IV Domingo da Quaresma, Ano B, São Marcos

 

*** Domingo da Alegria, Domingo Lætare, Ano de São José (2020/2021) ***

 

Leituras: 2Cr 36,14-16.19-23; Sl 137(136); Ef 2,4-10; Jo 3,14-21

 

⇒ HOMILIA ⇐

O Amor Gratuito de Deus por Nós

Jo 3,14-21

 

Meus irmãos e irmãs, o mistério pascal da Liturgia do IV Domingo da Quaresma, o Domingo da Alegria, neste Ano de São José, nos motiva a contemplar o amor gratuito de Deus por nós. E o Evangelho desta Liturgia está em Jo 3,14-21.

Com esta Liturgia a Igreja nos lembra da proximidade da Páscoa, o grande dia da vitória de Cristo, quando cantaremos, com grande júbilo, o Aleluia e o Glória em honra ao vencedor da morte, Ressuscitado para também nos ressuscitar. Este é o motivo de celebrarmos o Domingo Lætare, do latim “Alegra-te!”, pois se aproxima o grande dia.

O evangelista João nos apresenta o encontro com Nicodemos, em que Jesus demonstra o amor ilimitado e gratuito de Deus pela humanidade. Ele faz referência à serpente erguida no deserto comparando-a com a sua crucificação. No deserto, os israelitas não foram convidados a erguer os olhos para a serpente de bronze para contemplá-la, que é um animal venenoso em si, mas para voltar o olhar para o alto, onde Deus está. Deus que cura e liberta a todos do mal.

O Evangelho nos convida a olhar para o Crucificado, não para ver apenas o sofrimento cruel e humilhante, mas para perceber o limite do amor de Deus por todos nós. Este Deus que entregou seu Filho para que crendo alcancemos a vida eterna (cf. Jo 3,16). Por isso somos chamados a caminhar com dignidade, mesmo em meio as tentações e as cruzes. Deus nos oferece os meios para nos livrar do veneno do pecado que impede a salvação. Jesus veio nos mostrar o caminho do amor e da salvação e não o da condenação (cf. Jo 3,17).

Deus sempre caminhará conosco, apesar da nossa infidelidade, como podemos ver na Primeira Leitura desta Liturgia. O povo, que teve o Templo destruído, receberá de Deus o grande favor através do rei Ciro, que é tocado para anunciar a reconstrução do Templo, que foi destruído pela infidelidade e desobediência aos Mandamentos.

Muitas vezes, em função da nossa carne fraca, nós reforçamos a imagem de que Deus é vingativo. Nossas faltas e pecados são consequências de nossas escolhas em desobediência aos Mandamentos. Além de nossas falhas, as quedas podem ser provocadas pela ação do inimigo que nos tenta com diversas seduções.

Nesse sentido, o evangelista João nos mostra que a salvação é obtida hoje, no agora de cada um, pois depende das escolhas a cada momento, afirmando que “Quem nele crê, não é julgado; quem não crê, já está julgado, porque não creu no Nome do Filho único de Deus.” (3,18).

A condenação, portanto, virá quando não houver adesão ao projeto do Filho de Deus. Logo, devemos carregar a certeza de que a salvação é gratuita para os que têm fé, porém a adesão é espontânea. Nunca será tarde para nossa adesão e arrependimento, mas precisamos ter pressa na decisão para que nossas ações de amor e de testemunho também ajudem o mundo a melhorar.

E neste ano, em que a Campanha da Fraternidade trás como tema “Fraternidade e Diálogo: Compromisso de Amor” vamos lembrar o que o Papa Francisco nos fala por ocasião do lançamento desta Campanha: “a fecundidade do nosso testemunho dependerá também de nossa capacidade de dialogar, encontrar pontos de união e os traduzir em ações em favor da vida, de modo especial a vida dos mais vulneráveis”. E no contexto de pandemia, o Papa Francisco ainda fala: “precisamos vencer a pandemia e nós os faremos à medida em que formos capazes de superar as divisões e nos unirmos em torno da vida.”

Que o Espírito Santo nos guie neste itinerário para a Páscoa, para que, ao chegarmos à festa do Ressuscitado, tomemos posse da alegria do Cristo que venceu a morte para nós. Ergamos nossa cabeça em direção a Deus, que nos liberta e nos salva. É no alto da cruz que encontramos a razão da entrega de Deus por amor a toda humanidade.

 

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⇒ POESIA ⇐

Um Amor que se Derrama

 

Por amor,
Deus nos pensou,
Para que fôssemos amados,
E agraciados,
Como um grande presente,
Basta que sejamos crentes.

Por amor,
Deus nos criou,
Para o mundo embelezar,
E o governar,
Com sua sabedoria,
Que nunca se esvazia.

Por amor,
Deus se encarnou,
Para a nossa salvação,
E para a santificação,
Conosco vem caminhar,
Ensinando-nos a amar.

Por amor,
Deus se entregou,
Um Deus apaixonado,
Por nós crucificado,
Ergamos a visão,
Para a nossa salvação,

Por amor,
Deus nos iluminou,
Com o Espírito Santo,
O Eterno encanto,
Que, pelo mundo inteiro,
Fez-nos mensageiros.

Por amor,
Deus se fez alimento,
Na Palavra e na Eucaristia,
Que nos traz a alegria,
Do encontro verdadeiro,
Dos fiéis companheiros.

 

***

 

 

**** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, o enviado do Pai para salvar o mundo, ilumine o seu caminho! ***

 

IV DOMINGO DA QUARESMA (LAETERE)

CAMPANHA DA FRATERNIDADE – “FRATERNIDADE E SUPERAÇÃO DA VIOLÊNCIA”

ANO NACIONAL DO LAICATO

DOMINGO DA ALEGRIA (Lætare)

Leituras: 2Cr 36,14-16.19-23; Sl 136(137); Ef 2,4-10; Jo 3,14-21

POESIA

UM AMOR QUE SE DERRAMA

Por amor,
Deus nos pensou,
Para que fôssemos amados,
E agraciados,
Como um grande presente,
Basta que sejamos crentes.

Por amor,
Deus nos criou,
Para o mundo embelezar,
E o governar,
Com sua sabedoria,
Que nunca se esvazia.

Por amor,
Deus se encarnou,
Para a nossa salvação,
E para a santificação,
Conosco vem caminhar,
Ensinando-nos a amar.

Por amor,
Deus se entregou,
Um Deus apaixonado,
Por nós crucificado,
Ergamos a visão,
Para ver nossa salvação,

Por amor,
Deus nos iluminou,
Com o Espírito Santo,
O Eterno encanto,
Que, pelo mundo inteiro,
Fez-nos mensageiros.

Por amor,
Deus se fez alimento,
Na Palavra e na Eucaristia,
Que nos traz a alegria,
Do encontro verdadeiro,
Dos fieis companheiros.

 

HOMILIA

O amor gratuito de Deus por nós

A liturgia deste quarto domingo da Quaresma nos apresenta uma reflexão sobre o amor de Deus e a resposta do homem a este amor. Também a Igreja lembra que pela proximidade a que estamos da Páscoa celebramos a alegria, pois se aproxima o grande dia da vitória de Cristo, quando cantaremos, com voz forte e grande júbilo, o aleluia e o glória em honra a Jesus vencedor da morte, vitorioso para nos dá a vitória, ressuscitado para também nos ressuscitar. Este é motivo de celebrarmos o Domingo da Alegria (Lætare): se aproxima, portanto o grande dia!

O evangelho de São João nos traz o encontro de Jesus com Nicodemos. Jesus, num monólogo de grande profundidade, nos mostra o sentido e o ilimitado amor de Deus pela humanidade. Ele faz referência à serpente erguida no deserto comparando-a com a sua crucificação. No deserto, os membros de Israel não foram convidados a erguer os olhos para a serpente de bronze para contemplar este animal venenoso em si, mas para que as pessoas voltassem o olhar para o alto, onde está o Deus que cura e liberta a todos do mal (cf. Jo 3,14).

Em Jesus também somos conduzidos a olhar para ele erguido na Cruz, não para ver apenas o sofrimento cruel e humilhante, mas para perceber o limite do amor de Deus por nós. “Pois Deus amou tanto o mundo, que entregou o seu Filho único, para que todo o que nele crê não pereça, mas, tenha a vida eterna.” (Jo 3,16). O cristão é chamado a caminhar com a cabeça erguida, olhando para o alto, mesmo em meio as cruzes de sua vida, porque Deus é o amor ilimitado. Ele quer livrar a todos do veneno do pecado que impede de encontrarmos a salvação.

“… Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele” (Jo 3,17). Jesus veio nos mostrar o caminho do amor e não da condenação. A condenação é consequência da falta de amor. O mundo precisa do amor que tira o homem do pecado e da realidade onde há a ausência deste bem.

Deus sempre caminhará conosco mesmo quando somos infiéis ao seu projeto, como podemos ver na primeira leitura. O povo que teve seu templo destruído receberá de Deus o grande favor através do Rei Ciro, que é tocado para anunciar a reconstrução do Templo. A destruição anterior foi fruto da desobediência e da violência dos que não seguiam os mandamentos de Deus.

Muitas vezes temos uma concepção de que Deus castiga e que ele é vingativo. O que acontece é que olhamos Deus e o pensamos com nossas concepções humanas limitadas. Nossos desastres, nossas dores e nossos pecados são consequências de escolhas que fazemos em desobediência aos preceitos do Senhor. Também, muitos desastres em nossas vidas vêm do inimigo presente que nos seduz e por isso somos influenciados ou atingidos por tais pecados.

Voltando ao evangelho desta liturgia, podemos ver no texto de São João: “Quem nele crê, não é julgado; quem não crê, já está julgado, porque não creu no Nome do Filho único de Deus.” (3,18). Ou seja, para o evangelista João a salvação é hoje, é agora. Depende da minha opção a cada momento de minha existência.

Um pré-requisito é que tenhamos fé e estejamos decididos. A condenação, portanto, virá quando não houver fé no Filho de Deus. Assim podemos nos perguntar: quais são as minhas opções? O que vivo ou acredito está de acordo com os caminhos do Senhor? Qual o nível da minha fé?

Portanto, devemos carregar uma certeza: a salvação de Deus é gratuita, porém a adesão é espontânea. Nunca será tarde para nossa opção e arrependimento, mas precisamos logo nos decidir para que nossas ações de amor e de testemunho também ajudem o mundo a melhorar. Pelo batismo, somos sal e luz do mundo (cf. Mt 5,13), pois mesmo sabendo que é por “graça que somos salvos” (Ef 2,5b), precisamos comunicar ao mundo que o nosso Deus é amor misericordioso, e ele quer que sejamos misericordiosos também com os nossos irmãos.

Que o Espírito Santo de amor possa nos guiar e nos iluminar neste itinerário para a Páscoa, para que ao chegarmos à festa do Ressuscitado possamos nos alegrar verdadeiramente pela vida que venceu a morte e que é vitória também para nós. Ergamos nossa cabeça para a direção de onde está Deus, nele está a nossa da libertação e nossa salvação. É no alto da cruz que encontramos a razão da entrega de Deus por amor a toda humanidade. Amém.