XV DOMINGO DO TEMPO COMUM

Leituras: Is 55,10-11;  Sl 64; Rm 8,18-23; Mt 13,1-23

POESIA

PALAVRA SEMENTE

Palavra,
Que se fez carne,
Veio à terra e se fez humana,
No homem fez o seu templo,
E ascendeu-lhe uma nova chama.

Palavra,
Que vem de mansinho,
Semeada com amor,
Quase sem ser percebida,
Mas cheia de muito vigor.

Palavra,
Semente do Reino,
Evangelho semeado,
Nos mais diversos terrenos,
Para serem fecundados.

Palavra,
Que se espalhou,
Entre as pedras ou espinhos,
Grão da vida em terra boa,
Também a beira do caminho.

Palavra,
Que se faz esperança,
Na alma de tanta gente,
Na vida do dia a dia,
Alimenta a fé do crente.

Palavra,
Que traz alegria,
Fortifica a caminhada,
Dá-nos força e muita paz,
Retoma nossa harmonia.

Palavra,
Semeada em nós,
Cristo o semeador,
O Evangelho em nossas vidas,
Por obra do seu amor.

Palavra,
Que se faz partilha,
Que ecoa e é doada,
Aos ouvidos e à boca,
Da assembleia convocada.

HOMILIA

O Semeador Divino

Na liturgia da palavra deste 15º Domingo do Tempo Comum, contemplamos, graças ao Evangelho de Mateus, o mestre Jesus sentado na barca e ensinando ao povo através de parábolas. Ele faz referência à ação da sua Palavra, semente do Reino, em nossas vidas. Há um semeador (Deus), que vem jogar a semente (Palavra) nos diversos terrenos (homem) para que fecunde a vida verdadeira e possa produzir os frutos do amor, da paz e da comunhão.

De acordo com Armellini, a verdade é que a colheita não depende tanto da semente e do semeador quanto depende da qualidade da terra. Isto é, se o coração está duro (como um chão batido que não permite ao Evangelho penetrar na terra), se é um coração inconstante (que se entusiasma e logo desanima, como a semente que cai na pedra, que logo germina e é queimada pelo sol), se é coração inquieto (que se agita em função das circunstâncias), se é um coração bom (que produz frutos em abundância)[1].

O profeta Isaias nos diz: “A Palavra não voltará para mim vazia; antes, realizará tudo que for de minha vontade e produzirá os efeitos que pretendi, ao enviá-la, diz o Senhor (Is 55,11). Quando plantada em nossos corações também é assim, a Palavra do Senhor produz uma ação transformadora em nossas vidas. Faz nascer em nós a esperança e nos motiva a continuar caminhando como missionários que, por sua vez, também se tornam semeadores do Reino de Deus.

Como evangelizadores, catequizadores e missionários, os cristãos, às vezes tem a impressão de que as sementes do Evangelho são semeadas em lugares que não há possibilidade de fecundar. Esta foi a mensagem de Jesus: É preciso continuar anunciando, sem prejulgamentos, mesmo que em alguns momentos não tenhamos resultados. Semeando sempre nos diversos corações e sem sabermos quando haverá ou se haverá o que colher. Fazendo a nossa parte, perseverando na semeadura, muitos acolherão e deixarão que algo possa nascer e dar bons frutos.

É importante entendermos que a preocupação principal de Jesus foi espalhar a semente do Reino no coração das pessoas. Somente persistindo podemos ver o Reino de Deus acontecer nos mais diversos cantos do mundo. Faz se necessário semear o bem que nasce e se alimenta do Evangelho e que trará os frutos da fraternidade.

Constatamos uma sociedade marcada por muitos desafios, tais como a falta de esperança, o individualismo, as guerras e a violência. Estas realidades vêm a comprometer a Paz no mundo e a dividir os filhos de Deus. Portanto, em diversos momentos o comando das diversas ideologias, a manipulação das riquezas podem impedir que a mensagem e os frutos de vida nova possam acontecer.

Como nos fala São Paulo: “a criação ficou sujeita à vaidade, não por sua livre vontade, mas por sua dependência daquele que a sujeitou” (Rm 8,20). A autossuficiência do homem se confunde com a liberdade e a autonomia em busca da vida e da fraternidade. O apóstolo continua: “Com efeito, sabemos que toda a criação, até ao tempo presente, está gemendo como que em dores de parto” (Rm 8,22).

Diante das palavras de São Paulo concluímos que a fuga e/ou a falta de acolhimento à Palavra de Deus, como semente que traz nova vida, causa sofrimento à humanidade. Sendo assim o que vale então a liberdade em não acolher o bem?

Somos então, muitas vezes, esse terreno pedregoso, cheio de espinhos, árido e desinteressado pela semente do Evangelho, o qual quer transformar as nossas vidas. O semeador divino e a sua semente querem fecundar a esperança, alegria e uma vida nova. Palavra que uma vez acolhida e regada no terreno bom do nosso coração, nos conduz a salvação. Lembremos que a semente é a mesma para os diversos terrenos. O que muda neste processo é a predisposição e receber ou não a Palavra semeada.

A Igreja, portanto precisa de semeadores que levem a Palavra aos diversos corações. Também cada batizado é chamado a preparar o seu terreno (coração) para acolher a semente de Cristo que quer fecundar o sentido mais profundo da vida. Somente com o testemunho de terreno que acolhe a palavra podemos colaborar com a semeadura que Cristo nos pede.

Olhemos para Maria e José que se fizeram terrenos bons para acolher o verbo encarnado e sua semente em favor da salvação e por isso se tornaram colaboradores da salvação. Também contemplemos os apóstolos que deixaram a voz do Senhor ressoar profundamente em seus corações e ao mesmo tempo acolheram radicalmente o convite de serem continuadores do projeto do Reino de Deus. Veneremos os Santos e Santas que, pela fé, deixaram a semente lançada pelo Senhor fecundar em suas vida, para serem sinais vivos do Evangelho no mundo.

E por fim, olhemos para todas as pessoas que se deixaram seduzir pelo chamado de Cristo nos dias atuais e são testemunhos do Senhor, nas diversas opções de vida cristã: missionários(as), consagrados(as), ordenados, celibatários(as), casados e tantos jovens disponíveis a semear a palavra do Senhor com a com a boca, o coração e o testemunho em favor da vida e da salvação do mundo.

[1] Cf. ARMELLINI, Fernando. Celebrando a Palavra: Ano A. 9 ed. São Paulo: Ave Maria, 2014, p. 274-275.

XIV DOMINGO DO TEMPO COMUM

Leituras: Zc 9,9-10; Sl 144(145); Rm 8,9-11.13; Mt 11,25-30

POESIA

O DESCANSO COM O SENHOR

“Vinde a mim os que estão cansados”,
Diz o Senhor a nos acolher,
Pois sua Palavra é luz a nos fortalecer,
Faz nascer a esperança e traz o ardor,
Quer que vençamos as fadigas a nos invadir,
Para superarmos o cansaço e assim prosseguir,
Nesta vida alimentada pela fé e o amor.

“Aprendei de mim que sou manso e humilde”,
Outro convite que nos vem ressoar,
Porque sua mensagem nos vem libertar,
Tirando o cansaço que a vida quer nos trazer,
Para caminharmos rumo a libertação,
Vivendo a cura do nosso coração,
Que no Senhor quer se converter.

Tomai sobre vós o meu julgo,
É a promessa segura que vem do Senhor,
Julgamento realizado pelo seu amor,
Que alivia o peso da condenação,
Pois sua lei é para a liberdade,
Realiza-se pelo cuidado e pela caridade,
Buscando tirar todos nós da perdição.

Sou manso e humilde de coração,
Esta é a atitude do Mestre a nos ensinar,
Ação do Santo Espírito a nos iluminar,
Que mora em nós e nos dá a vida,
Porque o que atrai é a humildade,
Prática de quem busca a santidade,
E quer ser um porto de acolhida.

Só no Senhor o repouso completo,
Que nos preenche e nos dá sentido,
Deixando nosso ser fortalecido,
Quando nas labutas da peregrinação,
Precisamos parar em nossa estrada,
E quando vem o cansaço da jornada,
Consequência do caminhar na missão.

Seja o Senhor o alimento procurado,
Quando paramos para nos abastecer,
Acolhendo a Palavra a nos preencher,
Sentando-se à mesa da fraternidade,
Para partilhar da santa refeição,
Comida e bebida que gera união,
Que sustenta a vida da comunidade.

HOMILIA

A Palavra de Jesus é um jugo suave

As palavras do Evangelho deste 14º Domingo do Tempo Comum vêm ressoar em nossos ouvidos o chamado libertador de Cristo: “Vinde a mim todos vós que estais cansados e fatigados sob o peso dos vossos fardos, e eu vos darei descanso.” (Mt 11,28). Diante deste convite do Senhor, podemos nos questionar: Que Deus maravilhoso é o nosso, que em vez de nos impor obrigações, leis e tecer julgamentos, ele nos chama a descansar, e a buscar refúgio nele. Neste sentido o Senhor nos leva também a uma perguntar: Quais os nossos cansaços e nossas cargas? Quais nossos fardos?

Naquele tempo, na Galileia, Jesus percebeu o cansaço e o sofrimento do povo oprimido com o peso dos fardos das rígidas leis, criadas pelo sistema político do Império, como também as normas religiosas dos fariseus e doutores, as quais julgavam os trabalhadores da roça, os empregados, os pescadores, as mulheres e as crianças. Era o povo simples das margens sociais e econômicas que sofriam e eram julgados pelo peso das tantas normas religiosas e políticas.

A mensagem do Mestre chegava àquelas pessoas. Elas entendiam as palavras simples pronunciadas por Jesus, porque ele compadecia no seu coração o cansaço e os pesados fardos de seu povo. Suas palavras curavam, aliviavam o sofrimento das pessoas, faziam muita gente a tomar uma nova direção em suas vidas. Muitos mudaram de vida e encontraram o sentido dos seus caminhos.

Hoje também nós sentimos, muitas vezes, nosso cansaço como consequência da correria do dia a dia. O tempo é pouco na nossa rotina, o que nos impossibilita o descanso e o alimento do Espírito e das nossas motivações. E assim, muitas vezes, as nossas férias não oferecem descanso e relaxamento. Somos oprimidos e sufocados por tantas obrigações às quais nos impedem do encontro restaurador conosco, com Deus e com o outro. Precisamos buscar no Senhor o nosso repouso para podermos ter vida de verdade. Muitas vezes fugimos destas possibilidades e nos afogamos no ativismo e no barulho que nos impede de rezar e de meditar sobre o sentido de nosso existir.

Outro aspecto que podemos refletir inspirado neste Evangelho é que, na atualidade também sentimos o peso das leis de morte e de opressão que maltrata os pobres (pequeninos) colando o fardo da fome, o aumento da pobreza, do desemprego, da desigualdade social. E a corrupção que traz muitas consequências, massacrando grande parte da população mundial. Diante disto, o papa Francisco nos diz que os pobres são os primeiros a sentir efeitos da corrupção.” [1]

Diante da mensagem, meu jugo é suave e o meu fardo é leve (cf. Mt 11,30), entendemos que a primeira e a principal lei de Cristo é amor e a misericórdia, porque, primeiramente, ele acolhe a pessoa como ela é, nas suas fragilidades, na sua história e nas suas angústias para depois propor um caminho liberador e salvador. O jugo leve é esta forma de Jesus pregar o Reino no mundo, primeiramente no seu acolhimento amoroso e cheio de cuidado, para depois ir curando das feridas e restaurando os que o buscam ou os que são chamados por ele.

Os discípulos de Cristo foram os primeiros a serem cuidados por ele e iniciaram um processo de caminhada nova. Eles são os pequeninos a quem Jesus se dirige e quer que encontrem segurança e repouso. Pois foram pessoas tiradas do meio do povo, homens simples, mas abertos à mensagem do reino.

Olhando para Jesus, na sua ação messiânica, podemos ver a concretização daquilo que falou o profeta Zacarias: “Eis que vem teu rei ao teu encontro, ele é justo, ele salva; é humilde e vem montado num jumento, um potro, cria de jumenta” (Zc 9,9). Esta cena nós constatamos e até fazemos parte na ação ritual do domingo de Ramos. Os batizados tem o Espírito de Cristo (cf. Rm 8,9), vivem na certeza de que o nosso Deus é amor e humildade e nos ensina a vivermos neste caminho. Também como cristãos somos agraciados pela força do Senhor que nos deu vida nova. Nele, aliviamos nossos fardos diários, quando somos alimentados pela Palavra e pela Eucaristia. Porque o Senhor “sustenta todo aquele que vacila e levanta todo aquele que tombou” (Sl 144,14). Amém.

[1] PAPA FRANCISCO. Papa: os pobres são os primeiros a sentir efeitos da corrupção. Disponível em: <http://br.radiovaticana.va/news/2017/06/30/papa_os_pobres_s%C3%A3o_os_primeiros_a_sentir_a_corrup%C3%A7%C3%A3o/1322324>. Acesso em: 7 jul. 2017.

XI DOMINGO DO TEMPO COMUM

Leituras: Ex 19,2-6a; Sl 99(100); Rm 5,6-11; Mt 9,36-10,8

POESIA

A MISSÃO DOS DISCÍPULOS DE JESUS

Eis o tamanho da messe,
Que Jesus a contemplou,
Tendo compaixão do povo,
Quando aos discípulos chamou,
Pra levar a libertação,
Pela evangelização,
Que ele mesmo iniciou.

Pra curar todos os enfermos,
Jesus chamou seguidores,
Pra levar a libertação,
Das doenças e das dores,
Pra levar o amor e a vida,
Força e paz distribuídas,
Pelos anunciadores.

Pra ressuscitar os mortos,
Dos abismos e ilusões,
Pra renascer a esperança,
As forças e as motivações,
Pra trazer a divina coragem,
De Deus retomar a imagem,
E pulsar dos corações.

Pra expulsar as tantas lepras,
Jesus também nos envia,
Limpar as tantas feridas,
Que a muitos angustia,
As mentiras combater,
A hipocrisia vencer,
E espalhar a alegria.

Expulsar os divisores,
Que provoca a tentação,
Que o demônio quer trazer,
Pelas forças da opressão,
Combater a idolatria,
Saí da vida vazia,
Pra viver a compaixão.

Nosso Senhor Jesus Cristo,
Vendo ovelhas sem pastor,
Pede-nos pra que rezemos,
Pela missão do amor,
Construir libertação,
Anunciar a salvação,
Do Reino do Criador.

Que a Palavra e a Eucaristia,
Fortifique a nós cristãos,
Pra vivermos o dia a dia,
As obras da santa missão,
E o Reino anunciarmos,
Jesus Cristo comungarmos,
Isto sim, é comunhão.

HOMILIA

A missão de curar, ressuscitar, purificar e expulsar o mal

Na liturgia da palavra deste 11º domingo do tempo comum, o evangelista Mateus nos apresenta Jesus tendo compaixão pela multidão, porque ele percebeu que aquele povo estava como ovelhas sem Pastor (cf. Mt 9,36). Isso porque aos que cabia a responsabilidade de conduzir o povo (fariseus, mestres da lei, responsáveis pela religião) não estava sendo cumprida. Pelo contrário, oprimiam, desprezavam e hostilizavam as multidões. Os chefes políticos, responsáveis pelo bem comum da nação, também a explorava. Ou seja, a opressão estava presentes em todas as dimensões de comando da sociedade judaica como, por exemplo, na econômica, política e religiosa.

Diante desta situação, Jesus contempla aquela multidão e sente compaixão. Ter compaixão é sentir nas entranhas a dor do sofredor. Com isso Jesus ver a necessidade não somente de pão material mas de libertação, de justiça e, sobretudo, de dignidade humana. Num segundo momento Jesus percebe a necessidade de verdadeiros anunciadores do Reino de Deus e pede que se faça a oração para que o dono da messe suscite mais operários para a missão de cuidá-la. (cf. Mt 9,38). Rezar para que aumente os colaboradores na missão salvífica em favor do Reino, não somente depois desta vida terrena, mas ainda aqui, para que haja a presença do amor, da fraternidade e da paz.

E diante da compaixão e a motivação da oração em favor da messe, Jesus toma a atitude de chamar discípulos para a missão a fim de prolongar a sua mensagem. É preciso espalhar a Boa-Nova por todas as aldeias (cf. Mt 10,6). O povo de Deus que há centena de anos recebeu de Deus a promessa da aliança e sua fidelidade, agora é chamado a viver a nova aliança. Os doze discípulos missionários, chamados e ao mesmo tempo enviados, lembram as doze tribos do povo da antiga aliança.

E nós cristão de hoje somos parte deste novo povo, chamados a ter compaixão dos sofredores e a rezarmos para que novos evangelizadores respondam ao chamado de Deus. Aqui a necessidade de anunciar com a nossa vida o evangelho da alegria ao todos. Os bispos, os presbíteros, os diáconos, os religiosos, os catequistas, os Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão Eucarística, os jovens, leigos dos mais diversos movimentos, as comunidades de vida e de aliança, todos e todas são chamados a partir em missão.

Os eleitos por Jesus vão com uma mensagem e uma missão específica: Primeiro devem anunciar que o Reino está perto… Depois, devem curar os doentes, ressuscitar os mortos, purificar os leprosos e expulsar os demônios (cf. Mt 10,8). Também essa é a missão dos cristãos nos dias de hoje em meio a tantas doenças, tantas mortes, tantas lepras e muitas divisões demoníacas que destroem as famílias e as diversas relações humanas.

Podemos nos perguntar o que significou para os discípulos de Jesus naquele tempo e o que significa hoje esta missão a qual Jesus designou a todos nós batizados em seu nome. Curar os enfermos é esta atitude de libertá-los de tudo que é contra a vida. Ajudar as pessoas em aceitar as enfermidades irreversíveis, como um caminho de experiência e conversão espiritual.

Ressuscitar os mortos como um processo de ajudar a muitos irmãos e irmãs a reacenderem a esperança na sua vida de desilusão e enfrentarem os seus desesperos existenciais. Limpar os leprosos é esta ação de vencer todas as impurezas que a mentira, a falsidade, a ações hipócritas constroem contra o humano e trazer a verdade, a simplicidade a justiça e resgatar a honradez. Expulsar os demônios num caminho de afastar tudo aquilo que é mal e que divide a vida das pessoas. Combater a idolatria aos bens materiais e os apegos a tantas ideologias e interesses obsessivos.

Eis a missão da Igreja nos dias de hoje: fazer com que as doenças, as mortes, as lepras e os demônios sejam banidos da vida da humanidade. Fazer com que o Reino de Deus aconteça já na caminhada das comunidades, das famílias, dos grupos, dos movimentos e trabalhos missionários em favor do amor, da paz e da vida.

Cristo é a razão da nossa existência e nós devemos buscar a reconciliação com ele. São Paulo nos diz na segunda leitura: “Nós nos gloriamos em Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo. É por ele que, já desde o tempo presente, recebemos a reconciliação.” (Rm 5,11). Cristo é misericordioso e ele tem amor e compaixão por todos nós. Ele quer curar nossas feridas, limpar nossas lepras que tanto nos oprimem, nos ressuscitar para uma vida nova e expulsar todas as tentações que nos afastam do caminho do amor de Deus. Amém.

VIII DOMINGO DO TEMPO COMUM, ANO A – MATEUS

Leituras: Is 49,14-15; Sl 61(62); 1Cor 4,1-5; Mt 6,24-34

POESIA

AGRACIADOS POR DEUS

Somos importantes para Deus,
Mais do que os lírios mais belos,
Que enfeitam os campos e castelos
Mais do que as aves do céu a voar,
Mais do que o amar imenso,
Somos arte que Deus veio a criar.

Somos parecidos com Deus,
Em suas mãos fomos formados,
Pelos seus olhos, então contemplados,
Para cuidar das tantas criaturas,
Sem a prepotência e sem a idolatria.
Mas em virtude da beleza e da ternura.

Somos cuidados por Deus,
Ele nos dá toda a segurança,
Nele é que está a nossa esperança,
Como mãe carinhosa, ele a nos olhar,
Não nos abandona em hora alguma,
Em seus braços vem nos carregar.

Por que buscar outra segurança?
Nas ilusões que logo se esquece?
Nas coisas que rápido perecem?
Busquemos o que é infinito,
Que vem de Deus e sempre será,
E que no Santo livro está escrito.

Abandonemos os ídolos enganadores,
Mas não nos esqueçamos de caminhar,
Buscando o que é essência para continuar,
Porque somos finitos onde nós estamos,
Porque há muito a se prosseguir,
E em Deus, firmes sempre caminhamos.

Busquemos o Reino por primeiro,
Não preocupados com o superficial,
Vamos ao Pão Santo, o essencial,
É Deus que vem nos fortificar,
Sua Palavra é fonte inesgotável,
Deixemos sua força nos alimentar.

HOMILIA

 Deus e os nossos ídolos

Neste 8º domingo do Tempo Comum, o Senhor nos ensina: “Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão dadas por acréscimo” (Mt 6,36). “Vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro” (Mt 6,24). A nossa vida deve ser orientada para a busca do Reino, focando em primeiro nas atitudes que demostram o querer de Deus para a nossa salvação. Somos tentados a todos os momentos a adorar o dinheiro e oferecer-lhe toda a atenção como se a nossa saída principal dos problemas estivessem nele.

Trabalhar para ganhar o nosso pão de cada dia, formar e orientar os filhos, investir na qualidade de vida, construir amizades verdadeiras, buscar fazer o bem; eis a nossa obrigação humana neste mundo. Nada disso é descartado ao cristão, mas tudo isso dever ser vivido com a nossa confiança na providência do Pai do céu, que cuida tão bem dos campos, dos animais, ou seja, da sua criação.

Nós somos a criação muita boa que Deus fez e o apreciou, e, ao mesmo tempo, entregou tudo o que ele fez ao nosso dispor. Portanto ele cuida com muito carinho e atenção, por isso não nos abandona a nenhum momento. O que nos importa é fazer a parte que nos cabe. Ter consciência de nossas responsabilidades e de nossos papéis, assumidos quando abraçamos uma vocação, fruto do chamado de Deus.

Nunca devemos nos sentir como o povo israelita exilado na Babilônia citado nos versículos 14 e 15 do capítulo 49 de Isaías:O Senhor abandonou-me, o Senhor esqueceu-se de mim! Acaso pode a mulher esquecer-se do filho pequeno, a ponto de não ter pena do fruto de seu ventre?” Mesmo que seja quase impossível uma mãe abandonar um filho, é impossível Deus deixar sem proteção os filhos que ele criou, por que o Senhor é misericórdia. Ele cuida com carinho, porque somente nele encontramos repouso. Ele é o rochedo e salvação para todos (cf. Sl 61/62).

Muitas vezes nos sentimos também como o povo israelita: abandonados, desprotegidos e exilados. Esquecemos que é nos momentos mais difíceis de nossas vidas que Deus nos carrega em seus braços e nos aponta por onde devemos ir. Se ele cuida também da sua criação, por que nos deixaria desamparados. O que acontece é que muitas vezes a nossas opções nos colocam no sofrimento existencial, e aí vem o desespero, porque colocamos toda a nossa confiança nos bens materiais.

Acumulamos tantas coisas supérfluas que nos incomodam e nos tiram a paz e esquecemo-nos de cultivar e buscar o nosso alimento espiritual na Eucaristia. Esquecemo-nos de buscar a sabedoria de Deus pela sua Palavra e pelo seu amor misericordioso.

O mundo moderno tem nos impondo muitos ídolos que nos tentam a todo o momento. O sistema capitalista tal como se apresenta, tem princípios (ídolos) contrários ao Evangelho: os lucros desmedidos, os rendimentos injustos à custa dos pobres; as competições desleais entre as pessoas e a corrupção econômica e política. São realidades e posturas que tiram Deus do caminho do homem. Não é possível servir a Deus e ao mesmo tempo estarmos com toda a nossa atenção voltada aos diversos ídolos (deuses) que o dinheiro produz.

São Paulo na sua carta aos coríntios nos alertará: “Então, cada um receberá de Deus o louvor que tiver merecido.” (1Cor 4,5). Embora Deus seja misericordioso conosco, certas situações que vivemos fizeram ou fazem parte de nossas livres opções. Quando isso acontecer devemos parar e meditar: O que me levou a tal realidade? Que ídolo cultivei e adorei para chegar onde estou?

Que o Espírito Santo nos ilumine no nosso discernimento e nos fortaleça para vencermos as tentações ligadas às idolatrias que nos desviam do Caminho do Reino de Deus. Somos agraciados por Deus. Se ele cuida tão bem das plantas do campo, quanto mais de nós que somos os que ele entregou a nossos cuidados tudo o que ele criou. Amém.

VII DOMINGO DO TEMPO COMUM, ANO A – MATEUS

Leituras: Lv 19,1-2.17-18; Sl 102(103); 1Cor 3,16-23; Mt 5,38-48

POESIA

SEDE SANTOS E SANTUÁRIOS

O Senhor nos ensina:
Sede santos, com eu,
No combate à opressão,
Na promoção da Paz,
Num coração que se refaz
No amor ao irmão.

O Senhor nos ensina:
Que nós somos iguais,
Diante do Pai bondoso,
Que este mundo nos deu
Chuva e sol nos ofereceu,
Com todos muito amoroso.

O Senhor nos ensina:
Fazei algo a mais,
Além do trivial,
Atitudes de santidade,
Em cristo a liberdade,
Numa entrega especial.

O senhor nos Ensina:
Somos seu templo santo,
De culto vivo e verdadeiro,
Habitação que germina,
Fortalece e ensina,
A vida do caminheiro.

O Senhor nos oferece,
A alegria do banquete,
Vem todos alimentar,
Nossa fome alivia,
Dá-nos paz e alegria,
Para a vida germinar.

HOMILIA

 A outra face: uma nova atitude

Do alto da montanha, o Senhor continua o seu sermão nos ensinando: “Não enfrenteis quem é malvado! Pelo contrário, se alguém te dá um tapa na face direita, oferece-lhe também a esquerda! Amai os vossos inimigos e rezai por aqueles que vos perseguem…” (Mt 5, 39.43). Eis a lição de casa que Jesus nos dá neste 7º Domingo do Tempo Comum.

Jesus nos ensina que não é pela vingança, ou seja, revidando o mal contra o irmão que iremos construir o Reino de Deus. Pelo o contrário, é oferecendo a outra face que podemos favorecer a paz no mundo; é amando os inimigos que podemos criar a fraternidade. Neste sentido, amar o inimigo está além dos nossos comportamentos afetivos, mas na maneira de olhar para o outro sem o sentimento de vingança e violência.

É oferecendo novas atitudes e posturas pacíficas, diante das provocações que iremos expressar os mesmos sentimentos de Jesus. É rezando pelo outro e querer o seu bem, mesmo que não seja possível abraçá-lo e lhe oferecer um sorriso; mesmo que as diferenças e opções pessoais impeçam de nos aproximarmos dele.

Podemos até pensar: ser seguidor de Cristo exige muito de nós! É uma experiência muito desafiante para quem vive num mundo de tantas competições e contradições. Lembremos que em alguns momentos, pessoas que acompanhavam Jesus também se questionaram e deixaram de segui-lo porque acharam suas palavras muito duras. E aos doze Jesus perguntou: Quereis vós também retirar-vos? (cf. Jo 6,66-67). E na boca de Pedro temos a resposta: “Senhor, a quem iríamos nós? Só Tu tens palavras da vida eterna.” (Jo 6,68).

Estas atitudes concretas que o Senhor nos pede na nossa convivência com os outros é próprio dos que buscam a santidade. A 1ª leitura nos traz o mandato que Deus encarregou a Moisés de falar ao povo de Israel e que soa de forma mais direta na boca de Jesus. “Sede santos, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo” (Lv 19,2). Os santos que conhecemos na história da Igreja não eram vingativos, não guardavam rancor e por isso amavam o próximo como a si mesmo. Eram caridosos, passivos e fraternos.

Ser santo também é compreender e aceitar que cada um é habitação do Espírito Santo, como nos fala São Paulo na sua primeira carta aos coríntios: “Acaso não sabeis que sois santuário de Deus e que o Espírito de Deus mora em vós?” (1Cor 3,16).

Deixar-se habitar por Deus é exatamente viver o que nos pede Jesus na liturgia de hoje. Quando deixamo-nos habitar pelo Espírito Santo, reconhecemos que o outro é nosso irmão, filho do mesmo do Pai “que faz nascer o sol sobre maus e bons, e faz cair a chuva sobre justos e injustos” (Mt 5,45).

Com este Evangelho também aprendemos que ser Santo não se expressa apenas numa prática religiosa externa, mas em atitudes que vão além do que as pessoas que não são religiosas fazem. Que sentido teria, por exemplo, para um cristão amar somente as pessoas que os amam? Retribuir gratidão somente àqueles que os prestam algum favor? Qualquer pessoa mesmo sem religião faz o mesmo. Eis a nossa missão e desafio neste mundo: deixar que o Espírito do Evangelho possa transformar o nosso agir em atitudes a favor da paz e da fraternidade.

Precisamos aprender com os santos, com os que lidam diretamente com os pobres nas periferias e nos cortiços. Com os que visitam os presídios. Devemos além de aprender também valorizar tudo aquilo que os nossos irmãos e irmãs fazem nas tantas instâncias além dos nossos templos. Por fim precisamos também mudar em nós os pensamentos e atitudes que ainda nos afastam dos preceitos exigentes que Jesus nos ensina hoje.

Peçamos ao Espírito Santo o qual habita em nós para que nos faça cada vez mais santuários vivos da caridade, da fraternidade e da paz no mundo. Onde atitudes novas de amor sejam sempre praticadas a serviço do Reino.

VI DOMINGO DO TEMPO COMUM, ANO A – MATEUS

Leituras: Eclo 15,16-21; Sl 118(119); 1Cor 2,6-10; Mt 5,17-37

POESIA

A LEI PERFEITA

A Tua Palavra, Senhor,
É lei perfeita,
Vem do alto para nos santificar,
É uma luz que não se apaga,
O amor perfeito a nos orientar
Sinal divino a nos iluminar.

A Tua Palavra, Senhor,
É verdadeira,
Não há falsidade e nem contradição,
É Pura, plena e abrangente,
Conselho perfeito para a santidade
Ensinamento de lealdade.

Tua Palavra, Senhor,
É liberdade,
Não se impõe e nem quer oprimir,
Está além da letra e do moralismo
Quer nos ensinar e nos redimir
Ensinando o caminho a prosseguir.

Tua Palavra, Senhor,
E só bondade,
Orienta a vida com nossos irmãos,
São preceitos santos e preciosos,
Fazendo-nos discípulos em missão,
Pelo “sim” de verdade à salvação.

Tua Palavra, Senhor,
É a lei maior,
Maior que nossas tantas ambições,
Além de nossos desejos e interesses,
Porque não nos causa decepções,
Porque habita nossos corações.

Tua Palavra, Senhor,
É encarnação,
Vida concreta em cada dia,
Que nos educa para a irmandade,
E banquete santo de alegria,
É encontro de paz, é Eucaristia.

HOMILIA

 A lei verdadeira, além da letra

Jesus continua na montanha, pregando para os seus discípulos e à multidão: “Não penseis que vim abolir a Lei e os Profetas. Não vim para abolir, mas para dar-lhes pleno cumprimento” (Mt 5,17). Depois de falar para os discípulos, dizendo que eles são sal e luz do mundo, Jesus ensina, dando orientações exigentes e profundas sobre o cumprimento da lei, a qual, deve ser vivida além a letra.

Há uma grande divergência entre os grupos da época no que se refere à relação com a lei de Moisés e dos profetas. Jesus vem para ensinar à plenitude da lei segundo a vontade do Pai. A lei de Moisés e dos profetas ainda incompleta. Por isso, para os discípulos, é importante que se observe os mandamentos, além do que está escrito nos códigos morais do farisaísmo.

O seguimento a Jesus faz com que as pessoas superem toda a lei formal e fundamentalista, que era fardo para os pobres, os quais não tinham tempo para observar tantas normas, mas era privilégio para os poderosos e mestres da lei, os quais estavam disponíveis para estudar os mais de seiscentos códigos.

Os discípulos de Jesus já não terão os mandamentos como obrigação, mas têm que aprofundarem como meta para vivenciar a exigente experiência de caminhada com o seu Mestre. A justiça dos discípulos tem que ser maior do que a dos mestres da Lei. Pelo contrário, não entrarão no reino dos Céus (cf. Mt 5,20).

A justiça dos discípulos deve ser completa porque vem de Deus. A justiça dos fariseus vem apenas dos homens e da letra. Faz-se necessário uma complementação. Por isso, Jesus não vem abolir, mas aperfeiçoar. O Ensinamento de Jesus é sobre a plenitude da lei, preceito que liberta o ser humano através do amor e da misericórdia divina, “porque é Feliz o homem sem pecado em seu caminho, que na lei do Senhor Deus vai progredindo” (Sl 118/119).

Jesus cita alguns dos mandamentos da lei de Moisés para explicar e levar os discípulos e, também o povo, a avançarem na compreensão destes preceitos. A lei é necessária, mas precisa ser vivida além do formalismo e da obrigatoriedade. Portanto, não basta “não matar”, mas evitar as maldades que levam à morte. Para que se cumpra plenamente o quinto mandamento (não matar), só isso não basta. Faz-se necessário que as pessoas vivam como irmãos, na fraternidade, na solidariedade, no perdão e na justiça, evitando o ódio e a discórdia entre si.

Jesus também cita o nono mandamento, não deseja a mulher do próximo (cf. Mt 5,27). O adultério era resultado do desejo de posse sobre a mulher fruto do machismo e dos privilégios dos homens da época de Jesus. Ao cristão de hoje, é necessário entender que o amor, o perdão, o respeito, a fidelidade e a igualdade entre homem e mulher é uma atitude de amor onde se cumpre a lei do Senhor. De modo geral, não terá sentido um seguidor do Senhor que tenha domínio sobre o outro, nas relações humanas e conjugais.

Quanto ao jurar falso (8º mandamento), Jesus pede que se alargue a vivência deste mandamento fundamentado na verdade, na integridade, na honestidade e na ética, porque a falsidade não é somente quanto a lei, mas na ausência da dimensão total da pessoa que vive em sintonia com a Palavra do Senhor.

Portanto os que querem viver de acordo com a lei perfeita devem abraçar a sabedoria de Deus, devem escolher a vida e o bem como fala a primeira leitura desta liturgia, “a sabedoria do Senhor é imensa, ele é forte e poderoso e tudo vê continuamente” (Eclo 15,16-21). Porque “o que Deus preparou para os que o amam é algo que os olhos jamais viram nem os ouvidos ouviram nem coração algum jamais pressentiu” (1Cor 2,9b).

Que o Senhor nos abençoe e o seu Espírito nos ensine a vivermos a lei que supera todas as regras e códigos humanos, a lei mais completa e mais perfeita: a lei do amor, que tudo supera e que tudo suporta… Amém.

V DOMINGO DO TEMPO COMUM, ANO A – MATEUS

Leituras: Is 58,7-10; Sl 111(112); 1Cor 2,1-5; Mt 5,13-16

POESIA

SOMOS SAL E LUZ DO SENHOR

Se queremos ser Sal do mundo,
Deixemos que a alegria,
E o Santo Espírito que nos contagia,
Possa aparecer em nós!

Se queremos ser Luz do mundo,
Deixemos que o Esplendor,
Da luz santa do Senhor,
Mostre-se em cada um de nós!

Se queremos brilhar em meio às trevas,
Acolhamos a força da vida,
Na ressurreição acontecida,
A favor de todos nós.

Se queremos dar sabor à vida,
Busquemos na Eucaristia,
A força do amor e da alegria,
Para em nosso agir transparecer.

Sejamos Sal, sejamos Luz,
Nas obras concretas da caridade,
Pela justiça, pela paz e pela verdade,
Sempre, sempre, sem esmorecer.

HOMILIA

 Cristãos sem se esconder-se

“Assim também brilhe a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e louvem o vosso Pai que está nos céus” (Mt 5,16). Eis o que nos pede Jesus neste 5º Domingo do Tempo Comum. Somos chamados a ser sal e luz, não isolados, não em nós ou para nós mesmos.

Como discípulos, devemos ser a luz a partir de Jesus, e a ser sal, fortificados pela Eucaristia que nos sustenta e ao mesmo tempo nos dá um sentido completo e verdadeiro à nossa existência neste mundo.

O sal é símbolo de purificação, de sabor, de conservação e dá gosto aos alimentos. Nos tempos mais antigos foi visto como símbolo da sabedoria. Está mais para o nosso “ser”. Não o vemos entre a comida, mas sentimos a sua presença ou a sua ausência quando nos alimentamos. Por isso, está para o nosso interior, para nossa espiritualidade e para nosso discernimento.

Os cristãos são chamados a darem sentido ao ambiente da comunidade pela sua presença sábia, humilde e desprendida. Às vezes uma presença tão simples de uma pessoa dá um imenso gosto ao ambiente quando estamos em reunião. E assim o cristão deve conservar em meio as sociedades, a força do Evangelho, evitando as podridões das diversas mortes terrenas.

A luz como símbolo do nosso Batismo e do próprio Cristo, está mais para o nosso testemunho, por isso atinge os nossos olhos. Porém, o importante é que deixemos que ela possa iluminar o nosso caminho, por que a luz vem de Deus e, para iluminarmos mundo, precisamos primeiro deixar que ela no preencha.

Os discípulos de Cristo no mundo são esta presença que orienta para o caminho da salvação. Deixam-se iluminar pelo Senhor e, ao mesmo tempo, buscam iluminar o mundo com sua presença em meio a tantas trevas que escurecem o mundo.

O profeta Isaías nos apresenta o que devemos fazer concretamente para deixar resplandecer a luz do Senhor: “Reparte o pão com o faminto, acolhe em casa os pobres e peregrinos. Quando encontrares um nu, cobre-o, e não desprezes a tua carne. Então, brilhará tua luz como a aurora e tua saúde há de recuperar-se mais depressa; à frente caminhará tua justiça e a glória do Senhor te seguirá” (Is 58,7-8).

Ser Luz, segundo o profeta Isaías, é viver a caridade onde as carências dos irmãos devem ser vistas, ouvidas e atendidas. Olhando para a vida pública de Jesus, não percebemos outra coisa senão a caridade pura, através do perdão, da cura do corpo e da alma, do alimento, da escuta e da acolhida aos que eram marginalizados e ao mesmo tempo a promessa verdadeira da vida eterna.

E agora nos perguntamos: Como está nossa luz de cristãos para o mundo? Como vislumbramos entre nós o sentido, o sabor (sal) da vida em Cristo? Inicialmente Jesus nos ensina que não podemos ser sal e luz fechados em nós mesmos e para nós mesmos, como lâmpadas escondidas debaixo de nosso individualismo e egoísmo.

Devemos sim, ser luz a partir da presença de Cristo em nós, para os outros, pelo nossa ação de amor e fervor diante das pessoas que nos rodeiam. Deixar que resplandeça o AMOR, pela nossa fraternidade entre os irmãos e irmãs e pelas nossas ações diante dos que precisam de nós.

Devemos ser sal do mundo, deixando que o nosso ser se preencha da alegria do Evangelho, porque os cristãos são chamados a terem presente no rosto sempre a alegria e nas atitudes, mesmo diante das cruzes, a força, o otimismo e os passos firmes e livre do medo de caminhar.

E quando for necessário pregar para as pessoas, que nossas palavras expressem o que somos e o que fazemos para o Senhor. Que o Espírito Santo seja o guia da nossa pregação e da nossa missão, como falou São Paulo: “Também a minha palavra e a minha pregação não tinham nada dos discursos persuasivos da sabedoria, mas era uma demonstração do poder do Espírito, para que a vossa fé se baseasse no poder de Deus e não na sabedoria dos homens” (1Cor 2,4-5).

Seja a nossa luz que vem de Cristo pelo nosso batismo o sinal da presença dEle. Seja o nosso sal a alegria que vem da Palavra e da Eucaristia para construir a paz no mundo a partir de onde estamos e caminhamos. Amém.

IV DOMINGO DO TEMPO COMUM, ANO A – MATEUS

Leituras: Sf 2,3;3,12-13; Sl 145; 1Cor 1,26-31; Mt 5,1-12a

POESIA

A FELICIDADE ESTÁ EM CRISTO

A felicidade está:
No coração desapegado,
Que não vive a escravidão
Da sedução do pecado,
Em quem vive a certeza,
No Deus amor encarnado.

A felicidade está:
Na pessoa em liberdade,
Que caminha com firmeza,
Com os outros em irmandade,
Em quem busca a justiça,
A Paz e a fraternidade.

A felicidade está:
Nos que vivem a doação,
Guiados pelo Santo Espírito,
Vivendo a compaixão,
Ao lado daqueles que choram,
Fazendo a consolação.

A felicidade está,
Nos que vivem a pregar
Servindo com o dom do amor,
Sem o outro explorar,
Vivendo a entrega completa,
E o testemunho a falar.

A felicidade está,
Na mesa santa do amor,
Na pobreza de Espírito,
Vivida por Nosso Senhor,
No discípulo em missão,
Com entusiasmo e ardor.

A felicidade estará,
Na terra santa e prometida,
Morada da eternidade,
Por Deus, estabelecida,
No caminho mais perfeito,
Para verdadeira vida.

HOMILIA

 Felizes os que vivem em Cristo

A liturgia deste 4º Domingo do Tempo Comum nos apresenta a beleza e o sentido das bem-aventuranças, dentro do longo sermão da montanha, pregado por Jesus junto ao povo e aos discípulos. Precisamos refletir sobre o sentido mais profundo das bem-aventuranças. Podemos nos perguntar: será que a nossa prática cristã, no dia-a-dia de nossa caminhada, consegue expressar em nossas atitudes as bem-aventuranças?

Precisamos olhar para Jesus e tentar perceber como ele viveu na Galileia as bem-aventuranças. A sua pregação era totalmente a sua própria vida junto aos pobres, aos injustiçados, doentes e discriminados. E em frente aos fariseus, aos discípulos e ao povo, ele quis apresentar o que na verdade poderia trazer felicidade àqueles que quisessem trilhar os caminhos do Reino de Deus e ganhar a salvação eterna.

A lógica das bem-aventuranças anunciadas por Jesus nos ensinará e nos provará que a verdadeira felicidade do homem está no coração que vivem a prática do amor e da paz. Um amor traduzido numa vida totalmente livre das amarras da alienação e do medo. Numa atitude serena no modo de anunciar a justiça e de lutar pela dignidade humana, mesmo em meio as perturbações, perseguições, sofrimentos e calúnias.

Numa época de tanta violência, de agressividades e desrespeito entre os humanos a Palavra de Deus nos aconselha através do profeta Sofonias: “Buscai o Senhor, humildes da terra, que pondes em prática seus preceitos; praticai a justiça, procurai a humildade…” (Sf 2,3). É nesse sentido que o evangelho de Mateus vem nos ensinar sobre as bem-aventuranças. Somente um coração humilde e justo pode viver a mansidão, a pobreza em espírito, a misericórdia, a paz.

Na segunda leitura, o apóstolo Paulo também nos fala que “Deus escolheu o que o mundo considera como estúpido, para assim confundir os sábios; escolheu o que o mundo considera como fraco, para assim confundir o que é forte” (1Cor 1,27). A lógica de Deus estará na contramão do nosso mundo material, consumista, dominador, explorador, prepotente e injusto.

Os cristãos serão parecidos com Cristo quando viverem como ele viveu. Ele percorreu o caminho das bem-aventuranças. Ele foi manso com os prepotentes, humilde com os arrogantes, justo frente aos injustos, pobre em meio aos pobres e também aos ricos. Calou na hora certa, mas também anunciou e denunciou nos momentos que foram necessários. A sua pregação não foi para um grupo específico, foi para todos e quem acolheu a sua mensagem entendeu o sentido da verdadeira felicidade.

Nós todos seremos bem-aventurados (felizes) quando entendermos a lógica da pregação de Jesus e praticarmos em nossa vida diária. Seremos felizes de verdade, quando nossas atitudes forem coerentes com o Evangelho. A pobreza (de coração), a mansidão, a justiça, a paz e a misericórdia só terão sentido e/ou somente serão percebidas e seguidas quando estiverem presentes e nossas ações.

Talvez o desafio maior do mundo, ou, de nós cristãos vivermos as bem-aventuranças pregadas por Jesus, seja a dificuldade de entender que, na prática, exige-se doação, desapego às ideias individualistas e egoístas, e, sobretudo: haverá sofrimento e perseguição, ou seja, terá a cruz de Cristo como modelo.

Jesus nos dirá: “Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem, e mentindo, disserem todo tipo de mal contra vós, por causa de mim. Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus” (Mt 5,11-12a). Busquemos viver uma experiência profunda de Deus e entenderemos a profundidade das bem-aventuranças pregadas por Cristo. A nossa recompensa e felicidade perfeita, portanto, será a posse da terra celeste, o céu e a nossa salvação.

III DOMINGO DO TEMPO COMUM, ANO A – MATEUS

Leituras: Is 8,23b-9,3; Sl 26; 1Cor 1,10-13.17; Mt 4,12-23

POESIA

 TÃO PERTO DE NÓS, SENHOR

Tão perto de nós,
Na sua forte Palavra,
Falando-nos da vida,
Mostrando-nos o Caminho,
Reunindo-nos em assembleia,
Para sempre encontrá-lo.

Tão perto de nós,
Pelo seu corpo vivo,
Que nos fortifica,
Unindo-nos a ele,
Fazendo-se também corpo,
Seu corpo santo.

Tão perto de nós,
No seu povo santo,
Assembleia viva,
Que nos faz irmãos,
Irmãos dele também,
Para o nosso bem.

Tão perto de nós,
Nos teus missionários,
Discípulos da paz,
Sendo também tua boca,
Teus pés e tuas mãos,
Construindo o Reino.

Tão perto ainda, Senhor!
Nos pobres sofridos,
Com tuas chagas abertas,
Partilhando tua cruz,
Pois confiantes em Ti,
Chegarão ao céu.

E tão perto de nós,
Pede-nos a conversão,
Para fugirmos das trevas,
Pois seu caminho é a luz,
Sua presença é o Reino,
Entre nós, povo seu.

HOMILIA

 Ele está no meio de nós

Irmãos e irmãs, a nossa caminhada com Jesus continua e, neste 3º Domingo do Tempo Comum, contemplamos a sua luz brilhando no mundo. Jesus Cristo é a presença concreta do Reino de Deus entre nós, pela sua mensagem de amor, pelos seus milagres e pela sua ação salvadora, através da sua ressurreição.

O evangelista Mateus nos informa que Jesus foi morar em Cafarnaum, que fica às margens do mar da Galileia, no território de Zabulon e Neftali (cf. Mt 4,13). Esta região é a mesma anunciada pelo profeta Isaías ao se referir ao povo de Israel quando estava escravo e oprimido nas mãos dos assírios por volta de 732 a.C. Por isso o profeta anuncia a esperança para aquele povo: “O povo, que andava na escuridão, viu uma grande luz; para os que habitavam nas sombras da morte, uma luz resplandece” (Is 9,1).

Informado o contexto no qual o Evangelista nos apresenta, podemos afirmar que a presença de Jesus na Galileia é o cumprimento daquilo que o profeta Isaías anunciou: agora chegou a salvação para o povo que andava nas trevas. Jesus é a grande luz presente no mundo, pois anuncia a conversão, cura as enfermidades e ao mesmo tempo chama colaboradores para a missão, porque ele já é a presença do Reino em nosso meio.

Neste evangelho, constatamos o chamado de Jesus aos primeiros discípulos, Simão Pedro, André, Tiago e João. Eles estavam pescando, eram trabalhadores dedicados, mas o chamado de Jesus faz com que mudem imediatamente o percurso de suas vidas e sigam agora o caminho da salvação. Saem logo, depressa, para anunciar por toda a Galileia, porque chegou a salvação.

Faz-se necessário que todos conheçam os ensinamentos sobre o Reino. Era preciso reconhecer o poder de Deus em Jesus, o filho amado que veio visitar o seu povo. Os discípulos são os primeiros colaboradores de Cristo para que o Reino de Deus possa chegar a todo o mundo, pois a Palavra deve se espalhar pelas nações para fermentar o coração da humanidade.

O apostolo Paulo nos ensina como sermos irmãos em Cristo: Não podemos ser elementos de divisão na comunidade O Poder de Deus está na comunhão e na caridade. Assim nos fala São Paulo: “Irmãos, eu vos exorto, pelo nome do Senhor nosso, Jesus Cristo, a que sejais todos concordes uns com os outros e não admitais divisões entre vós”. (Cor 1,10).

Tanto nós, como os primeiros discípulos, somos chamados a mudar o nosso percurso, se for necessário, para seguir o caminho de Jesus. Somos convocados pelo batismo a formarmos a comunidade de amor que o Senhor deseja. Somos chamados a anunciar o Reino, pois ele está próximo de nós na Eucaristia, na assembleia reunida, na palavra partilhada e nas curas.

Deus opera milagres em nossas vidas, principalmente quando vamos nos convertendo cada vez mais ao seu Evangelho. Converter-se é trazer em nossa vida os mesmos sentimentos de Cristo: “É amar como ele amou, é agir como ele agiu, é viver como ele viveu”. Isso é conversão!

Em Cristo somos livres e ao mesmo tempo somos chamados a libertar os outros como membros do corpo místico de Cristo, a Igreja. O mar, no sentido bíblico, simboliza os perigos e as trevas. Os discípulos saíram desta escuridão para seguir a luz do Senhor e seguindo esta luz, vão vencendo os perigos que podem levá-los aos tormentos presentes no mundo. Assim somos nós, os cristãos no mundo hoje, discípulos e missionários em meio aos desafios e trevas, mas confiantes na Luz de Cristo que nos ilumina, nos da força e aponta o caminho a seguir.

Que o Senhor nos abençoe e nos conduza na missão evangelizadora que ele nos confiou e que ela seja concretizada no nosso testemunho e na nossa mensagem de discípulos missionários. Que antes de pregarmos aos outros, possamos ter a convicção de que “Deus é nossa Luz e Salvação e que ele protege a nossa vida” (Sl 26). Por fim, possamos ouvir o apóstolo Paulo na 2ª leitura: não somos de grupo A ou B, mas membro do povo do Senhor que está unido a Ele pelo amor e pela fé e com a certeza de que Ele é a única luz e o único caminho que nos levará à salvação. Amém!

II DOMINGO DO TEMPO COMUM, ANO A – MATEUS

Leituras: Is 49,3.5-6; Sl 39(40); 1Cor 1,1-3; Jo 1,29-34

POESIA

 ELE É O NOSSO CORDEIRO

Olhando para o altar,
Para o Cordeiro imolado,
Pedimos a salvação,
E que nos livre do pecado.

Ouvindo o que ele nos diz,
Nutrindo nosso coração,
Queremos que nos ensine,
A vivermos como irmãos.

Entrando em sua casa,
E com os irmãos encontrando,
Vivendo em Comunhão,
Vamos nos santificando.

Nosso Cordeiro amado,
Entregou-se em humildade,
Fazendo-se nosso banquete,
De Vida e Fraternidade.

Seu alimento é eterno,
E a nós se ofertou
Também fonte de água viva,
Pois a morte derrotou.

E a nós, os batizados,
No Espírito abrasador,
Sejamos também sinais,
Do Santo e Vivo amor.

Que na missão pelo mundo,
Levemos sempre a verdade,
E que a força do evangelho,
Salve toda a humanidade.

E o Batismo no Espírito,
Luz Santa que irradia,
Preencha a nossa alma,
De repleta alegria.

HOMILIA

 Batizados em Cristo

Irmãos e irmãs, após as solenidades da Epifania e do Batismo do Senhor entramos no tempo comum, período que contemplamos a ação do Verbo de Deus na história dos homens. Ele é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (cf. Jo 1,29), porque veio mergulhar em nossa realidade humana, santificou as águas e trouxe o batismo no Espírito Santo para resgatar a nossa imagem, a fim de que se assemelhe a D’Ele.

O Evangelho de hoje nos apresenta João Batista apontando Jesus, confirmando o que ele já tinha anunciado nas suas pregações pelo deserto. João Batista também faz uma memória do acontecimento do Batismo de Jesus e a sua experiência de ter visto o Espírito Santo descer e permanecer (Jo 1,33).

O profeta Isaías nos fala na primeira leitura do Servo de Israel, que será luz das nações e que trará a salvação até os confins da terra. Para nós cristãos, Jesus é este servo, o Cordeiro que agora se entrega para salvar todos do pecado original. Ele traz a redenção e paz para o mundo.

São Paulo na carta aos Coríntios dirige uma mensagem aos que encontraram em Cristo o fundamento da santidade. Os que estão em Cristo são chamados a viver os mesmos sentimentos dele. Por isso os batizados têm a missão de serem santos dentro das diversas realidades do mundo. Como fermento que transforma a massa e que a faz crescer, assim são os batizados no Espírito Santo, os quais fazem crescer a força do Evangelho no mundo. Viver a santidade com os pés firmes no chão da vida e iluminando os outros para também trilharem o mesmo caminho, esta a missão dos cristãos.

Não podemos viver uma espiritualidade mergulhada no isolamento e no intimismo, alheios às realidades concretas da vida as quais estamos inseridos. Onde quer que estejamos, somos chamados a dar testemunho do que vivemos. E dar testemunho sempre no meio das realidades onde estão ausentes os valores do evangelho.

No seguimento a Cristo somos chamados a tirar o pecado do mundo, porque ser seguidor é anunciar a justiça, é construir a fraternidade, vencer os males que afetam a realidade humana. Todas as vezes que nos reunimos para rezar, para planejar as ações de amor e de caridade estamos contribuindo para que a miséria que está no mundo seja diminuída.

Quando nos alimentamos do Santo Corpo e Sangue apresentados pelo sacerdote no Altar, somos nutridos para vivermos com perseverança e força a missão que o Senhor nos confiou. Não podemos esquecer que a apresentação do Cordeiro no Altar nos motiva a olhar para João Batista e fazermos o mesmo que ele fez: apontar para ele e apresentar aos que ainda não o encontraram.

Olhemos para o Cordeiro que agora nos oferece um banquete santo para nossa salvação e perguntemo-nos: somos capazes de reconhecer os nossos pecados os quais Cristo quer nos tirar? Quais são os pecados do mundo os quais estamos envolvidos? Que pecados queremos que Cristo tire do mundo, com a nossa colaboração?

São muitos os pecados os quais praticamos e que de certa forma podemos nomear nos dias de hoje: as injustiças sociais, a corrupção, as guerras, as ambições, o egoísmo, o individualismo e, sobretudo a omissão dos cristãos quando é preciso levantar a voz e defender a vida e a justiça.

Peçamos ao Espírito Divino que ilumine as nossas ações e os nossos corações para vencermos o medo e o comodismo e que nos venha a coragem de tomarmos consciência de nossos erros, os quais trazem consequências para a humanidade se distanciar da vida verdadeira. Que o “Banquete do Cordeiro” alimente a nossa vontade de vivermos fielmente o nosso batismo no Espírito de Deus em virtude de vivermos a missão de discípulos missionários neste mundo marcado por tantas controvérsias.