V Domingo da Páscoa, Ano B, São Marcos

 

*** Ano de São José (2020/2021) ***

 

Leituras: At 9,26-31; Sl 22(21); 1Jo 3,18-24; Jo 15,1-8

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

Cristo é nossa Videira Verdadeira

Jo 15,1-8

 

Meus irmãos e irmãs, o mistério pascal da Liturgia do V Domingo da Páscoa nos motiva a contemplar Jesus Cristo como a verdadeira Videira que nos faz ramos vivos do povo de Deus. E o Evangelho desta Liturgia está em Jo 15,1-8.

Historicamente, Jesus viveu na realidade de plantadores de uvas e nos apresenta o Pai como o agricultor que cuida dos ramos e que tira os ressequidos que impedem a frutificação. A partir da Encarnação de Deus, o Filho nos garante que quem permanecer nEle, desde que aceito, produzirá muitos ramos e frutos (cf. Jo 15,5). Quando Jesus nos fala que é a videira verdadeira, nos vem naturalmente algumas perguntas: O que é a videira falsa? No tempo da promessa (no Antigo Testamento) podemos verificar que Israel foi considerado como uma videira que nem sempre produziu bons frutos e em alguns momentos chegou a produziu uvas inúteis e amargas, como nos fala a parábola dos vinhateiros homicidas (cf. Mc 12,1-12).

Olhando para a Igreja, Corpo Místico de Cristo, nós somos os ramos da videira que precisa de poda (de conversão na caminhada) e se queremos produzir bons frutos devemos permanecer em comunhão com Ele, pois estamos ligados a partir do Batismo. Por isso, precisamos deixar ser podados pelo Agricultor para que tire os ramos ressequidos que nos levam a pecar, mas não somente os pecados mortais, pois são os veniais que nos deixam insensíveis às obras que ferem o Sagrado Coração de Jesus, nos diz Santa Faustina (cf. Diário de Sta Faustina, 1228).

O povo de Deus, cujas raízes estão em Abraão, Moisés e Elias, são os ramos que espalham pelo mundo os frutos nutritivos e doces dos sinais do Jovem Galileu. E a Igreja nos prepara cotidianamente a fonte onde brotam tais frutos: as mesas da Palavra e da Eucaristia. A comunidade cristã, portanto, é o lugar onde nos relacionamos como ramos (como irmãos) para expressar o esplendor da vida, da alegria da nossa comunhão. Isto acontece nas confraternizações, nas orações e nas celebrações e é também onde se realiza a união da vida em Cristo pelo encontro com Ele e com os outros, através da partilha do alimento orgânico e espiritual, inclusive, em tempo de coronavírus, nos grupos de Igreja no whatsapp.

Quanto aos frutos, temos as obras de caridade, as campanhas de ajuda aos famintos e a conscientização política a favor do bem comum, quando os recursos públicos são gastos com justiça e em favor dos que têm direitos ao serviço e também dos pequenos, dos famintos, dos indefesos.

Na segunda leitura, desta Liturgia, o Apóstolo nos adverte: “não amemos só com palavras e de boca, mas com ações e de verdade!” (1Jo 3,18), pois a falta de amor corresponde a videira improdutiva e desliga de Cristo. O amor é praticado quando as nossas atitudes forem coerentes com nossos discursos, que não podem ser puramente teóricos. Sem a presença de Deus em nós, somos como galhos ressequidos. Quantas vezes, com euforia, pregamos tão bonito e no nosso cotidiano somos incoerentes com tudo que falamos. Por isso é importante sempre revermos nossas misérias para que sejamos podados pela graça purificadora de Deus. Se buscarmos o contato com o ser infinito de Deus, nos tornamos mais expressão dEle onde quer que estejamos.

Peçamos ao Espírito Santo que ilumine nosso caminho e nos faça iluminados, porque somos também iluminadores quando estamos unidos a Cristo. Precisamos iluminar o mundo que está em pandemia e que também explora e massacra a Criação, seja o homem ou o meio ambiente.

 

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⇒ POESIA ⇐

Nossa Eterna Videira

 

Cristo nossa videira eterna,
Pela força do amor,
Faz-nos seus ramos vivos.
E o Pai, o agricultor,
Poda-nos pra santidade,
Dá-nos a vivacidade,
A seiva do salvador.

Cristo tronco vivo e eterno,
Igreja ramo a frutificar,
Pelo mundo espalha os frutos,
E as sementes a germinar,
E pelo Pai tendo cuidado,
Pelo Filho muito amado,
Vida nova a regar.

Nem um ramo viverá,
Sem à videira, ligado,
Precisa permanecer,
E ao tronco enxertado,
Para ter vida de paz,
E a seiva, amor que refaz,
Mundo novo instaurado.

Nos unindo como irmãos,
Em Cristo permanecendo,
Somos ramos em evolução,
E muitos frutos oferecendo,
A esperança será constante,
Frutos doces a todo instante
E a vida nova oferecendo.

Seiva que traz o verdor,
E o existir em harmonia,
A vida com seu sentido,
Que floresce na alegria,
Dá sentido à nossa essência,
Motiva nossa existência,
Sendo à noite ou à luz do dia!

Força, fonte e beleza,
Faz os ramos em união,
O encontro à videira tão bela,
Festa que se faz de irmãos,
No encontro de paz e partilha,
Vinha que cresce e que brilha
Povo novo em comunhão.

 

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*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, a Videira que nos faz povo de Deus, ilumine o seu caminho! ***

 

IV Domingo da Páscoa, Domingo do Bom Pastor, Ano B

 

*** Ano de São José (2020/2021) ***

 

Leituras: At 4,8-12; Sl 118(117); 1Jo 3,1-2; Jo 10,11-18

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

O Pastor Eterno e Amoroso

Jo 10,11-18

 

Meus irmãos e irmãs, o mistério pascal da Liturgia do IV Domingo da Páscoa, o Domingo do Bom Pastor, nos motiva a contemplar o Bom Pastor e a nossa experiência de ovelha que escuta a sua voz que nos conduz ao redil onde saciamos definitivamente a fome e a sede. E o Evangelho desta Liturgia está em Jo 10,11-18.

O evangelista João nos apresenta três importantes dimensões do Cristo, Bom Pastor: Jesus é o Bom Pastor que cuida; o seu redil já não está restrito à Jerusalém terrestre e, por fim, o Bom Pastor dá a vida pela salvação das ovelhas.

Jesus é o Bom Pastor porque é pleno ao cuidar do rebanho confiado pelo Pai. Por isso, foi até as últimas consequências na cruz e, de braços abertos, acolhe as ovelhas. O seu rebanho nasce da entrega e do cuidado visíveis no seu amor misericordioso.

Nós, você e eu, somos convidados a seguir a voz do Bom Pastor, o Pastor divino. O Autor da Vida também espera a oferta do nosso coração (muitas vezes de pedra), pois quer fazer novas todas as coisas (cf. Ap 21,5). Que atitudes do Bom Pastor temos tido diante da vida e dos irmãos? Temos, todos nós, missões que se parecem com a condução de um rebanho. Somos também pastores como ministros ordenados, como consagrados, pais e mães de família, como coordenadores de pastorais, como chefes de repartições. Também devemos imitar o Bom Pastor na escuta ao outro e em muitas outras experiências de cuidado que devem ser realizadas com simplicidade, justiça e misericórdia.

Num segundo momento Cristo nos diz que há ovelhas que não são do redil (de Jerusalém) que devem ser apascentadas (cf. Jo 10,16). Os cristãos devem acolher cada um que vem e quer se inserir no rebanho do Senhor, pois o Bom Pastor acolheu a todos, em um só rebanho e um só Pastor. O acolhimento e o cuidado do Bom Pastor faz a diferença na semeadura do Evangelho.

Por fim Jesus nos ensina que a sua vida é oferecida para a salvação do mundo: “Ninguém tira a minha vida, eu a dou por mim mesmo.” (Jo 10,18). A entrega é gratuita e livre em favor da humanidade. O Ressuscitado quer abrir a nossa inteligência para que possamos entender as Escrituras.

Somos motivados a meditar se nossas ações são em função das coisas do alto ou de interesses fúteis e ou mesmo de atitudes úteis das coisas terrestres (cf. Cl 3,1-4). Como usamos o nosso cajado diante de nossa missão de servir? O cajado do pastor é para apontar e proteger o caminhar e não para bater nas ovelhas. Os maus pastores, os mercenários, fogem diante dos perigos ou batem com o cajado nas ovelhas quando estas se perdem (cf Jo 10,12).

E o que dizer dos governantes? Responsáveis pela saúde pública, pela educação, pelo cuidado do povo. Estes, escolhidos pelo seu próprio rebanho, com frequência causam muitos sofrimentos como o mercenário do Evangelho de hoje. Não promovem a justiça e o bem comum. Jesus nos ensina que o pastor deve ter amor e compromisso na sua missão, promovendo a dignidade do povo.

Por fim, rezemos pelos nossos pastores (Papa, Bispos, padres, diáconos, muitos coordenadores de pastorais), para que sejam fiéis à sua missão de cuidar do redil, que é a Igreja. E a nós, ovelhas reunidas em torno da Palavra e da Eucaristia, ouçamos a voz do Bom Pastor que nos conduz ao aprisco onde nossa fome e sede são saciadas definitivamente, e que possamos ser também responsáveis naquilo que o Bom Pastor nos confiou.

 

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⇒ POESIA ⇐

O Pastor e a Ovelha

Ó Pastor supremo e bom,
Que a todas as ovelhas,
Trata com tanto carinho,
Que orienta o caminho,
Totalmente por amor,
Ó eterno bom Pastor,
Não nos deixe aqui sozinhos.

Ó Pastor supremo e verdadeiro,
Que doa a vida livremente,
Para a todos vir salvar,
Sem assim descriminar,
Nenhum dos seres humanos,
Com verdade e sem enganos.
Vem nos fortificar.

Ó Pastor supremo e amigo,
Que fala palavras eternas,
Para nos alimentar,
Para nos encorajar,
Pois tua voz queremos ouvir,
Sem medo de te seguir,
Vem sempre nos iluminar.

Somos teu rebanho vivo,
Que quer sempre te encontrar,
Queremos o teu infinito amor,
Acende-nos com tua luz e teu ardor,
Para a nossa forte felicidade,
Para a nossa viva caridade,
Tu és nosso belo e bom Pastor.

Pastor que cuida com tanto zelo,
As ovelhas cansadas e feridas,
O seu rebanho por ti tão querido,
Trata-nos como teus amigos,
E vai também a outros rebanhos,
Não consideram como estranhos,
Acolhe e carrega quem está sofrido.

Prepara-nos a mesa do amor,
Com taças e o vinho da alegria,
Para as ovelhas sempre acolher,
Pois sua vida vem a nos oferecer,
E não deixa de fora ninguém,
Seu rebanho alimenta do sumo bem,
No banquete vem a todos receber.

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*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, o Bom Pastor, ilumine o seu caminho! ***