4º Domingo do Tempo Comum, Ano A, São Mateus

 

⇒ Intenções do Santo Padre, o Papa Francisco: Pelos educadores ⇐
⇒ Janeiro: Mês dedicado ao Santíssimo Nome de Jesus
⇒ 3º Ano Vocacional 
» Tema: “Vocação: graça e missão” «
» Lema: “Corações ardentes, pés a caminho” (cf. Lc 24,32-33)

 

Leituras: Sf 2,3;3,12-13; Sl 145(146),7.8-9a.9bc-10 (R. Mt 5,3); 1Cor 1,26-31; Mt 5,12a; Mt 5,1-12a

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

 

Felizes os que vivem em Cristo

Mt 5,1-12

 

Meus irmãos e minhas irmãs, a Liturgia do 4º Domingo do Tempo Comum, Ano A , nos motiva a contemplarmos a beleza e o sentido das bem-aventuranças. E o Evangelho desta Liturgia está em Mt 5,1-12.

As bem-aventuranças situam-se no Sermão da Montanha, sendo destinadas aos discípulos e à multidão. Precisamos refletir sobre o sentido mais profundo das bem-aventuranças e podemos nos perguntar: será que a nossa prática cristã, no dia-a-dia de nossa caminhada, consegue expressar, pelas nossas atitudes, as bem-aventuranças?

Precisamos olhar para o Senhor Jesus com o objetivo de perceber como Ele viveu as bem-aventuranças na Galileia. A Sua pregação refletia a própria vida junto aos pobres, aos injustiçados, aos doentes e aos discriminados. E em frente às multidões e aos discípulos, o Senhor apresenta o que, na verdade, poderia trazer felicidade àqueles que quisessem trilhar os caminhos do Reino de Deus e ganhar a salvação eterna.

E a lógica das bem-aventuranças nos ensina e nos prova que a verdadeira felicidade está no coração do homem que vive a prática do amor e da paz. Um amor traduzido numa vida totalmente livre das amarras da alienação e do medo, numa atitude serena no modo de anunciar a justiça e de lutar pela dignidade humana, mesmo nos momentos de tribulações, perseguições, sofrimentos e calúnias.

A Primeira Leitura desta Liturgia é a profecia, em Sofonias, sobre os remanescentes de Israel, também chamados de “os pobres de Israel”. Sofonias, profeta em Jerusalém na época do rei Josias (639-609), é portador de esperança num contexto de violência e opressão, pois após o reinado de Josias, Judá passa a vivenciar todo tipo de insegurança institucional e em seguida o exílio babilônico.

A profecia de Sofonias diz: “deixarei entre vós um punhado de homens humildes e pobres. E no nome do Senhor porá sua esperança (…) Eles não cometerão iniquidades nem falarão mentiras; não se encontrará em sua boca uma língua enganadora; serão apascentados e repousarão, e ninguém os molestará.” (Sf 3,12-13).

Portanto, irmãos e irmãs, a profecia era esperança para os que enfrentavam o exílio e também, séculos depois, para os discípulos e para a multidão presente no Sermão da Montanha (cf. Mt 5,1). Assim, as bem-aventuranças precisam encontrar um coração humilde e justo para que haja a vivência da mansidão, da pobreza em espírito, a misericórdia e a paz.

Já na Segunda Leitura desta Liturgia, o apóstolo São Paulo, escrevendo aos coríntios, também nos fala que “Deus escolheu o que o mundo considera como estúpido, para assim confundir os sábios; Deus escolheu o que o mundo considera como fraco, para assim confundir o que é forte” (1Cor 1,27). A lógica de Deus estará na contramão do nosso mundo material, consumista, dominador, explorador, prepotente e injusto.

Os cristãos serão parecidos com Cristo quando viverem como Ele viveu, do mesmo modo que Ele mesmo percorreu o caminho das bem-aventuranças. Ele foi manso com os prepotentes, humilde com os arrogantes, justo frente aos injustos, pobre em meio aos pobres e também aos ricos. Calou na hora certa, mas também anunciou e denunciou nos momentos necessários. A Sua pregação não foi para um grupo específico, foi para todos e quem acolheu a Sua mensagem entendeu o sentido da verdadeira felicidade.

Nós todos seremos bem-aventurados, isto é, felizes, quando entendermos a lógica da pregação evangélica e a praticarmos em nossa vida diária. Seremos felizes de verdade quando nossas atitudes forem coerentes com o Evangelho. A pobreza de coração, a mansidão, a justiça, a paz e a misericórdia só terão sentido, e mesmo serão percebidas e seguidas, quando estiverem presentes em nossas ações, ou seja, em nosso testemunho.

Talvez o maior desafio dos cristãos para vivenciarem as bem-aventuranças seja a dificuldade de entender que, na prática, exige-se doação de si, desapego às ideias materialistas e egoístas e, sobretudo, aceitar o sofrimento e a perseguição, ou seja, a cruz de Cristo como modelo.

O Senhor Jesus nos dirá pelo evangelista Mateus: “Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem, e mentindo, disserem todo tipo de mal contra vós, por causa de mim. Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos Céus” (Mt 5,11-12a). Busquemos viver uma experiência profunda de Deus e assim entenderemos a profundidade das bem-aventuranças. A nossa recompensa e felicidade perfeita, portanto, será a posse da Terra Celeste, o Céu, isto é, a nossa salvação. Amém.

 

*   *   *

 

⇒ POESIA ⇐

A felicidade em Cristo

 

A felicidade está
No coração desapegado,
Que não vive a escravidão
Da sedução do pecado,
Em quem vive a certeza,
No Deus amor encarnado.
*
A felicidade está
Na pessoa em liberdade,
Que caminha com firmeza,
Com os outros em irmandade,
Em quem busca a justiça,
A paz e a fraternidade.
*
A felicidade está
Nos que vivem a doação,
Guiados pelo Santo Espírito,
Vivendo a compaixão,
Ao lado daqueles que choram,
Fazendo a consolação.
*
A felicidade está
Nos que vivem a pregar
Servindo com o dom do amor,
Sem o outro explorar,
Vivendo a entrega completa,
E o testemunho a falar.
*
A felicidade está
Na mesa santa do amor,
Na pobreza de Espírito,
Vivida por Nosso Senhor,
No discípulo em missão,
Com entusiasmo e ardor.
*
A felicidade estará
Na Terra Santa e Prometida,
Morada da eternidade,
Por Deus estabelecida
No caminho mais perfeito,
Para verdadeira vida.

 

*   *   *

 

“O sermão das bem-aventuranças”, de J. Tissot (1836-1902). In <https://www.brooklynmuseum.org/opencollection/objects/13418>.

 

⇒ Que a Palavra e a Luz de Nosso Senhor Jesus Cristo, que nos apresenta a beleza e o sentido das bem-aventuranças, ilumine o seu caminho! 

 

 

Todos os Santos, Solenidade – 2022

Intenções do Santo Padre, o Papa Francisco: Pelas crianças que sofrem ⇐
⇒ Novembro: Mês dedicado às almas do purgatório 

Leituras: Ap 7,2-4.9-14; Sl 23(24),1-2.3-4ab.5-6 (R. cf. 6); 1Jo 3,1-3; Mt 11,28; Mt 5,1-12a

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

 

Bem-Aventurados São os que Procuram o Senhor

Mt 5,1-12a

 

Meus irmãos e minhas irmãs, chegamos à Solenidade de Todos os Santos, no primeiro Domingo de novembro, mês em que, tradicionalmente, dedicamos orações pelas almas do purgatório. Também oremos pelas intenções do Santo Padre, o Papa Francisco, que, neste mês, roga pelas crianças que sofrem.

Antes de adentrarmos na Liturgia da Palavra desta Solenidade, é importante recordarmos que o dia próprio de Todos os Santos é o 1º de novembro e que, portanto, antecede à Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos.

Ocorre que no Brasil o dia de Todos os Santos não é feriado e a Igreja dedica um Domingo para esta Solenidade. Liturgicamente, o dia primeiro é para Todos os Santos e o dia 2 para Todos os Fiéis Defuntos.

A Liturgia do Solenidade de Todos os Santos nos apresenta as bem-aventuranças como programa para alcançarmos a realidade celeste composta pelos santos e santas de Deus. E o Evangelho desta Liturgia está em Mt 5,1-12a.

Nesta Liturgia, Jesus está nas proximidades de Cafarnaum e o evangelista Mateus nos apresenta o Senhor que, vendo as multidões, sobe à montanha e senta para ensinar e proclamar as bem-aventuranças aos seus discípulos. A montanha, para o Antigo Testamento, é o lugar da manifestação de Deus, pois foi numa montanha que Moisés recebeu os Mandamentos.

As bem-aventuranças nos ensinam que, para ser santo, é preciso ser discípulo de Cristo com humildade, os pés no chão e o olhar atento aos diversos campos da existência humana, sejam eles econômicos, sociais, espirituais ou religiosos. Devemos cultivar a nossa sede de justiça.

E então podemos nos perguntar: o que tem a ver comigo a violência, urbana e rural? As guerras e a intolerância religiosa mundo afora, o que tem a ver? Jesus ainda apresenta duas bem-aventuranças exigentes: ser perseguido por causa da justiça e ser injuriado e caluniado por causa de Cristo (cf. Mt 5,10-12).

Portanto, o Senhor nos ensina que alcançaremos também a santidade nos empenhando no mundo por justiça e, ao mesmo tempo, vivendo as consequências desta busca.

Assim, a vivência da santidade deve ser testemunhada aqui e agora. Devemos ser mansos, justos, puros de coração, promotores da paz no grupo onde participamos, no trabalho, nas relações sociais e também na nossa família, com o cônjuge, com os filhos e com os irmãos e também entre os ministros ordenados e os religiosos.

Para isso, a santidade precisa da vivência da Palavra, da oração com liberdade nos caminhos do Senhor, praticando o amor em vista do Reino para fazer parte da “multidão imensa de gente de todas as nações, tribos, povos e línguas” (Ap 7,9), como nos fala São João na Primeira Leitura desta Liturgia. Esta busca de santidade deve ser sempre no Senhor, como discípulos missionários, que desejam ser purificados como o Senhor é puro (cf. 1Jo 3,3), como nos indica a Segunda Leitura.

Peçamos a Nossa Senhora, Rainha dos Santos, que ela interceda por nós para sermos, no meio do mundo, esta geração que procura o Senhor [cf. Sl 24(23)] e que semeia o Evangelho para a santidade de todos. Amém.

 

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⇒ POESIA ⇐

Quem é Santo…

 

Para buscar e viver a santidade
Deve-se trilhar nos caminhos do Senhor,
Estar atento à Palavra Sagrada,
Ser manso, justo e ter muito amor.
Deve-se viver as bem-aventuranças
Que Jesus nos deu como herança,
Que é centro do seu plano salvador.
*
A santidade não é coisa qualquer
Que a gente possa imaginar,
É caminho no chão concreto da vida,
Não ter medo do que se possa encontrar,
Pois ser santo tem suas consequências,
Muitas vezes precisa-se paciência,
Para no mundo não desanimar.
*
No início da história dos cristãos,
Ser santo implicava muita ousadia,
Muitas vezes implicava ser devorado pelas feras,
Ou ser colocado em grelha com brasas que ardia,
Mas o santo em sua enorme dor,
Ainda carregava o senso de humor,
Quando o fogo em chama lhe consumia.
*
O ser santo é sempre destinado
Para toda pessoa que quiser,
Mas para isso é preciso requisito,
Pois, não se santifica de um jeito qualquer,
Pra isso é preciso ter vocação,
Não viver na fantasia e na ilusão,
E é possível tanto pro homem quanto pra mulher.
*
Tem que ter um coração de amor,
Ter muita paz e muita alegria,
Mesmo diante das tantas misérias,
Fazer da noite às vezes o dia,
Ser bondoso e de muita caridade,
Promover a paz e a fraternidade,
Onde há muitas vezes má sintonia.
*
Às vezes é também ser ignorado,
Não ser reconhecido ainda em vida,
Pois ser santo exige além do presente,
Viver o amor e uma paz refletida,
Carregar um coração aberto às ações divinas,
Acreditar noutra vida que não termina,
E em Jesus apostar o caminho e a lida.
*
Muitos viveram radicalmente a castidade,
Entregaram sua vida totalmente,
Sem de nada ter nem um apego,
Carregavam no corpo e em sua mente
Um coração entregue somente ao Senhor,
Vivendo o trabalho na oração e no amor,
Vivendo no serviço às pessoas carentes.
*
Temos também que reconhecer
Que santos não são somente os do altar,
Temos tantos santos que não os conhecemos,
Por isso é preciso acreditar,
Que santo são todos os bem-aventurados,
Que viveram ou vivem o amor ao Bem-Amado,
Na esperança no Céu e com Jesus morar.

 

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Obra: “Sermão da Montanha” (extrato do retábulo), por Henrik Olrik (1830-1890). In commons.wikimedia.org: “File:Sankt_Matthaeus_Kirke_Copenhagen_altarpiece_detail1.jpg”

 

⇒ Que a Palavra e a Luz de Nosso Senhor Jesus Cristo, que nos motiva, com o auxílio das bem-aventuranças, a aspirar a corte celeste, ilumine o seu caminho!