigor,
Que aos poucos vai se espalhando,
E o mundo vai transformando,
Como árvore em seu esplendor.
Palavra, semente do Reino,
Que alimenta a missão,
Dos tantos semeadores,
Que vivem em constante ação,
Deixando Deus sempre agir,
Pra Boa-Nova se expandir,
E crescer a forte união.
Palavra que treina a espera,
Que vem ensinar a paciência,
Fazendo vencer a ansiedade,
E distrai a prepotência,
Gerando em nós a bondade,
E a força da fraternidade,
E o amor divina ciência.
Pequenas sementes do amor,
Nos gestos mais simples da vida,
Nas tantas ações em comum,
E nas propostas assumidas,
Nascendo os tantos projetos,
Que fazem o amor ser concreto,
E a paz ser reassumida.
O Verbo de Deus nos ensina,
O semear a caridade,
Pelos campos deste mundo,
Pra quem tem necessidade,
A plantarmos nos corações,
E espalhar pelas nações,
O bem com gratuidade.
Novo Rebento da aliança,
Cristo que o Reino anuncia,
Que vem e que cuida da gente,
Trazendo a paz e a harmonia,
Que vem trazer a nova vida,
A todos fazendo acolhida,
E nos brindando com a alegria.
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*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que revela a mística do crescimento do Reino de Deus, ilumine o seu caminho! ***
X Domingo do Tempo Comum, Ano B, São Marcos
*** Ano de São José (2020/2021) ***
Leituras: Gn 3,9-15; Sl 130(129); 2Cor 4,13-5,1; Mc 3,20-35
⇒ HOMILIA ⇐
O Senhor Chama-nos para Dentro
Mc 3,20-35
Meus irmãos e irmãs, o mistério pascal do X Domingo do Tempo Comum, do Ano B, nos motiva a contemplar a formação da família de Jesus com os que fazem a vontade de Deus. E o Evangelho desta Liturgia está em Mc 3,20-35, passagem que compõe a segunda parte do Evangelho segundo São Marcos, intitulada “O ministério de Jesus na Galileia”.
E a adesão à família de Jesus deve ser livre, vencendo a indiferença e abraçando a Boa-Nova encarnada em Deus Filho. Nesta Liturgia, o evangelista Marcos nos apresenta dois grupos: os que estão dentro da casa (escutando Jesus) e os que estão fora (julgando Jesus).
O primeiro grupo é formado pelos discípulos e a adesão é livre e desejada. As chaves para a presença diante do Jovem Galileu é a escuta e querer fazer a vontade de Deus. Esse grupo caminhará com Jesus e muitos ficarão pelo caminho como sementes semeadas por entre pedras ou espinhos, mas outros estarão em Pentecostes; são eles que avisam sobre a presença ostensiva da família de Jesus.
O segundo grupo é formado pelos Doutores da Lei e pelos familiares (mãe e irmãos), sua presença não é livre e estão ali a mando de um superior ou preocupados com a reputação familiar; o julgamento é o motivo que os fazem estar próximos ao Galileu.
Um parêntese sobre essa incômoda presença da Virgem nesta Liturgia, a qual devemos considerar o tempo da Páscoa e o mês mariano. Recordamos que a Virgem encontrou graça diante de Deus, deu a luz em condições precárias num presépio, viveu exilada no Egito, percorreu o calvário com Jesus, esteve aos pés da cruz, recebeu o corpo morto de Jesus e, após a Ascensão de Cristo, perseverou em oração com os discípulos em Jerusalém até o Pentecostes, para o tempo da Igreja.
Na vida de cristão, estar dentro da família de Jesus significa abraçar plenamente a Boa-Nova estando consciente e sem julgar a realidade daqueles que estão fora das práticas religiosas. No entanto, significa também estar contra os projetos, as ideologias que agridem os pobres e a vida que Deus quer que seja plenamente e abundante. Ser da família de Jesus é estar inserido em ministérios e pastorais da Igreja, que tem como ponto de partida (e não de chegada) o Batismo e a Crisma.
Devemos nos perguntar: o meu testemunho está voltado para uma atitude de quem está dentro ou fora do grupo do Jovem Galileu? Pecar contra o Espírito Santo é ser indiferente ou duvidar da obra de amor e de libertação querida por Deus. As palavras de Jesus devem nos incomodar e também provocar as mudanças. O que nos incomoda quando as palavras do Senhor ardem em nosso coração?
Na primeira leitura desta Liturgia, a Revelação nos apresenta dois pecados: o primeiro é o pecado da desobediência a Deus (e no Pai Nosso o fiel se compromete a fazer a vontade de Deus) e o outro pecado é contra a fidelidade conjugal [pois Adão e Eva, enquanto esposos, foram incapazes de abraçar o erro querendo fugir das consequências (cf. Catecismo da Igreja Católica, n. 2364)]. Um pecado que não é assumido adequadamente não pode ser vencido definitivamente.
Fazer parte da família de Jesus é assumir nossos compromissos e a parte que nos cabe em favor da justiça no mundo. Lembremos que a corrupção na política e nas várias dimensões da vida só perdem força quando realizamos mudanças (pequenas e grandes) no cotidiano concreto do nosso dia a dia.
Que o Espírito Santo nos fortaleça no seguimento, na família de Cristo, para que possamos atuar no mundo a partir da alegria do Evangelho. Coloquemos nossa confiança e esperança nele, como reza o salmista: “No Senhor ponho a minha esperança, espero em sua palavra. A minha alma espera no Senhor mais que o vigia pela aurora”.
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⇒ POESIA ⇐
Palavra que Vence no Mal
Palavra do Senhor,
Que vem ao nosso encontro,
Vem para nos tirar do mal,
Vem para nos dá um sinal,
Que invade o nosso coração,
Que vem nos fazer irmãos,
Para a vitória final.
Palavra do Senhor,
Que nos faz família santa,
Contra todas as tentações,
Contra tantas invasões.
Que vence o tentador,
Que nos tira o desamor,
E habita em nossos corações.
Palavra do Senhor,
Que une em vez de dividir,
Que vem nos trazer a vitória,
Que caminha na nossa história,
Que nos faz ficar atentos,
Entre os tantos desalentos,
Purifica nossa memória.
Palavra do Senhor,
Que nos chama a nos unir
Na sua casa santa,
Que em nossas vidas planta,
Pelo Espírito a santidade,
O desejo de eternidade,
Que em todos nós encanta.
Palavra do Senhor,
Que nos faz irmãos, irmãs e mães,
Reunidos em torno do Senhor,
Para superarmos o desânimo e a dor.
Para sempre e sempre escutar,
A mensagem que nos vem transformar,
Fazendo-nos seguidores do vivo amor.
Palavra de Nosso Senhor,
Que nos envia em missão,
Para a paz e o amor distribuir,
Que une em vez de dividir,
Que no alimento do Pão,
Traz a alegria e a união,
Para no mundo expandir.
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*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que formou Sua família com os que fazem a vontade de Deus, ilumine o seu caminho! ***