1º Domingo do Tempo do Advento, Ano A, São Mateus

Intenções do Santo Padre, o Papa Francisco: Pelas crianças que sofrem ⇐
⇒ 3º Ano Vocacional 
» Tema: “Vocação: graça e missão” «
» Lema: “Corações ardentes, pés a caminho” (cf. Lc 24,32-33) «
⇒ Novembro: Mês dedicado às almas do purgatório 
⇒ Dia de Nossa Senhora das Graças ⇐

 

Leituras: Is 2,1-5; Sl 121(122),1-2.4-5.6-7.8-9 (R. cf. 1); Rm 13,11-14a; Sl 84(85),8; Mt 24,37-44

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

 

Esperemos Alegres o Senhor que Vem!

Mt 24,37-44

 

Meus irmãos e minhas irmãs, iniciamos hoje o ano novo na liturgia da Igreja, iniciamos o Ano A, percurso em que seremos guiados, sobretudo, pelas leituras do Evangelho Segundo São Mateus. Também iniciamos hoje mais uma volta no grande ciclo que são os três anos litúrgicos, representado, em algumas figuras, como um espiral que não se fecha. Outro início que acontece hoje é o do Ciclo do Natal, que é composto dos Tempos do Advento e do próprio Natal e se encerra no Batismo do Senhor. E a porta de entrada para estas três perspectivas é exatamente o 1º Domingo do Tempo do Advento.

Assim chegamos ao último Domingo de novembro, mês em que, tradicionalmente, dedicamos orações em sufrágio das almas do purgatório. Também neste mês busquemos rezar pelas intenções do Santo Padre, o Papa Francisco, que roga pelas crianças que sofrem. Uma outra marca deste Ano Litúrgico é a vivência do 3º Ano Vocacional, aberto no Domingo passado, e que tem como tema “Vocação: graça e missão” e o lema “Corações ardentes, pés a caminho”, inspirado num trecho da passagem dos discípulos de Emaús (cf. Lc 24,32-33).

O Tempo do Advento é marcado pela espera e vigilância. O ambiente da Igreja muda e cor roxa predomina nos paramentos e alfaias. Próximo ao local do Altar, está a coroa do Advento, na qual, a cada Domingo, uma vela é acesa para marcar o nosso caminhar na espera do Senhor que vem. Os cantos também expressam o que estamos celebrando no ritmo diário e semanal. As letras e os refrões dos cantos deste Tempo nos introduzem no clima de espera alegre e esperança, pois suas melodias anunciam que algo novo vem e nos alegrará. O Advento é esta espera alegre e confiante no Senhor no caminhar de nossa vida.

Neste 1º Domingo do Advento, do ano A, acolhemos os textos de Mateus no início da espera vigilante e alegre para nascimento do Menino Deus. Este evangelista escreve para os cristãos vindos do judaísmo. Nesta liturgia podemos ver, primeiramente, que o evangelista nos fala sobre a vinda do Senhor para julgar a terra. O segundo tema é sobre a vigilância, que é a atitude que os cristãos devem ter para esperar a justiça divina.

“Portanto, ficai atentos, porque não sabeis em que dia virá o Senhor” (Mt 24,42). Ficar atento às nossas atitudes, no que se refere às nossas fraquezas, comodismo, egoísmo e indiferença à Palavra de Deus. Ficar vigilante é estar preparado para o dia em que o Senhor virá julgar os homens. Não é necessário nos separarmos da realidade em que estamos inseridos, mas continuarmos atentos ao nosso testemunho entre os outros, com as pessoas, pois aqueles que viverão de acordo com a lei de Deus serão levados para o Senhor na sua glória (cf. Mt 24,40).

Diante destas reflexões não devemos ficar apavorados e nem com medo, mas fazer a experiência da escuta atenta da Palavra, confirmando numa atitude de alegre espera de quem confia na justiça do Senhor. Devemos caminhar como discípulos que anunciam a esperança num mundo onde a vida nova deverá nascer para todos, certos de que acontecerá tanto a salvação e o julgamento de Deus. Por isso a vida de oração e vigilância caracteriza a nossa preparação para celebrarmos o nascimento de Jesus e, ao mesmo tempo, estarmos atentos a cada momento de nossa vida para a segunda vinda do Senhor.

O profeta Isaías nos convida para vivermos esta alegre espera: “Vinde, todos da casa de Jacó, e deixemo-nos guiar pela luz do Senhor” (Is 2,5). Deixar guiar pela luz do Senhor nos dá a segurança e a certeza de que caminhamos para a vida eterna e que estamos iluminados e orientados por sua Lei. Neste sentido, o apóstolo Paulo nos exorta a revestirmo-nos do Senhor Jesus Cristo (cf. Rm 13,11-14). Revestir-se do Senhor é deixar de lado tudo aquilo que tira nossa dignidade e desfigura a nossa imagem de filhos de Deus.

Portanto, irmãos e irmãs, é no encontro com a Palavra e na Eucaristia que devemos viver o Advento. É de suma importância a penitência e a oração para vivermos bem este Tempo litúrgico. No encontro com os irmãos, partilhando o mesmo pão, partilhando também a Palavra e a vida, nas novenas de Natal em família, na reza do Terço e na contemplação do Presépio. Todas estas práticas e atitudes espirituais (e outras mais) nos colocam no clima da espera e da vigilância que o Tempo do Advento nos propõe.

“Que alegria, quando ouvi que me disseram: ‘vamos à casa do Senhor!’” Assim, o Salmo Rsponsorial [Sl 121(122)] nos faz compreender que é na casa do Senhor que melhor poderemos aprender sobre a experiência do Seu amor, da Sua misericórdia. Na Casa (Igreja) encontramos o alimento completo (Palavra e Eucaristia) e a razão de sermos filhos e imagem do Deus que nos criou e nos quer presentes no Seu Reino eterno, sob o olhar atento e materno de Nossa Senhora das Graças, a Senhora do Advento. Amém!

 

*   *   *

 

⇒ POESIA ⇐

Espera Atenta e Ativa

 

Atentos à voz do Senhor
Trazendo-nos a redenção,
A este mundo em conflito,
Carente de reconciliação
E as dores sufocando
Toda a nossa criação.
*
Atentos à Palavra santa,
Que vem nos comunicar,
A perfeita alegria de Deus
Chegando a nos despertar,
E das trevas nós fujamos,
Firmes sempre a caminhar.
*
Atentos à Luz verdadeira,
Clareando o espaço sagrado,
E às flores que perfumam,
O nosso tempo esperado,
Do Verbo que sempre vem,
Nosso Deus muito amado.
*
Que vença o amor de Deus,
Em toda a humanidade,
E espalhando o diálogo,
No lugar da maldade
E em todos os corações,
Renasça a fraternidade.
*
Pés firmes na longa estrada,
E em nosso bom Senhor,
Que renasça a alegria,
Sem o medo e o rancor,
E que se acenda chama,
Da vida e do esplendor!
*
Sejamos também presentes
Do Deus Eterno Amor,
Supremo, Verbo, Vida
Menino, Santo e Senhor.
E na santa Comunhão,
Esperemos o Salvador.

 

*   *   *

 

Imagem principal: Foto de P. Mcadams (2019). In iStock. Imagem da coroa do Advento: In <https://favpng.com/png_view/candles-advent-wreath-advent-candle-advent-sunday-clip-art-png/SUjmR1M6>

 

⇒ Que a Luz da Sagrada Família de Nazaré, que nos ensina sobre a espera atenta e ativa, ilumine o seu caminho! 

 

 

Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo, Ano C, São Lucas

Intenções do Santo Padre, o Papa Francisco: Pelas crianças que sofrem ⇐
⇒ Novembro: Mês dedicado às almas do purgatório 
⇒ Ciclo das Rosas: Santa Teresinha aos pés do Papa Leão XIII ⇐
⇒ Dia Nacional dos Cristãos Leigos ⇐

 

Leituras: 2Sm 5,1-3; Sl 121(122),1-2.4-5 (R. cf. 1); Cl 1,12-20; Mc 11,9.10; Lc 23,35-43

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

 

Rei, Reino e Trono diferentes dos Tronos deste Mundo

Lc 23,35-43

 

Meus irmãos e minhas irmãs, chegamos ao último Domingo do Tempo Comum do Ano C e o terceiro Domingo de novembro, mês em que, tradicionalmente, dedicamos orações em sufrágio das almas do purgatório. Também oremos pelas intenções do Santo Padre, o Papa Francisco, que, neste mês, roga pelas crianças que sofrem.

E neste último Domingo do Tempo Comum nós celebramos a Liturgia da Solenidade de Cristo Rei do Universo nos motiva a contemplar Nosso Senhor Jesus Cristo em Seu trono, um trono diferente dos deste mundo. E o Evangelho desta Liturgia está em Lc 23,35-43.

A solenidade de Cristo Rei foi instituída pelo Papa Pio XI em 1925. Inicialmente era celebrada no último Domingo de outubro, o qual era próximo do dia de Todos os Santos, “a fim de que se proclamasse abertamente a glória daquele que triunfa em todos os santos eleitos”. Com a reforma litúrgica, após o Concílio Vaticano II, esta celebração foi transferida para o último Domingo do Tempo Comum, concedendo um significado mais amplo e sublinhando a dimensão escatológica do Reino em sua consumação final(1).

A partir deste percurso queremos também olhar para o Senhor, e para nós, no intuito de fazermos uma retrospectiva de tantos passos dados. A cada Eucaristia celebrada, aliada à dimensão da Palavra, nos fortalecemos de nossos desânimos e cansaços da vida. Por isso, essa ação precisa ser constante. Mas essa rotina é, como prometido por Jesus, suave e leve (cf. Mt 11,28-30).

O Evangelho desta Liturgia nos apresenta Jesus, o nosso Rei, num trono diferente, a cruz, de pernas e braços presos ao madeiro, porém – e o que é importantíssimo! – a boca e o coração estão livres para anunciar e oferecer o seu Reino de amor e salvação aos que acolherem ou suplicarem.

Contemplamos ainda a sua coroa, uma coroa de espinhos e também os ladrões ao Seu lado. Um deles quis e soube fazer sua súplica, ele pediu que aquele Rei não se esquecesse dele no Paraíso e por isso conseguiu um lugar no Reino celestial, pois a resposta de Jesus nos assegura esta afirmação: “Em verdade eu te digo: ainda hoje estarás comigo no Paraíso” (Lc 23,43).

A promessa que os profetas anunciaram sobre o Reino de justiça, de amor e de paz se cumpre plenamente em Jesus. Ele é da descendência de Davi, aquele rei que foi ungido em Israel para apascentar, conduzir, zelar e cuidar do povo, como rebanho que é do Senhor e não propriedade do rei terreno, como vimos na Primeira Leitura desta Liturgia (cf. 2Sm 5,1-3).

Jesus é rei diferente, Ele é o Bom Pastor, pois não somente conduz, mas se possível, e necessário, carrega as ovelhas nos Seus braços, para que retornem ao Seu rebanho. Sua autoridade é o serviço aos que estão perdidos e carregados de fardos pesados, de cruzes que a vida terrena vai apresentando durante a caminhada. A comida para as Suas ovelhas é seu próprio Corpo doado gratuitamente, a bebida é Seu próprio sangue derramado para purificar, para matar a sede de amor e fortalecer Seus membros, os bem-aventurados que desejam inserir-se na multidão dos santos na glória celeste.

São Paulo, na Segunda Leitura, nos leva a contemplar a figura do nosso Rei, o qual devemos sempre reconhecer como o verdadeiro: “Ele é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação, pois por causa dele foram criadas todas as coisas no céu e na terra, as visíveis e as invisíveis, tronos e dominações, soberanias e poderes.” (Cl 1,15-16).

Muitas vezes queremos incutir em nossas ações e posturas o anúncio distorcido sobre o poder de Deus e Seu Reino. Esquecemos que quando pedimos “venha a nós o Vosso Reino”, estamos suplicando a presença de uma realidade divina em nossas vidas. A presença de Cristo em nosso meio é a presença da imagem do Pai-Nosso, que nos congrega como irmãos, para formamos um Reino diferente dos reinos que o mundo dos homens concebe.

Portanto, irmãos e irmãs, a mensagem que a Liturgia nos apresenta hoje é que possamos pensar naquilo que é a vontade e plano do Reino de Deus. Enquanto existirem as tantas injustiças, seja por opressão e dominação, podemos dizer que está ausente e, ao mesmo tempo, há a necessidade do Reino de Deus. Quando há partilha, doação, fraternidade e a caridade entre as pessoas e para as pessoas, haverá um sinal concreto de que o Reino de Deus está acontecendo já neste mundo.

Que a Eucaristia, sob o olhar de Nossa Senhora das Graças, nos alimente na busca da construção do Reino de Jesus sobre o mundo e que a Palavra nos guie na realização de ministérios, de ordenados ou leigos dignos, como discípulos missionários na busca de contribuir e concretizar a Igreja como ambiente de expressão do reinado santo de Deus. Encerremos esta reflexão rezando alguns versículos do salmo responsorial desta Liturgia: “Quanta alegria e quando ouvi que me disseram: vamos à casa do Senhor… A sede da justiça lá está e o trono de Davi.” [cf. Sl 121(122),1.5]. Amém.

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(1) Cf. Roteiros homiléticos para o Tempo Comum – Ano B – São Marcos. Brasília: Edições CNBB, 2012.

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⇒ POESIA ⇐

Um Rei que nos Quer no Seu Trono

 

Olho para Ti Senhor,
Entregando-se na cruz em liberdade,
Sendo em nossas dores, solidariedade,
E vejo o Teu amor se derramar por nós,
Querendo que ao Seu trono cheguemos,
E por isso com medo não fiquemos,
Porque caminhamos perto de Vós.
*
Olho para Ti Senhor,
Reconhecendo Tua justiça e Teu perdão,
Ansiando Teu presente, à salvação,
Como aquele ladrão suplicando ao Teu lado,
Levaste à glória aquele que se compadeceu,
Porque Tuas palavras no coração ele acolheu,
E por isso foi participar do Teu santo reinado.
*
Olho para Ti, Senhor,
Caminhamos tanto, mas precisamos aprender,
Que o Teu Reino ainda está a estabelecer,
Porque nos desviamos do Teu caminho,
E assim precisamos muito pedir-te perdão,
E reconhecer que Teu amor é imensidão,
E que não nos salvamos nunca sozinhos.
*
Olho para Ti, Senhor,
Nesse trono, braços abertos para todas as nações,
Quer reinar fortemente em nossos corações,
E vejo o Teu trono, acima do nosso olhar,
Quer nos conduzir ao “hoje” do Teu Paraíso,
Apenas o nosso querer e pedido é preciso,
Para nos conduzir a Teu santo lugar.
*
Olho para Ti, Senhor,
Vejo o poder que vem do Teu infinito amor,
O Teu corpo que é alimento salvador,
Peço-Te que nos ensine o Teu jeito de reinar,
Tua palavra nos ensina por onde prosseguir,
Teu reinado é somente amar e servir,
E nada mais que se possa acrescentar.
*
Olho para Ti, Senhor,
E penso quando nos encontrar em fraternidade,
Quando o nosso apostolado se faz na caridade,
E assim vejo que Teu Reino em nosso meio já está,
E a paz é em definitivo anunciada,
Nossa vida em comunhão concretizada,
Tendo em nós a certeza que Tu nos salvará.

 

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Obra: “The Pardon of the Good Thief”, por J. Tissot (1836-1902). In brooklynmuseum.org. Imagem da Rosa: In <gratispng.com/png-uj22en>

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Obra sacra: “The Strike of the Lance”, por J. Tissot (1836-1902). In brooklynmuseum.org. Imagem da Rosa: In <gratispng.com/png-uj22en>

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Foto: O Bom Pastor no Museu Vaticano, por MarvinMep (dez. 2019). In <pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:O_bom_pastor_no_museu_vaticano..jpg>. CC BY-SA 4.0. Imagem da Rosa: In <gratispng.com/png-uj22en>

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Obra sacra: “What Our Lord Saw from the Cross”, por J. Tissot (1836-1902). In brooklynmuseum.org. Imagem da Rosa: In <gratispng.com/png-uj22en>.

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Obra sacra: In <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Psalms_Chapter_23-1_(Bible_Illustrations_by_Sweet_Media).jpg>. Imagem da Rosa: In <gratispng.com/png-uj22en>

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Foto de Projeto Lumo (2016). In <freebibleimages.org/photos/lumo-72-sent/>. Imagem da Rosa: In <gratispng.com/png-uj22en>

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⇒ Que a Palavra e a Luz de Nosso Senhor Jesus Cristo, que nos motiva e nos ensina a contemplarmos o Seu trono, um trono diferente dos tronos deste mundo, ilumine o seu caminho! 

 

 

33º Domingo do Tempo Comum, Ano C, São Lucas

Intenções do Santo Padre, o Papa Francisco: Pelas crianças que sofrem ⇐
⇒ Novembro: Mês dedicado às almas do purgatório 
VI Dia Mundial dos Pobres

 

Leituras: Ml 3,19-20a; Sl 97(98),5-6.7-8.9a.9bc (R. cf. 9); 2Ts 3,7-12; Lc 21,28; Lc 21,5-19

 

⇒ HOMILIA ⇐

 

Nossa Fé e Esperança se Sustentam na Palavra de Deus e na Eucaristia

Lc 21,5-19

 

Meus irmãos e minhas irmãs, chegamos no 33º Domingo do Tempo Comum, o penúltimo Domingo do Ano C e o segundo Domingo de novembro, mês em que, tradicionalmente, dedicamos orações em sufrágio das almas do purgatório. Também oremos pelas intenções do Santo Padre, o Papa Francisco, que, neste mês, roga pelas crianças que sofrem.

O 33º Domingo do Tempo Comum nos motiva a contemplar Nosso Senhor Jesus Cristo orientando-nos e tornando-nos discípulos conscientes sobre as consequências da missão. E o Evangelho desta Liturgia está em Lc 21,5-19.

Em nosso tempo, muitas são as realidades de ameaças aos que creem e muitas são as vidas oferecidas para que o Reino de Deus seja anunciado. Assim, não devemos imaginar a missão e a experiência cristã como algo tranquilo e acomodado, vivenciada na zona de conforto das nossas vidas. O Senhor nos alertou sobre o que aconteceria aos que seguissem o Seu caminho, porém podemos ter certeza que Ele também não nos decepciona quando nos promete a vida nova e eterna na Sua glória.

O Senhor Jesus se dirige aos que o acompanham, seus discípulos, e diz: “Vós admirais estas coisas? Dias virão em que não ficará pedra sobre pedra. Tudo será destruído” (Lc 21,9). Ele se refere ao templo material, que é perecível, fala sobre os sinais, os combates e os falsos mensageiros que aparecerão para pregar outras doutrinas.

Os que seguem o Senhor e anunciam a sua Palavra serão agraciados com sua proteção e, portanto, não deverão temer o julgamento porque Ele o fará com justiça como nos fala o salmista: “O Senhor virá julgar a terra inteira; com justiça julgará.” [cf. Sl 97(98),9]. No entanto, o seu julgamento será temido pelos que não a abraçam.

Muitos se deixam enganar, exatamente, porque ouvem mais o que falam de Jesus do que fala o próprio Senhor Jesus. Mas há, ainda, um outro tipo de ouvinte: os que não estão conscientes do caminho que o Senhor da vida verdadeira nos apresenta.

Por isso é importante escutar a Palavra e ruminá-la constantemente, além de exercitar a paciência e a perseverança, dimensões desprezadas em tempo de redes sociais em que tudo é instantâneo. No entanto, a paciência e a perseverança são fundamentais para que possamos construir um alicerce mais consistente e firme na fé, na esperança e na caridade (cf. Lc 21,19).

Quando abraçamos o seguimento do Senhor Jesus, não devemos temer perseguições e provações (externas ou não). Às vezes, situações simples e até naturais da vida nos afetam porque não temos bem claro o caminho que fazemos e não desenvolvemos a confiança em Deus, que é um Pai atento às necessidades de seus filhos e dará o que é bom aos que pedirem (cf. Mt 7,11) e dará também o Espírito Santo (cf. Lc 11,13). Por isso, devemos nos alimentar sempre da Palavra e da Eucaristia, pois é presença e força de Cristo ressuscitado para nós.

Como discípulos e missionários de Cristo precisamos confiar no Seu caminho, sermos caminheiros incansáveis e corajosos diante dos combates que se apresentam. Como nos falou o próprio Jesus: “E eles matarão alguns de vós. Mas vós não perdereis um só fio de cabelo da vossa cabeça. É permanecendo firmes que ireis ganhar a vida!” (Lc 21,16b.18-19). Confiar nessa promessa nos fortalece enquanto discípulos, missionários e profetas.

Ao anunciarmos as verdades do Evangelho as perseguições e as provações, de uma forma ou de outra, acontecerão. Por isso, devemos ter a certeza de que ser cristão é estar a serviço do Senhor do Universo, que nos apresenta e nos assegura a vida verdadeira na Sua glória. E isso, por si, é bom e gratificante.

Caminhemos firmes e fortes, irmãos e irmãs, como verdadeiros discípulos, sem ociosidade e sem comodismos como nos alerta São Paulo na Segunda Leitura. Diz o Apóstolo: “Ora, ouvimos dizer que entre vós há alguns que vivem à toa, muito ocupados em não fazer nada.” (2Ts 3,11). O discípulo está sempre a serviço do Reino, sem descuidar de também trabalhar para o sustento e manutenção dos seus.

Que neste penúltimo Domingo do Ano C, e o VI Dia Mundial dos Pobres, possamos fazer uma avaliação da nossa caminhada com o Senhor, relacionado ao nosso discipulado, exercido na comunidade em que estamos inseridos; à nossa experiência na Palavra, que nos orientou e nos orienta; à participação na Eucaristia, que nos fortalece na busca da santidade e no nosso convívio com os irmãos e as irmãs. Podemos, ainda, avaliar o nosso anúncio: será que fomos anunciadores do Reino no nosso trabalho, no convívio social e nos nossos contatos gratuitos com as pessoas nas diversas dimensões sociais em que estamos inseridos? Rezemos sobre estes questionamentos e vejamos aonde chegamos. Isto sim sendo gratos a Deus por tudo. Amém.

 

*   *   *

 

⇒ POESIA ⇐

Vivos e Fortes em Cristo

 

Somos fortes e vencedores,
Quando alimentados pela certeza,
De que em Cristo temos a fortaleza,
Para continuar sem medo de desistir,
Mantendo a fé no caminho a seguir,
Como fiéis de Cristo ao redor da mesa.
*
Acreditar na vida como um presente,
É nosso destino, é a eternidade,
Continuamos vivendo a gratuidade,
Que depende de nós para chegar,
Basta uma qualidade de fé cultivar,
E abraçar o espírito de fraternidade.
*
É preciso o alimento forte receber,
Para não desmoronar em frente ao tentador,
Pois com o Ressuscitado não há temor,
Porque Ele, a vida nova veio nos dar,
E o seu Reino eterno, nos presentear,
Para todos os que querem o Seu amor.
*
Somos fortes também na comunidade,
Quando unidos vivemos a unidade,
Ouvindo a Palavra na fraternidade,
Como o povo de Deus a se encontrar,
Para neste encontro junto comungar,
E vivermos o sonho da eternidade.
*
Que ao redor da mesa do Senhor,
Possamos proclamar com convicção,
Quando do Corpo que era Pão,
Anunciar que a morte foi vencida,
E que acreditamos na nova vida,
Que recebemos por graça e doação.
*
Animando os nossos corações,
E confirmando a nossa boa ação,
Ficando cada vez mais em oração,
Para que a Palavra seja anunciada,
E que seja sempre confirmada
Que a vida de Cristo, em nós, é redenção.

 

*   *   *

Obra: “The Disciples Admire the Buildings of the Temple”, por J. Tissot (1836-1902). In brooklynmuseum.org.

 

⇒ Que a Palavra e a Luz de Nosso Senhor Jesus Cristo, que nos motiva e nos orienta, tornando-nos discípulos conscientes sobre as consequências da missão, ilumine o seu caminho! 

 

 

Todos os Santos, Solenidade – 2022

Intenções do Santo Padre, o Papa Francisco: Pelas crianças que sofrem ⇐
⇒ Novembro: Mês dedicado às almas do purgatório 

Leituras: Ap 7,2-4.9-14; Sl 23(24),1-2.3-4ab.5-6 (R. cf. 6); 1Jo 3,1-3; Mt 11,28; Mt 5,1-12a

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

 

Bem-Aventurados São os que Procuram o Senhor

Mt 5,1-12a

 

Meus irmãos e minhas irmãs, chegamos à Solenidade de Todos os Santos, no primeiro Domingo de novembro, mês em que, tradicionalmente, dedicamos orações pelas almas do purgatório. Também oremos pelas intenções do Santo Padre, o Papa Francisco, que, neste mês, roga pelas crianças que sofrem.

Antes de adentrarmos na Liturgia da Palavra desta Solenidade, é importante recordarmos que o dia próprio de Todos os Santos é o 1º de novembro e que, portanto, antecede à Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos.

Ocorre que no Brasil o dia de Todos os Santos não é feriado e a Igreja dedica um Domingo para esta Solenidade. Liturgicamente, o dia primeiro é para Todos os Santos e o dia 2 para Todos os Fiéis Defuntos.

A Liturgia do Solenidade de Todos os Santos nos apresenta as bem-aventuranças como programa para alcançarmos a realidade celeste composta pelos santos e santas de Deus. E o Evangelho desta Liturgia está em Mt 5,1-12a.

Nesta Liturgia, Jesus está nas proximidades de Cafarnaum e o evangelista Mateus nos apresenta o Senhor que, vendo as multidões, sobe à montanha e senta para ensinar e proclamar as bem-aventuranças aos seus discípulos. A montanha, para o Antigo Testamento, é o lugar da manifestação de Deus, pois foi numa montanha que Moisés recebeu os Mandamentos.

As bem-aventuranças nos ensinam que, para ser santo, é preciso ser discípulo de Cristo com humildade, os pés no chão e o olhar atento aos diversos campos da existência humana, sejam eles econômicos, sociais, espirituais ou religiosos. Devemos cultivar a nossa sede de justiça.

E então podemos nos perguntar: o que tem a ver comigo a violência, urbana e rural? As guerras e a intolerância religiosa mundo afora, o que tem a ver? Jesus ainda apresenta duas bem-aventuranças exigentes: ser perseguido por causa da justiça e ser injuriado e caluniado por causa de Cristo (cf. Mt 5,10-12).

Portanto, o Senhor nos ensina que alcançaremos também a santidade nos empenhando no mundo por justiça e, ao mesmo tempo, vivendo as consequências desta busca.

Assim, a vivência da santidade deve ser testemunhada aqui e agora. Devemos ser mansos, justos, puros de coração, promotores da paz no grupo onde participamos, no trabalho, nas relações sociais e também na nossa família, com o cônjuge, com os filhos e com os irmãos e também entre os ministros ordenados e os religiosos.

Para isso, a santidade precisa da vivência da Palavra, da oração com liberdade nos caminhos do Senhor, praticando o amor em vista do Reino para fazer parte da “multidão imensa de gente de todas as nações, tribos, povos e línguas” (Ap 7,9), como nos fala São João na Primeira Leitura desta Liturgia. Esta busca de santidade deve ser sempre no Senhor, como discípulos missionários, que desejam ser purificados como o Senhor é puro (cf. 1Jo 3,3), como nos indica a Segunda Leitura.

Peçamos a Nossa Senhora, Rainha dos Santos, que ela interceda por nós para sermos, no meio do mundo, esta geração que procura o Senhor [cf. Sl 24(23)] e que semeia o Evangelho para a santidade de todos. Amém.

 

*   *   *

 

⇒ POESIA ⇐

Quem é Santo…

 

Para buscar e viver a santidade
Deve-se trilhar nos caminhos do Senhor,
Estar atento à Palavra Sagrada,
Ser manso, justo e ter muito amor.
Deve-se viver as bem-aventuranças
Que Jesus nos deu como herança,
Que é centro do seu plano salvador.
*
A santidade não é coisa qualquer
Que a gente possa imaginar,
É caminho no chão concreto da vida,
Não ter medo do que se possa encontrar,
Pois ser santo tem suas consequências,
Muitas vezes precisa-se paciência,
Para no mundo não desanimar.
*
No início da história dos cristãos,
Ser santo implicava muita ousadia,
Muitas vezes implicava ser devorado pelas feras,
Ou ser colocado em grelha com brasas que ardia,
Mas o santo em sua enorme dor,
Ainda carregava o senso de humor,
Quando o fogo em chama lhe consumia.
*
O ser santo é sempre destinado
Para toda pessoa que quiser,
Mas para isso é preciso requisito,
Pois, não se santifica de um jeito qualquer,
Pra isso é preciso ter vocação,
Não viver na fantasia e na ilusão,
E é possível tanto pro homem quanto pra mulher.
*
Tem que ter um coração de amor,
Ter muita paz e muita alegria,
Mesmo diante das tantas misérias,
Fazer da noite às vezes o dia,
Ser bondoso e de muita caridade,
Promover a paz e a fraternidade,
Onde há muitas vezes má sintonia.
*
Às vezes é também ser ignorado,
Não ser reconhecido ainda em vida,
Pois ser santo exige além do presente,
Viver o amor e uma paz refletida,
Carregar um coração aberto às ações divinas,
Acreditar noutra vida que não termina,
E em Jesus apostar o caminho e a lida.
*
Muitos viveram radicalmente a castidade,
Entregaram sua vida totalmente,
Sem de nada ter nem um apego,
Carregavam no corpo e em sua mente
Um coração entregue somente ao Senhor,
Vivendo o trabalho na oração e no amor,
Vivendo no serviço às pessoas carentes.
*
Temos também que reconhecer
Que santos não são somente os do altar,
Temos tantos santos que não os conhecemos,
Por isso é preciso acreditar,
Que santo são todos os bem-aventurados,
Que viveram ou vivem o amor ao Bem-Amado,
Na esperança no Céu e com Jesus morar.

 

*   *   *

 

Obra: “Sermão da Montanha” (extrato do retábulo), por Henrik Olrik (1830-1890). In commons.wikimedia.org: “File:Sankt_Matthaeus_Kirke_Copenhagen_altarpiece_detail1.jpg”

 

⇒ Que a Palavra e a Luz de Nosso Senhor Jesus Cristo, que nos motiva, com o auxílio das bem-aventuranças, a aspirar a corte celeste, ilumine o seu caminho! 

 

 

Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos – 2022

Intenções do Santo Padre, o Papa Francisco: Pelas crianças que sofrem ⇐
⇒ Novembro: Mês dedicado às almas do purgatório 

Leituras: Sb 3,1-9; Sl 41(42),2.3.5bcd; Sl 42(43),3.4.5 [R. 41(42),3a]; Ap 21,1-5a.6b-7; Jo 11,25a.26; Jo 14,1-6.

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

 

A Lembrança dos Defuntos nos Aponta para a Glória do Deus Vivo

Jo 14,1-6

 

Meus irmãos e minhas irmãs, chegamos à Comemoração de Todos os Defuntos Fiéis. Também iniciamos o mês de novembro, o mês dedicado a oração pelas almas do purgatório. Coloquemos ainda em nossas orações as intenções do Santo Padre, que neste mês roga pelas crianças que sofrem. Neste dia, a Igreja nos conduz a uma mensagem em que a coluna central é a esperança, mas também que a nossa vida verdadeira está em Deus e que somos todos destinados à glória de Deus. Muitos são os textos bíblicos que fazem referências à temática dos fiéis defuntos.

Assim, teremos como norte evangélico a passagem de Jo 14,1-6. Trata-se do início, no Evangelho Segundo São João, da despedida dos Apóstolos e, para a Igreja, o centro dessa passagem é “na casa de meu Pai há muitas moradas” (Jo 14,2). Na tradição bíblica se diz que o evangelista “João imaginava o mundo celeste como um grande palácio (…) de muito aposentos.”(1).

Quando meditamos sobre a morte sem a iluminação da Palavra de Deus nós ficamos à mercê de crises existenciais, prejudicando nossos sonhos e realizações. Mas se buscamos nas Sagradas Escrituras essa luz encontraremos outra concepção, marcada pela esperança numa vida futura de glória e infinita, pois em Deus somos destinados à salvação.

Assim, a Primeira Leitura desta Liturgia (cf. Sb 3,1-9), obtida do livro da Sabedoria, nos indica que Deus tem, em suas mãos, a vida do justo, que terá, como destino a Jerusalém celeste, descrita na Segunda Leitura (cf. Ap 21,1-5a.6b-7) e onde estará Cristo em toda a sua glória.

Finalmente, recordamos que, entre os dias 1º e 8 de novembro, é tempo de obter Indulgência Plenária para determinada alma que esteja no purgatório, isto é, “a remissão, diante de Deus, de pena temporal devida pelos pecados já perdoados quanto à culpa, que o fiel, devidamente disposto e em certas e determinadas condições, alcança por meio da Igreja, a qual, como dispensadora da redenção, distribui e aplica, com autoridade, o tesouro das satisfações de Cristo e dos Santos”(2), bastando que visite um cemitério, rezando pela alma, confessar-se, receber a Eucaristia, rezar o Credo e o Pai-Nosso nas intenções do Papa.

Seja nossa vida uma constante busca da santidade e do preparo para quando chegarmos a nossa hora possamos estar preparados para o encontro definitivo com o Senhor, que nos chama para estar com ele e também estarmos unidos à multidão de todos os que formam o seu Reino de amor e de paz. Amém.

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(1) Cf. Nota de rodapé de Jo 14,2-3 da Bíblia do Peregrino (2018).
(2) Constituição Apostólica Indulgentiarum Doctrina, Sobre a Doutrina das Indulgências (1967). Disponível em: <https://www.vatican.va/content/paul-vi/pt/apost_constitutions/documents/hf_p-vi_apc_01011967_indulgentiarum-doctrina.html>. Acesso em: 31 out. 2022.

 

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⇒ POESIA ⇐

Nossa Vida está em Deus

 

Em nós há uma vida escondida,
Há um existir transcendente,
De algo tão permanente,
De portas que se abrem,
Ontem, hoje, amanhã – eternamente.
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Há em nós um forte chamado,
Para um seguimento ao amor,
Para curarmos a dor,
Pela Palavra santa e eterna
Que cura o nosso clamor.
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Há uma busca de eternidade,
Um apego a este existir material,
Um querer ser imortal,
Sendo distantes de Deus,
Na desilusão total.
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Está no Senhor, nossa vida,
Feliz, completa, não passageira,
Vida eterna e verdadeira,
Sem pausa e sem decepção,
Nossa vocação primeira.
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Está em Deus nosso repouso,
Nossa sede de existência,
Nossa vida sem ausência,
Sem medo e decepção,
Só em Deus, a nossa essência.

 

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Obra: “The Last Sermon of Our Lord”, por J. Tissot (1836-1902). In brooklynmuseum.org.

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Obra: “The Sermon of the Beatitudes”, por J. Tissot (1836-1902). In brooklynmuseum.org.

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Obra: “The Resurrection of Lazarus”, por J. Tissot (1836-1902). In brooklynmuseum.org.

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Obra: “The Resurrection of the Widow’s Son at Nain”, por J. Tissot (1836-1902). In brooklynmuseum.org.

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Obra: “The Pilgrims of Emmaus on the Road”, por J. Tissot (1836-1902). In brooklynmuseum.org.

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Obra: Xilogravura do livro “Historiae celebriores Veteris Testamenti Iconibus representatae”, autor desconhecido (1712). In commons.wikimedia.org/wiki/: “File:Parable_of_talents.jpg”.

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Foto: P. Mcadams. In iStock.

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Foto: Philip Walenga. In Pixabay.

 

⇒ Que a Palavra e a Luz de Nosso Senhor Jesus Cristo, que, na Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos, fortalece a nossa esperança na perspectiva da Glória do Deus Vivo, ilumine o seu caminho!