4º Domingo do Tempo Comum, Ano A, São Mateus

 

⇒ Intenções do Santo Padre, o Papa Francisco: Pelos educadores ⇐
⇒ Janeiro: Mês dedicado ao Santíssimo Nome de Jesus
⇒ 3º Ano Vocacional 
» Tema: “Vocação: graça e missão” «
» Lema: “Corações ardentes, pés a caminho” (cf. Lc 24,32-33)

 

Leituras: Sf 2,3;3,12-13; Sl 145(146),7.8-9a.9bc-10 (R. Mt 5,3); 1Cor 1,26-31; Mt 5,12a; Mt 5,1-12a

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

 

Felizes os que vivem em Cristo

Mt 5,1-12

 

Meus irmãos e minhas irmãs, a Liturgia do 4º Domingo do Tempo Comum, Ano A , nos motiva a contemplarmos a beleza e o sentido das bem-aventuranças. E o Evangelho desta Liturgia está em Mt 5,1-12.

As bem-aventuranças situam-se no Sermão da Montanha, sendo destinadas aos discípulos e à multidão. Precisamos refletir sobre o sentido mais profundo das bem-aventuranças e podemos nos perguntar: será que a nossa prática cristã, no dia-a-dia de nossa caminhada, consegue expressar, pelas nossas atitudes, as bem-aventuranças?

Precisamos olhar para o Senhor Jesus com o objetivo de perceber como Ele viveu as bem-aventuranças na Galileia. A Sua pregação refletia a própria vida junto aos pobres, aos injustiçados, aos doentes e aos discriminados. E em frente às multidões e aos discípulos, o Senhor apresenta o que, na verdade, poderia trazer felicidade àqueles que quisessem trilhar os caminhos do Reino de Deus e ganhar a salvação eterna.

E a lógica das bem-aventuranças nos ensina e nos prova que a verdadeira felicidade está no coração do homem que vive a prática do amor e da paz. Um amor traduzido numa vida totalmente livre das amarras da alienação e do medo, numa atitude serena no modo de anunciar a justiça e de lutar pela dignidade humana, mesmo nos momentos de tribulações, perseguições, sofrimentos e calúnias.

A Primeira Leitura desta Liturgia é a profecia, em Sofonias, sobre os remanescentes de Israel, também chamados de “os pobres de Israel”. Sofonias, profeta em Jerusalém na época do rei Josias (639-609), é portador de esperança num contexto de violência e opressão, pois após o reinado de Josias, Judá passa a vivenciar todo tipo de insegurança institucional e em seguida o exílio babilônico.

A profecia de Sofonias diz: “deixarei entre vós um punhado de homens humildes e pobres. E no nome do Senhor porá sua esperança (…) Eles não cometerão iniquidades nem falarão mentiras; não se encontrará em sua boca uma língua enganadora; serão apascentados e repousarão, e ninguém os molestará.” (Sf 3,12-13).

Portanto, irmãos e irmãs, a profecia era esperança para os que enfrentavam o exílio e também, séculos depois, para os discípulos e para a multidão presente no Sermão da Montanha (cf. Mt 5,1). Assim, as bem-aventuranças precisam encontrar um coração humilde e justo para que haja a vivência da mansidão, da pobreza em espírito, a misericórdia e a paz.

Já na Segunda Leitura desta Liturgia, o apóstolo São Paulo, escrevendo aos coríntios, também nos fala que “Deus escolheu o que o mundo considera como estúpido, para assim confundir os sábios; Deus escolheu o que o mundo considera como fraco, para assim confundir o que é forte” (1Cor 1,27). A lógica de Deus estará na contramão do nosso mundo material, consumista, dominador, explorador, prepotente e injusto.

Os cristãos serão parecidos com Cristo quando viverem como Ele viveu, do mesmo modo que Ele mesmo percorreu o caminho das bem-aventuranças. Ele foi manso com os prepotentes, humilde com os arrogantes, justo frente aos injustos, pobre em meio aos pobres e também aos ricos. Calou na hora certa, mas também anunciou e denunciou nos momentos necessários. A Sua pregação não foi para um grupo específico, foi para todos e quem acolheu a Sua mensagem entendeu o sentido da verdadeira felicidade.

Nós todos seremos bem-aventurados, isto é, felizes, quando entendermos a lógica da pregação evangélica e a praticarmos em nossa vida diária. Seremos felizes de verdade quando nossas atitudes forem coerentes com o Evangelho. A pobreza de coração, a mansidão, a justiça, a paz e a misericórdia só terão sentido, e mesmo serão percebidas e seguidas, quando estiverem presentes em nossas ações, ou seja, em nosso testemunho.

Talvez o maior desafio dos cristãos para vivenciarem as bem-aventuranças seja a dificuldade de entender que, na prática, exige-se doação de si, desapego às ideias materialistas e egoístas e, sobretudo, aceitar o sofrimento e a perseguição, ou seja, a cruz de Cristo como modelo.

O Senhor Jesus nos dirá pelo evangelista Mateus: “Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem, e mentindo, disserem todo tipo de mal contra vós, por causa de mim. Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos Céus” (Mt 5,11-12a). Busquemos viver uma experiência profunda de Deus e assim entenderemos a profundidade das bem-aventuranças. A nossa recompensa e felicidade perfeita, portanto, será a posse da Terra Celeste, o Céu, isto é, a nossa salvação. Amém.

 

*   *   *

 

⇒ POESIA ⇐

A felicidade em Cristo

 

A felicidade está
No coração desapegado,
Que não vive a escravidão
Da sedução do pecado,
Em quem vive a certeza,
No Deus amor encarnado.
*
A felicidade está
Na pessoa em liberdade,
Que caminha com firmeza,
Com os outros em irmandade,
Em quem busca a justiça,
A paz e a fraternidade.
*
A felicidade está
Nos que vivem a doação,
Guiados pelo Santo Espírito,
Vivendo a compaixão,
Ao lado daqueles que choram,
Fazendo a consolação.
*
A felicidade está
Nos que vivem a pregar
Servindo com o dom do amor,
Sem o outro explorar,
Vivendo a entrega completa,
E o testemunho a falar.
*
A felicidade está
Na mesa santa do amor,
Na pobreza de Espírito,
Vivida por Nosso Senhor,
No discípulo em missão,
Com entusiasmo e ardor.
*
A felicidade estará
Na Terra Santa e Prometida,
Morada da eternidade,
Por Deus estabelecida
No caminho mais perfeito,
Para verdadeira vida.

 

*   *   *

 

“O sermão das bem-aventuranças”, de J. Tissot (1836-1902). In <https://www.brooklynmuseum.org/opencollection/objects/13418>.

 

⇒ Que a Palavra e a Luz de Nosso Senhor Jesus Cristo, que nos apresenta a beleza e o sentido das bem-aventuranças, ilumine o seu caminho! 

 

 

3º Domingo do Tempo Comum, Ano A, São Mateus

 

⇒ Intenções do Santo Padre, o Papa Francisco: Pelos educadores ⇐
⇒ Janeiro: Mês dedicado ao Santíssimo Nome de Jesus
⇒ 3º Ano Vocacional 
» Tema: “Vocação: graça e missão” «
» Lema: “Corações ardentes, pés a caminho” (cf. Lc 24,32-33) «
⇒ Domingo da Palavra de Deus 

 

Leituras: Is 8,23b-9,3; Sl 26(27),1.4.13-14 (R. 1a.1c); 1Cor 1,10-13.17; cf. Mt 4,23; Mt 4,12-23 (mais longo); Mt 4,12-17 (mais breve)

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

 

Ele está no Meio de Nós

Mt 4,12-23 (mais longo); Mt 4,12-17 (mais breve)

 

Meus irmãos e minhas irmãs, a Liturgia do 3º Domingo do Tempo Comum, Ano A , nos motiva a contemplarmos, pelo evangelista Mateus, os primeiros passos do Filho de Deus em direção aos Seus discípulos e, consequentemente, no meio de nós. E o Evangelho desta Liturgia está em Mt 4,12-23 (na versão mais longa) ou em Mt 4,12-17 (na versão mais breve).

A nossa caminhada com o Senhor está bem no início e podemos contemplar a Sua luz brilhando no mundo, pois o Senhor Jesus é a presença concreta do Reino de Deus entre nós. Isto pela sua mensagem, pelos seus milagres e pela sua ação salvadora, através da Sua compaixão, pela Sua paixão, morte, ressurreição e glorificação.

O evangelista Mateus nos informa que Jesus foi morar em Cafarnaum, que fica às margens do mar da Galileia, no território de Zabulon e Neftali (cf. Mt 4,13) e essa região é a mesma anunciada pelo profeta Isaías ao se referir ao povo de Israel quando era escravo e oprimido pelos assírios, por volta do séc. VIII a.C. Por isso o profeta Isaias anuncia a esperança para aquele povo. E diz: “O povo, que andava na escuridão, viu uma grande luz; para os que habitavam nas sombras da morte, uma luz resplandece” (Is 9,1).

Informado o contexto no qual o Evangelista nos apresenta, vemos que a presença do Senhor Jesus na Galileia é o cumprimento daquilo que o profeta Isaías anunciou: agora chegou a salvação para o povo que andava nas trevas (cf. Is 9,1). Ele é a grande luz presente no mundo, pois anuncia a conversão, cura as enfermidades e, ao mesmo tempo, chama colaboradores para a missão, porque Ele já é a presença do Reino em nosso meio.

Neste Evangelho também constatamos o chamado de Jesus aos primeiros discípulos, Simão Pedro e André, Tiago e João. Eles estavam na pesca. Pedro e André estavam lançando as redes e Tiago e João consertavam as redes na barca. Eram trabalhadores dedicados, mas o Chamado faz com que eles mudem imediatamente o percurso de suas vidas, seguindo, a partir daquele momento, o caminho de Jesus. Eles seguem imediatamente o Mestre, para anunciar, por toda a Galileia, que chegou a salvação.

Faz-se necessário que todos conheçam os ensinamentos sobre o Reino. Era preciso reconhecer a força de Deus em Jesus, o Filho amado que veio morar com o Seu povo. Os discípulos são os primeiros colaboradores de Cristo (cf. Jo 1,41) para que o Reino de Deus possa chegar a todo o mundo, pois a Palavra deve se espalhar pelas nações para fermentar o coração da humanidade proporcionando sentido de vida e libertação.

Na Segunda Leitura desta Liturgia, o apostolo São Paulo nos ensina como sermos irmãos em Cristo, de tal modo que não sejamos causa de divisão na comunidade, pois o poder de Deus está na comunhão e na caridade. Assim nos fala o Apóstolo: “Irmãos, eu vos exorto, pelo nome do Senhor nosso, Jesus Cristo, a que sejais todos concordes uns com os outros e não admitais divisões entre vós.” (1Cor 1,10).

Tanto nós, como os primeiros discípulos, somos chamados a mudar o nosso percurso para seguir o caminho de Jesus. Somos convocados pelo Batismo a formarmos a comunidade de amor que o Senhor deseja. Somos chamados a anunciar o Reino, pois Ele está próximo de nós, está nas curas que Deus propicia, nas ações comunitárias, na luta por justiça, na fraternidade, na paz e na comunhão.

Deus opera milagres em nossas vidas, principalmente quando vamos nos convertendo cada vez mais ao Seu Evangelho. Converter-se é trazer em nossa vida as mesmas atitudes de Jesus. E a Igreja nos ensina que o Senhor está presente de cinco modos na Missa, na celebração eucarística: está presente na pessoa do sacerdote, na Eucaristia, nos sacramentos, na Sagrada Escritura proclamada e quando a Igreja reza e canta (cf. SC 7) (1).

Em Cristo somos livres e, ao mesmo tempo, somos chamados a libertar os outros como membros da comunidade viva de Cristo, a Igreja. O mar, no sentido bíblico, simboliza os perigos e as trevas. Os discípulos saíram dessa escuridão para seguir a Luz do Senhor e, seguindo essa Luz, vão vencendo os perigos que podem levá-los aos tormentos presentes no mundo. Assim somos nós, os cristãos no mundo de hoje, discípulos e missionários em meio aos desafios e às trevas mas confiantes na Luz de Cristo que nos ilumina, que nos fortalece e que nos indica o caminho que, juntamente com os irmãos em Cristo, devemos seguir.

Que o Senhor nos abençoe e nos conduza na missão evangelizadora que Ele mesmo nos confiou. Que nossa missão seja concretizada no nosso testemunho de discípulos missionários. Que antes de pregarmos aos outros, possamos ter a convicção de que “O Senhor é minha Luz e Salvação. O Senhor é a proteção da minha vida” [cf. Sl 26(27),1]. Por fim, possamos ouvir o apóstolo São Paulo que, na Primeira Carta aos Coríntios, nos transmite uma exortação para que não sejamos nem de um grupo nem de outro, mas membros do povo do Senhor (cf. 1Cor 1,12). Amém!

*   *   *
(1) cf. SANTA SÉ. Sacrosanctum Concilium: Constituição conciliar sobre a sagrada liturgia. 1963. Disponível em: <https://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-ii_const_19631204_sacrosanctum-concilium_po.html>. Acesso em: 21 jan. 2023. 

*   *   *

 

⇒ POESIA ⇐

Tão Perto de nós, ó Senhor

 

Tão perto de nós, ó Senhor,
Na Sua Palavra forte,
Falando-nos da vida e do amor,
Tirando-nos do caminho da morte,
Assembleia viva em louvor,
No encontro que nos conforte.
*
Tão perto de nós, ó Senhor,
Pelo Seu Corpo santo e vivo,
Que nos alegra e nos faz prosseguir,
Unindo-nos a Ele num caminhar ativo,
Fazendo-se também Corpo se sentir,
Sendo Fermento, Sal e Luz, o Motivo.
*
Tão perto de nós, ó Senhor,
Nos Teus amigos anunciadores,
Discípulos da justiça e da vida,
Tua boca frente aos opressores,
Teus pés e tuas mãos envolvidas,
Nos tantos e tantos semeadores.
*
Tão perto ainda, ó Senhor!
Nos pobres e tantos sofridos,
Tuas chagas em tantos irmãos,
Partilhando Tua cruz nos desvalidos,
Que buscam em Ti compaixão,
E esperam serem acolhidos.
*
E tão perto de nós, ó Senhor
Pede-nos em nós a mudança,
Para não sermos filhos descrentes,
Pois Seu caminho é luz e esperança,
Mesmo no silêncio está presente,
E Seu amor nunca se cansa!

 

*   *   *

 

“A vocação de São Pedro e Santo André” In <https://www.brooklynmuseum.org/opencollection/objects/4458> e “A vocação de São Tiago e São João” In <https://www.brooklynmuseum.org/opencollection/objects/4460>, de J. Tissot (1836-1902).

 

⇒ Que a Palavra e a Luz de Nosso Senhor Jesus Cristo, presença concreta do Reino de Deus entre nós, ilumine o seu caminho! 

 

 

2º Domingo do Tempo Comum, Ano A, São Mateus

 

Intenções do Santo Padre, o Papa Francisco: Pelos educadores ⇐
⇒ Janeiro: Mês dedicado ao Santíssimo Nome de Jesus
⇒ 3º Ano Vocacional 
» Tema: “Vocação: graça e missão” «
» Lema: “Corações ardentes, pés a caminho” (cf. Lc 24,32-33) «

 

Leituras: Is 49,3.5-6; Sl 39(40),2.4ab.7-8a.8b-9.10 (R. 8a.9a); 1Cor 1,1-3; Jo 1,14a.12a; Jo 1,29-34

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

 

Batizados em Cristo

Jo 1,29-34

 

Meus irmãos e minhas irmãs, a Liturgia do 2º Domingo do Tempo Comum, Ano A, nos motiva a contemplarmos o início do Tempo Comum no qual São João Batista indica Nosso Senhor Jesus Cristo como “o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. E o Evangelho desta Liturgia está em Jo 1,29-34.

Após a solenidade da Epifania e a Festa do Batismo do Senhor, nós entramos no chamado Tempo Comum, período que contemplamos a ação do Verbo de Deus na história dos homens. Ele é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (cf. Jo 1,29), porque mergulhou em nossa realidade humana, santificou as águas e trouxe o batismo no Espírito Santo para resgatar a nossa imagem, a fim de que se assemelhe à d’Ele.

No Evangelho de hoje (cf. Jo 1,29-34) São João Batista indica Nosso Senhor e confirma o que ele já tinha anunciado nas suas pregações pelo deserto e o próprio João Batista também faz uma memória do acontecimento do batismo de Jesus e a sua experiência de ter visto o Espírito Santo descer e permanecer (cf. Jo 1,33), como ouvimos na Liturgia da Festa do Batismo do Senhor (cf. Mt 3,13-17).

O profeta Isaías nos fala do Servo de Israel, que será luz das nações e que trará a salvação até os confins da terra (cf. Is 49,3-6). Para nós, cristãos, Jesus é este servo, o Cordeiro que agora se entrega para salvar todos do pecado original. Ele traz a redenção e a paz para o mundo.

São Paulo, no início da Primeira Carta aos Coríntios, dirige uma mensagem aos que encontraram em Cristo o fundamento da santidade. Os que estão em Cristo são chamados a viver os mesmos sentimentos dele (cf.1Cor 1,2-4). Por isso os batizados têm a missão de serem santos dentro das diversas realidades do mundo.

Como fermento que transforma a massa e que a faz crescer, a missão dos cristãos, dos batizados no Espírito Santo é fazer crescer a força do Evangelho no mundo, vivendo a santidade com os pés firmes no chão da vida e iluminando os outros para também trilharem o mesmo caminho. Esta é a “missão de todos nós”(1).

Não podemos viver uma espiritualidade mergulhada no isolamento e no intimismo, alheios às realidades concretas da vida as quais estamos inseridos. Onde quer que estejamos, somos chamados a dar testemunho do que vivemos e também dar testemunho nas realidades onde estão ausentes os valores do Evangelho.

No seguimento a Cristo, somos também chamados a tirar o pecado do mundo. Ser seguidor é anunciar a justiça, é construir a fraternidade, vencer os males que afetam a realidade humana. Todas as vezes que nos reunimos para rezar, para planejar as ações de amor e de caridade estamos contribuindo para que a miséria que está no mundo seja diminuída.

Quando nos alimentamos do Corpo e do Sangue do Senhor, apresentados no altar de ação de graças e da doação do amor, somos também nutridos para vivermos, com perseverança e força, a missão que o Senhor nos confiou. A apresentação do Cordeiro na Mesa da Eucaristia nos motiva a recordar a atitude de São João Batista e fazermos o mesmo que ele fez: apontar para Cristo e apresenta-Lo aos que ainda não O encontraram.

Olhemos para o Cordeiro que agora nos oferece um banquete fraterno e santo para nossa salvação e perguntemo-nos: somos capazes de reconhecer os nossos pecados dos quais Cristo quer nos tirar? Quais são os pecados do mundo os quais estamos envolvidos? Que pecados queremos que Cristo tire do mundo, com a nossa colaboração?

São muitos os pecados os quais praticamos e que, de certa forma, podemos nomear nos dias de hoje: as injustiças sociais, a corrupção, as guerras, a opressão e a falta de acolhimento aos refugiados, as ambições, o egoísmo, o individualismo e, sobretudo, a omissão dos cristãos quando é preciso levantar a voz e defender a vida e a justiça.

Mas não esqueçamos dos tantos discípulos do Senhor (Bispos, padres, diáconos, religiosos e leigos) que se dedicam ao Reino com empenho através das missões nas dioceses, nas paróquias, nas comunidades e também os missionários além fronteiras, os que se envolvem em favor da justiça, da paz e do amor. Rezemos por todos os que semeiam, com fidelidade, entusiasmo e coragem a alegria do Evangelho.

Peçamos ao Espírito Divino que ilumine as nossas ações e os nossos corações para vencermos o medo e o comodismo e que nos venha a coragem de tomarmos consciência de nossos erros, os quais trazem consequências para a humanidade se distanciar da vida verdadeira. Que o Banquete do Cordeiro alimente a nossa vontade de vivermos fielmente o nosso batismo no Espírito de Deus em virtude de fazermos a experiência dos discípulos missionários neste mundo marcado por tantas controvérsias. Amém.

*   *   *
(1) Trecho da letra da música “Missão de todos nós”, de Zé Vicente. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=gWj-XoDuuGc>. Acesso em: 18 jan. 2020.
 

*   *   *

 

⇒ POESIA ⇐

Ele é o nosso Cordeiro

 

Olhemos para o altar,
Para o Cordeiro imolado,
Pedimos, Deus nos venha salvar,
Nos livrando do pecado.
*
Ouvindo o que Ele nos diz,
Nutrindo nosso coração,
Pedimos que nos faça feliz,
A vivermos como irmãos.
*
Entrando em Sua morada,
E com os irmãos encontrando,
Queremos a paz anunciada,
E no amor comungando.
*
Nosso Cordeiro amado,
Entregou-se em humildade,
E ao Seu Banquete integrados,
Vivemos a fraternidade.
*
Seu alimento é vida,
E a nós se ofertou
Fonte de eterna acolhida,
Pois a morte derrotou.
*
E a nós, os batizados,
No Espírito abrasador,
Sejamos também enviados,
Do santo e vivo amor.
*
E pelo o mundo em missão,
Levemos sempre a verdade,
O Evangelho em ação,
Salve toda a humanidade.
*
E no Batismo ardente,
Luz do Espírito que irradia,
Preencha-nos a alma e a mente,
De pura e repleta alegria.

 

*   *   *

 

“São João Batista vê Nosso Senhor Jesus de longe”, de J. Tissot (1836-1902). In <https://www.brooklynmuseum.org/opencollection/objects/4450>.

 

⇒ Que a Palavra e a Luz de Nosso Senhor Jesus Cristo, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, ilumine o seu caminho! 

 

 

Solenidade da Epifania do Senhor (2023)

 

⇒ Intenções do Santo Padre, o Papa Francisco: Pelos educadores ⇐
⇒ Janeiro: Mês dedicado ao Santíssimo Nome de Jesus
⇒ Ciclo das Rosas: (i) Tomada de hábito de Santa Teresinha do Menino Jesus – em dia 10 de janeiro de 1889 ⇐
⇒ 3º Ano Vocacional 
» Tema: “Vocação: graça e missão” «
» Lema: “Corações ardentes, pés a caminho” (cf. Lc 24,32-33) «

 

Leituras: Is 60,1-6; Sl 71(72),1-2.7-8.10-11.12-13 (R. cf. 11); Ef 3,2-3a.5-6; cf. Mt 2,2; Mt 2,1-12

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

 

A Luz do Senhor Atrai os Magos do Oriente

Mt 2,1-12

 

Meus irmãos e minhas irmãs, a Liturgia da Solenidade da Epifania do Senhor, neste ano, o último Domingo do Tempo do Natal, nos motiva a contemplarmos o mistério da encarnação do Verbo de Deus, agora com a adoração dos magos do Oriente. E o Evangelho desta Liturgia está em Mt 2,1-12, passagem que está localizada na primeira parte do Evangelho Segundo São Mateus intitulada “O nascimento e a infância de Jesus”.

Nesta Liturgia, Jesus, pequenino, está com a Sua Mãe, em Belém, recebendo dos magos do Oriente, a adoração e os presentes (o ouro, o incenso e a mirra). A palavra epifania, de origem grega, significa manifestação e, com esta Liturgia, a Igreja nos mostra que Deus se manifesta, através dos sábios da Pérsia, a todos os povos.

No Evangelho de hoje, o evangelista Mateus (cf. 2,1-12) narra o nascimento de Jesus em Belém e nos situa dentro do reinado de Herodes, o Grande, o qual se sente ameaçado por tal acontecimento e procura encontrar o Menino (cf. Mt 2,3). Os especialistas nas escrituras, que estavam a serviço de Herodes, localizam uma profecia de Miqueias (cf. 5,1-4) sobre o nascimento do Messias em Belém.

Em cena aparecem os magos do Oriente, que, mesmo não tendo as Escrituras, querem chegar até o Rei dos judeus que acabara de nascer (cf. Mt 2,2). Herodes, astutamente, pediu a ajuda dos magos para chegar até o Menino. Mas os magos, avisados em sonho, voltaram por outro caminho. (cf. Mt 2,12).

A Liturgia de hoje, irmãos e irmãs, nos ensina que os magos representam os gentios que buscam e acolhem a salvação de Deus. Estar com o Menino Jesus é o objetivo dos que querem encontrar-se com Deus. São Paulo, na sua Carta aos Efésios, ainda reforça que: “os pagãos são admitidos (…) membros do corpo, são associados à mesma promessa em Jesus Cristo…” (Ef 3,6).

Outro ensinamento é sobre as ofertas dos magos que foram entregues depois de adorarem o Menino (cf. Mt 2,1-12). O ouro é o reconhecimento da realeza de Cristo. O incenso reconhece a Sua divindade. Já a mirra nos traz duas indicações: que Jesus veio para aliviar o sofrimento dos pobres e que Seu corpo humano, mesmo incorruptível, terá tratamento, terá unção, antes da Ressurreição.

Um terceiro ensinamento, da Liturgia da Epifania do Senhor, diz respeito ao retorno dos magos. Sim, eles retornaram por outro caminho para fugir da astúcia de Herodes, mas também porque o encontro com Deus, na pessoa do Filho, fez deles homens renovados, alegres e convertidos. Por isso, seguem um novo caminho em suas vidas.

Portanto, irmãos e irmãs, esta Liturgia nos motiva a buscarmos constantemente o encontro com a pessoa do Filho “muito amado” do Pai, pois Cristo quer “fazer novas todas as coisas”, quer que sejamos discípulos muito amados por Ele. Nós, por outro lado, devemos participar da Eucaristia sempre como um ato louvor e de adoração, alegres pela busca de Deus. E então, podemos nos perguntar: O que tenho oferecido a Deus? Que dons tenho colocado a serviço do Reino?

Por fim, rogamos a Nossa Senhora do Sorriso, que curou Santa Teresinha do que hoje chamamos de depressão, que interceda para que possamos receber o Espírito Santo, Espírito da Fortaleza necessário para rompermos com tudo aquilo que nos impede de colocar nossos dons aos pés do Rei dos reis. Amém.

 

*   *   *

 

⇒ POESIA ⇐

Caminhar em Busca do Menino

 

Seguindo a estrela de Belém,
No desejo de encontrar o Senhor,
Vão os sábios do Oriente,
Com o coração ardente,
Prontos para adorar,
E também para ofertar,
Os seus simbólicos presentes.
*
O encontro com o Menino Deus,
Converte os magos caminheiros,
Seguem um rumo transformado,
As trilhas são de homens renovados,
Que levam a divina alegria,
Pra eles, antes não existia,
Sonho santo e realizado.
*
Este caminho todos devemos seguir,
Via do Deus amor e encarnado,
Convictos de um constante converter,
Adorando o Senhor para na fé crescer,
Num caminho de viva evangelização,
Marcado pelo amor e pela conversão,
E como discípulos nossos dons oferecer.
*
Não façamos como o rei tirano e solitário,
Que somente quis saber onde nasceu o Salvador,
Não trilhou o caminho para até lá chegar,
Pois teve medo de perder o seu lugar.
Porque o reinado do Senhor é diferente,
É de amor e para todos, como presente,
Aos que querem sempre O encontrar.
*
Carreguemos o sentido da salvação universal,
Onde todos têm direito aos dons divinos.
Pois, todo homem é chamado à conversão,
De qualquer canto do mundo ou nação,
Basta abrir o coração à grande novidade,
Porque Deus veio morar na humanidade,
Para nos presentear com a salvação.

 

*   *   *

 

“A Adoração dos Magos”, de J. Tissot (1836-1902). In <https://www.brooklynmuseum.org/opencollection/objects/4437>. Imagem da Rosa: In <gratispng.com/png-uj22en>

 

⇒ Que, a exemplo dos magos do Oriente, possamos adorar o Menino Deus, ofertar nossos dons e assim caminharmos por um caminho novo, como homens e mulheres renovados e convertidos! 

 

 

Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus (2023)

Oitava de Natal

 

⇒ Intenções do Santo Padre, o Papa Francisco: Pelos educadores ⇐
⇒ Janeiro: Mês dedicado ao Santíssimo Nome de Jesus
⇒ Ciclo das Rosas: (i) No dia 2 de janeiro de 1873 nascimento de Santa Teresinha e (ii) no dia 4 de janeiro de 1873 o seu Batismo
⇒ 3º Ano Vocacional 
» Tema: “Vocação: graça e missão” «
» Lema: “Corações ardentes, pés a caminho” (cf. Lc 24,32-33) «

 

Leituras: Nm 6,22-27; Sl 66(67),2-3.5.6.8 (R. 2a); Gl 4,4-7; Hb 1,1-2; Lc 2,16-21

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

 

Celebremos a Paz Junto à Santa Mãe de Deus

Lc 2,1-6

 

Meus irmãos e minhas irmãs, neste dia 1º de janeiro celebremos a paz junto à Nossa Senhora e ao Salvador, Nosso Senhor Jesus Cristo. A Liturgia da Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus, ainda no Tempo do Natal, nos mantém na proximidade da revelação do grande mistério da encarnação do Verbo de Deus. E o Evangelho desta Liturgia está em Lc 2,16-21.

Nesta Liturgia, Jesus está, inicialmente, envolto em faixas e, depois, sendo circuncidado, um sinal da aliança de Deus com Abraão (cf. Gn 17,1-27). Também esta Liturgia nos remete ao Dia Mundial da Paz, instituído por proposta do Papa São Paulo VI(1) e que neste ano a mensagem do Papa Francisco é dedicada ao tema da superação das dificuldades geradas a partir da pandemia do Covid-19, da guerra na Ucrânia e da esperança de que o coração dos homens e das mulheres se convertam às necessidades humanas numa perspectiva fraterna para edificar o Reino de Deus(2).

Nesta Liturgia, portanto, os cristãos se reúnem esperançosos, com expectativas e perspectivas, para celebrar o Dia Mundial da Paz junto com a Mãe de Deus. Ela que nos presenteou com o seu sim, acolhendo e fazendo com que o Príncipe da Paz (cf. Is 9,5) pudesse nascer e reinar em nosso meio, portando a misericórdia do Pai e a Salvação para todos.

No Evangelho de hoje, São Lucas apresenta o encontro dos pastores com o Menino Jesus, ainda na manjedoura e junto com Maria e José. Os pastores foram os primeiros que receberam a notícia do nascimento do Salvador. Eles também foram os responsáveis pelo anúncio das maravilhas de Deus, louvando toda a realização divina (cf. Lc 2,17-18.20).

A Virgem guardava todos esses acontecimentos e meditava em seu coração (cf. Lc 2,19), procurando compreender todo o processo da sua resposta a Deus, quando o Anjo a visitou. A Virgem Maria também meditava porque era mulher do silêncio e da oração, na sua missão de gerar e acompanhar o Verbo na Sua caminhada terrestre entre os homens.

Neste Dia Mundial da Paz, os cristãos também pedem a bênção que vem de Deus. Bênção que é sinal de salvação como escutamos na Primeira Leitura desta Liturgia do livro de Números. Diz o autor sagrado: “ ‘O Senhor te abençoe e te guarde! O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face, e se compadeça de ti! O Senhor volte para ti o seu rosto e te dê a paz!’ Assim invocarão o meu nome sobre os filhos de Israel, e eu os abençoarei”. (Nm 6,24-27).

Sobre o marco temporal de 2022 e 2023, devemos também ter em mente (e no coração!) que se faça a vontade do Senhor e não a nossa, “assim na terra como no Céu”. A Virgem nos possibilita que sejamos seus filhos. Ela, que é Mãe de Deus e nossa, ela também gerou a Igreja que somos parte. Ela é a Mãe do Príncipe da Paz, também nosso irmão, nosso Deus amado que veio ficar junto de nós para nos ensinar que Deus é Pai e tem misericórdia dos pecadores, por isso vem trazer a união e a fraternidade.

Nessa relação santa de filhos, São Paulo nos fala: “Assim já não és mais escravo, mas filho; e se és filho, és também herdeiro: tudo isso, por graça de Deus.” (Gl 4,7). Temos então o temor que vem do amor e da necessidade de santificação e não o medo da condenação. Se amamos o Senhor, faremos a vontade d’Ele e por isso não devemos ter medo d’Ele porque Ele está bem próximo de nós.

Por fim, peçamos a mediação materna da Mãe do Redentor para que possamos receber o Espírito Santo, Espírito da adoção dos filhos de Deus como ensina São Paulo aos gálatas e também a nós. Amém.

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(1) Cf. PAULO VI. Mensagem para a celebração do 1º Dia Mundial da Paz. Publicado em 8 dez. 1967. Disponível em: <https://www.vatican.va/content/paul-vi/pt/messages/peace/documents/hf_p-vi_mes_19671208_i-world-day-for-peace.html>. Acesso em: 27 dez. 2021.
(2) Cf. FRANCISCO. Mensagem para a celebração do 56º Dia Mundial da Paz. Publicado em 8 dez. 2022. Disponível em: <https://www.vatican.va/content/francesco/pt/messages/peace/documents/20221208-messaggio-56giornatamondiale-pace2023.html>. Acesso em: 28 dez. 2022.

 

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⇒ POESIA ⇐

Santa Mãe de Deus e Nossa

 

Mãe da escuta atenta,
Do silêncio e da oração,
Toda entregue por amor,
Ao Senhor da salvação,
Ensina-nos a santidade,
Mostra-nos tua serenidade,
Para a santificação.
*
Mãe de Deus e nossa Mãe,
Mãe do Príncipe da Paz,
Ensina-nos a fraternidade,
Que tanta harmonia nos traz,
Ensina-nos também a escuta,
A paciência na labuta,
Quando não somos capazes.
*
Que o nosso Príncipe da Paz,
Pela Sua encarnação,
Ajude-nos na caminhada,
E no amor entre os irmãos,
Trazendo-nos alegria,
Que nasce da Eucaristia,
Pra nossa libertação.
*
Que a benção do Senhor,
O Filho amado e querido,
Possa nos trazer a Paz,
Neste mundo tão sofrido,
Das guerras possa nos livrar.
E o amor sempre a buscar,
Os povos todos unidos.
*
Que a santa Eucaristia,
Renove a nossa lida,
Dando a força necessária,
Para a estrada percorrida,
E que o Deus Emanuel
Com a nossa Mãe do Céu,
Tragam a Paz à nossa vida.

 

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“A Adoração dos Pastores”, de J. Tissot (1836-1902). In <https://www.brooklynmuseum.org/opencollection/objects/4432>. Imagem da Rosa: In <gratispng.com/png-uj22en>.

 

⇒ Que a Luz do Cristo Senhor, o Pastor Supremo que veio cuidar de seu rebanho, ilumine o seu caminho!